À Espreita escrita por EsterNW, Entusiasta


Capítulo 1
Ascensão


Notas iniciais do capítulo

Entusiasta:
Para mim, histórias são como bebês gerados na mente. Esse pirralho estava me dando trabalho, então chamei a Supernany (Ester) para me ajudar. Felizmente, estamos conseguindo dar jeito nele! É uma criança simpática, espero que gostem.
Não sou muito de escrever notas, então vocês podem não me ver muito. Posso aparecer tanto aqui em cima como lá embaixo, às vezes em uma nota e não na outra, ou quem sabe não aparecer. Mas contem comigo nas respostas de comentários! Já os deixo avisados.
Ester:
Hallo hallo, meu povo! Pra quem me conhece: sejam muito bem-vindos ao mais novo projeto dessa que vos fala! Fic nova? Sim, mas dessa venho não uma fic, mas uma original! Em parceira com a Entusiasta. Obrigada pelo convite pra participar desse projeto :3
Pra quem não me conhece: seja muito bem-vindo você também! Pode se aprochegar também e se junta com a gente nessa loucura [de dizer que não te quero, vou negando.. -nn].
Boa leitura ;)



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— ... é impressionante, vejo notícias como essa todos os dias mas ainda fico abalado. Eu não consigo entender como uma mulher, que carregou seu filho no ventre por nove meses, tem a coragem de matá-lo e fugir para outra cidade. – Olhei para a câmera com uma expressão séria no rosto. – Marília, eu sei que você está nos assistindo, então gostaria de mandar um recado para você: não adianta se esconder. A polícia irá te achar, e você será presa. É só questão de tempo. – Meus olhos se voltaram para a grande tela que estava atrás de mim, na parede. Nela estava a imagem de um lindo menininho, sorrindo enquanto comia mamão em uma tigelinha. – Você não vai sair impune depois do que fez. – No ponto, a voz do meu diretor diz que nosso tempo no ar estava acabando. – Gostaria de encerrar este programa com uma notícia mais alegre, mas infelizmente estamos sem tempo. Muito obrigado pelo carinho da sua audiência! Eu sou o Heitor Fragoso, e nós nos vemos amanhã ao meio-dia, aqui no Cidade do Povo.

Aguardei por alguns instantes imóvel, ainda aparentando seriedade, até me avisarem que não estávamos mais no ar. Não foi possível evitar que um suspiro de alívio saísse de entre meus lábios, afinal era meu primeiro dia como o âncora do programa jornalístico no qual eu costumava ser um repórter até uma semana antes desse momento.

Ainda pensando na última notícia que eu comentei, ouvi o som de aplausos. Sentado à minha frente em meio às câmeras estava ele, o jornalista mais famoso do estado, Tárcio Marcos Martins. Não minto, naquele momento eu fiquei bem sem graça. O senhor de cabelos brancos se levantou e veio em minha direção, dando-me um abraço caloroso assim que chegou ao seu destino.

— Sabia que tinha feito uma boa escolha quando disse no ar que queria você como apresentador. – Após dizer isso ele me deixou escapar de seus braços.

Tárcio, o âncora do jornal da noite, falou com os responsáveis pela emissora para que eu me tornasse aquele que ficaria à frente do programa jornalístico do meio-dia, isso depois de falar ao vivo que gostaria que eu fizesse isso. Felizmente eles também gostavam de mim e não foram contra. Mas isso não quer dizer que a responsabilidade não foi grande, o programa que eu passei a apresentar era líder de audiência e eu precisava manter tudo como estava. Ainda mais porque os telespectadores gostavam muito do colega de trabalho que substituí. Ele foi transferido para um programa semanal da emissora.

— Deu tudo certo?

— Claro que sim, você foi ótimo! – ele me respondeu. – Só tente não ficar emocionado em todas as matérias, não quero vê-lo chorando no palco.

— É que... – suspirei – eu não consigo ficar feliz com notícias como essas, e acho que o pessoal que nos assiste também não. A vida de todo mundo deve ser tão difícil, e quando se juntam com a família na hora do almoço o que eles encontram? Notícias de crimes e desastres naturais. Eu queria ter algo de bom para dizer a eles.

— Nem só de notícias boas vive o jornalismo. As pessoas sabem o que passa nos jornais, e ainda assim ligam a televisão para assisti-los. Não se preocupe tanto com isso. Agora vamos, tire essa aparência ruim do seu rosto pensando em algo bom. Que tal irmos almoçar juntos, para comemorar o sucesso da sua estreia?

— Agradeço o convite, mas dessa vez vou passar. Falando em pensar em algo bom, lembrei de que marquei com minha namorada para almoçarmos juntos. – Com um sorriso no rosto, tirei o celular do bolso para olhar as horas. – Nossa, está tarde! Ela já deve estar me esperando. Até mais!

Comecei a andar rapidamente até a saída do meu estúdio, mas fiz uma pausa em meu trajeto e virei-me de frente para meu amigo.

— Muito obrigado por ter vindo me assistir hoje. O senhor sabe como isso é importante para mim.

— Eu sei, garoto. – ele disse ao sorrir. – Agora vá, senão sua namorada vai embora e você vai ficar a ver navios.

Comecei a seguir meu rumo novamente, com passos rápidos. O dia estava indo maravilhosamente bem! Uma boa estreia no jornal seguida por um agradável almoço com minha namorada era quase a minha ideia de um dia perfeito. Depois de descer do elevador, bati meu ponto no térreo e fui para o subterrâneo, onde fica a garagem do prédio da emissora. Liguei meu carro e segui até o local do meu encontro.

Campos dos Jucás é uma cidade com muitos contrastes. De um lado, prédios luxuosos e estabelecimentos caríssimos. Do outro, casebres frágeis em bairros dominados por facções criminosas onde o tráfico de drogas ocorre a céu aberto. Pensando bem, que cidade não é assim? O meu local de trabalho se encontra no primeiro grupo que citei. Depois de cinco minutos dirigindo por uma estrada em excelente estado, cheguei em frente ao restaurante com paredes de vidro. Os pássaros cantavam, o céu azul tinha poucas nuvens brancas como algodão. "É, acho que o amor está deixando meu dia mais bonito", pensei.

Lá dentro, comecei a procurar minha namorada com os olhos, e mesmo dando voltas pelo local não a encontrei. Então sentei-me em uma mesa de frente para a porta, pedi uma água ao garçom e esperei. O restaurante estava praticamente vazio por ser próximo das duas da tarde, a essa hora a maioria das pessoas já retornou para seus locais de trabalho. O que não era meu caso, tinha sido informado que meu expediente terminava mais cedo.

Quando o último gole de água passou pela minha garganta, vi uma mulher de cabelos pretos brilhantes ao sol se aproximando do restaurante a passos rápidos. Ela passou pela porta e sentou-se à minha frente, com a respiração ofegante.

— O que foi, Camila? Aconteceu alguma coisa? – perguntei ao segurar suas duas mãos entre as minhas em cima da mesa, preocupado.

— Não, nada... Eu estou... atrasada... apressei o passo...

— Não precisava ter feito isso, querida... Eu poderia esperar por mais tempo.

Chamei o garçom novamente para que me trouxesse outro copo de água, dessa vez para minha namorada, com limão. Observava Camila tomando-a enquanto pensava nas coisas que ela fazia por mim. Mesmo não gostando de sair de casa, aceitou meu convite para um almoço e se esforçou para não me deixar esperando muito tempo.

Alguns minutos se passaram e logo sua respiração se normalizou. Com a mão esquerda, coloquei atrás de sua orelha a franja que insistia em cobrir boa parte de sua face, mesmo sabendo que meus esforços eram em vão e que logo os fios de cabelo muito lisos iriam escorregar novamente para sua posição original. Com a cabeça abaixada, Camila folheava o cardápio escolhendo sua refeição. Foi então que eu reparei que numa mesa à minha frente estava sentado um homem todo vestido de preto olhando para mim, mas ele virou o rosto rapidamente quando notou que eu o tinha percebido.

— Vou querer este aqui. – Camila interrompeu meus pensamentos virando o cardápio em minha direção. Seu dedo indicador estava em cima de um belo prato de bife à parmegiana, acompanhado de salada de alface.

— Parece ótimo!

Um garçom parou ao lado de nossa mesa e fizemos os pedidos.

— Eu te vi no jornal hoje – minha namorada comentou. – Você estava ótimo. – E sorriu.

— É muito bom saber que você gostou. Eu estava bem nervoso! Tárcio também disse que deu tudo certo. Ele estava lá no meu estúdio. – Uma pausa. – Meu estúdio. Nossa, não faz muito tempo que eu era um repórter solitário, e hoje sou o apresentador de um programa jornalístico famoso, tenho um estúdio para chamar de meu e uma bela namorada que tem o sorriso mais lindo do mundo... Me sinto num sonho.

— Saiba que eu também me sinto feliz, por você estar bem no seu trabalho e por ter te conhecido. – Seu belo sorriso se abriu mais, e meu coração se encheu de alegria. – Tárcio Marcos Martins estava te assistindo pessoalmente? Você está ficando importante!

— Não encaro isso como estar ficando importante, está mais para "um amigo veio me dar uma força". Mesmo conhecendo ele há um tempo, sua presença me deixou mais nervoso.

— Tenho certeza que sua estreia foi um sucesso.

Percebi uma movimentação em certa mesa à frente, e mais uma vez meus olhos se encontraram com os daquele homem de preto. A diferença é que dessa vez ele não virou seu rosto imediatamente. Fiquei observando-o por alguns instantes, ao me perguntar o motivo de ele estar me encarando. Em sua mesa, apenas um copo que parecia ser de suco de laranja.

Poucos instantes depois e o mesmo garçom que nos atendeu anteriormente pôs nossos pratos à mesa. O strogonoff que pedi tinha um sabor maravilhoso e Camila também elogiou seu bife à parmegiana. A televisão do restaurante estava ligada no canal de televisão em que eu trabalhava, e nós dois fizemos nossa refeição assistindo a ele, com pouca conversa. Camila não era uma mulher de muitas palavras, e talvez tenha sido esse lado misterioso que fez com que eu me atraísse a ela.

Com o canto do olho, dirigia eventualmente minha vista para a mesa onde estava o tal homem, que não parava de me observar. Assim que o garçom saiu de nossa mesa quando paguei a refeição eu decidi tomar uma atitude sobre isso, afinal havia finalmente descoberto o motivo de sua ação. Com um guardanapo em mãos, me levantei junto com minha namorada.

— Está vendo aquele homem ali? – Apontei para ele discretamente. – Ele não para de me olhar desde que entrei aqui. Acho que deve ser algum fã, vou lá falar com ele.

— E-então estou indo para o carro, não demore muito. – E logo saiu, apressada.

Andando tranquilamente, pus um sorriso no rosto e apoiei a mão na mesa do homem quando cheguei lá.

— Boa tarde! Eu... eu notei que você estava me olhando esse tempo todo, então gostaria de saber se você quer um autógrafo meu.

— Hm?

— Bem, eu concluí que você me reconheceu da televisão e estava sem jeito de vir falar comigo. Não é isso?

— Ah sim, claro! – ele me respondeu, pondo uma mão no rosto. – Eu estava tão nervoso que não consegui fazer nada além de ficar te encarando, me desculpe por isso. Gosto muito do seu trabalho!

— Sou muito grato! Então, eu vou assinar num guardanapo, não tenho papel aqui. – Tirei uma caneta do bolso interno de meu paletó e me abaixei em direção à mesa para escrever. – Gostaria de uma dedicatória, ou algo em especial?

— N-não, assine apenas o seu nome.

— Tem certeza?

— Sim.

Entreguei o papel a ele depois de escrever.

— Sei que você não pediu isso, mas achei que precisava de algo a mais. – Então ele leu.

Para meu querido telespectador. Muito obrigado por me acompanhar!

                        Heitor Fragoso ”

— Nossa, obrigado! – disse ele ao sorrir.

— Não há de quê. Agora preciso ir, minha namorada está me esperando. Nos vemos!

Não foi difícil encontrar meu carro no estacionamento do restaurante, era um dos poucos que estavam ali. Sentando na cadeira do motorista, vi minha namorada no banco de trás, provavelmente para evitar o sol que fazia no banco do co-piloto.

— Você acredita que acabei de dar meu primeiro autógrafo? – falei quando o carro já estava em movimento.

— Eu disse que você estava ficando famoso!

— Acho que estou começando a acreditar... Vou te deixar em casa, certo?

— Não, não! Está tudo uma bagunça por lá. Outro dia, ok? Aí você passa a tarde na minha casa. Pode me deixar no ponto de ônibus ali da frente.

— Tudo bem então...

Quando chegamos lá, Camila despediu-se de mim com um selinho e entrou dentro do ônibus que coincidentemente havia acabado de chegar. Ela não gostava muito que eu fosse à casa dela, permitindo isso apenas poucas vezes. Isso tem a ver com o local em que ela mora, que foi onde a conheci. Preciso contar como foi.


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Notas finais do capítulo

Ester:
É, Heitor, meu caro, vai ter que se acostumar com a vida de famoso. Logo logo vai ter fangirls na sua porta -q
Gostaram? Sim? Não? Querem mais suspense? Mais mistério? Fica aqui com a gente, nesse mesmo horário, nesse mesmo site, para mais um capítulo de À Espreita ~mueica de Poderoso Chefão de fundo.
Até mais, povo o/