O rei do Pop escrita por Kaline Bogard


Capítulo 3
Esse momento é nosso


Notas iniciais do capítulo

E acaba aqui mais uma jornada!

Se divirtam lendo ♥



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Kiba perdeu todo o sossego depois que viu a plaquinha pedindo por um novo show. Tipo… uau! O seu vizinho esquisito estava tentando ser gentil e salvar sua autoestima? Por que assistiu uma cena constrangedora e sentiu pena? Só de o homem não ter rido já era um grande fator a favor dele. Se bem que Kiba nem deu tempo disso. Quando se viu sendo assistido, catou os cacos do amor próprio e fugiu da cozinha. Se escondeu atrás da cortina de Pokémons.

Ou ele pediu com sinceridade?

Enchendo-se de coragem, tomou uma decisão. Ficar matutando em casa não traria respostas! Devia ir pra cozinha tentar conversar com o vizinho e…

Não.

Não faria assim. Faria do jeito certo.

Na sexta-feira da primeira semana de aulas, ele terminou o arubaito e ganhou boas porções de lamen, como de costume. Juntou suas coisas e foi para casa, passando na Konbini para comprar um fardinho de cerveja gelada. Mas ao invés de virar na esquina que o levaria ao prédio em que morava, seguiu reto e fez o contorno no outro quarteirão, parando em frente ao prédio do vizinho.

Observou por alguns segundos, impressionado. Era um prédio grande e antigo, mas muito bem conservado, com uma fachada austera e pomposa, na qual nunca prestou muita atenção antes.

Respirou fundo enchendo-se de coragem e entrou no prédio. Foi direto para a recepção, mas o velho porteiro cochilava sentado numa cadeira giratória atrás do balcão. Ressonava tão tranquilo, que Kiba ficou com pena de acordá-lo. Por isso desviou para a área dos elevadores. Havia dois elevadores ali! O seu prédio só tinha um e quebrado… que sofrência!

Apertou o botão e ficou aguardando, meio nervoso. Ambos vieram descendo, com uma diferença de um andar entre o percurso.

Assim que o primeiro deles chegou e a porta se abriu, uma senhora saiu e sorriu para Kiba em forma de cumprimento. Ele sorriu de volta, simpático e entrou no elevador.

Hesitou um segundo antes de colocar a mão na porta e impedi-la de fechar.

— Ano?!! — exclamou para a velhinha.

— Sim? — ela voltou-se e indagou no tom de voz rouco de quem já viveu demais.

— Sabe… sabe qual o apartamento de um tiozão sinistro de óculos que mora no quarto andar?

— É o apartamento 4B — a resposta veio no mesmo instante.

— Obrigado! — agradeceu empolgado, permitindo que a porta se fechasse.

O elevador espaçoso dava a impressão de ser maior do que a quitinete inteira de Kiba. Tinha um grande espelho na parede de trás e soava música clássica por uma discreta caixinha de som. Pura elegância. Muito diferente do prédio em que Kiba morava.

Quando a porta se abriu no quarto andar, o garoto olhou ao redor. Viu duas portas, a primeira marcada com “4A” e, de frente para ela, o “4B”. O hall era arejado e amplo, com grandes vasos de folhagens viçosas. Era meio (muito) impressionante…

Avançou alguns passos até parar em frente ao 4B e respirar fundo. Era muito corajoso o que estava fazendo, não? Ou tenebroso? Ousado? O vizinho colocou uma plaquinha simpática na sacada, que fez Kiba passar por um portal: sua mente se animou, se encheu de ideias, expectativas, teorias, planos! Perdeu o sossego. Cada vez que pensava no homem sentia alguma coisa quente no peito e engraçada na barriga. A tal ponto que não resistiu e encheu-se de coragem para desvendar a charada. O seu pequeno show merecia reviews, não? E era melhor pessoalmente!

Mas Kiba era o cara dos impulsos. Tudo pareceu lindo em sua mente, principalmente aparecer na casa do homem com o qual nunca falou antes, agindo como velhos conhecidos.

Agora que estava a um passo de bater na porta do vizinho, a coragem meio que deu uma dissipada e sumiu no ar. De repente não parecia a melhor ideia do mundo.

Que cara de pau, não? Ir na casa alheia com o jantar e cerveja…

Às vezes Kiba fazia umas coisas assim, no impulso. E tinha que lidar com as consequências depois. Achou melhor voltar e tentar começar contato sem ser através de um passo tão grande. Voltaria para o apartamento, ligaria para Naruto e o chamaria para rachar a bebida e o lamen, isso se o insuportável do namorado dele permitisse.

Virou-se para ir embora e levou o maior susto de sua jovem vida.

O vizinho estava parado no meio do hall, no melhor estilo vilão silencioso de filme classe B, enquanto a porta do segundo elevador se fechava. Kiba ficou tão concentrado no dilema interno, que nem ouviu o alerta sonoro.

As sacolas quase escaparam da mão, o coração disparou.

— Puta que pariu, homem! Que susto! — exclamou, pálido — Ainda bem que não comi nada! Senão tinha borrado a cueca…

As sobrancelhas do vizinho se ergueram por trás dos óculos escuros. A face não expressou nada e Kiba ficou meio sem saber como reagir. Por pouco não bate na casa e não encontra ninguém. Por outro lado, bem na hora que decidiu escapar na surdina, deu de cara com ele!

O clima ficou meio engraçado.

— Eu… eu só estava de passagem — Kiba explicou, começando a ficar constrangido com o silêncio do outro. Talvez a ocasião fosse inconveniente. Talvez o cartaz na sacada fosse mera educação. Talvez tivesse se empolgado demais! Mil teorias vieram de uma vez, como sempre acontecia quando ele se precipitava — M-melhor eu ir embora… sinto muito por essa situação! Podemos fingir que nunca aconteceu?

Fez menção de voltar para o elevador que permanecia parado no andar, mas o vizinho moveu a mão, em um gesto inesperado.

— A sua voz... — ele disse — É a primeira vez que ouço. Como se chama?

Kiba sorriu.

— Kiba. Meu nome é Inuzuka Kiba. Prazer! — deu-se conta de que também era a primeira vez que ouvia a voz de seu vizinho! O timbre marcante combinava perfeitamente com a figura daquele homem — E você?

— Aburame Shino. O prazer é todo meu.

O sorriso de Kiba aumentou. Shino percebeu que ele tinha as presas proeminentes que aumentavam o ar selvagem daquele garoto.

— Eu… eu pensei em dividir uma cerveja — Kiba mostrou as sacolas — Vim num momento ruim?

Shino mostrou as chaves que levava na mão, e seguiu até a porta para abri-la.

— O rei do pop é sempre bem vindo.

Kiba demorou meio segundo para entender que aquela frase era uma piada. Veio em tom sério, que quase o enganou. Já revelava muito sobre a personalidade de seu vizinho.

— Aquele dia foi louco, né? — fingiu que não corava — Quase me derrete a cara de vergonha.

— Por favor — Shino indicou que Kiba deveria entrar no apartamento. Adorou ver o rosto vermelhinho tão de perto, sem ser com aquelas marcas estranhas, claro!  — Fique a vontade.

Kiba aceitou o convite. Ao passar estendeu as ofertas de amizade que trouxe: o fardinho de cerveja e as porções de lamen. Shino aceitou e foi guardar na cozinha, seria bom colocar as bebidas para gelar um pouco mais.

Quando voltou para a sala, seu vizinho estava em frente a estante, analisando alguns DVDs e livros ficcionais enfileirados em perfeita ordem. Ordem que era o padrão de todo o conjunto que compunha o cômodo, ou melhor, o apartamento e toda a vida de Shino até então.

Caminhou até ele, na intenção de chamá-lo para sentar-se no sofá e conversarem um pouco. Mas Kiba intuiu sua presença e se voltou de repente, parando muito perto do dono do apartamento. Teve que erguer um pouco o rosto, curioso de ver aqueles olhos que estavam sempre escondidos.

Os dois se olharam em silêncio.

Conversar um pouco? Shino quase sorriu pelo pensamento. Não era disso que o garoto veio atrás. E não era isso que ele próprio queria naquele instante.

— Só pra ficar claro — Kiba soou rouco, fez uma pausa para limpar a garganta — Eu não costumo fazer essas coisas, sabe…?

Shino deu um passo a frente, quase acabando com a distância. Provocou:

— Shows na cozinha? — fingiu-se de desentendido.

— N-não… eu quis dizer — não conseguiu terminar. Seu vizinho provou ser a pessoa mais direta que viria a conhecer. Shino passou a mão pela nuca de Kiba e inclinou-se um pouco, beijando-o sem aviso.

O beijo foi mais do que esperado. Quando sentiu o contato, Kiba abriu os lábios, sem querer perder tempo. Não conversaram na sala, mas deram um excelente show no quarto.

—--

Shino abriu os olhos por um breve momento. A penumbra do ambiente mostrava que já era noite e a parca luz da lua não era suficiente para clarear, mesmo com a janela aberta.

Dormindo sobre seu peito, estava o vizinho do prédio dos fundos.

Suspirou. Não sabia bem o que tinha dado em si para agir com tamanha impetuosidade. Em todos aqueles anos de vida, nunca sentiu tanta atração por um quase desconhecido. Mas desde a bela surpresa no hall de entrada, ampliada ao ouvir a voz com a qual chegou a sonhar algumas noites; foi demais para o autocontrole.

E acabaram ali, exaustos depois de algumas rodadas de sexo.

O pensamento o fez apertar o corpo entre seus braços. Kiba resmungou alguma coisa, sem despertar do sono profundo, apenas tentou mudar de posição, porém não conseguiu. Continuou ressonando de leve do jeito que estava.

“Acabar” não era o verbo que Aburame Shino queria usar. Ele queria que alguma coisa começasse ali, fosse o que fosse. Queria conhecer melhor seu vizinho, aprender mais sobre ele e experimentar mais daquele fascínio que o tirou do lugar-comum e o fez agir de um modo tão diferente. Bocejou, contagiado pela sonolência do jovem amante.

Ainda teve um último pensamento antes de voltar a dormir.

Se o garoto lhe desse a chance, queria que aquela noite se repetisse mais vezes. E, Shino arriscava dizer com certeza, que Kiba queria. Afinal, o novo rei do pop em pessoa veio ao camarim VIP prestigiar um grande fã!


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Notas finais do capítulo

Obrigada a quem leu até aqui! Obrigada ao pessoal do FNS pelo prompt!

Até o próximo ♥

(Arianeeeeee consegui POV do Kiba)



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