The Best Man escrita por AliceFelton


Capítulo 4
Capítulo 4




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Quem mora em alguma cidade pequena sempre defende o fato de que, nela, você conhece todos os seus vizinhos e, portanto, sempre encontra conhecidos na rua. Eu não posso negar que isso seja verdade, mesmo porque nunca morei em nenhum lugar além de Londres, mas eu sempre achei que encontrar conhecidos todos os dias pode tirar a graça dos encontros.

Sair de casa já esperando encontrar alguém pode te poupar de situações embaraçosas, como ser pega descabelada e de pijama na farmácia comprando absorventes de emergência, mas eu acredito que o fator surpresa vai ser sempre a melhor opção. Você pode estar passando pelo parque e encontrar um amigo de infância e seus trigêmeos, sem nem saber que ele ja tinha se casado, em primeiro lugar. Você pode encontrar a sua professora de matemática assim que você acabou de sair de um bom encontro, e a sua boca ainda está levemente inchada. Uma cidade grande te oferece um mar de possibilidades, ao mesmo tempo em que não te prepara para nenhuma delas.

 

 

O despertador que eu programei para me acordar às nove horas, no sábado, fez o seu barulho alto e nem um pouco agradável. Ao desligá-lo, vi que Frank havia me ligado e me mandado algumas mensagens.

 

Lils, Alice está passando mal.

Vomitou a noite inteira.

Podemos remarcar o ensaio para semana que vem? Desculpa!

 

Respondi que não tinha problema nenhum e que mais tarde ligaria para saber se ela estava se sentindo um pouco melhor. Voltei a deitar na minha cama, mas o som do despertador havia eliminado qualquer vestígio de sono que estava em mim.

Desci as escadas do mezanino, onde era o meu quarto, e me sentei na poltrona que ficava ao lado do meu aquário. Peguei algumas bolinhas de comida e joguei na água, para Válter e Túnia.

— Bom dia. - sorri

Eles correram para comer, competindo como sempre.

— Vocês não precisam comer tão rápido… - murmurei, me levantando e me dirigindo até a cozinha.

Eu havia acabado de acordar e já estava entediada. Como eu pretendia passar o dia todo na casa de Alice, eu havia adiantado tudo que eu precisava fazer para a Pasquim. Os meus outros afazeres estavam todos no escritório. Eu também havia dito para Remus que estaria muito ocupada no final de semana, para que ele não desconfiasse da surpresa.

Não podendo contar com nenhum dos meus dois melhores amigos e nem com o meu trabalho, liguei a televisão para ver se havia algum programa interessante na programação. Nunca se sabe.

A moça do canal 7 estava justamente comentando como muitas pessoas estavam sendo contaminadas com algum tipo de virose. Não era nada perigoso, mas era incômodo, levando em conta que o principal sintoma eram os vômitos.

 

Susan Lange está dizendo na Tv que Alice está com uma virose, enviei a Frank.

Os médicos disseram a mesma coisa!— ele respondeu logo em seguida.

 

Levando em conta o surto da suposta doença, a convidada especial do quadro de culinária do programa estava ensinando a fazer sopa de legumes. Eu achei incrivelmente bobo, mas percebi em seguida que eu era uma das pessoas que não sabia fazer sopa.

Prestei muita atenção em tudo que ela fez, inclusive usei o bloquinho que costumava ficar ao lado do telefone para anotar os legumes e as quantidades que ela havia utilizado. Eu não era a melhor cozinheira, mas resolvi tentar fazer a bendita sopa para Alice.

 

 

O Sainsbury mais próximo ficava a três quarteirões da minha casa, o que era ótimo. Era uma distância próxima o bastante para que eu me sentisse culpada, caso sequer considerasse pegar o carro em uma noite em que estivesse desesperada por um chocolate.

O mercado estava bem vazio, mesmo considerando que poucas pessoas gostam de fazer suas compras no início da manhã de um sábado. Se a virose começasse a se espalhar, porém, o lugar logo estaria apinhado de pessoas desesperadas para comprarem algumas verduras e legumes.

Peguei os ingredientes da sopa de Alice sem a menor dificuldade. Eu estava começando a ficar bem animada com a perspectiva de me tornar uma pessoa que sabia como cozinhar uma deliciosa sopa.

Fui até a geladeira, afinal, eu não estava doente e poderia comer um sorvete, se bem entendesse. Eu quase me enfiei dentro dela na tentativa falha de achar um pote de sorvete de morango.

— Então é por isso que a temperatura caiu alguns graus. - ouvi uma voz conhecida dizer - Evans está aqui.

Suspirei e me virei para Potter.

— Potter. - murmurei

— É bom te ver também. - ele zombou

Ri.

— O que você está fazendo aqui? - perguntei

— Por incrível que pareça, eu estou fazendo compras. - ele respondeu, com uma risada sarcástica.

— Eu quero dizer, por que você está aqui? Aqui, nesse supermercado. - perguntei, impaciente.

— Eu moro na esquina. - ele disse - Você também mora aqui perto?

Assenti.

— É impressionante, na verdade, nunca termos nos encontrado. - ele disse

— Acho que tivemos sorte. - sorri

Ele riu.

— Você deveria fechar a geladeira. - ele disse

— Eu estou tentando achar um pote de sorvete de morango. - eu murmurei, me virando novamente para a geladeira.

— Não tem mais nenhum. - ele disse

— Como você sabe? - perguntei

— Eu peguei os dois últimos. - ele disse

Me virei de volta para ele, e, de fato, o seu carrinho continha dois potes do meu sorvete favorito.

— Potter… - murmurei

— De jeito nenhum. - ele riu

— Por favor! - eu pedi

— Não! - ele repetiu

Suspirei e fechei a geladeira, desolada.

— Eu nunca imaginaria que você é uma pessoa que gosta de tantos legumes. - ele disse, espiando meu carrinho.

— Alice está com a virose. - eu disse - Eu vou fazer uma sopa para ela.

Ele arregalou os olhos e assentiu.

— Bom, eu espero que ela melhore logo.

— Obrigada. - assenti.

Nos encaramos por alguns segundos. Eu ainda estava determinada a conseguir um dos potes de sorvete.

— Você tem bastante salada e peixe no seu carrinho. - murmurei - Eu sabia que você era um daqueles executivos metidos que só comem salada e carnes caras.

Ele riu.

— Quase. - ele disse - Eu sou um daqueles executivos metidos e vegetarianos. Quero dizer, quase vegetarianos.

O encarei.

— Meu médico disse que eu precisaria comer peixe, pelo menos.

— Você não come carne há quantos anos? - perguntei

— Desde que eu tinha quinze anos. - ele disse

Assenti.

— É bastante tempo. - murmurei

Ele assentiu.

— Por que você nunca me disse? - perguntei

Ele deu de ombros.

— Você nunca perguntou.

Sorri.

— Você já acabou? - ele perguntou - Podemos ir para o caixa.

— Podemos. - concordei

Ele pegou minha cesta e colocou em seu carrinho, que tinha um espaço vazio.

— Obrigada. - murmurei

— Não há de que. - ele disse

Ficamos em silêncio por algum tempo, enquanto nos aproximávamos do caixa. Aquela era a primeira vez que nós dois ficávamos em harmonia, com excessão dos deveres do casamento nos quais nos comportávamos por causa de Remus e Sirius.

— Eu ainda estou com dores na panturrilha. - ele disse - Daquele dia, na dança.

Ri.

A professora de dança que Remus e Sirius haviam contratado era extremamente animada e doida. Ela havia feito nós quatro dançarmos por horas a fio, com direito a movimentos que nunca haviam sido feitos por pessoas relativamente sedentárias.

— Eu tive que ficar com os pés de molho em água quente, naquele dia. - eu disse

Ele deu uma gargalhada e começou a colocar suas coisas no caixa. A atendente o encarava com curiosidade e atração.

Ele pegou um dos potes de sorvete e me encarou. Em seguida, ele se virou para a caixa e sorriu.

— Eu desisti de levar esse aqui. - ele disse

Ela sorriu, num óbvio flerte.

— Você pode deixar aqui, eu coloco de volta no lugar depois. - ela disse

Ele assentiu e agradeceu.

Peguei o pote do sorvete silenciosamente. Potter me encarou e eu revirei os olhos.

— Obrigada. - murmurei

Ele sorriu, mas voltou sua atenção para a atendente, que ainda o encarava.

— Você trabalha aqui todos os sábados? - ele perguntou - Acho que nunca te vi.

— A maioria. - ela sorriu

Ele sorriu e começou a empacotar suas compras com os sacos plásticos.

— Você deveria trazer sua própria sacola. - murmurei

Ele me encarou.

— Deveria mesmo. - ele sorriu e piscou para a atendente.

— Nós vendemos sacolas de pano. - ela disse

Ele sorriu.

— Perfeito!

Quando ele terminou, passei a minha compra e coloquei tudo na sacola de pano que havia trazido de casa. Potter me observava, com atenção.

Saímos juntos do supermercado e ficamos nos encarando.

— O que foi? - ele riu

— Você é inacreditável. - eu murmurei - Você é o maior clichê que existe!

— Eu sou um clichê?! - ele exclamou, ainda com um sorriso.

— Você é! - eu disse

— Posso saber qual deles? - ele perguntou

— O homem encantador e charmoso que não consegue falar com uma mulher sem dar em cima dela para conseguir qualquer coisa.

Ele riu.

— Eu estava falando com você normalmente. - ele disse

Bufei.

— Evans, eu paguei por essa bolsa! Eu não consegui absolutamente nada da moça do caixa. - ele disse - Eu simplesmente a achei bonita e, ao contrário de certas pessoas, não preciso me sabotar quando sinto atração por alguém.

— Com licença?! - exclamei

— Você que é o grande clichê! - ele disse - A linda e talentosa jornalista workaholic que finge que não precisa se relacionar com ninguém, mas vai pra casa com um pote de sorvete de morango para assistir uma comédia romântica ainda mais clichê, com mulheres iguais a ela!

— Comédias românticas são incríveis!

— São mesmo, mas esse não é o ponto! - ele rebateu

— Eu não preciso me sabotar! - protestei

— Quando foi o último encontro que você teve? - ele perguntou

— Isso não quer dizer nada. - eu disse

Ele assentiu, sorrindo.

— Está tudo bem, pequena Lily. - ele disse - Pode ir pra casa ver o seu filminho.

Bufei novamente e me virei para ir embora.

— Eu nunca mais vou vir ao supermercado em um sábado de manhã! - eu gritei, quando já tinha me afastado alguns metros dele.

— Ótimo! Eu só virei aos sábados! - ele gritou de volta.


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