Uma forte batida na porta do quarto me tirou do meu sono.

O dono dos braços que me envolvem soltou um longo e desapontado suspiro.

— Por favor, que não seja a minha mãe… - James murmurou com sua voz rouca, que eu posso jurar que é a coisa mais sexy que já ouvi na vida.

Eu dei uma risadinha e ele me puxou mais para perto, me aninhando em seu peito.

Eu queria, desesperadamente, beijar o pescoço de James, que agora estava muito perto do meu rosto. No entanto, parte de mim estava começando a entrar em curto circuito. Eu estava na cama de James Potter. De calcinha e camiseta. Acordando após a melhor noite de sexo da minha vida inteira.

— Você não vai atender? - sussurrei.

— Hã, hã… - ele negou

Ouvimos uma outra batida, mais forte do que a primeira.

— James! - Sirius gritou, de fora do quarto. - Acorde!

James abriu os olhos e franziu a testa.

— Merda… - ele sussurrou - Se eu não abrir a porta, eu tenho certeza que ele vai descer e pegar um cartão reserva na portaria.

Ri, nervosamente.

— O que faremos? - perguntei

Sirius bateu na porta novamente.

— Já vou, Sirius! - James gritou, tentando não rir.

— Você ficaria muito ofendido se eu me escondesse? - perguntei

Ele sorriu, fazendo o tempo parar por alguns segundos.

— Não. - ele disse

Sorri.

Ele se levantou e estendeu o braço para me ajudar a sair do meio do pesado edredom. Recolhi o meu vestido e sapatos, enquanto James dava uma leve arrumada no quarto.

— Fique no banheiro. Se ele quiser entrar, eu digo que vomitei em tudo. - ele disse - Não se preocupe. Eles não vão descobrir.

Assenti.

Ele piscou para mim e me empurrou para o banheiro, fechando a porta em seguida. Coloquei minhas coisas no chão e me apoiei na porta, esperando para ouvir a conversa dos dois.

— Finalmente! — ouvi Sirius reclamar assim que James abriu a porta do quarto. - Por que você demorou tanto para abrir? Estava escondendo um corpo aqui dentro?

James riu.

— Um corpo morto?— ele perguntou

Sirius riu.

— Você ainda está bêbado?

— Estou. Eu bebi tanto ontem.— James respondeu - Passei a noite inteira vomitando.

— Eu sinto muito.— disse Sirius - Deve ter sido uma péssima noite.

— Foi horrível.— James murmurou

Dei uma risadinha baixa.

— Então, vamos?— Sirius perguntou

— Onde?— James disse, com um tom de voz confuso.

— O hotel fez um café da manhã para a gente, não lembra?— Sirius suspirou, exasperado.

Suspirei. Eu havia esquecido completamente do café.

O hotel, em comemoração ao casamento, havia dado a Remus e Sirius um café da manhã completo para as famílias e amigos próximos.

— Knock, knock…— ouvi a voz de Remus dizer.

— Oi, amor.— Sirius disse

— James, você ainda não está pronto?— Remus suspirou

— Eu vou tirar a minha calça de pijama.— James disse, em um tom mais alto do que o que ele estava falando anteriormente. — Eu vou tirar, mas é completamente aceitável andar pelo hotel de pijama. Caso você não queira colocar outra roupa para sair do quarto.

Sorri. Ele estava me dizendo aquilo. Eu não precisava colocar o meu vestido para correr para o meu quarto e me arrumar.

— James, você está extremamente esquisito hoje… - Sirius disse

James riu.

— É a ressaca.

— Eu não te vi bebendo tanto. — Remus disse

James não havia bebido muito, mesmo. Nós dois havíamos bebido apenas alguns drinks, após a apresentação, mas passamos o resto da noite dançando. Tanto que estávamos quase sóbrios quando viemos para o quarto. Quase.

— James, Lily chegou bem no quarto dela ontem?— Remus perguntou

Eu arregalei os olhos.

James limpou a garganta.

— Eu acredito que sim.— ele murmurou

— Eu fui acordá-la para o café, mas ela não atendeu.— ele continuou - Ela também não está no saguão, nem no restaurante…

— Ela deve estar na academia.— James interrompeu.

Deixei escapar um suspiro. Eu nunca estaria na academia.

— Na academia? - Remus riu

— Ela gosta de acordar cedo e correr, quando bebe. - James disse - Ela acha que evita a ressaca.

— Como você sabe disso?— perguntou Sirius

— A gente mora perto, como vocês sabem.— James disse - Eu encontrei com ela em um dia que saí de casa mais cedo e ela me explicou essa tática dela. Na verdade, eu deveria ter acordado cedo hoje.

Sirius riu.

— Deveria mesmo.

— Bom, então vamos?— murmurou James

— Vamos! - Remus exclamou

— Eu vou deixar minha calça do pijama em cima da cama…— disse James

Sorri novamente.

— Ok…— respondeu Sirius, confuso.

Escutei a porta do quarto bater e suspirei aliviada.

Finalmente, me virei para o espelho do banheiro. Eu estava uma grande bagunça. Meu penteado estava completamente destroçado, havia resquícios de maquiagem por todo o meu rosto e chupões no meu pescoço – francamente, que coisa de adolescente, Lily Evans! Agradeci mentalmente por não ter deixado nenhum em James.

Lavei o meu rosto e voltei para o quarto. A calça de James estava mesmo em cima da cama. Sorrindo, a vesti.

Abri a porta do quarto e espiei o corredor, para não correr o risco de trombar com os meninos novamente. Quando confirmei que não havia ninguém por perto, saí correndo para o meu quarto.

…

— Me desculpem pelo atraso. - pigarreei, sentando no único lugar vazio da mesa. Ao lado de Remus e Alice, na frente de James.

Eu havia me arrumado rapidamente, mas havia sido a última a chegar mesmo assim, considerando que James e eu éramos os únicos que estavam faltando.

— Não tem problema! - disse Remus, como se nada pudesse estragar sua felicidades.

Sorri.

— Lily, eu não tive a chance de conversar mais com você ontem. - disse Regulus, que estava ao lado de James - A sua apresentação foi incrível!

James revirou os olhos e eu tive que me conter para não dar uma risada.

— Obrigada, Regulus. - sorri - Isso é muito gentil.

Ele sorriu de volta.

Ele estava com exatamente a mesma aparência da noite anterior. Cabelo arrumado, pele perfeita. James, ao seu lado, parecia ter saído do olho de um furacão, mas eu estava extremamente atraída por ele. Seus cabelos estavam ainda mais bagunçados do que o normal e ele tinha olheiras profundas embaixo de seus olhos.

Ele me pegou encarando-o e sorriu.

— Regulus está certo. - pigarreou Alice - Eu sabia da voz de Lily, mas não que você toca violão tão bem, James.

— Ele aprendeu para fazer serenatas para as garotas. - disse Line, rindo.

James riu.

— Se eu me lembro bem, você me pediu para tocar no seu aniversário. - ele provocou

— Eu era jovem. - ela disse, seriamente - Fiz péssimas escolhas na juventude.

James deu uma gargalhada.

— Foi lindo. - continuou Alice - Vocês vão ter que cantar para o bebê o tempo todo.

Sorri.

— Eu vou amar cantar para o bebezinho da titia. - eu disse, fazendo aquele tipo de voz que se faz quando se fala com bebês e cachorrinhos.

Alice riu.

— Você fazia aulas de canto quando era mais nova, Lily? - perguntou Euphemia

— Não! - sorri - Minha experiência com o canto se resume ao chuveiro e a karaokês.

Emmeline riu.

— Você deveria ser uma estrela da Broadway ou algo do tipo. - ela disse

— Obrigada. - sorri

Emmeline era extremamente gentil. Com a noite anterior, eu havia descoberto o porquê de ter ficado um pouco nervosa com a presença dela ao nos conhecermos, mas ela me parecia ser muito alto-astral e divertida. Eu não me orgulhei ao perceber que o que eu sentia era um pouco de ciúmes.

Escondi a boca com as mãos e dei um leve bocejo, que não passou despercebido por Alice.

— Você está horrível. - ela disse - Parece que dormiu apenas três horas essa noite.

Dei uma risada nervosa.

— Eu dormi muito mais do que isso! - protestei

Era mentira.

Felizmente, as várias cestas com o café da manhã chegaram. Alice era muito observadora e ela conseguia sentir quando alguma coisa estava estranha ou quando mentiam para ela. Eu só conseguia agradecer a mim mesma que, sem prestar atenção, havia escolhido uma blusa de gola alta para trazer para o hotel.

Todos estavam com fome, o que fez com que ninguém falasse nada durante algum tempo. Aproveitei o silêncio para relaxar. Alice estava certa, eu estava horrível. Eu passei o dia do casamento todo resolvendo os últimos detalhes com a Trelawney, havia passado a noite inteira dançando na festa e havia feito um belo exercício físico, depois dela.

James estava concentrado na sua salada de frutas. Uma de suas mãos estava apoiada sobre a mesa e, sem aviso, meu cérebro começou a se lembrar da noite anterior, das mãos e da boca de James passeando por todo o meu corpo e… ele definitivamente sabia o que estava fazendo.

James estalou os dedos na frente do meu rosto.

— Lily, Terra chamando. - ele riu

Chacoalhei a cabeça e pigarreei.

— Me desculpa. - murmurei

— Você me passa a manteiga? - ele perguntou

Olhei para o seu prato e vi que as frutas haviam sido substituídas por um pedaço de pão.

Assenti.

— Você está bem? - Remus perguntou, franzindo a testa.

— Estou! - exclamei - Eu só estou preocupada com a Pasquim. Tenho muito trabalho a fazer.

— Você trabalha na Pasquim? - Emmeline perguntou

— Trabalha. - James respondeu - Ela coordena praticamente tudo da revista.

— Eu amo a Pasquim! - ela exclamou, mal aguentando sua animação. - Por que você nunca me disse, James?

Ele riu.

— Eu não sabia que você gostava! - ele protestou

— É a melhor revista do país! - ela disse - Os editoriais são lindos e os textos são maravilhosos!

— Isso porque Lily não escreve mais. - ele disse - Os textos dela são ainda melhores.

O encarei e franzi as sobrancelhas, sorrindo.

— Eu concordo. - disse Alice - Eu fico tentando convencê-la a escrever novamente, mas ela diz que não tem inspiração…

James deu uma risada, incrédulo.

— Me poupe, Evans. - ele revirou os olhos - É só sentar a bunda na cadeira e começar.

— Não é tão simples assim! - eu protestei

— Aposto que é. - ele piscou

…

Depois do café, James me segurou enquanto todos saíamos do restaurante do hotel.

— Lils, por acaso você pegou a chave do meu quarto? - ele disse em voz baixa. - Eu acabei de perceber que não peguei.

Franzi o nariz.

— Me desculpe, Jamie. - eu disse - Eu não me toquei que era pra pegar.

— Está tudo bem! - ele me interrompeu - Eu posso pegar um reserva no balcão.

— Desculpa… - repeti

Ele sorriu e passou a mão pela minha bochecha.

— Não tem problema. - ele disse, se dirigindo ao saguão.

Eu o segui e me apoiei no balcão ao lado dele.

— Com licença, eu esqueci a chave do meu quarto dentro dele. - ele disse.

O recepcionista deu uma risadinha.

— A Srta. Evans não lembrou de pegar quando saiu? - ele perguntou

Eu arfei e James deu uma risada.

— Ela esqueceu. - ele sussurrou

O recepcionista entregou um novo cartão para James, que ainda ria.

— O seu segredo está à salvo comigo. - ele disse

James assentiu e nós fomos andando, lentamente, até o salão de estar onde estavam todos.

— Que recepcionista abusado! - eu exclamei

James continuou rindo.

— Eu achei divertido. - ele disse

Revirei os olhos, mas ri também.

— Você ficou com o meu pijama? - ele perguntou

Assenti.

— Eu conheço esse truque muito bem. - eu sorri - Deixando alguma coisa comigo para ter que me encontrar depois…

Ele deu uma gargalhada.

— Bom, nem todo mundo consegue ser Lily você-precisa-me-beijar Evans.

O encarei, tentando pensar em uma resposta espertinha o bastante, mas ouvimos um som horrível vindo do salão.

Era Alice vomitando.

James foi correndo conseguir um balde enquanto eu corri para segurar os cabelos dela. Frank não estava por perto.

— Eu não acredito nisso. - ela gemeu

— É normal. - eu disse, fazendo carinho em sua cabeça.

James voltou com dois baldes e um esfregão. Ele entregou o vazio para Alice, que continuou vomitando, e começou a limpar o chão.

— James, deixa que eu… - eu comecei

— Não. - ele interrompeu - Eu limpo aqui, cuida da Alice.

Meu coração derreteu um pouco.

— Lá se vai todo o meu café da manhã. - ela murmurou, tristonha.

Remus sorriu.

— Foi de graça. - ele disse, fazendo-a rir.

Frank apareceu no salão, segurando a mala dos dois. Ele a soltou e imediatamente veio até nós, quando viu o estado de Alice.

— O que aconteceu, querida? - ele perguntou

— O bebê não gostou da comida. - ela riu

— Eu também não achei lá essas coisas. - brincou James

Alice vomitou de novo.

— Eu não consigo dirigir agora. - ela choramingou

— Eu posso alugar o quarto por mais uma noite e nós esperamos você melhorar. - disse ele

— Eu posso levar vocês. - eu disse - Eu dirijo!

— Você não veio de carro? - perguntou Frank

Era verdade. Eu havia ido até lá de carro, o que significava que eu precisaria voltar para o hotel, de alguma forma, para recuperá-lo.

— Depois eu volto aqui para pegar o carro, Frankie. Isso não é importante. - eu disse - Você não consegue dirigir, por causa da sua mão, e Alice vai causar um acidente se sair daqui assim.

Frank assentiu.

— Obrigado, Lils. - ele disse - Eu pago um taxi para te trazer aqui depois.

— Um táxi vai sair uma fortuna! - eu disse - Eu dou um jeito, não se preocupe!

— Eu levo o seu carro. - James interrompeu

— E o seu? - perguntei

— Eu vim com Line e meus pais. - ele disse - Eu vou com o seu carro na frente mas Line pode dirigir com eles, para voltarmos para Londres.

— Você tem certeza? - perguntei - Eu consigo voltar aqui, eu pego um trem.

— Não tem a menor necessidade. - James disse - Você mora do meu lado! Não vai ser problema nenhum, é sério.

O encarei.

— Obrigada. - eu disse

Ele assentiu.

— Posso colocar as coisas no carro, Lily? - perguntou Frank

— Pode! - exclamei - Eu vou buscar as minhas coisas, fazer o check out e me despedir de todo mundo.

Ele assentiu e ajudou Alice a se levantar.

Me dirigi ao elevador com James. Nós subimos até o quinto andar em silêncio, e ele veio até o meu quarto pois precisava pegar as minhas chaves. Abri a porta, sem olhar para ele. Eu sabia que ia acabar ficando nervosa por estarmos sozinhos novamente.

Coloquei minhas chaves em cima do seu pijama, que havia deixado dobrado em cima da cama, e entreguei para ele. Ele pegou as coisas e deu um sorriso.

— Deixando alguma coisa comigo para ter que me encontrar depois… - ele riu.

Revirei os olhos, mas ele me puxou para um beijo rápido e foi embora, dando risada, me deixando parada na porta, incrédula.

…

Depois de deixar Frank e Alice, capotei no meu sofá assim que cheguei em casa. Afinal, eu havia dormido apenas três horas na noite anterior. Acordei às seis e meia da tarde, completamente perdida.

Após um longo e demorado banho, eu coloquei um pijama e me preparei para a semi final de Masterchef, que iria ao ar às oito. Pedi uma pizza grande de mussarela da minha pizzaria favorita, dei comida para Válter e Petúnia.

Eu estava de bom humor. Eu não teria que trabalhar no dia seguinte então poderia passar a noite toda assistindo séries e fazendo máscaras faciais. A vida era boa!

Assim que o programa começou, o interfone tocou me avisando que a pizza havia chegado. Deixei o atendente subir mas, assim que abri a porta, me deparei com o homem mais lindo do mundo, James Potter, segurando uma caixa grande de pizza e sorrindo para mim.