Eu Acho Que Não Consigo Viver Sem Você escrita por Socko


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, realmente estou tendo dificuldades de ver aonde quero ir com a fic, ou melhor estava, pois escrever esse capitulo me deixou mais criativo.



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Capitulo 1

1992

                - Justin? – Ele brincava com seu novo dinossauro de brinquedo que havia ganhado. Seus pais tinham saído as pressas de casa e ele havia ficado com uma amiga de sua mãe.

                O dinossauro estava destruindo a cidade de Nova York e o único capaz de acabar com a ameaça era o grande J-Man, o grande super-herói da cidade. Era uma grande batalha, carros sendo arremessados, casas e prédios destruídos, mas o grande J-Man estava ali para defender os fracos e oprim...

                -Justin? Pode vir aqui um segundo? – Claro, tudo aquilo era saído da cabeça sadia de um pequeno Justin de 1 ano e meio, que já andava e balbuciava palavras muito bem.

                O pequeno garoto saiu de seu quarto ao ouvir a voz de sua mãe. A ultima vez que tinha visto sua mãe, ela estava sentindo dores na barriga, mas ele logo ignorou por que pensava que era o balão que ela vivia escondendo na barriga. O balão tinha até nome! Alex eles chamavam. Ele ficava pensando qual a cor que tinha Alex, se era azul, rosa, vermelho, se ele flutuava como aqueles vendidos no Central Park ou não.

                Mas ao chegar na sala com seu dinossauro de brinquedo em mãos, ele ficou curioso, o balão havia sumido e nas mãos de sua mãe estava um amontoado de lençóis de onde ele ouvia um barulhinho. Largou ali mesmo o dinossauro soltando de seus dedos e foi ver qual era o problema.

                -Ma? Alão? Alesx? – Disse o pequeno Justin perguntando pelo balão. Theresa estava sentada no sofá e fez um sinalzinho para que Justin sentasse ao lado dela no sofá.

                -Justin, quero que você venha conhecer alguém. – Essa era a voz de seu Pai, Jerry que ajeitava o filho no sofá para ele ficar mais confortável para receber aquele pacotinho na mão.

                -Papa?

                -Justin, quero que conheça sua irmã... – Theresa cuidadosamente colocou o amontoado de lençóis nas mãos de Justin e ajeitou para que ele conseguisse carregar corretamente o que agora ele sabia que era sua irmã.

                Mas o que era uma irmã? Era de comer? Ele sinceramente pensou. E onde estava o balão?

                -Alão Papa? – Jerry sorriu e respondeu:

                -Não Justin, não tem nenhum balão, somente sua irmã. – Justin olhou para aquela pequena coisa eu estava em seus braços.

                Justin não era burro, nunca foi e nunca seria. Ele sabia que havia feito uma confusão. Então não havia balão e nem tampouco esse balão estava escondido na barriga de sua mãe. Era somente essa... Irmã? Seja lá o que isso for.

                E foi aí que tudo mudou na sua vida, os seus olhos acinzentados encontraram os olhinhos castanhos do pequeno bebê. Ele olhou de volta para sua mãe e pai com dúvida nos olhos.

                - Imã? Alesx? – Disse ele com dificuldade de pronunciar o “x” do nome. Jerry e Theresa soltaram uma gargalhada e concordaram.

                -Sim Justin. O nome dela é Alex. – Disse Theresa amando a nova interação entre Justin e Alex.

                Justin voltou a olhar para sua nova irmãzinha que não só sorria para ele, como também estava estendendo as mãos tentando pegar o rosto do maior. Justin somente sussurrou:

                -Lex...?

                -É seu dever protege-la e cuidar dela, não importa a circunstância. Deve ama-la e respeita-la e... – Disse Jerry mesmo sabendo que Justin não entendia quase nada do que ele falava.

                Mas Justin não ouvia mais nada, ao contrario do pensado Justin havia compreendido muito bem seu pai, mas preferiu somente olhar Alex e sorrir junto dela. Assim como seu pai havia dito para ele fazer ele iria fazer.

                Iria amar, respeitar, cuidar e proteger. Era seu dever. Assim como era dever do J-Man proteger a cidade de Nova York.

                Justin por impulso deu um leve beijinho na testa de Alex que soltou a mais gostosa gargalhada possível.

                Isso foi há quinze anos atrás.

—+-

                Tempo Atual

                Tudo estava normal na casa dos Russo depois do Caribe, para Jerry e Theresa nada de diferente de uma viagem em família havia acontecido, mas não para seus três filhos. Alex, Justin e Max haviam passado por eventos traumatizantes e embora tivessem ficado um pouco afetados pelo ocorrido, pelo bem de seus pais concordaram em não comentar nada.

                Max continuava brincalhão e tem suas ideias mirabolantes, outro dia mesmo tentou se prender no ventilador por uma corda, para ver se aprendia a voar... Não funcionou. Mas o mais novo dos irmãos Russo havia mudado muitos conceitos que tinha sobre sua vida e a vida de sua família durante essa viagem. Estava, se você se importasse para notar, mais sério em determinados momentos, prestava mais atenção nas aulas na Toca e estava estudando mais, seja no meio mortal, seja no meio bruxo. Mas claro ninguém ligava o suficiente para notar essa mudança.

                Em comparação algo diferente estava acontecendo com os dois irmãos mais velhos dos Russo.

—+-

                Eram seis horas da manhã no quarto de Justin e este estava deitado em sua cama.

                Desde o Caribe, há dois meses, Justin estava tendo constantes sonhos sobre desaparecer, esquecer as coisas importantes, perder sua família. E estes sonhos sempre viam acompanhados de uma voz sombria, mas ele quando acordava nunca se lembrava do que exatamente fora falado.

                Sempre antes de acordar em seu sonho ele via Alex chorando e gritando pelo seu nome. E desta vez não foi diferente.

                Abriu os olhos assustado e sentando de supetão em sua cama apoiando-se pelos braços. Estava sem blusa e podia ver o suor escorrendo pelo corpo. Ele esfregou o rosto de leve irritado e frustrado se perguntando por que de estar tendo esses sonhos.

                Se levantou e colocou uma regata branca, estava de calça moletom então somente se preocupou de calçar seu chinelo e saiu de seu quarto. Seu quarto era o último do corredor em formato de “L” sendo o próximo quarto o da sua irmã. O corredor fazia então uma curva a esquerda dando no banheiro compartilhado entre os irmãos e depois o corpo de Max. No final a entrada para a escada em espiral que leva para a cozinha e no final do corredor o quarto de seus pais. O banheiro era seu destino dessa vez.

                Era domingo, então muito provável que todos estavam dormindo pela hora. Haviam poucos raios do sol ainda. Aproveitou para tomar um banho e tirar o suor da noite. Enquanto se lavava ouviu a voz de sua mãe e os passos pesados de seu pai numa manhã de final de semana. Após se secar e trocar de roupa foi escovar os dentes, mas antes ouviu uma batida de leve na porta do banheiro e ele sabia quem era.

                Justin já seco e vestido ainda estava com os cabelos úmidos abriu a porta e viu Alex bocejando esticando as costas e os braços. Estava vestindo uma camisa branca que muito provavelmente era dele, pois era maior que o corpo da menor e shorts rosa. Ele tentou não notar que ao levantar os braços parte da barriga dela aparecia.

                - Bom dia, dorminhoca. – Comentou ele colocando pasta de dente na escova. – Acordou cedo hoje. – Alex acordava sempre nos finais de semana pelo menos na hora do almoço, se não depois. Justin analisou o rosto da irmã de perto e viu que muito provavelmente era um pesadelo também. Ela o olhou de cima abaixo e foi escovar os dentes também.

                - Pesadelo? – Tentou dizer Justin com a boca cheia de espuma.

                - Não quero falar sobre isso... – E o moreno entedia. Ela estava sofrendo de sonhos parecidos com os dele.

                Alex colocou a escova na boca e começou a limpeza. Diferente de Justin, Alex costumava tomar banho antes de dormir justamente para evitar acordar cedo, fato esse que Justin nem questionava sua falta de higiene, de alguma maneira ela conseguia se manter cheirosa apesar de muitas vezes passar horas dormindo. Muito provavelmente magia.

                Após expelir o conteúdo na pia, Justin deu um leve beijo nos cabelos de Alex que fez um barulho de nojo brincando. E antes de sair da porta disse:

                - Se precisar conversar com alguém sabe onde me procurar.

                - Sim eu sei... – Disse Alex passando a toalha na boca depois de ter escovado os dentes. Justin sorriu levemente para a menor e começou a adentrar o corredor em direção a escada para tomar seu café e começar suas atividades diárias. Fora impedido embora por um par de braços que se enlaçou sobre o seu torço pelas suas costas.

                - Alex? – Justin colocou uma de suas mãos sobre um dos braços de Alex e fez um leve carinho. Ela não disse nada apenas ficou lá por alguns segundos calada.

                Como eu disse, algo diferente estava acontecendo entre os irmãos Russo. Começou com aqueles selinhos, que só aconteceram naquela vez e ambos interpretaram como sendo somente fraternais. Mas ao voltar do Caribe, os dois começaram a sentir falta da presença um do outro, começou com leves toques. Carinhos aqui e ali, bem, na realidade começou na quinta noite depois de voltarem da viagem.

                Alex colocou um de seus pés sobre os pés de Justin e deixou lá. Obvio que Justin estranhou, mas permitiu e não disse nada a respeito. Depois passou a ser um colocando a mão no braço, ombro um do outro e fazendo carinhos, mostrando que ele(ela) estava ali. Depois começaram a segurar as mãos quando ninguém via. E agora começaram os abraços inesperados de Alex.

                Ambos sabiam que haviam perdido algo naquela viagem, ou melhor ganhado. Cicatrizes na mente por assim dizer, afinal de contas, ambos tinham quinze e dezesseis anos, não era normal que algo daquela magnitude acontecer com eles. Algum tipo de sequela iria persegui-los e como não podiam contar para seus pais sobre o ocorrido, eles encontraram algum tipo de consolo um no outro.

                Mas não era somente isso, uma mudança em seus corações havia ocorrido também, mas ambos preferiam ignorar. Sabiam que era perigoso pensar a respeito disso, era uma área proibida de suas mentes.

                - Sim? – Sussurrou Alex ainda abraçada a Justin.

                - O que foi? – Dessa vez também sussurrou o mais velho. Silêncio novamente, mas dessa vez curto.

                - Acho que... Só precisava te abraçar. – E na mente de Justin somente vinha o pensamento de que como teria sido o sonho dela. Justin se virou e abraçou Alex pela cintura, levantando ela alguns centímetros do chão, ela passou seus braços ao redor do pescoço do mais velho e depositou seu rosto em seu pescoço.

                - Melhor? – Ela riu de leve. Mas claro que não ia ficar só nisso, ela entrelaçou suas pernas no torço de Justin e o olhou cara a cara. Para compensar o peso, Justin teve que mudar a posição das mãos da cintura para as pernas de Alex.

                - Melhor agora! – Ele a olhou cinicamente e ela sorriu e voltou com o rosto em seu pescoço. Ela estava gostando daquele cheiro. Justin tentou ignorar o calor que vinha do corpo de Alex, tentava ignorar o fato de que as pernas claras como ceda estavam ao seu redor e que eles a segurava firmemente, com cuidado, mas firmemente.

                - Desce Alex! – Ela balançou a cabeça em seu pescoço fazendo uma leve cocega. Serio, ela tinha mesmo quinze anos?

                - Não, você fazia isso direto comigo quando éramos crianças e nunca reclamou. – Claro que ela iria puxar essa desculpa, novamente: Ela tinha mesmo quinze anos?

                - Eu tinha sete e você seis, era outro tempo e você não era tão... Éeee... – Nisso Alex voltou a encara-lo e notou o leve rubor em sua face. Ela sorriu maldosamente e disse:

                - Tão? – Justin a olhou indignado levantando uma sobrancelha. Ok, ela estava brincando com fogo.

                Em um rápido movimento Justin a jogou no ombro e começou a marchar para o quarto de sua irmã.

                - Justin! Me põe no chão! – Dessa vez foi a hora de Alex notar o quão forte era seu irmão, adeus braços finos e mal definidos, a puberdade estava fazendo bem a ele, ele mal parecia estar cansado a carregando.

                - Não!

                Eles acharam que ninguém tinha visto essa demonstração de carinho, amor e afeto. Bem, Max viu tudo, ele havia acordado por causa do barulho que seus irmãos estavam fazendo, mas sorrindo logo fechou a porta de seu quarto e foi dormir novamente.

—+-

                Justin chegando então na cama de Alex voltou ela a posição que ela estava, com suas pernas ao seu redor e ele as segurando.

                - Seu maluco! – Disse ela com uma risada boba. Mas logo lembrou aonde estava e em que quarto estava. Dessa vez quem enrubesceu foi ela. Ela olhou para a cama que estava a suas costas e voltou a olhar para Justin seria. – Você estava falando que eu era tão...? – Disse num tom meio rouco. Dessa vez Justin não se deixou ser pego de surpresa, simplesmente a beijou na testa e depois de leve na bochecha, um pouco perto demais da boca.

                Depois simplesmente a jogou na cama.

                - Tão injuriante. – Ela se ajeitou na cama, se ajoelhando na cama na frente dele e soprou um fio de cabelo que estava em seus olhos irritada. – Ainda são sete horas Alex, volte a dormir. – Disse Justin se virando com um sorriso vitorioso e saindo, mas não antes de olhar para trás e notar o quão inapropriado toda essa cena tinha sido e o quão sexy ela estava naquela cama. Mas era melhor não pensar muito a respeito disso e saiu para tomar seu café da manhã. Embora na realidade estava difícil ignorar, pois algo em sua calça pulsava constantemente pedindo para ser saciado pelo corpo que a pouco estava tão perto e acessível.

                Depois que ele saiu Alex deitou em seu travesseiro com pensamentos similares, sentindo algo queimar em seu interior, seu coração palpitar e sua respiração acelerar.

                - Injuriante... Sei... Injuriante não era o que ele pensava quando apertava suas mãos nas minhas coxas. – Disse mordendo o lábio inferior corando furiosamente. Frustrada ela pegou um travesseiro e apertou contra o rosto soltando um grito abafado.

                Ambos, Justin tomando seu café com uma torrada e Alex deitada quase dormindo em sua cama pensavam: “O que raios está acontecendo com a gente?”.

                Naquela manhã mais uma barreira fora quebrada no relacionamento dos irmãos.

—+-

                Um pouco depois das onze, normalmente a hora que ela acordava, Alex abriu seus olhos ainda sonolenta. Não era o ideal, era domingo, gostava de acordar até mais tarde, as vezes nem almoçava, seu almoço era seu café da tarde. Suspirou de leve e espreguiçou-se aninhando ao travesseiro, mas logo sentando na cama.

                Primeira coisa que foi fazer é trocar de roupa e por mais que não queria dar tchau ao cheiro de Justin em sua blusa, trocou logo da camisa e do shorts que usava para uma roupa mais casual e decidiu descer para pelo menos tomar um café antes do almoço. Descendo as escadas viu sua mãe correndo pela cozinha fazendo algo que realmente não a interessava, pois independente do que fazia a comida da sua mãe era a melhor.

                Justin a estava ajudando, de avental e tudo. O filho perfeito, pensou Alex corando, no que mais ele seria bom.

                - Bom dia hija! – Disse Theresa animada secando suas mãos em uma toalha. Alex se aproximou da mãe e lhe deu um breve abraço enquanto Theresa a beijava na testa.

                - O que estão fazendo? – Perguntou Alex provando um molho que estava na panela na qual Justin fazia movimentos circulares com uma colher de madeira.

                - Macarrão com almondegas e enchiladas. – Respondeu Justin dando um leve tapa na mão da irmã, que desviou a mão na hora. – Mãe, Alex esta provando do molho de novo! – Alex somente riu zombando do irmão o imitando: “Bãe, Anex esna novando mono de nono!”. Ela somente deu um beijo na bochecha enquanto ele a imitava irritado e foi para a sala assistir televisão.

                - Alex para de incomodar seu irmão, deixe ele trabalhar sossegado. – Disse Theresa rindo dos maneirismos dos irmãos.

                O almoço foi tranquilo, claro tirando o fato de uma quase briga de comida entre os irmãos (e querendo ou não Jerry também), Alex e Max ficaram responsáveis por lavar a louça, entretanto Alex conseguiu manipular o caçula a fazer tudo sozinho, falando que tinha coisas extremamente importantes para fazer. Obvio era mentira.

                Ela foi sentar ao lado de Justin que assistia algum tipo de programa no Discovery que não interessava ela nem um pouquinho. Justin notou que ela se sentou mais perto do que o normal, geralmente ambos ficavam a dois espaços do sofá de distância de preferência.

                No começo estava tudo normal, até ele sentir ela colocar a mão dela sobre a dele em sua perna. Ele tentou não reagir, não mostrar reação nenhum ao ato. Foi ai que ela começou a fazer carinhos nas costas de sua mão, como se estivesse pedindo para que ele virasse sua mão e ele lentamente o fez. Justin de canto a olhou tentando ver alguma coisa que indicava o que ela estava fazendo. Um sorriso, uma sobrancelha levantada, algo que desse o sinal que era mais uma de suas brincadeiras. Mas nada.

                Estava realmente prestando atenção na televisão, ou pelo menos fingindo muito bem. Ela sempre foi a melhor mentirosa entre os irmãos. Justin então voltou sua atenção para a televisão.

                Ele não sabia, mas Alex mesmo não entendi do por que estava fazendo aquilo, assim como não entendeu do por que fez aquilo no corredor mais cedo. Lembrou-se das mãos de Justin em sua coxa apertando levemente e suspirou apertando a mão do mais velho levemente.

                - Quer trocar o canal? – Disse Justin tentando quebrar o gelo. Ela negou com a cabeça e apertou novamente a mão dele e ele fez o mesmo. – Então eu vou trocar se não se importar. – Dessa vez ela conseguiu soltar roucamente e fracamente um:

                - Tudo bem. – E suspirando colocou sua cabeça no ombro de Justin, que ficou tenso por alguns segundo, mas se recompôs mudando de canal. Mas logo se arrependeu.

                A cena que passava era de um dos filmes Velozes e Furiosos no qual Dom beijava Letty com muito fervor. Ambos, Justin e Alex, tentaram não transparecer, mas ambos seguraram a respiração quando Dom apertou a bunda de Letty e a puxou para cima, ela por vez o beijando ainda prendeu suas pernas ao redor dele. Cena muito semelhante a que havia ocorrido hoje mais cedo entre os irmãos.

                - Acho melhor trocar de canal... – Sussurrou Justin com a mão no controle. Mas Alex segurou sua mão o impedindo. Ela estava doida, ele pensou olhando para trás para ver se Max via alguma coisa, mas o garoto já havia subido as escadas para seu quarto a um bom tempo.

                - Não... Pode deixar... – Sussurrou também Alex. Dessa vez Dom levava Letty, ainda em seu colo, para uma cadeira próxima ao carro a beijando furiosamente enterrando seu rosto nos seios da amante através de sua camiseta. Dessa vez quem mudou de canal fora Alex que estava corando fortemente.

                Ambos ficaram em silêncio por alguns segundos. Alex ainda estava com a cabeça no ombro de Justin. Ela olhava fixamente para suas mãos unidas, mas virou seu olhar de leve para a direita, ao notar um relevo na calça jeans de Justin.

                - Justin?

                - Alex? – Disse Justin alheio ao que estava acontecendo. Alex levantou o rosto do ombro do mais velho e ambos se encararam, numa distancia similar a de mais cedo. – O que foi?

                - E... – Respondeu Alex apontando com a outra mão para a ereção evidente na calça de Justin. – Acho melhor você cuidar disso ai... – Ele olhou para baixo, para sua calça, olhou para Alex novamente e levantou uma sobrancelha de leve.

                - Awn... – Ele retirou a mão de Alex da sua. – Entendi. – E levantou-se indo na direção da escada, mas antes de subir olhou para Alex assustado e sussurrou: - Me desculpe...

                Ela acenou a cabeça e ele subiu. Ambos estavam cor escarlate já e Alex enterrou a cara no travesseiro mais perto.

                Subindo as escadas dessa vez foi Justin que pensou: “O que raios está acontecendo com a gente?”.

—+-

                O resto do domingo, enfim, passou sem mais nenhum evento daqueles, ambos passaram a se evitar. Logo a segunda-feira chegou e Justin a evitava como se ela carregasse uma doença. Acordou mais cedo para ir à escola sem vê-la, na escola tomava cuidado entre os corredores, sempre fugindo quando a via. Na lanchonete ele agradecia a Deus por eles não terem nenhum turno juntos e somente a noite se embarraram na hora de ir se arrumar para dormir.

                Justin não a olhando nos olhos, inventou uma desculpa dizendo que havia esquecido algo no quarto, mas quando ele fugiu para seu refugio ele não viu a dor nos olhos de Alex.

                Alex não gostava do que estava acontecendo, seus sentimentos agora estavam muito confusos. Não sabia o que estava sentindo por Justin, mas o que fosse a assustava grandemente. Não era normal, não era certo... Mas queria e sentia sempre que faltava algo quando Justin não estava perto dela. Como se um vazio formasse no seu peito.

                Isso não acontecia antes, antes daquela maldita viagem...

                Além do fato de estar sentindo estas coisas, tinha medo de que Justin a odiasse por estar sentindo algo tão nojento de certa forma, e se ele aceitasse e correspondesse sentia medo do que podia acontecer. Cada vez que algo como os toques e olhares aconteciam ela sentia um calor no seu interior que pedia por mais dele.

Jerry e Theresa haviam notado a distância repentina dos irmãos, pois estavam tão unidos recentemente e agora haviam voltado ao estado anterior, ou pior pois mal conversavam agora. Mas eles sabiam que não era necessário intervir, pois os mais velhos dos Russo sempre resolviam seus problemas. Max sinceramente não importava, pois sabia que tudo ia se resolver, seja da forma que ele pensava que ia acontecer ou não, ele estava muito ocupado com seu projeto que envolvia um liquidificador, uma maçã e tinta lilás, além do gato que ele sempre ficava na varanda de sua casa durante as tardes. Maldito gato, sempre fugia, não importa as armadilhas que ele fizesse. Até Harper e Zeke notaram algo diferente nos irmãos Russo. Alex não falava mais com Harper e Justin sempre estava com um olhar distante.

                E foi assim na segunda, na terça, quarta. Alex ficava mais triste com a situação, só que Alex Russo não é de ficar chorando pelos cantos da casa, e não ela não chorou, ok, talvez um pouco. Alex Russo era a garota que conseguia o que queria, nesse caso ela não sabia o que queria, mas sabia que não queria ficar de mal com Justin.

                Era noite de quarta feira e ela não conseguia dormir. Já eram duas da manhã e ela somente conseguia olhar para o teto de seu quarto pensando no moreno do quarto vizinho. Tinha que resolver esse problema logo, não queria ficar distante dele. Sinceramente ela queria voltar ao normal, sentir coisas normais por ele, não sentir coisas que uma irmã não deveria sentir por um irmão.

                Uma das características de ambos terem os quartos mais afastados da casa é que tinham maior privacidade, mas também conseguiam ouvir, até certo ponto, o que se passava no quarto oposto ao seu. E em meio aos seus devaneios Alex começou a ouvir grunhidos e seu nome ser dito através da parede atrás de sua cama, além de sentir uma energia estranha no ar. Ela se questionou o que estava acontecendo, mas ao notar que a voz de Justin ficava mais alta e exasperada, não pensou duas vezes, apesar de estar somente de camisola (sim, aquela que ela roubou de Justin) e calcinha, saiu de sua cama e foi até o quarto de seu irmão, não antes de pegar sua varinha.

                Ao chegar a porta tentou abrir girando a maçaneta, mas viu que estava trancada. Típico, ela pensou.

                - Alohomora! —Disse num sussurro. E a porta se destrancou.

                Ao entrar no quarto, viu claramente Justin em sua cama sem camisa e suando enquanto grunhia seu nome e se contorcia. Era claramente um pesadelo e dos pesados. Ela notou que alguns itens do quarto flutuavam a alguns centímetros de onde estavam e cada vez mais que se aproximava de Justin, mais aquela energia estranha ficava forte.

                - Justin! Acorda! – Disse Alex o balançando pelo ombro, mas ele não acordava. Ela então colocou um joelho na cama para colocar suas duas mãos nos ombros de Justin e mesmo assim não teve efeito. – Justin! Por favor, acorda! – Dessa vez ela aumentou o tom de voz um pouco e o balançou fortemente.

                Ele parou de tremer e de resmungar, abriu os olhos fracamente e como um predador saltou empurrando Alex contra a cama, roubou a varinha da menor e colocou-a contra seu pescoço enquanto que com a outra mão ele segurava o pulso de uma de suas mãos contra os lençóis. Seus olhos estavam cinza escuro, vazios, mas cheios de ódio.

                - Justin, sou eu! Acorde! É a Alex! – Ele estava ofegante e bufando de raiva, mas ao ouvir o nome e a voz de Alex suave dessa vez ele percebeu o que estava fazendo. Alex notou que de cinza seus olhos voltaram ao verde que tanto lhe chamava atenção atualmente. Ela colocou a mão que estava frágil, primeiro na mão do mais velho retirando a varinha do pescoço e depois colocou a mão sobre o rosto rígido de Justin.

                -Alex...? – Sua voz saiu sombria no começo, mas assustada e frágil no final. Ela ainda assustada, mas com os olhos calorosos somente acenou com a cabeça. A energia havia sumido e os objetos que flutuavam voltaram ao seu lugar de origem.

                Justin em um momento de fraqueza deixou a força que estava fazendo para se manter em cima de Alex e caiu sobre o peito da menor. Alex somente afagou os cabelos dele enquanto ele respirava sobre a camisa dela.

                - Tá tudo bem, foi só um pesadelo. – Ele relutantemente levantou e sentou-se na beirada da cama colocando o rosto em suas mãos. Alex sentou-se na cama de joelhos e ficou parada por uns instantes. – Justin? – Disse o abraçando pelas costas. – Eu to aqui, você pode contar...

                - Sai daqui Alex. – Disse ele ríspido, mas rouco. Alex ficou sem reação ao ouvir isso. – Sai do meu quarto...

                Ela lentamente soltou o corpo do moreno e novamente triste começou a sair da cama. Ela já estava com os pés no chão quando sentiu uma mão segurando seu pulso novamente a fazendo virar. Era Justin agora a olhando e notando uma lagrima solitária escorrendo na bochecha da menor. Seu olhar era inconsolável e as primeiras lagrimas começavam a cair enquanto ele murmurava desculpas.

                Com ele ainda sentado, ela se aproximou e passou ambos os braços de Justin ao redor de sua cintura enquanto ela abraçava a cabeça do moreno. Ele estava chorando bastante e ela tentava se manter forte enquanto o segurava, mas lagrimas, menos do que as dele, escorriam em seu rosto. Ele enterrou o rosto no peito de Alex e simplesmente chorou. Ele além de abraça-la apertava sua blusa como tentasse se agarrar a algo. Como se a qualquer momento ele fosse cair em um abismo.

                E chorou.

                E chorou.

                E chorou.

                Quando o choro dele diminuiu, Alex levantou o seu rosto e sorriu de leve para ele, ele apenas a olhava inseguro do que fazer agora. Ela o beijou na testa de leve e o puxou para ficar de pé, deitou-se na cama dele e bateu de leve na cama para que ele deitasse junto dela.

                Ele iria negar, seu olhar de assustado dizia que ele iria correr para evitar isso, mas ela o puxou pelo pulso e ele aos poucos foi deitando e encostando a cabeça no peito de Alex.

                Alex entrelaçou as suas pernas nuas nas dele e abraçou a cabeça dele fazendo carinhos para ajuda-lo a dormir. Os dois só ouviam alguns sons vindos da janela aberta, da vida noturna de Nova York, de suas respirações aceleradas e Justin o batimento acelerado do coração de Alex.

                Antes de ambos cair no sono profundo Justin disse:

                - Alex, o que está acontecendo com a gente?

                - Eu não sei Justin... eu não sei... – E dormiram o resto da noite... Sem pesadelos.


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Notas finais do capítulo

Caso vocês tenham notado o uso do "Alohomora" foi intencional, não planejo usar os "feitiços" da série, acho que a ideia de rimas para se fazer feitiços muito pouco pratica então usarei os feitiços criados em Harry Potter.

Então sim você poderia dizer que esse e o universo de Harry Potter são os mesmos.

Só não vai ter cross over.



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