Assassin's Creed: Colony escrita por Danilo Alex


Capítulo 7
Perfídia


Notas iniciais do capítulo

Capítulo de transição que, apesar de pequeno, vale como boa preparação para o que vem em seguida.
Espero que gostem!
Quase nem será preciso notas e traduções dessa vez, mas o que for preciso disponibilizarei nas notas finais.

Boa leitura!!!



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Foi com grande alegria que os Assassinos comemoraram a conquista da última Torre Borgia. Tempos antes, quando Ezio pisou na cidade pela primeira vez, as Torres eram sinal do controle ostensivo e quase onisciente dos Borgia; espalhadas estrategicamente pela cidade, altamente fortificadas, vigiadas por besteiros e arcabuzeiros, comandadas por capitães escolhidos a dedo pelos Borgia, elas serviam para oprimir e coagir o povo.

Nas áreas onde tinham sido erigidas, por toda parte se viam ferrarias, alfaiatarias, estábulos, barracas de vinho e várias outras lojas abandonadas, de portas cerradas. A população, amedrontada simplesmente desistira de comercializar ali e tinha ido embora, o que conferia certo ar de abandono ao lugar. Os guardas infestavam as ruas.

Entretanto, com o passar do tempo e os avanços Assassinos sobre as áreas de domínio templário, uma a uma as torres Borgia foram caindo, sendo ocupadas pela Irmandade.

A guarda que protegia o posto de vigilância era sistematicamente dizimada, o capitão Borgia que liderava o lugar, morto, e as bandeiras Borgia, queimadas.

Em seu lugar penduravam-se bandeiras escarlates ostentando o símbolo do Credo, e o lugar convertia-se instantaneamente em QG Assassino. Assim que o capitão caía, a influência Borgia era drasticamente reduzida no local, o que fazia com que os cidadãos, animados em criar um levante contra a tirania Templária, abrissem mais uma vez as portas de suas lojas e voltassem a fazer uso dos estábulos públicos.

Os primeiros cidadãos surgiam nas ruas, tímidos como animaizinhos ao saírem de suas tocas depois de um período de hibernação invernal, e começavam a se organizar para retomar suas vidas. Moviam-se sob o olhar protetor dos Assassinos, os quais fizeram das torres seus ninhos e contemplavam Roma das alturas, exatamente como vigilantes águias guardiãs da liberdade.

E naquele dia, ao conquistar a última torre, não foi diferente.

Tendo o capitão Borgia tombado sem vida a seus pés, Ezio limpou o sangue de sua espada e queimou a bandeira que representava a antiga soberania da família Templária. Depois, olhou para Ettore e para Bartô que, juntamente com seus mercenários, tiveram um papel importante na tomada da posição inimiga.

— Está feito. — decretou o Mentor sem esconder sua satisfação. — A queda deste último posto de controle Borgia com certeza será um espinho a mais no calcanhar de Cesare. O Duque beira o desespero porque está praticamente sem aliados e sem acesso a equipamentos. Seu poder se reduziu a quase zero desde que passamos a confrontá-lo com um exército estabelecido a partir de cidadãos cansados de sua brutalidade. Penso que agora não falta muito para finalmente cortarmos a cabeça da serpente que envenena Roma.

Ettore olhou com orgulho para seu mestre. Pensou em como sua admiração por aquele homem só fazia aumentar com o passar do tempo.

Ezio vinha desenvolvendo um trabalho excelente, não apenas ao conquistar as torres Borgia, como também reconstruindo aquedutos importantes e demais patrimônios romanos sucateados, reformando bancos, ferrarias, postos médicos, alfaiatarias, estábulos, lojas de arte. Tudo isso injetava novo ânimo na cidade e em seus moradores, bem como gerava rendas para manter e fortalecer o funcionamento secreto da Ordem.

No entanto, o Mentor nem teve muito tempo de comemorar a vitória. Mal designou um de seus homens para ser o líder da nova Torre Assassina, foi abordado por um integrante da Guilda dos Ladrões. Com um ar misterioso, o homem de meia-idade gesticulou para o lendário Mestre Assassino e ambos se afastaram alguns passos a fim de conversar em particular.

Ao observar de longe a cena, Ettore alteou uma sobrancelha, curioso.

Conhecia o salteador de vista. Sabia apenas que se chamava Vincenzo e era um dos homens de confiança de La Volpe em Roma. Embora a presença do outro o intrigasse tanto quanto o fato do mesmo solicitar uma audiência privada com o mestre, Ettore Sparviero respeitou o espaço de ambos e deu-lhes alguma privacidade.

Não precisou, entretanto, esperar muito para ter sua curiosidade saciada.  Instantes mais tarde Ezio voltou-se para mirá-lo, fazendo com a mão um gesto, intimando-o a juntar-se a eles na sigilosa pequena reunião, que começava a parecer realmente importante.

Tão logo o jovem Assassino se aproximou, o mestre fez as devidas apresentações:

— Ettore, este é Vincenzo Agostini, homem de confiança de La Volpe, membro da Guilda Romana dos Ladrões. Você o conhecia?

— Não pessoalmente, mentore. — respondeu o loiro prontamente, olhando com interesse para o salteador e o cumprimentando com um movimento polido da cabeça — Mas já ouvi falar dele antes.

Voltando-se agora para o Ladrão, Ezio disse:

— Este é Ettore Sparviero, caro Vincenzo. Um dos melhores Assassinos da minha guilda. Ouso até dizer que talvez seja o melhor, a despeito de sua juventude. Se algum dia a vida me agraciasse com um figlio, eu gostaria que fosse como este ragazzo.

Com um meio sorriso, Assassino e Ladrão apertaram-se as mãos.

— Vincenzo traz hoje uma notícia muito importante, Ettore. Como deve saber, a Guilda dos Ladrões tem enfrentado muitos problemas com uma gangue opositora e violenta que atua na cidade.

— Sim. Os Cento Occhi* (1). — confirmou o rapaz, mostrando que estava inteirado da situação.

— Isso mesmo. Vincenzo descobriu que os líderes desse bando de patifes estarão todos reunidos hoje em um lugar não muito distante daqui dentro de pouco tempo. Ele está disposto a nos guiar até esse encontro secreto. O que me diz, Ettore?

— Eu digo, mentor, que se os Cento Occhi são de fato os olhos de Cesare a perscrutar Roma, esse é o momento perfeito para cegarmos de vez a fera. — respondeu o jovem Assassino, enérgico.

Então os três homens escalaram o prédio mais próximo e usaram os telhados para percorrer Roma mais rapidamente, se esquivando da eterna vigilância Borgia.

Vincenzo era um homem magro e, apesar da idade, extremamente ágil, de movimentos precisos e ligeiros como os de um felino. Devido a isso, embora bem treinados e cheios de destreza, os dois Assassinos tiveram certa dificuldade em acompanhá-lo. Suando para não perder o talentoso Ladrão informante de vista, Ezio e Ettore o seguiram pelos telhados até um bairro mais afastado da cidade.

Quando chegaram a um ponto remoto, completamente tomado por mato, ruínas e casas abandonadas, saltaram sem ruído do topo das casas para a rua, detendo-se a um sinal de Vincenzo.

— Façam silêncio. — ordenou o Ladrão antes de dizer simplesmente — É este o lugar.

— Tem certeza? — estranhou Ettore num quase sussurro — Não vejo nem escuto nada.

Ficou sem resposta porque Vincenzo já não se achava por perto.

O jovem Assassino percebeu que algo não ia bem apenas pelo olhar do mestre.

Ezio olhava desconfiadamente para os lados, a mão tocando o cabo da espada, olhos apertados, postura de predador, como se farejasse o perigo no ar. Diante disso, Ettore se preparou para o pior.

Subitamente um grito selvagem cortou o silêncio inquietante:

— SEU DINHEIRO E SUA VIDA!!!

Ouvindo o brado, Ettore entendeu um segundo antes de ver.

Tinham sido atraídos para uma cilada por um dos homens de confiança de Volpe.

Não havia nenhum líder dos Cento Occhi ali, mas a gangue compareceu em peso. Homens de aparência hostil, com lenços cobrindo os rostos, todos munidos de armas cortantes, surgiram repentinamente de todos os lugares: descendo da copa de árvores, brotando de moitas e palheiros, saindo de dentro de casas arruinadas. Ettore contou pelo menos trinta deles.

Lamentou-se por ter sido tão estúpido e ingênuo.

Os membros dessa gangue eram conhecidos por serem extremamente violentos, assaltando viajantes, assassinando todas as vítimas, sem poupar crianças e velhos, estuprando coletivamente as mulheres antes de matá-las com requintes de crueldade.

Muitas vezes vestiam ridículas roupas de circo nos cadáveres das vítimas, pintavam seus rostos iguais aos dos palhaços, penduravam os corpos em árvores, às vezes ao lado das tripas e ou cabeças, como enfeite sinistros no caminho dos passantes.

Ettore amargou, imaginando que aquele seria seu fim. Ele e o mestre estavam longe de qualquer ajuda, encurralados por três dezenas de bandidos. Temeu ser destroçado pelos adversários e ter seu corpo profanado após a morte.

Cesare tinha planejado tudo. Quem por acaso encontrasse os cadáveres, acreditaria que a dupla de Assassinos tinha sido vítima de bandidos ordinários, e morrido em um dos muitos assaltos que aconteciam todos os dias em Roma.

Ao lado de seu aprendiz, com um tom rascante que fez um arrepio percorrer sua coluna, Ezio garantiu:

— Não é assim que vai terminar, rapaz. Não morreremos aqui hoje, ainda há muito trabalho a fazer. Então trate de acalmar esse coração, porque ele está pulsando tão barulhento quanto um cavalo de corrida. Posso ouvir daqui. Procure se lembrar de seu treinamento. Lembre-se de quem você é e a razão pela qual você luta.

Concentrando-se nas palavras do mestre, Ettore fechou os olhos e inspirou fundo. Ainda de olhos fechados, empunhou a espada, e a folha de metal reluziu ao sol da tarde. Manteve a lâmina perpendicular ao corpo.

Sacando também seu sabre, Ezio levantou a voz para se dirigir desafiadoramente aos malfeitores:

— Se querem nosso dinheiro e nossas vidas, terão de vir tomar a ambos vocês mesmos.

Con piacere, messere.*(2) — rosnou um dos ladrões, dando o primeiro passo.

Os demais o imitaram.

Em postura defensiva, Ezio e Ettore colaram-se de costas um contra o outro, de modo que podiam mutuamente cobrir sua retaguarda. Moveram e afastaram os pés para ficarem firmes no chão, evitando desequilíbrio na hora do combate.

Inspiraram fundo. Posicionaram as espadas de forma prática, a uma distância confortável do corpo para efetuar com a mesma facilidade os ataques e as defesas.  Fitaram com atenção a onda furiosa de inimigos que os cercava.

Então, sem mais delongas teve início a batalha monstruosa de dois homens contra trinta.


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Notas finais do capítulo

Cento Occhi - Os Cem Olhos (em italiano)

Con piacere, messere: Com prazer, senhor.

Nos vemos em quinze dias!!!



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