Assassin's Creed: Colony escrita por Danilo Alex


Capítulo 1
O Homem sob o capuz


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal!

Já tenho um tempinho bom de casa aqui, mas a procrastinação tem feito com que eu postasse pouco.
Para quem está chegando agora ao meu perfil e meus rabiscos, quero dizer que sempre fui muito fã de livros, filmes, séries, gibis e games voltados para fantasia. Sou extremamente apaixonado por Assassin's Creed, e essa é minha primeira obra baseada na franquia.
Espero que gostem!
Já vejo vocês nas notas finais.
Boa leitura!!!


P.S: Disponibilizarei no fim do capítulo algumas notas históricas para nos ajudar a contextualizar corretamente a fic, esclarecendo o que é ficção e o que é fato. Espero que ajude. ;)



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Oceano Atlântico, Fevereiro de 1510, Costa Sudeste da Terra de Santa Cruz*(1)

 

 

Impulsionada pelo vento favorável e correntes marítimas propícias, a majestosa esquadra portuguesa iniciava seu processo de diminuir velas e preparar para aportar. Contando com o que havia de melhor em seu tempo a respeito de tecnologia e conhecimento para navegação, a frota lusitana era composta por seis embarcações: três caravelas na vanguarda, menores, rápidas e versáteis, embora com baixa capacidade de transporte de tripulação, seguidas por três naus, gigantes ainda que mais lentas.

Capitaneada pelo comandante português Augusto Mascarenhas e sua poderosa nau de guerra “Rainha dos Anjos”, conforme acontecia anualmente desde 1503 em virtude de um acordo firmado entre a Coroa e os arrendadores de exploração daquele jovem continente, a frota lusitana chegava mais uma vez às terras do Novo Mundo, “descobertas” por Pedro Álvares Cabral em sua tentativa de encontrar uma nova rota para as Índias. 

Portugal enviava suas esquadras por basicamente dois motivos: exploração e mapeamento da região descoberta, e defesa da costa contra invasores, piratas e traficantes ilegais de madeira. A missão de Mascarenhas condizia justamente com o primeiro motivo: dar prosseguimento ao reconhecimento do lugar encontrado*(2). 

Embora a Terra de Santa Cruz gerasse poucos lucros, não fosse oficialmente ainda uma colônia lusitana e, consequentemente, não atraísse e entusiasmasse tanto o rei, uma vez que o ouro e a prata, metais tão almejados pela Coroa, ainda não tivessem sido encontrados no seio da terra descoberta, Dom Manuel, O Venturoso, tinha para si o dever de enviar seus barcos anualmente até ali.

Assim procedia tanto para honrar o pacto firmado com os arrendadores do lugar, por meio do qual lucrava uma parcela considerável sem nenhum tipo de ônus, quanto para resguardar a abundante e valiosa madeira vermelha usada para tingir roupas e tecidos; a mesma madeira que mais tarde batizaria essa terra e seria exibida ostensivamente nas estantes de livros da grande Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa. Tal material era então muito cobiçado, e frequentemente alvo da pirataria inglesa, francesa e holandesa, principalmente; por isso se faziam necessárias as expedições de patrulhamento das águas costeiras* (3).

Quando a esquadra, depois de quase dois meses em alto mar, entrou nos limites da potencial colônia o vigia, de seu posto, no cesto lá do alto da gávea, gritou o aviso de “terra à vista”.

Uma cena idêntica se repetiu a bordo de cada um dos seis barcos portugueses: o silêncio quase total e tedioso deu lugar a um grande burburinho entusiasmado e ao som de passos rápidos e numerosos nos conveses. A movimentação era grande, todos queriam se acotovelar junto à amurada para ver o novo continente.

Tamanha agitação chamou a atenção de um passageiro em especial. Uma das cento e noventa almas a bordo do “Rainha dos Anjos” também assolada pela curiosidade.

Ettore Sparviero era italiano, cidadão de Roma, lugar onde nascera e se criara.

O modo como se vestia, sempre com um manto branco de capuz puxado sobre a cabeça, sombreando-lhe parte do rosto e olhos, chamava a atenção da tripulação, a qual frequentemente se questionava quais segredos guardava aquele homem misterioso, na casa dos trinta anos, que circulava às vezes pelo deque com o semblante sério, meditativo, como se não percebesse que havia mais pessoas a bordo além dele mesmo.

Levantando a vista, apertou os olhos quase imperceptivelmente ao contemplar com ar de desprezo as velas brancas da embarcação adornadas com a imagem de uma cruz cor de sangue. Era a conhecida insígnia de Vasco da Gama. Mais do que isso, tratava-se da Cruz Templária, símbolo da Ordem de seus inimigos.

Tão logo a nau capitânia aproou já de velas mínimas rumo a terra, preparando-se para baixar âncoras no porto da Feitoria de Cabo Frio*(4), os homens se moveram a bordo de suas embarcações, trabalhando de forma rápida e competente a fim de que se realizasse com sucesso a ancoragem.

Até então alheio a essa movimentação, Ettore observou o verde extasiante da mata costeira, pensando na urgência e importância de sua missão.

Imaginou quais seriam os mistérios e verdades contidos naquele lugar novo e selvagem.

Nada é verdade. Tudo é permitido.

A voz grave e rouca do mentor pronunciando o lema do Credo lhe chegava clara aos ouvidos, trazida pelo vento impetuoso das lembranças. Seu coração se apertou ao recordar-se de casa, dos amigos, e do Mestre, todos que estavam tão distantes...

Pensou em quantas pessoas dependiam de seu êxito.

Com ar distante e compenetrado, o romano Ettore Sparviero juntou-se aos homens na tarefa de recolher velas e baixar âncoras. Conforme fazia os músculos trabalharem exaustivamente, permitiu que sua mente perspicaz divagasse, transportando-o de volta no tempo cerca de sete anos antes, ao momento no qual sua vida se cruzou pela primeira vez e de forma decisiva com o Credo dos Assassinos.


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Notas finais do capítulo

Notas Históricas:

(1) - Terra de Santa Cruz foi o nome dado a esta terra, em referência ao lenho da Cruz de Cristo, com o intuito de disseminação do cristianismo, uma vez que os descobridores eram católicos e pretendiam converter à sua fé os nativos da região. O nome Terra de Santa Cruz parece ter perdurado até meados de 1511, quando em cartas e documentos oficiais o local começa a se chamado de "Brasil" em referência ao pau-brasil, árvore abundante aqui, utilizada para tingimento de roupas, vermelha como brasa. Importante ressaltar que a mudança de nomes gerou insatisfação e indignação principalmente entre os religiosos.

(2) - Estas "Expedições Guarda-Costas" realizadas anualmente aqui durante a fase pré-colonial, infelizmente fracassaram em seu objetivo.

(3) - Muito embora o país tenha sido explorado essencialmente por nativos portugueses, durante a era pré-colonial, que durou de 1500 a 1530, nossas terras sofriam com invasões de ingleses, franceses, holandeses e piratas contrabandistas de pau-brasil; os invasores agiam por estarem descontentes com o Tratado de Tordesilhas (que delimitava a divisão de terras descobertas entre Portugal e Espanha). Com o fracasso das expedições de patrulhamento e proteção da potencial colônia, finalmente em 1530 foi organizada a primeira expedição portuguesa com o objetivo de colonização do Brasil. As ordens reais para essa incursão eram muito claras: povoar o território, acabar com os invasores e iniciar o cultivo da cana-de-açúcar.

(4) - Primeira feitoria portuguesa estabelecida no Brasil, em 1504, por Américo Vespúcio, na cidade litorânea fluminense de Cabo Frio. Espalhadas por terras litorâneas por onde passavam os navegantes, as feitorias funcionavam como mercados, armazéns, alfândega, defesa, ponto de apoio à navegação e exploração de entrepostos estabelecidos. Em muitas ocasiões, serviam ainda como sedes do governo em comunidades locais. Em geral, eram habitadas principalmente por homens degredados, condenados a cumprir nas colônias sua pena de exílio.



Salve!

E aí, que tal me contarem o que acharam?

Quem gostou, não pode deixar de conferir o próximo capítulo.

Por favor, não esqueçam de comentar, criticar construtivamente, sugerir. Isso é o que faz a história crescer e melhorar.

Nos vemos em quinze dias!!!