Time of our lives escrita por EsterNW


Capítulo 2
Alongamentos e enrolações


Notas iniciais do capítulo

Hallo hallo, pessoas que acompanham com essa fic! Vim com cap novo mais cedo do que esperava, por motivos que eu gosto demais desse cap e queria postá-lo logo xD
Então, peguem suas pipocas, porque a treta vai começar -q
Não, pera xD
Boa leitura ;)



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Só podia ser brincadeira! Esse negócio era armado, com certeza.

— Eu não vou fazer par com ela! — Castiel foi mais rápido. Ficou de pé na cadeira e apontou pra mim.

— Olha quem fala... — comentei rindo, achando graça daquilo tudo. Só podia ser uma pegadinha. — Como se eu quisesse dançar com você — soltei essa diretamente pra ele e encarei.

— Gente, por favor, sem confusão... — Professora Lidia tentou intervir e amenizar a situação.

— Creio que não haja motivos para uma confusão, professora — a diretora cortou a fala de todos. — O sr. Castiel não está em posição de reclamar de nada, visto a situação em que se encontra. — Castiel torceu os lábios, irritado.

— E eu? Eu tô participando porque eu quis. — Levantei a mão, antes de começar a falar, como uma aluna exemplo.

Castiel se sentou de novo e a professora conseguiu acalmar os ânimos dos alunos, que estavam em um burburinho crescente.

— Acho melhor tomar um pouco de cuidado com a forma como se expressa, srta. Anne-Marie. — Abaixei a cabeça, irritada com a repreensão.

— Só estava expressando minha indignação, diretora. — Levantei os olhos pra ela, ainda com respeito. — Não tem como eu trocar de par?

Nessa, mais alguns alunos começaram a reclamar com “se eles podem, por que eu não?”. E virou bagunça. A professora e a diretora conseguiram que o silêncio voltasse.

— Srta. Anne-Marie, — A diretora se voltou pra mim, com uma expressão compreensiva. — Entende porque eu não posso deixar vocês trocarem de par?

Suspirei, vendo que não tinha jeito mesmo. Eu não ia desistir do concurso por causa do Castiel. Ia ter que dar um jeito, mesmo tendo que aturá-lo por um mês. Quase sai correndo, só de pensar nisso.

— Eu tô nem aí pros outros, nem queria participar dessa droga mesmo — Castiel soltou com aquele jeito nada sutil dele.

Preciso nem dizer que tomou uma bronca enorme da diretora, né?

Depois que todos se acalmaram de novo, a professora voltou a sortear os nomes.

Todos tinham seus pares e havia um trio, pra poder encaixar com o número de participantes.

— Bem, gente, agora que todos vocês já têm com quem dançar, é a hora de sortear a música. — Pegou uma outra caixa, balançando-a animada. Nessa hora, todos os alunos engoliram em seco. — Vou pedir pra que um integrante da dupla, ou do trio, venham até aqui tirar um papel, certo?

Ela colocou a caixa em cima da mesa e a menina da primeira dupla foi tirar um papel. Olhei pro Castiel, pra ver quem iria lá. Só que ele não estava nem aí, então ia eu mesma.

Chegou a minha vez e eu me levantei. Castiel também. Nos encaramos.

— Ué, quer participar agora? — perguntei, fazendo gracinha. Tava até vendo que uma hora ele ia brigar comigo, de tanto que eu provocava.

— Vou tirar o papel, pelo menos não sou pé frio — soltou essa como se não fosse nada demais. Ah tá (se você fosse pé quente, Castiel, já teria ganho na loteria)!

— Tá bom então. — Cruzei os braços, esperando pra ver qual seria a música.

Ele abriu o papelzinho. Olhou descrente pra professora e a diretora.

— Isso é alguma zoeira com a minha cara?!

Fui até ele e peguei o papel da mão dele. Para a minha surpresa: Time of My Life do filme Dirty Dancing. Olhei boquiaberta pros três.

— Você devia ter me deixado tirar o papel, criatura! — briguei com ele e ouvi os alunos rirem. Lindo, agora eu tinha virado a atração da sala, e não de um jeito bom.

— Senhores, espero não ter que acalmar uma nova discussão. — Com essa, a diretora fez com que ficássemos quietos.

Voltamos pros nossos lugares e esperamos os outros participantes. Capaz que ia deixar por isso mesmo! Ia esperar todo mundo sair pra conversar com a professora.

— Todo mundo tirou? — Professora Lidia perguntou e todos confirmaram. — Então é isso, gente. A coreografia ficará a cargo de vocês, desde que mantenham passos da original, como já expliquei. Qualquer dúvida, é só falar comigo — anunciou tudo com um sorriso, sempre simpática.

— Estão dispensados — a diretora falou, nada simpática.

Os outros começaram a se levantar e ir embora, conversando com seus parceiros.

Fui até a mesa da professora. Castiel chegou primeiro. Como ele era tão rápido?

— Quero mudar a música — pediu curto e direto.

— Castiel, não posso... — a professora ia começar, sempre cordial.

— Creio que o sr. Castiel não tenha direito de exigir nada, professora — a diretora interveio, nada cordial. — Essa foi a coreografia sorteada e é essa que vocês irão dançar. — A senhora levantou o olhar pra ele, ainda sentada na cadeira. — E essa conversa está encerrada. — A diretora se levantou, ainda dando um olhar medonho pra Castiel. — Caso ele continuar reclamando, professora, me avise. Pois ele perderá a oportunidade de participar do concurso e estará automaticamente retido na matéria. — Exibiu uma postura imponente e saiu da sala, caminhando como se nada tivesse acontecido.

Fiquei olhando pros dois, vendo Castiel fechar a expressão e bufar, cruzando os braços.

— Prefiro repetir em Artes do que passar por essa idiotice.

— Claro, — me manifestei pela primeira vez na conversa, já começando um pouco debochada. — Pegar DP em uma matéria logo no último ano. — Ri irônica. — Todo mundo na faculdade e você aí, estudando as coisas de Artes tudo de novo. — Encostei o quadril na mesa e imitei seu gesto de cruzar os braços. — Vou te mandar um beijo lá do conservatório.

— Bom saber que eu pegar uma DP ou não vai fazer diferença na sua vida. — Me encarou e sorriu de canto. Sustentei seu olhar provocativo, pronta pra responder.

— Os dois. — A professora interviu na conversa. — Chega — disse baixo, mas com autoridade o suficiente pra calar a ambos. — Você pode escolher participar ou não, Castiel. Mas saiba que a partir do momento que vocês começarem a ensaiar, não vai mais poder voltar atrás.

— É, eu não quero ser prejudicada só por causa da sua falta de responsabilidade. — Pelo olhar que me deu, não gostou nem um pouco de ser chamado de irresponsável.

— Chama o Huge pra dançar com você então, ele tá sobrando com a Beatrice e o Patrick.

Soltei outro riso irônico.

— Então você tá dando pra trás, Castiel?

Ele me encarou com firmeza. E eu mantive o olhar.

— De jeito nenhum.

...

Por incrível que pareça, ele ia mesmo participar. O desafio agora era pensar no Castiel, naquela postura toda dura dele, que mal tinha gingado pra andar (mais pura verdade, mon cher), dançando. Pra completar, ainda ia ter que aguentar o sujeito por um mês.

Conversamos “formalmente”, ou uma tentativa disso, e decidimos que começaríamos os ensaios no final da tarde de segunda, após as aulas, na garagem da minha casa. Meu pai chegava do trabalho com o carro na hora da janta, então lá ficava vazio o dia inteiro. E, segundo Castiel, o apartamento dele não era grande o suficiente pra dois malucos dançando. E em casa tinha minha mãe, para separar as brigas, caso precisasse.

Passatempo daquele fim de semana: montar a coreografia. Revi o filme e a cena da dança inúmeras vezes. Fora os vídeos no Youtube com essa música. Achei alguns bons em casamentos. Era um breguice total, mas não dava pra negar que era bem feito. Muito bem feito.

Meu domingo foi todo gasto pensando em passos e descartando alguns. Consegui montar algo dentro da nossa situação atual: eu, que dançava bem, modéstia à parte, e Castiel, uma lombriga desengonçada. Alguns movimentos eu teria que mudar durante os ensaios, tinha certeza.

Cheguei em casa após a aula e cerca de uma hora depois Castiel apareceu no meu portão. Fomos direto pra garagem.

— Pelo menos assim ninguém vai te ver passando vergonha.

Ele bufou.

— O dia do concurso já é suficiente pela vida inteira. — Eu ri dele, que fechou ainda mais a expressão. — Vai, vamos começar com esse negócio logo.

Antes de tudo, teríamos que fazer alongamentos. Comecei segurando meu pescoço pra esquerda com a mão. Castiel ergueu uma sobrancelha.

— Já começou... — Olhei pro lado e vi que ele imitou meu movimento, sem vontade.

Continuemos o alongamento, passando por pescoço, ombros e lombar. Curvei as costas, até tocar as pontas dos dedos no chão, e balancei para os dois lados, com o corpo “solto”.

— Pra que isso? — Castiel exclamou e eu parei, olhando pra ele parado no lugar.

— Pra você relaxar e não ter lesões. Agora vai, senão a gente não termina isso hoje.

Ele soltou uma reclamação baixa e imitou meus movimentos, de uma forma bem malfeita. Revirei os olhos e voltei ao exercício. Repetimos esse por mais um pouco até terminá-lo, nos erguendo lentamente.

— Agora vamos alongar os quadris. — Tava me sentindo feito uma daquelas mulheres fitness da TV, que faz programas de vida saudável. A que ponto chegamos, não?

Apontei pra mim e comecei a movimentar meus quadris da esquerda para a direta. Castiel me olhou descrente.

— Eu não vou fazer isso — disse pausadamente e num tom baixo de irritação.

— Ui, tá com vergonha, é? — E continuei repetindo os alongamentos com os quadris, só pra provocar.

Olhei pro lado e vi o ruivo repetindo os movimentos (ou tentando), com aquela vontade e jogo de cintura que só ele não tem.

— Olha só, não é que ele tem rebolado? — Parei o que fazia e provoquei. Ele bufou. Já tinha até perdido as contas de quantas vezes ele tinha feito isso desde que chegou.

— Já acabou? — questionou irritado e parou no lugar, arrancando uma risada minha. — Tô achando que isso não faz parte de alongamento nenhum e você só quer me ver rebolar — tentou me provocar, junto daquele sorriso dele.

Dei uma gargalhada alta.

— Tá achando que é o Elvis, por acaso? Vai, vamos ter que rebolar mais um pouco.

Continuamos alongando o quadril, agora com movimentos circulares, hora em sentido horário e hora em sentido anti-horário. Tentei segurar o riso, ao ver que Castiel tinha um jeito meio travado em seus movimentos. É, ia ser mais difícil do que eu pensei.

Terminamos com os quadris e partimos para as pernas. Mexemos cada uma em sentido horário e anti-horário. Em seguida erguendo uma por vez, segurando o joelho e movimentando o pé. O ruivo já reclamava que aquilo nunca acabava.

— Já é o último movimento, Elvis. — Apoiei o pé na parede da garagem, esticando e flexionando a perna. Olhei pro lado e vi um Castiel impaciente. Ele meteu o pé com força na parede, chegando a arrancar uma lasca de tinta. — Ei, seu animal, não precisa estragar minha parede pra descontar sua raiva.

— Nem dá pra ver. — Deu de ombros. E começou a imitar meus movimentos. Revirei os olhos e continuamos o alongamento.

Depois de alongar as duas pernas, finalmente terminamos.

— Beleza, já posso ir pra casa?

— Mas agora que a gente vai começar de verdade! — Ouvi-o reclamar de que era muita enrolação. — Vai, deixa eu te mostrar os primeiros passos.

Comecei a ensiná-lo os primeiros passos da coreografia. Um pouco diferente da original, iniciava com nós dois nos encarando de longe e indo nos aproximando aos poucos. Castiel me encarava o tempo todo com uma cara de tédio, querendo ir pra casa logo.

Nos aproximamos, até restar apenas pouco centímetros de distância, lancei meu olhar de deboche verdadeiro e ia dar as costas. Ele seguiu o que falei e me segurou pela cintura, me aproximando dele. O cara tinha pegada, não dava pra negar (isso, vai se achando, Castiel, vai se achando).

Ele ergueu meu braço esquerdo e o levou até seu pescoço, enquanto mantínhamos a troca de olhares, é claro. O tempo todo ele mantinha aquele sorriso sarcástico no rosto. Eu sentia que estava debochando de mim o tempo todo e queria dar o troco nisso. Mas me segurei. A gente estava ali pra ensaiar e íamos fazer isso. Para de dar trela pro sarcasmo dele.

— Tô achando que você tá querendo se aproveitar desse negócio. — Ouvi sua voz próxima de mim, devido à pouca distância dos rostos.

— Se acha menos, vai — retruquei, já ficando irritada com ele. — Segue a coreografia e para de reclamar.

— Quem disse que eu tô reclamando? — E lá ia aquele sorriso de novo. Revirei os olhos.

Continuamos com a coreografia e ele fingia que tentava roubar um beijo, enquanto eu começava a me afastar dos braços dele. Castiel me segurou pela mão e me fez girar, me aproximando dele em seguida. Começamos a dançar frente a frente, com um passo pra frente e pra trás.

— Para, para, para. — Soltei as mãos dele e me afastei. — É pra dançar, não pra marchar, Castiel. — Parei com as mãos na cintura, enquanto ele me encarava na melhor expressão de “que que é?”. Suspirei. Dai-me paciência! — Você parece uma lombriga dançando, cadê a postura? — Ele ergueu uma sobrancelha. — Aprenda.

Virei de lado pra ele e endireitei as costas, imitando os movimentos que deveríamos fazer naquele passo.

— Endireita essa postura de sedentário.

— Falou a garota fitness — zuou com a minha cara e revirei os olhos. Acho que fiz isso muitas vezes nos últimos dias.

Com certo trabalho, fiz ele endireitar um pouco a postura. Dava pro gasto por enquanto.

Voltamos com o passo da dança. Castiel continuava dançando sem vontade nenhuma. Até que fez o favor de pisar no meu pé.

— Olha o que você fez! — exclamei irritada. — É pra você dar um passo pra trás enquanto eu dou um passo pra frente e depois o contrário. É difícil de entender ou você é lerdo assim? — Aumentei a voz, já irritada com ele, que alongou de mal gosto e fazendo deboche. E que continuava não levando a coreografia a sério.

— Que é, garota? Eu só pisei no seu pé, foi mal. — Isso foi uma tentativa de um pedido de desculpas ou eu tô vendo demais? Provavelmente eu estava vendo demais. — Vai ficar me xingando por causa disso?

Respirei fundo. Mantenha a calma, Ann, não perca a paciência por causa do deboche.

— Quer saber? — Comecei, depois de respirar fundo e me controlar pra não gritar com ele. — Por hoje já deu. Vai pra sua casa, descansa e faz o que quer que você faça lá, tá? Eu cansei. — E apontei para a garagem, convidando-o educadamente a ir embora.

— Falou. — Deu de ombros e me deu um olhar de indiferença. Bufei e o guiei até a saída. Castiel pegou a sua jaqueta que tava jogada em qualquer lugar e colocou-a sobre o ombro. — Vê se toma um chá de camomila e fica mais calminha pro ensaio de amanhã — soltou com deboche e eu dei-lhe um olhar irritado.

Ele riu e então começou a se afastar. O observei um pouco e então entrei pra garagem, indo para dentro de casa. Primeiro dia de ensaio cumprido sem muito êxito. Ainda faltavam vinte e alguma coisa...




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Notas finais do capítulo

Me identifico com Castiel, fazendo as coisas tudo malfeita, só que nas antigas aulas de Educação Física xD O que acharam desse primeiro ensaio dos dois? Ann vai ter muito trabalho pela frente pra transformar Castiel no Patrick Swayze da Sweet Amoris -q
Por hoje é só, pessoal! Espero postar um cap pra vocês na próxima terça :3
Até mais, povo o/



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