O dia havia sido longo, divertido e cansativo. Tinham passado o dia inteiro com seus colegas de turma na piscina da escola, e por mais que tivesse sido contra inicialmente, Kirishima sabia que Bakugo tinha se divertido.

— Eu ia acabar com aquele nerd de merda e o maldito meio-a-meio, tsc. — Katsuki disse, enquanto chutava um pequeno pedregulho na estrada.

— Vamos lá, Bakugo, não fique tão irritado. E por mais que você negue, eu sei que você se divertiu, e o Midoriya e Todoroki são nossos amigos. — Kirishima respondeu sorridente.

— Foda-se! Eu não quero ninguém de pé ao meu lado enquanto eu avanço. — Katsuki respondeu, e apesar das palavras ríspidas, o loiro passou a mão envolta da cintura do ruivo, o trazendo para mais perto de si.  Exceto você.

    Kirishima sorriu calorosamente em resposta ao gesto enquanto inclinava sua cabeça para apoiá-la no ombro alheio.

  Ele sabia que Bakugo não era a melhor pessoa do mundo para demonstrar seus sentimentos, mas quanto mais tempo passavam juntos, mais ele conseguia entender as entrelinhas por trás das ações do loiro.  Não eram o que se podia chamar de almas gêmeas, muito pelo contrário; eram totalmente diferentes, mas isso não atrapalhou na aproximação dos rapazes.

   De toda forma, Kirishima não se importava com a personalidade explosiva do outro — em muitas ocasiões, ele até achava divertido — e ao contrário de todo o resto, o ruivo não achava difícil lidar com o loiro. Talvez ele somente tenha se acostumado, mas, de qualquer maneira, achava fácil e até gostava de lidar com a explosão de sentimentos que Katsuki Bakugo era.

  Bakugo também não se importava com a personalidade alegre e calorosa do ruivo, mesmo sendo o total contrário de si. Se sentia bem perto do outro, conseguia até mesmo se enturmar melhor com as outras pessoas quando ele estava por perto. Ter Kirishima era como ter seu próprio sol.

— Mãe? — Katsuki chamou assim que entrou em casa — Cheguei.

— Bem-vindo de volta! — ela respondeu, pondo a cabeça pra fora da cozinha para espiar a entrada — Oh! Eijiro, você também veio, que surpresa boa! — exclamou, abrindo um largo sorriso para o ruivo.

— Espero que eu não esteja incomodando, Senhora Bakugo. — Ele respondeu, enquanto tirava os sapatos para deixar na entrada.

— Você nunca incomoda. — Sorriu ao passar as mãos pelo cabelo ruivo espetado quando eles entraram na cozinha — E eu já te disse para não me chamar de senhora, não sou uma velha. — Ela disse, fingindo estar chateada.

— Desculpe, Mitsuki. — Retribuiu levemente ao sorriso, levando a mão até a nuca em um gesto tímido.

— Onde está o Papai? — Katsuki perguntou, interrompendo a conversa dos dois.

— Pedi para ele ir na loja de conveniência do bairro comprar alguns ingredientes que estavam faltando para o jantar. — explicou. — Eijiro, espero que você fique para o jantar.

— Oh, eu realmente não quero incomodar.

— Já disse que você não incomoda, idiota. — Katsuki interveio — Se incomodasse eu não te traria até aqui.

            Kirishima corou levemente, por mais que já estivesse começando a se acostumar. Ainda era surpreendente para si que Bakugo realmente gostava de tê-lo por perto.

— Bem, então acho que vou ficar. — ele sorriu para Mitsuki, enquanto ela sacudia seu topete e voltava para a pia.

            Katsuki observava Kirishima e se perguntava como as bochechas dele não doíam de tanto sorrir. Eu espero poder fazer que elas doam ainda mais.

  O jantar foi agradável. Estaria mentindo se dissesse calmo— nada que tivesse Katsuki e Mitsuki juntos seria calmo -, mas isso não era ruim. Eijiro e Masaru nunca se incomodaram com a barulheira que a dupla de loiros fazia.

— Vamos subir. — Katsuki avisou, enquanto eles terminavam de tirar a mesa.

    Kirishima se ajeitou na cama de Katsuki assim que chegaram ao quarto enquanto Bakugo ia para a sua escrivaninha. O loiro se concentrou em terminar algumas questões que havia deixado para depois, mas não sem dar algumas espiadas na figura ruiva deitada em sua cama enquanto mexia no celular.

     Bakugo não pode evitar sorrir um pouco. A expressão concentrada de Kirishima, em algo provavelmente bobo, era muito fofa.  

— Ei, vá um pouco pra lá. — O loiro disse, subindo na cama após terminar seus afazeres.

    Kirishima abriu espaço pra ele e o mesmo se aconchegou no peito do ruivo. Aquele tipo de contato já estava ficando normal e cada vez mais frequente, mas ainda assim fazia Kirishima corar violentamente e sentir seu coração martelar no peito.

            Eijiro aconchegou mais o loiro no seu peito o puxando mais para perto, Bakugo deixou sua cabeça na curva do pescoço alheio sentindo o perfume do outro e o fazendo estremecer ao sentir a respiração de Katsuki em sua pele.

— Eu gosto de você. — Kirishima disse, afagando os cabelos do loiro e o sentindo congelar no seu peito após ouvir a confissão.

   Não é como se fosse uma novidade, aquilo já estava mais do que claro para ambos e eles nunca precisaram de uma confirmação verbal, mas Kirishima acabou soltando mesmo assim. Talvez tenha se envolvido demais na atmosfera e se deixado levar, mas de qualquer forma não se arrependia, ele queria dizer aquilo.

— Cala a boca, idiota. — Bakugou respondeu, enterrando o rosto ainda mais na curva do pescoço do outro, tentando esconder a cara completamente corada. — Eu gosto de você também. — Sussurrou, alto o suficiente para Kirishima ouvir.

 Kirishima sentiu seu coração falhar. Não esperava que Katsuki respondesse, mas estava mais do que feliz por ter feito. Puxou o outro ainda mais, passando uma de suas mãos pela cintura alheia e o encaixando melhor no seu corpo.

***

— Eijiro, é a sua mãe no telefone, ela quer saber se você que ela te busq... — Mitsuki cortou a fala assim que entrou no quarto e viu seu filho e Eijiro na cama dormindo tranquilamente abraçados. — Senhora Kirishima, ele vai passar a noite aqui. Pode deixar que eu o levo amanhã. — disse, enquanto sorria observando os dois.

Mitsuki se aproximou da cama e puxou o cobertor para cobrir os dois garotos melhor. Deixou um beijo de boa noite na testa de Katsuki e abafou o riso quando ele franziu o nariz. Até dormindo ele é assim.

— Obrigada por cuidar desse idiota, Eijiro. — disse, deixando um beijo na testa do ruivo também.