W.a.l.s.h escrita por Sensei Oji Mestre Nyah Fanfic


Capítulo 5
Episódio 5: La Cattedrale


Notas iniciais do capítulo

Quinto capítulo do espião Shane Walsh. Agora ele está na Itália a fim de espionar a máfia La Cattedrale, mas acontecimentos imprevisíveis mudarão o rumo da missão. Thor, seu próximo inimigo, é um homem extremamente calculista.

Boa Leitura.



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MAINE, ESTADOS UNIDOS

— Duas ligações em menos de vinte e quatro horas. Só espero que tenha algo importante a dizer, porque neste exato momento você me atrapalha no meu xadrez.

Hermod passou um lenço no rosto. Há pouco recebeu uma informação delicadíssima de Siegfried acerca do roubo da estátua de Babilônia.

— Houve um contratempo, senhor Odin. A estátua foi roubada.

O homem derrubou uma peça no chão. A notícia não surpreendeu-o.

— Por que será que eu não estou surpreso? Responda-me, senhor Chevchenko!

— Senhor...

— Ache a estátua.

— Sim, senhor.

Odin desligou o telefone. Levantou-se e saiu da casa. Vários seguranças o acompanharam até uma limusine preta.

Hermod afrouxou o nó da gravata. Conhecia Odin há muito tempo, e aprendeu que com ele não se brincava.

 

ARÁBIA SAUDITA

Em algum canto fora da capital saudita, os homens que foram enganados por Freya sofreram as consequências. Num acampamento militar, eles foram interrogados pelos soldados do príncipe Omar. Este recebeu a notícia que nenhum deles sabiam de algo. O príncipe ordenou que todos fossem exterminados.

Cada um dos capangas que estavam no caminhão ficaram ajoelhados perante a mira dos fuzis. Em instantes, foram fuzilados.

Com um livro de história, Omar viu a imagem da estátua e sua história. Sunita fervoroso, sempre desdenhou da religião dos outros. No entanto, por incrível que pareça, o judaísmo o fascinava. Nas mãos a imagem de um homem com cabeça de ouro, peito de prata, cintura de bronze, pernas de ferro e pés de argila e ferro. Uma profecia bíblica do Velho Testamento. Foi unicamente por isso que ele continuava lendo uma Bíblia.

...

Shane pulou de paraquedas em algum lugar do Oceano Atlântico e parou num navio cargueiro que estava de passagem no Mar Mediterrâneo.

Alguns agentes disfarçados ajudaram o homem a ficar numa cabine até a ida para o outro lado do oceano. Walsh, aproveitando a parada, resolveu mandar uma mensagem pelo celular para a esposa.

— Barbara, querida, só liguei pra dizer que ficarei de plantão no trabalho. Eu sei que ficou chateada da última vez... desculpa por aquilo. Dessa vez o trabalho vai ser mais puxado e não dou certeza que ligarei. Manda um abraço ao Kyle e um beijo pro Junior. Eu te amo.

Langdon deu todas as instruções para Walsh antes de mandá-lo para a missão. Tudo estava dentro de uns arquivos num pendrive que ele acessou com a ajuda de um notebook. Contatos, hotel para se hospedar, identidade falsa, tudo o que era preciso para se infiltrar no clube da máfia.

 

Roma, algumas horas depois...

No Hotel Versalhes, uma suíte presidencial foi alugada por um empresário americano chamado Jonnathan Raymond. O local será a base central da operação secreta do espião.

Um carro sedan preto parou na frente do prédio. Um homem bem vestido saiu quando o motorista abriu a porta. Os empregados carregaram as malas. O hall era grande e bastante luxuoso, com uma estátua réplica de Davi bem no centro. Ele foi até a recepcionista.

— Bem-vindo, senhor. Em que posso ser útil?

— Raymond.

— Senhor Raymond, boa noite. Foi muita falta de decoro meu o meu desconhecimento.

Shane estava disfarçado como um jovem empresário americano. A recepcionista ficou apaixonada pela boa aparência do homem, quase não trabalhando direito.

— Certo. Pode assinar aqui.

Walsh falsificou a assinatura conforme combinado dias antes. A moça entregou o cartão do quarto e desejou boa sorte.

— Consegui.

— Isso! Os outros agentes estão bem disfarçados?

— Eles são meus seguranças. — disse Shane acerca dos dois homens ao seu redor.

O elevador privativo da cabertura abriu, Shane e os dois seguranças entraram. Antes de fechar, contudo, uma mão impediu que as portas fechassem. Giancarllo conseguiu chegar a tempo.

— Com licença — ele entrou com um segurança.

Walsh viu a foto de Giancarllo e conheceu o homenzarrão naquele elevador. 

— Ultimamente faz calor, não é? — disse o italiano.

— Sim, muito.

— Vejo que o colega é um amigo empresário. Aposto que é americano.

— É meu andar.

Giancarllo e seu capanga continuou dentro do elevador. Shane entrou na sua suíte master com mais de 100 metros quadrados. Agradeceu aos outros agentes e os dispensou.

— Acabei de chegar. Sabe quem eu vi? Giancarllo Papadopoulos em pessoa — disse no celular.

— Caramba... no elevador? Walsh, ele deve estar com algum comparsa da Ragnarök. Você precisa descobrir...

— Pensei que a minha missão fosse espionar o clube Sicília.

— Por favor, Walsh. Você viu o cara num hotel da capital italiana. Posso apostar que ele vai se encontrar com um outro membro da organização ou marcar alguma outra operação criminosa.

— Vou pensar no seu caso — desligou e viu a hora, 22:30.

Giancarllo e o seu capanga chegaram ao última andar do hotel. Pegou um cartão e passou num painel ao lado da porta. O mafioso viu outro membro da Ragnarök sentado no sofá.

— O homem e o seu poder. Sabe qual a maior fraqueza de um homem, Thor? É o próprio excesso de poder. Quanto mais acreditamos na nossa onipotência, menos vigiamos as nossas arestas. E até mesmo um rato pode acabar com um elefante.

— Eu te chamei aqui não para ouvir filosofias baratas. Se veio do outro lado do Atlântico só pra isso, melhor ir.

— Tudo bem, tudo bem. Soube do roubo, não soube?

— Isso não é novidade nenhuma. A imprensa abafou, mas os meus contatos já me alertaram.

Leone deu um sorriso de orelha a orelha. Seus olhos, sob as lentes escuras do óculos, encararam o italiano.

— Fala, Leone.

— Meu caro colega, eu soube há pouco que ligou, marcando uma reunião com Jader Mahone. Aquele velho safado é o maior traficante sexual da Europa Oriental. Que eu saiba a máfia italiana não faz negócios com o crime ucraniano.

Giancarllo sorriu para o colega, foi até o bar da suíte e colocou uísque com gelo.

Enquanto isso, Shane abriu a sua mala, retirou as armas, microfones, minicâmeras e alguns equipamentos eletrônicos. Guardou uma pistola no coldre e retirou o paletó. Preparou-se para espionar a conversa dos bandidos no andar superior.

O hotel possuía vinte e dois andares. Sem sacadas, as suítes eram protegidas por vidraças de mais ou menos um metro.

Com um cortador de vidro, o espião fez uma esfera perfeita comum raio de vinte centímetros. Com a ajuda de um drone em forma de aranha mecânica, ele pôde ver a conversa dos dois com uma câmera no aparelho. O drone grudou as suas patas na vidraça, perfurou automaticamente o vidro e soltou um microfone lá.

— Já sei, tem mais coisa que eu não sei. Vamos lá, coroa. Confie em mim.

— A estátua com as armas químicas foi roubado por Freya com a minha ajuda.

— Passando a perna no Hermod?

— Aquele ancião é apenas um garoto de recados do Líder Odin. Tá certo, me pegou. As armas químicas não serão vendidas para os terroristas, pelo menos não agora. Preciso delas para uma transação comercial muito mais importante.

— E você me chamou pra cuidar disso?

Shane assistia no próprio controle remoto. O microfone calhou bem, apesar do baixo volume.

— Sua influência com os russos e ucranianos é brilhante. Por sua causa o Kapwann conseguiu aquelas bombas nucleares...

— Shhhh!

Shane viu o homem sentado na poltrona colocar a mão no rosto. Loki se levantou e pediu ao colega para não falar mais nada.

— Que foi?

— Tem algo de estranho por aqui.

Ele foi na direção do vidro, mas o drone já não estava mais lá. Loki sugeriu a Thor que parassem ali mesmo a conversa.

Shane precisava urgentemente saber o local exato do encontro entre Giancarllo e o tal Jader Mahone. Saiu da suíte, entrou no elevador e deixou a porta aberta. O intuito ali era de colocar um microfone no teto, porém a câmera o atrapalhou. Ligou para o comparsa e pediu que recolhesse as fitas de vigilância dos elevadores. Na sequência instalou o microfone.

Os dois agentes se fingiram de policiais italianos e invadiram a sala de vigilância.

— Então é isso. Encontre-me amanhã no Sicília Club. Conseguiremos um bom dinheiro na venda da estátua.

— Falamos de quanto?

— Trinta e cinco milhões de dólares. Meio a meio para nós.

Loki cumprimentou Thor e o acompanhou até o elevador.

Shane conseguiu escutar os dois se despedindo. Segundos depois o italiano ligou para um tal Mahone sobre a transação das armas químicas no subsolo do clube. Era tudo o que Walsh queria ouvir.

— Langdon, já sei com quem está a estátua. Giancarllo, vulgo Thor, roubou-a e está em seu poder. Amanhã ele vai vendê-la para um comprador ucraniano. Conhece um tal Mahone?

— Mahone? Esse sobrenome nunca que é ucraniano. Vocês, procurem algum tal Mahone que viva na Ucrânia.

— Senhor, vai levar tempo até rastrearmos o tal sujeito.

— Quanto tempo?

— Precisamos de dados da NSA para obtermos o paradeiro de um civil estrangeiro. Eles espionam secretamente.

— Vou ligar para o diretor de lá. Precisamos pegar o Giancarllo com a boca na botija. O que ele quer com o leste europeu?

Shane se deitou na cama, cansado pela exaustiva viagem. Olhou para o celular, contudo, não teve a coragem necessária para ligar para a esposa.

 

Barbara terminou de ver algumas tarefas da escola. Ouviu a mensagem deixada pelo marido horas antes. Sentiu-se sozinha, odiava o trabalho de Shane, apesar de ser necessário pois ele ganhava muito bem.

— Tá querendo um ombro amigo, irmã?

— Não, Kyle. O que eu preciso mesmo é de uma boa noite de sono antes acompanhada por uma caneca de leite.

— Eu trago pra você.

— Kyle...

— O quê?

— Nada. Apenas obrigada pela serventia.

Ela esperou o irmão sair para pesquisar sobre empresas de corretoria de imóveis na capital, em Maryland e na Virgínia. Procurou o nome da empresa dado por Kyle na conversa do restaurante. Nada parecido hospedava sequer algum domínio.

— Aqui é o serviço de lista, meu nome é Mariah.

— Oi, Mariah. Quero saber o número da empresa Scorcese. Uma empreiteira que tem filiadas no ramo de corretoria de imóveis.

— Só um minuto.

— Vamos lá...

— Não há registro dessa empresa, senh...

— Falando com quem?

— Nada. Era engano. Obrigada.

Desligou o celular rapidamente. Pegou a caneca com leite e agradeceu ao irmão. Kyle fechou a porta do quarto e se retirou. Barbara achou estranho uma empresa não constar na lista telefônica.

...

CASA BRANCA, DIA SEGUINTE

— William, você me chamou para esta reunião relâmpago cedo demais. Tenho que ir ao senado presidir uma sessão especial.

O vice-presidente Sheppard viu Fox admirando a estátua de Abraham Lincoln no Salão Oval. O comandante supremo ficou divagando com certas decisões do passado que marcou a sua carreira como presidente dos Estados Unidos. O texano caminhou até o colega e botou sua mão no ombro dele.

— Seil, eu te chamei aqui com um propósito definido por mim e acompanhado pelo meu gabinete. Quer virar o meu candidato à sucessão?

Sheppard passou a mão no rosto, afagando o bigode preto. O magrelo vice não acreditou nisso, haja vista o Partido Republicano jamais o nomearia.

— William, não sei o que...

— Ora homem. Coragem! Posso colocar o seu nome ao comitê do partido, e, com minha popularidade acima de 50%, há uma grande chance de você derrotar os outros candidatos no próximo pleito. O que acha?

— Sem palavras.

— É claro que você tem de ser fiel a mim e tentar me agradar o tempo todo. Por exemplo, porque o senado aprovou a missão ultrassecreta para matar Ramón Valdez ao invés de deixá-lo vivo para algum tipo de delação futura?

Sheppard engoliu em seco. Viu o general das forças armadas ao lado do presidente. Explicou que havia provas suficientes para uma pena capital para o colombiano e que o comitê de inteligência do senado aprovou por maioria simples no mês passado.

— Deu empate em ambos os partidos e você deu o voto de minerva. Aquilo não fora uma circunstância fortuita, eu sei que você mexeu os seus pauzinhos.

— William, por favor. Quer me dar uma lição de moral na política? Virou a casaca? Vai andar com aqueles esquerdistas azuis agora?

— Não. Apenas peço que me inclua nos planos do senado. Faltam dois anos para o meu mandato terminar, e já deixo aqui o meu intuito de indicá-lo. Contudo, aos poucos, vou destoando dessa indicação.

Seil se retirou da frente do presidente Fox com um sorriso estampado no rosto.

 

Hotel Versalhes

Walsh se arrumou para o encontro no clube particular sob o pseudônimo e o disfarce de um promissor empresário americano. Saiu por volta das oito da manhã em umcarro alugado dirigido por um outro espião. O ponto de encontro era o Clube Sicília.

— Aqui é o Langdon.

— Fala.

— O tal Mahone que você disse na verdade é Jader Mahone, pseudônimo de Gustav Fritz. O cara é o maior cafetão da Ucrânia e influente em alguns setores da política do país. Sob o comando dele houve mortes, execuções e tráfico humano. Ele sequestra mulheres imigrantes que chegam na Europa e as obriga a se prostituírem. O cara é um crápula.

— Talvez Giancarllo esteja negociando com ele desde muito tempo. Pela conversa no celular, creio que são amigos de longa data.

— A Cattedrale não pode vender a estátua para Fritz. Não quero ser pessimista, mas dentro dela há armas químicas e sabemos que a Ucrânia é inimiga declarada da Rússia por causa da Criméia.

— Estou entendendo. Langdon, preciso desligar.

O veículo entrou na propredade do clube privado. Os seguranças pediram o convite, o motorista mostrou um falso. Entraram sem problema algum. Passado pelos portões, o carro estacionou em frente ao edifício do clube. Shane saiu vestido a caráter: terno marrom com a camisa social branca sem a gravata.

— Ponha o carro conforme combinamos. Se algo der errado, sabe o que fazer.

— Sim.

Shane entrou na recepção do clube. Logo de cara viu um ministro italiano falando com a recepcionista. Pessoas importantes do país se reuniam todos os dias.

 

A Cattedrale reuniu seus membros para um encontro especial antes de fechar negócio com Jader Mahone. No último andar do clube, no escritório de Papadopoulos.

— Isso vai dar certo, Giancarllo? Confia no Mahone na venda dos armamentos químicos?

— Sim, Francesco. O preço pago pelos criminosos ucranianos é maior do que os terroristas sírios.

— De quanto estamos falando?

— Vinte milhões de dólares. Metade vai para a irmandade e a outra ficará comigo pois fui eu o idealizador do roubo.

Os mafiosos assentiram.

Shane foi até um bar próximo à piscina. Pediu uma dose de vodca ao barman e esperou para dar o próximo passo.

— Não vejo homens como você desde minha visita a Chicago. — Uma mulher loira, de biquini vermelho, apareceu perto dele.

— E em Chicago tem homens parecidos comigo? Já morei lá e nunca vi isso.

— Prazer, eu me chamo Suzanne Krantz. Digamos que eu sou sócia deste luxuoso clube.

— Americana?

— Não, sou britânica. A minha falta de sotaque engana qualquer desavisado. E você, varão vigoroso? O que traz a sua ilustre presença à Roma?

— Negócios. Sou um empresário e herdeiro de uma construtora atuante na América do Norte. Estou aqui para tentar negociar pessoalmente como senhor Giancarllo Papadopoulos. E prazer, eu sou Jonnathan Raymond.

— Prazer é todo o meu...

Um segurança do clube chegou perto de Suzanne e a pediu para ir ao escritório do dono do clube.

— Quer vir comigo? Eu sou divorciada e não tenho a presença de um cavalheiro para me fazer companhia.

— Não sei se posso...

— Pode sim. E se não o quiser, eu o dissuadirei dessa sua decisão.

Shane pegou a mão branca e delicada da loira e beijou. Assentiu. Melhor conhecer cara a cara o chefão da máfia.

— Esta é sua suíte?

— Meio exagerado para uma dama sozinha, mas amo espaço.

— Vou aguardar aqui fora, com licença.

Minutos a fio e Suzanne apareceu vestindo um vestido vermelho sem alça, extremamente decotado. Shane sentiu umcerto calor ao ver a loira praticamente rebolando a cada passada. Um teste de fidelidade!

 

Escritório de Dom Giancarllo

O mafioso dispensou os seus irmãos da máfia e preparou uma segunda reunião à parte. O primeiro a chegar foi o mercenário canadense Justin Leone, codinome Loki. Sempre extravagante, usava um casaco felpudo preto e o seu inseparável óculos escuro. Freya foi a segunda a dar as caras na reunião ao aparecer utilizando a máscara de porcelana que escondia a sua verdadeira identidade. Suzanne e Shane chegaram na sequência.

— Quem é o seu amigo, Suzan? — perguntou o italiano.

— Giancarllo, meu amor, esse é o meu amigo, Jonnathan Raymond. Ele é empresário e dono de uma construtora americana.

— Eu te conheci em Versalhes ontem. Prazer, meu jovem.

— O prazer é todo meu.

Leone analisou Shane dos pés a cabeça.

— E qual é o nome da empresa? — disparou o mercenário.

— Dakotta.

— Suzanne foi professora de história da universidade de Cambridge. Ela foi expulsa de lá depois de relatos de que fizera sexo com os estudantes. Depois disso, foi negada em outras instituições de ensido até se unir a mim cinco anos atrás.

— Eu não dei em cima daqueles alunos. Os rapazes já eram maiores de idade. Queriam uma mulher experiente.

— Desde então ela me serve no clube. Digamos que alguns achados feitos por mim são graças aos estudos dela.

— Senhor, a comitiva ucraniana chegou.

— Vamos... Jonnathan, quer vir conosco?

— Claro.

Todos ali saíram do escritório de Papadopoulos e foram para o térreo. Shane conseguiu ver Jader Mahone pela primeira vez. O ucraniano havia trazido uma maleta com mais de trinta e cinco milhões de dólares.

— Fritz.

— Giancarllo. Quero ver agora a estátua de Babilônia.

— Vamos ao meu elevador privativo.

Justin Leone colocou a mão sobre o peito de Shane e o impediu de passar. Freya também ficou na frente dele. Giancarllo lamentou a atitude dos companheiros, porém nada pode fazer. Suzanne pediu para  Shane esperá-la na piscina até que ela voltasse.

— Loki, você é tão desconfiado.

— Aprendi que não podemos vacilar, Suzan.

O grupo entrou num elevador, Gian colocou o dedo indicador direito num painel de biometria, e desceram.

— Droga.

Shane atravessou o hall da recepção, desceu a escadaria e foi para o estacionamento privativo.

— O que houve? — perguntou seu colega disfarçado de motorista.

— Eles vão fechar negócio agora mesmo. — Pegou um notebook e conectou ao microfone que instalara no vestido de Suzan.

Enquanto isso, o elevador do clube desceu para o subsolo. Giancarllo pediu para que todos o acompanhassem pelo corredor até uma porta azul à frente. O mafioso digitou uma senha e abriu a porta. Uma sala com várias máquinas de lavagem de dinheiro e computadores eram notáveis assim que entraram.

— Vamos aqui.

Ele foi ao meio da sala, numa mesa de alumínio, tinha um notebook lá.

— Cadê a estátua? — perguntou Mahone.

— Aqui. — Loki puxou uma pistola e atirou à queima roupa na cabeça de Jader Mahone.

Shane levou um susto ao escutar o barulho do tiro.

— Peguem a pasta. 

— Giancarllo! Eu levei um susto!

— Calma, Suzanne. Isso são os negócios obscuros da Ragnarök. A verdade é que a estátua não está aqui, mas ainda não saiu da Arábia Saudita.

— Esse safado usou o ucraniano para pegar os trinta e cinco milhões, não é? — disse Loki.

— Acontece que isso tudo faz parte de um acordo que eu fiz tanto com os russos quanto com os ucranianos. Agora vamos ao plano seguinte?

Suzanne se encarregou de verificar o conteúdo da pasta. Várias pedras de diamantes vindas da África do Sul.

Freya pegou um homem moribundo capturado há dias pela máfia. Era um ex-agente russo da KGB, um idoso. Loki limpou as suas digitais e fez com que o velho pegasse na pistola.

— Essa pistola é de uso exclusivo do exército russo. Vamos fazer dos russos os nossos próximos compradores.

— Giancarllo, como?

— Minha querida britânica, verá agora. Coloquem as balaclavas.

Dois capangas botaram as balaclavas pretas e falaram em russo numa transmissão. Imitaram ser milicianos ucranianos que estavam invadindo um local. Loki filmava tudo.

— Vamos mandar esta filmagem para os dois governos. Aí, quando a Rússia quiser entrar de verdade numa guerra, a Ucrânia o fará. Sabem o que vai acontecer? Venderemos uma bomba atômica da Guerra Fria para Kiev. Ganharemos mais de trezentos milhões só dessas vendas.

Suzanne aplaudiu a frieza do seu sócio calculista. Um negócio sem que Odin saiba diretamente.

Loki percebeu um ponto preto no vestido de Suzanne. Descobriu ser um microfone implantado.

— Eu juro que isso não é meu.

— Claro que não! Ninguém seria tolo de botar um microfone sem escondê-lo. Com quem você estava?

— Raymond... Jonnathan Raymond.

Loki encarou Thor com bastante preocupação. O mafioso pediu aos seus capangas para avisarem a todos os seguranças do clube para impedir a saída de qualquer cliente. No entanto, Shane havia escapado momentos antes no carro.

— Shane, não é hora de ligar pra mim. O Serviço Secreto está aqui fazendo uma série de perguntas.

— Pois eu tenho uma nova sobre o encontro da máfia.

Langdon se trancou no escritório e ouviu.

— Giancarllo acabou de matar Mahone agora há pouco logo depois de receber o dinheiro.

— Por que fez isso?

— Ele quer fazer a Rússia e a Ucrânia entrarem em guerra. A Ragnarök vai vender uma bomba nuclear para a Ucrânia apreços exorbitantes.

— Isso explica a compra por parte de Kapwann. Eles revenderão o armamento a um preço bem maior. E se a Otan descobrir que Kiev comprou isso, pode gerar um conflito na Europa. Preciso avisar ao Departamento de Estado imediatamente. Eles precisam falar com o governo de Kiev. Agora preciso desligar.

— Esse Langdon! Esquece que a Ragnarök faz alianças com o mercado negro. Claro que o governo da Ucrânia não comprará esses armamentos.

 

Ainda no clube...

— Senhor, não achamos ninguém com as características que descrevera.

Giancarllo pediu ao seu subordinado que enviasse a filmagem para os dois governos rivais.

— Jonnathan Raymond. Ele mora neste país?

— Não, ele está hospedado no Versalhes. Numa cobertura abaixo da sua. Eu peguei o elevador junto com ele.

Minutos depois...

Um carro da polícia de Roma parou em frente ao hotel e entraram. Os policiais, corruptos, subiram até o andar da suíte de Shane. Arrombaram a porta e buscaram qualquer um que estivesse hospedado ali. Um detetive que fazia parte da La Cattedrale chegou depois, mas não teve sucesso.

— Ele se foi. — disse ao celular.

— Porca miseria! Mandem fechar o prédio! Aquele bastardo ainda está aí.

— Padrinho, o senhor vem aqui?

— Testa di cazzo!!! Não sejais burro! Eu já disse que viajo hoje.

— Desculpa.

O homem vasculhou cada canto do quarto, porém nada encontrou.

— Chefe, olha isto — disse um policial mostrando um microfone.

— Onde estava?

— Elevador.

Shane desceu pela escada de serviço. Viu alguns homens subindo, entrou na primeira porta e chegou na cozinha de um restaurante.

— Ei, o senhor não pode entrar aqui.

— Vai ver que eu posso.

Um dos capangas chegou no local, travou uma luta corporal com Shane. O espião conseguiu imobilizar o homem e quebrar seu braço. Outros dois apareceram e começaram a atirar. Shane pulou atrás do balcão de alumínio, puxou a pistola do coldre. O cozinheiro ficou perto dele.

— O-o que tá acontecendo.

— Silêncio... Espera. Ainda vai precisar daquela frigideira?

Os dois capangas foram recebidos a tiros e se esconderam nos armários perto da parede. Atiraram, aproximaram-se do balcão, porém não viram o espião.

— Aqui — Shane jogou o óleo quente sobre os dois. Os capangas da máfia queimaram seus rostos e caíram. — Obrigado, amigo.

— De nada, senhor.

Uma mira telecópica mirava na saída da frente do hotel. O homem segurando o rifle sniper era ninguém menos que Justin Leone.

— Ele jamais sairá pela frente e por trás. Homens armados da máfia estão de prontidão nos fundos. Ele sai daqui direto ao inferno hehehehehehehe.

...

WASHINGTON D.C

O dia amanheceu agitado na capital americana. Os senadores estavam se preparando para uma reunião no congresso sobre uma reforma na lei de impostos.

William Fox acompanhou todo o desdobramento por meio de seus acessores que estavam no Capitólio. Dependendo do resultado, ele terá de sancionar ou vetar a lei.

Os dois agentes, Left e Right, entraram nas dependências da Casa Branca. Hermod os recebeu prontamente no seu gabinete.

— O que fazem aqui?

— Temos notícia do agente secreto que matou Valdez e de outras coisas que Odin gostará de saber.

Hermod escutou tudo o que os dois agentes disseram. O secretário foi para o gabinete do seu chefe, o Líder da Ragnarök.

— Descobri que o tal Victor Green viajou para a Europa ontem para mais uma missão pela CIA. Agora ele usa o pseudônimo de Dwigth Prescott.

— Victor Green, Dwight Prescott... Quando saberemos o verdadeiro nome dessa espião medíocre?

— E tenho algo mais preocupante? Ele foi para uma missão na Europa, espionar nada mais nada menos do que Giancarllo Papadopoulos. Ele roubou a estátua de Babilônia com as armas químicas.

Odin se levantou imediatamente, furioso por ter sido enganado por um dos membros da organização.

— Maldito. Aquele estúpido pensa que pode me passar a perna?

Um dos acessores do governo abriu a porta do escritório e disse para o homem que a coletiva de imprensa começaria a qualquer momento. Odin vestiu o paletó e saiu.

O vice-presidente Seil Sheppard foi recebido pelos jornalistas na sala da imprensa.


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Notas finais do capítulo

Enquanto no resto da América a esquerda é caracterizada pela cor vermelha, a esquerda dos EUA se orgulham da cor azul (Democratas). Em contrapartida, a direita adotou o vermelho (Republicanos).



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