W.a.l.s.h escrita por Sensei Oji Mestre Nyah Fanfic


Capítulo 3
Episódio 3: Abalo no Submundo! A Ragnarök se reúne


Notas iniciais do capítulo

Saindo mais um capítulo fresquinho neste sábado. Bom proveito.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/759027/chapter/3

 

— Tenho certeza absoluta que Valdez se refugiou no forte enquanto um navio com vários homens ficaram num tipo de pier. — Ele conversava com Langdon.

— Sabe qual a nacionalidade deles só olhando?

— Tem uns asiáticos, mas uns brancos. Acho que são europeus.

— Era o que eu temia. Ragnarök não se restringe apenas ao Kapwann e seus lacaios. Deve ter um segredo muito maior por trás.

— É o que vamos descobrir quando eu for roubar seus arquivos secretos. Preciso interromper.

Shane retirou o aparelho do ouvido e prosseguiu com a missão de penetrar na fortaleza do maior traficante da Colômbia. Aproximou-se do muro, viu uma janela a uns seis ou sete metros do chão. Pegou uma besta e atirou um gancho. Depois de três tentativas conseguiu fixar no parapeito da janela. Subiu.

A parte em que o espião entrou era um corredor isolado, com algumas cortinas e sem a luz elétrica. Cortou o vidro, passou e se escondeu na penumbra. Um capataz que fazia a ronda foi morto sem ao menos perceber. Arrastou o homem para um quarto que servia de depósito e escondeu o seu corpo.

Os guardas estavam em alerta máximo pois Ramón deu ordens. As tentativas de ligar para El Patron foram um fracasso, deixando o chefão mais desconfiado.

 

No andar da masmorra, o agente da DEA foi levado para o antigo abatedouro de animais. Um quarto cheio de feno, sangue de animais, além de algumas armas pontiagudas. O capataz colocou o homem de olhos em frente a Ramón.

— Muy bien! Espero que você comece a falar toda a verdade. Sei que o governo do Tio Sam trouxe-te aqui, gringo. Tentou me enganar, passando por um comprador. — Pegou uma cadeira e se sentou. — Tá na hora de falar.

— Não sei nada do que está falando. Está ficando louco, achando que eu sou do governo.

— Oh, ele falou. Vamos assim: eu conto os meus segredos, e você o seu. Sou um dos chefes do Cartel Los Manos mas também faço parte de uma organização criminosa muito maior do que você imagina. Já ouviu falar da Ragnarök? Claro que não. O submundo teme esse grupo e muitos chefões do crime fazem parte. Apesar de eu ser poderoso, sou o que menos lucra na organização. Enquanto você e o seu governo medíocre tentam caçar um cartel de drogas, esquecem de pegar o principal. Agora que eu disse meu segredo, conte-me o seu.

O agente deu uma cuspida no rosto de Ramón. A mistura de saliva e sangue correu pela face do vilão. Valdez chutou a cadeira e começou a socar o rosto do homem.

— Ponha esse bastardo pendurado! Quero ver se ele vai ter coragem agora — disse enquanto limpava o rosto com um lenço.

O americano foi pendurado com os dois braços esticados. Ramón foi até uma fornalha, pegou um ferro de marcar gado e o marcou. O refém deu um urro de dor. O som da carne da barriga queimando era  maravilhoso som ao sociopata.

 

Leo Langdon voltou a se comunicar com Walsh. A informação era recolher documentos sobre a organização Ragnarök, mas para isso teria que interrogar o próprio Valdez.

— Ele não vai abrir o jogo. Esse cara se acha um deus, por isso vai falar pouco sobre os próximos passos da organização.

— Mas eu não falei interrogar Valdez, e sim um dos seus lacaios. Chico era o braço direito dele, mas, segundo fontes do Pentágono, há um braço esquerdo. Um guerrilheiro chamado Gabriel Sanchez. Interrogue esse cara e ele falará onde fica os documentos secretos.

— Como sabe que ele vai falar?

— Sanchez não é totalmente subordinado a Ramón. O cara é Venezuelano e já foi da FARC. Ele é como um freelancer de dentro do Cartel.

— Certo. Preciso ir.

Langdon retirou a gravata, foi tomar um pouco de café com Susan e o agente Raysman. A missão estava sendo bastante puxada, desgastante. Desde terça de manhã estava no trabalho, e já passava de uma da manhã da quarta.

Em Forte Azteca, um dos guardas resolveu fumar um cigarro encostado na porta. Por trás dela, Shane viu o capanga. Com um chute, o espião conseguiu fazer o vilão cair.

— Fica quietinho. — Deu um mata-leão.

Abrindo cada um dos quartos de luxo, o protagonista tentava a todo custo achar um caminho que levasse ao seu alvo principal.

Dois guardas caminharam pelo corredor. Mal sabiam que Walsh estava escondido num dos quartos.

Uma porta no fim do corredor estava trancada. Uma escada subia ao primeiro andar. No entanto, não era o que ele queria. Descer será a melhor das opções. Com um tipo de furadeira em miniatura, conseguiu abrir a fechadura e entrar nas partes mais remotas daquela ilha. Desceu uma escada de alvenaria e foi por umcorredor todo feito de pedra e cimento. O lugar era sujo, úmido e cheio de ratos. Dava para ver sacos pretos cheios de cocaína.

O tiro que Valdez deu no agente foi ouvido por Walsh. Este correu para ver o ocorrido.

— Cuide do cadáver desse bastardo. Preciso supervisionar as armas.

— Certo.

Valdez saiu com um capataz. O tal Gabriel ficou para trás a fim de recolher o corpo do americano. Porém, o cano do fuzil foi encostado nas suas costas.

— Se se mexer, eu te mato.

— Quem és?

— Vi que o camarada ali não teve chance. Sou americano também. CIA. Vim para matar Valdez e quem quiser se meter no meio.

— Ramón é capaz de matar nós dois juntos. Acha mesmo que ele se importa comigo?

— E você? Se importa consigo? É melhor caminhar. Vamos ter uma conversa muito agradável.

Do lado de fora, Hermit apareceu de dentro do navio. A presença do ermitão da Ragnarök surpreendeu até mesmo o traficante. Acontece que Hermit era um dos membros mais misteriosos do grupo.

— Veio se juntar a nós, ermitão? Hauhauhauha. Cadê o seu senso de humor?

Hermit se manteve calado, apenas observando os carregadores colocarem os caixotes no convés. Sempre usando a capa preta com um capuz cobrindo a sua identidade. Ramón deixou pra lá.

— Fenrir.

— O que disse?

— Seu codinome é Fenrir, mas nunca usa nos negócios.

— Esse negócio de nome nórdico pra mim é coisa de boiola. Sou o Ramón Valdez, e não me escondo num nome ridículo de gringos albinos noruegueses.

Hermit virou-se e caminhou para dentro do navio. Valdez não deu muita atenção.

Gabriel foi levado por Shane sob a mira de uma arma. O que o espião queria era o arquivo do computador pessoal do traficante. Os documentos sobre os planos da organização. Gabriel fez um acodo para deixá-lo vivo em troca dos arquivos.

— Estão num notebook na suíte master de Valdez.

— Leve-me até lá. — Apertou um pequeno controle remoto.

Uma bomba grudada no muro do forte explodiu. Ramón e seus capangas levaram um susto com o estouro e logo ordenou para todos se prepararem.

— Vámonos! Ei, cara de fantasma? Leve o navio daqui agora. Vou pegar o helicóptero.

Hermit viu o traficante correr para dentro da entrada principal do forte. Não teve pressa alguma de fazer o que o chefão do tráfico falara.

Os capatazes ficaram em alerta total. Muitos deles ficaram nos corredores, nas redondezas e na área da piscina.

Gabriel e Shane conseguiram chegar ao quarto pessoal de Valdez, sobretudo ao gabinete.

— Espera. Nós entramos num acordo.

— Eu te prometi deixar vivo. — Deu uma coronhada no outro. — Mas não que te deixaria ileso.

Sobre uma mesa preta estava o notebook de Valdez. Com uma técnica incrível, o homem conseguiu a senha para entrar e roubou todos os arquivos da memória de uma nuvem. Um tipo de pendrive apropriado para roubar dados foi utilizado.

— Consegui extrair toda a memória do computador.

— Ótimo. Agora sabe o que fazer com o Valdez.

— Essa parte é a minha preferida.

Hermit deu ordens para os seus capangas pegarem os botes. Saiu do navio e ficou no pier.

Ramón e mais cinco capatazes fortemente armados correram para os andares superiores. No caminho, viu seus guardas caídos.

— Sanchez! Sanchez, cadê tu porra! Vocês três vão ver o que houve com Sanchez na masmorra. Vamos ao helicóptero.

Os três homens correram pelo corredor. Um deles tropeçou numa linha, causando uma explosão. Já no terraço, o traficante pediu para os dois ficarem e dar cobertura.

— Tire-me daqui, seu bastardo.

O piloto estava inconsciente. Ramón retirou o homem e tentou pilotar.

Shane trocou tiros com os últimos guardas. Depois de conseguir matá-los, disparou na direção do helicóptero já em voo. A aeronave rodou e caiu perto da praia.

— Merda! — resmungou Ramón, ferido por causa da queda.

Shane amarrou um gancho no parapeito e desceu pela corda.

O vilão tentou correr para o pier e fugir das garras do agente da CIA. No entanto, foi alcançado.

— Acabou, Valdez. Agora me diz sobre a Ragnarök e os seus membros. Quem é o líder?

— Vá te foder, hijo de una puta! — Sacou a pistola, mas antes foi morto por um tiro do fuzil do agente.

O poderoso traficante colombiano, morto de uma forma humilhante. Não contou sobre a organização que pertencia, mas não imaginou que o seu computador pessoal fosse hackeado.

O navio com os armamentos explodiu segundos depois. Walsh deu um pulo para trás, pego de surpresa com o ocorrido. Ainda desorientado, o americano tentou pegar o fuzil, mas uma bota preta pisou em cima da arma. Ao ver, o agente testemunhou a presença de Hermit.

— Entregue-me o que pegou sobre a Ragnarök — disse uma voz em um gravador que estava em sua mão.

— Só me faltava essa. Toma — Shane jogou o aparelho de escuta para o encapuzado, puxou a sua faca.

Hermit puxou uma espada das costas e, com um movimento, deteve a faca que foi jogada pelo agente. Retirou da capa uma pistola semi-automática e começou a atirar. Shane correu para trás do helicóptero, viu uma pistola e atirou. Hermit saiu correndo sem ser pego pelos tiros. Com um pulo sobre um bote, o homem misterioso conseguiu fugir imediatamente do local.

— Parece que o carregamento de armas foi pro brejo, não é? Que droga. — Lamentou Sanders.

— Coronel, pensava mesmo que Ramón sairia vivo disto? Sou um agente da CIA e o senhor um oficial do exército. Tem coisas que o senhor não sabe que eu sei. Ele precisava ser morto.

— Eu imaginava. Droga. E agora com a explosão vai ser difícil comprovar a origem do armamento.

Mas Walsh apenas pensou no seu adversário há pouco.

Apesar de ficar sem comunicação com seu espião, Langdon foi avisado sobre o sucesso da operação pelo coronel Sanders.

— Isso! Obrigado pela notícia. — Desligou. — Atenção pessoal. Quero informar a todos que Walsh concluiu a missão com sucesso. Ramón Valdez já é uma carta fora do baralho.

As pessoas que trabalhavam nos computadores aplaudiram a notícia. Raysman e Susan foram até Langdon.

— É verdade isso? O meu chuchu conseguiu completar a missão?

— Sim, Susan. Ele pegou as informações sobre a Ragnarök e eliminou Valdez.

— Só tem um problema, Leo. Por que matar Valdez em vez de deixá-lo vivo para delatar os outros membros.

— Eu dei essa ideia ao Straussen, mas aquele idiota se acha o meu dono. Não posso impedir uma ordem do diretor da CIA. Mesmo assim vamos ver até onde isso vai.

A polícia costeira da Colômbia chegou ao local. O corpo de Ramón foi guardado num saco preto e levado para a perícia. Toda a ilha de Forte Azteca foi sequestrada pelo governo de Bogotá.

— Coronel Sanders?

— Onde está Victor Green?

— Ele já foi num dos nossos botes. Logo vai chegar no Panamá e de lá pegar um avião para os Estados Unidos.

— Tudo bem.

— Senhor, posso fazer uma pergunta?

— Claro.

— Tudo isso foi provocado por apenas um homem?

— Sim, soldado. O que me espanta é que existem outros iguais a ele. Victor Green... Belo pseudônimo.

Shane dormia profundamente no bote enquanto um soldado americano conduzia. Aproveitou cada momento para o descanso e para arranjar uma desculpa à esposa quando chegar.

 

A guarda costeira achou o bote vazio. Nada de Hermit ou qualquer um dos que foram no navio.

...

QUARTA-FEIRA, 23-05-2018

Horas se passaram desde o fim da primeira missão na Colômbia. Walsh pegou um avião militar de volta aos EUA e chegou no Aeroporto Ronald Reagan por volta das 16 horas daquele dia. Foi um dia desgastante, mas recompensador.

Leo Langdon estava no aeroporto quando viu Shane sair com uma mochila.

— Bem-vindo de volta.

Os dois pegaram um carro preto e foram para a sede da CIA, ao norte do aeroporto.

Os agentes internos da agência deram os parabéns ao colega, incluindo a "parte superior" do órgão estatal. Langdon e seu espião desceram a NEO.

— Shane, parabéns! Estou tão orgulhosa! — disse Susan abraçando o homem.

— Deixa o homem respirar, Susan.

Raysman deu um abraço no amigo. Os demais trabalhadores prepararam uma pequena festa com direito a bolo e refrigerante.

— Meus parabéns, Walsh. Conseguiu eliminar Valdez e pegou os dados sobre a Ragnarök.

— Obrigado, diretor.

— Bom, aproveite a festa. Em meia-hora teremos uma reunião com o governo.

Straussen, os demais diretores da CIA, representantes do Pentágono e do presidente apareceram para a tal reunião.

Shane e Langdon aproveitaram um pouco até irem para a sala de reunião.

— Os arquivos foram baixados para esses dois pendrives. Em El Patron estavam no computador, em Forte Azteca estava numa nuvem.

— Conseguiu roubar essas informações de uma nuvem em poucos minutos? — perguntou um militar.

— General, o Shane é um hacker de primeira. — confirmou Leo.

— Bom, vamos ver o que podemos fazer com este material. Nossos técnicos irão verificar tudo. O mínimo detalhe será revelado em breve. Por ora, queremos saber exatamente como foi o seu desempenho.

Shane revelou toda a sua ação para o seu chefe. Os militares e governistas saudaram a coragem do espião.

— Diretor Straussen, o senhor sabe de alguma pessoa que Valdez conhecia que anda por aí de capa e capuz?

— Como assim, senhor Walsh? Capuz do tipo balaclava? Do tipo igual a de um moletom?

— Não, eu falo de um capuz igual a este, mas preto — mostrou a foto do protagonista do game Assassin's Creed.

— Nunca. Nossos espiões andaram fotografando certas pessoas do submundo, mas nunca testemunharam alguém usando um figurino tão exótico quanto este. Não se preocupe, senhor Walsh, o governo do seu país saberá quando aparecer o "Homem da Capa Preta".

O diretor e as outras autoridades saíram da NEO levando tudo o que o agente pegara e foram para a superfície. Shane se sentou na cadeira.

— Tenente, capitão, venham aqui.

Susan pegou os dois pelo braço e os levou para o gabinete de Langdon. Greg estava ao telefone.

— Leo, Shane, o vice-presidente quer falar com vocês.

Leo pegou o telefone imediatamente. O vice-presidente Seil Sheppard estava na linha. Leo atendeu com toda a cortesia, recebendo um convite para irem à Casa Branca na semana seguinte.

— O presidente e o vice quer nos ver pessoalmente.

— E? — disse Shane.

— Parece que vão nos dar uma medalha de honra. Inacreditável.

Susan deu uns pulinhos, beijou Leo no rosto e quase agarrou Shane.

— Esse não pode. Tarada! — separou Greg.

Walsh ficou satisfeito de ter concluído mais um trabalho. Ele aproveitou bem a festa até se lembrar de algo.

— Minha mulher!

Leo, Susan, Greg, e todos que trabalhavam ali ficaram parados com uma cara de "puta merda, lascou" para o amigo. Shane agradeceu a festa e saiu quase correndo.

— Tome a sua chave. — Leo jogou para o homem.

— Valeu.

Shane entrou no seu carro, deu partida e dirigiu até a sua casa do outro lado do rio.

 

Barbara mexia no notebook no sofá quando o marido entrou de imediato. Ele se apriximou dela e tentou beijá-la. A mulher desviou, aparentemente furiosa.

— Passou no marceneiro como te pedi?

— Oh droga. Esqueci completamente — disse, sentando ao lado dela.

— Você passou um dia e meio fora de casa, não me ligou a não ser que eu que te liguei, não postou nada em suas redes sociais.

— Querida... Perdão. O trabalho me pegou de um jeito que quase me impediu de respirar. Lembra que eu trabalho na CIA?

— Como segurança do prédio da CIA. Não pode se ausentar desse jeito sem ao menos dar uma satisfação.

Shane se aproximou dela e a beijou na cabeça. Prometeu nunca mais ficar sem dar satisfação. Barbara fechou o notebook e beijou o marido.

— Não pense que vai me convencer com seus olhos azuis e os seus músculos. Quero que fique bem claro que não teremos sexo esta semana. — Levantou e subiu para o quarto.

— Espera, querida. Vamos fazer um acordo.

...

CASA BRANCA - SALA DA SITUAÇÃO

No subsolo da ala oeste, o presidente e todo o gabinete responsável se reuniu. Straussen mostrou todos os documentos roubados por "Victor Green" e que os técnicos haviam feito uma triagem.

O presidente Fox, o vice Sheppard, o secretário da defesa e poucos membros do governo ficaram na reunião secreta.

— Senhor presidente, aqui neste memorando vem explicando sobre a participação de Valdez na organização. Ele era conhecido com o codinome de Fenrir. — Falou Straussen.

— Aqui diz que Valdez tinha um laço muito estreito com Kapwann. O que me garantem que os traficantes não conseguiram armas nucleares?

— Não conseguiram. Em meses espionando o Cartel Los Manos, nada foi encontrado. O máximo que Valdez tinha eram mísseis que serviam como defesa contra helicópteros.

Fox leu a parte que falava de um teste de uma bomba de plutônio no Pacífico. O armamento datava dos anos sessenta e era de origem soviética.

O vice presidente Sheppard, magrelo e com um bigode preto, opinou sobre a veracidade da informação. Não havia nada que comprovasse. Straussen, porém, foi categórico em dizer que todas as informações roubadas na nuvem de uma conta de Valdez batiam com algumas informações obtidas durante dez meses de intensas investigações.

— Tem uma informação muito mais importante, senhor. Provavelmente sabemos onde os vendedores da bomba levaram o dinheiro.

— Onde?

Straussen sorriu.

...

Dias se passaram desde a missão de Walsh na Colômbia e a queda de Valdez. As informações vazaram não só na imprensa como no submundo. Uma reunião extraordinária com os membros da Ragnarök foi confirmada no sábado daquela mesma semana. O abalo no mundo do crime mundial chocou até mesmo a Yakuza e a Al Qaeda, que compravam as drogas de Valdez. A Ragnarök sentia os efeitos colaterais na perda da liderança na América do Sul.

 

SUÍÇA

Numa suíte de um hotel na capital do país, um homem de 2 metros, vestido num terno preto e com uma calopsita, ficou sentado numa poltrona de frente para um monitor grande. Seu rosto estava no escuro, mas tinha o hábito de fumar um charuto cubano.

O homem digitou na tela de toque, e uma voz virtual o reconheceu.

THOR

Giancarllo Papadopoulos

 

ARÁBIA SAUDITA

O príncipe Omar, que recentemente entrou no grupo, também teve que se identificar num monitor. Na sua sala preferida do seu palácio, a sala com vários órgãos musicais, ele iniciou a primeira conversa.

SIEGFRIED

Omar Said Abdulla

 

ALASKA, EUA

— Aí, chefe... oh desculpa — disse uma mulher, entrando numa cabana no meio de uma cidade fantasma na neve. A moça viu o chefe trocando de roupa.

— Até parece que nunca viu um homem pelado. Que foi?

— O chamado de Odin.

— Merda! O que ele quer dessa vez?

O homem tinha, aparentemente, trinta e cinco a quarenta anos, era alto, forte, vestia uma calça militar e uma jaqueta preta para inverno, um gorro cinza na cabeça e óculos escuros espelhados que impossibilitava expor seus olhos. Pegou o seu casaco de pele de urso polar e saiu acompanhado da subordinada.

Muitos homens armados, jipes, caminhões estavam nesse acampamento. O líder entrou numa outra tenda com a tela touch para se identificar.

LOKI

Justin Leone

— Espero que seja importante! — disse, retirando o gorro e mostrando o seu cabelo curto e branco de descolorante.

 

TAILÂNDIA

Kyo Kapwann III também apareceu para a reunião extraordinária. O coreano, exilado no país do sudeste asiático, fez o seu reconhecimento.

BERSERKER

Kyo Kapwann III

 

TÓQUIO, JAPÃO

Uma mulher usando um máscara de porcelana era a única do sexo feminino a ser uma das cabeças da Ragnarök.

FREYA

 

— Essa reunião extraordinária foi planejada desde ontem por causa da queda de Ramón Valdez, o Fenrir. Precisamos discutir sobre como faremos para retomar o controle da América Latina — disse o velho que tivera com Valdez. Hermit estava ao seu lado na sala escura.

— Se dependesse de mim, velhote, aquela terra subdesenvolvida seria esquecida — palpitou Loki.

— Não pode, Loki. O dinheiro que os traficantes conseguem, compram nossas armas. Com a queda de Fenrir e o enfraquecimento do Cartel em 40%, vai ser muito difícil negociarmos.

— Então convença um outro grande traficante a se juntar a nós, assim como fizemos com Siegfried — falou Thor.

— Ainda não temos ninguém — respondeu Freya.

— Vamos ter que... aproximar com outras facções. Freya tentar... convencer a Yakuza a fazer negócios conosco — disse Berserker.

— Mas diz aí, velho Hermod, cadê o Odin? Por que ele não mostra as caras?

— Loki, seu senso de estupidez é gritante. O Líder é uma pessoa muito conhecida e não poderia se expor assim. Saiba que ele sempre vê tudo.

Siegfried acompanhava a discussão enquanto tocava uma flauta. O príncipe árabe preferia ficar apenas calado e ouvindo.

Hermod, codinome do velho mensageiro, preparou os próximos passos para mais um plano da organização. Thor, por sua vez, recebeu a missão de trasladar uma estátua de Babilônia do museu no Iraque para Roma.

— Esse carregamento contém armas químicas dentro. Você e seus afilhados da máfia italiana ficarão responsáveis.

— Tudo bem. A máfia se responsabilizará. Grazie.

— Mas agora temos que saber quem é esse espião que matou Fenrir — disse Freya.

— Não se preocupem. Em breve eu saberei o rosto desse sujeito. Mais um pouco e ele estará comendo formiga hehehe. — Hermod falou convicto.

...

Passado o feriado no final de maio, o governo sequer se manifestou da próxima missão. Shane ficou ocupado com outro tabalho, porém administrativo.

Na sala de treinamento, os dois amigos conversavam.

— Tá osso lá em casa. Barbara tá há dias sem fazer sexo, com raiva porque me ausentei semana passada.

— Amigo, por isso não quero casar antes dos trinta. Se você tem esposa, quem manda na sua casa é ela; se tem filho, quem manda no seu PS4 é ele. E o que sobra pros maridos? Contas no final do mês.

— Não é bem assim, Greg. Eu me sinto tão culpado por esconder o meu verdadeiro trabalho da minha mulher. E tudo isso por culpa do Langdon que não deixa eu me revelar.

— Ou você estaria preso. Não esqueça que nós, espiões, jamais podemos envolver nossas família. Até mesmo para protegê-los. E por falar no Leo, ele ficou feliz com a notícia da condecoração.

— É o mínimo que o chefe merece. Trabalhou tanto nisso aqui. Eu ainda me surpreendo porque eu também fui chamado.

Raysman colocou a pistola no balcão, retirou os protetores de ouvido e se preparou para ir embora.

— Quer saber de algo intrigante?

— Diga.

— Não acha estranho terem te chamado para ser condecorado antes de completar toda a missão?

— Lá vem você com a sua teoria de conspiração...

— Espera! Considerando que você precisa se manter no anonimato, não acharia que estaria se expondo demais nesse encontro com o presidente? Estamos falando da Ragnarök, certo? Se eles tiverem um espião no gabinete presidencial, e ele te ver, seria o seu fim e da sua família.

Shane ficou parado, pensativo.

— Ainda acha que é conspiracionismo? Até mais, amigo.

Walsh avisou a Langdon que não irá ao encontro da Casa Branca. Apesar de querer saber o motivo, o capitão não insistiu.

— Não fale meu nome lá.

— Shane, a gente não revela nome dos espiões nem mesmo ao presidente. Straussen utiliza Victor Green quando se refere a você. Eu farei o mesmo. Relaxa.

O presidente Fox lamentou a ausência de "Victor Green". Por pouco a imagem de Walsh não foi exposta.

 

Barbara parou o carro no estacionamento de um supermercado e foi fazer compras. Empurrou o carrinho para o setor de conservas. Tentou alcançar um molho de tomate na prateleira mais alta, mas não conseguiu.

— Alguém? — Olhou para os lados, não viu uma pessoa alta ali.

Um homem se aproximou dela, pegou a lata na última prateleira e entregou.

— Aqui está, madame Walsh.

Barbara viu o homem à sua frente. Ele era branco, cabelos pretos lisos penteados para trás, barba feita, usava óculos de grau sobre os seus olhos verdes. Ele estava vestido com uma jaqueta azul e um lenço vermelho no pescoço.

— Não acredito... Kyle! — Barbara abraçou o rapaz.

— Como vai minha irmã mais velha? 

— Menino... Como você está diferente. Meu irmão mais novo está um pão pois quando eu te vi, há cinco anos, era meio magro. Agora tá forte. Tá malhando?

— Eu faço academia.

— Colocou a franja para trás. Parece até um executivo. O que te trouxe de Winsconsin pra Washington? E a mamãe?

— Eu não moro com nossos pais há três anos. A verdade é que eu tava trabalhando como corretor de imóveis, mas fui demitido. Resolvi procurar emprego aqui na capital. Posso me hospedar na sua casa até encontrar um emprego?

— Claro! Shane vai adorar te rever.

Os dois partiram para casa. Shane e Junior jogavam videogame quando Barbara chegou com Kyle.

— Meus amores, olha só quem resolveu se hospedar conosco.

— Tio Kyle! — disse Junior abraçando o tio.

— Oi, cunhado. Seja bem-vindo.

— Fala, Shane.

Barbara sorriu com o irmão. Kyle adorou a recepção da família da sua irmã. O único irmão de Barbara era querido até por Walsh.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O bicho vai pegar. Todos os vilões que o Walsh terá de enfrentar... e quase ele foi descoberto.Muito mais emoções virão. Aguardem.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "W.a.l.s.h" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.