W.a.l.s.h escrita por Sensei Oji Mestre Nyah Fanfic


Capítulo 1
Episódio 1: O Dilema de um Espião.


Notas iniciais do capítulo

Já dei muitos avisos nas notas da história. Espero que gostem dessa abordagem. Depois de 2 originais ambientadas no Brasil, resolvi voar para os Estados Unidos. Avisando que aqui não vai abordar com pormenores o estilo de vida americano pois o foco é o agente Walsh na sua missão. Terão cenas adicionais nos EUA, mas é minoria. Tudo bem?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/759027/chapter/1

BASE MILITAR DESCONHECIDA - EM ALGUMA ILHA NO OCEANO PACÍFICO

Sob um forte sol do Pacífico, um militar observava com o seu binóculo uma área longe e isolada. Ele e mais alguns outros dentro de uma estrutura feita de alvenaria que mais lembrava uma torre de vigilância. Os demais militares, cerca de umas dez pessoas, também observaram além do vidro fumê do local. Em poucos minutos algo de extraordinário irá acontecer.

Ao retirar o binóculo, o militar revelou ter a aparência de um asiático; talvez um japonês ou coreano... O fato que não apenas ele era asiático. No recinto, porém, dois homens caucasianos apareceram. Todos usavam uma farda do exército verde.

Pelo rádio, um soldado conversava com o militar de alta patente asiático. Pelo seu idioma, era um compatriota.

Buzinas soaram por toda a ilha. Uma contagem de cinco minutos foi o suficiente para os soldados nas adjacências se esconderem dali.

Uma bomba nuclear estava a ser testada numa plataforma de trinta metros. O armamento de plutônio explodiu às 13:45 hora local. A onda de choque cobriu um raio de até dois quilômetros, o cogumelo atômico subiu numa altitude de mais ou menos cinco mil metros.

Os militares assistiram com os seus óculos escuros à explosão. Todos ali dentro aplaudiram o teste secreto que foi um êxito. Logo uma rodada de champanhe foi servida aos convidados.

O militar asiático ficou satisfeito com a operação, apertou as mãos dos dois estrangeiros. Estes eram, talvez, russos ou europeus por causa da aparência física.

A comitiva saiu da instalação militar secreta e entrou num navio de médio porte. Saíram por volta das 15 horas e percorreram muitos quilômetros até chegarem numa outra ilha e entrarem num helicóptero.

— O que achou do pacote? — Um senhor idoso, com um bigode proeminente e branco, conversava em seu inglês extremamente fluente.

— Perfeito... Estar aqui os cinquenta milhões de dólares. — O assistente do militar asiático abriu as duas pastas pretas e mostrou as notas em dólares.

Segundo o asiático, nas pastas estavam dez milhões pelo protótipo do teste. Os outros quarenta estavam em mochilas pretas dentro do helicóptero. O vendedor sorriu, atônito por pegar em tanto dinheiro.

O helicóptero levantou voo e sobrevoou o oceano por quase uma hora inteira. Aos poucos dava para se ver uma terra desconhecida. Já no fardamento do militar asiático, o símbolo da bandeira da Coréia do Norte. Os norte-coreanos, em conchavo com aliados desconhecidos, tramarão alguma coisa.

...

WASHINGTON D.C

Mais um dia normal na capital dos Estados Unidos. Seus moradores, majoritariamente democratas, acordaram para mais uma segunda-feira de trabalho. Nos departamentos federais, as pessoas batiam o cartão para mais uma jornada de trabalho. Pessoas caminhando para lá e para cá na Avenida Pensilvânia, na colina em frente ao Capitólio e do outro lado do rio Potomac, no Pentágono, já na Virgínia. Mas não só de serviços federais vivia a cidade. Centros de pesquisas, escolas, universidades, museus e afins.

No arborizado bairro Delano Roosevelt, há cerca de dez quadras da Casa Branca, vivia uma família aparentemente comum. Uma casa de madeira, branca, com um andar superior com sótão, um gramado logo à frente, pés de cerejeiras, uma pista calma e que quase não passava veículos, serviço postal em dia, serviço de entrega de jornais... enfim, nada de diferente de uma família americana tradicional.

Seis horas da manhã em ponto, o despertador tocou feito louco sobre o criado-mudo ao lado da cama de casal. Um braço feminino saiu debaixo do lençol e, com um tatear, desligou o aparelho preto. Uma mulher se levantou ainda com remela nos olhos, pouca coisa, passou a mão nos seus cabelos ruivos e ondulados, mas maltratados pela cama. Seus olhos esverdeados e com leves marcas de expressão fitaram o homem ainda deitado. Sorriu brevemente e forçou-o para que ele pudesse acordar.

— Querido, acorde. Já está na hora.

A ruiva amarrou o cabelo num prendedor vulgarmente chamado xuxinha, saiu do lençol e andou discretamente para fora do seu quarto. Vestindo um sutiã branco mais um short curtinho, a mulher foi para um outro quarto logo ao lado. Abriu a porta, acendeu a luz e chamou por seu único filho tal preguiçoso como o seu pai.

— Quero dormir mais...

— Nada de dormir. Tem que ir para a escola querendo ou não.

Já de volta ao quarto viu a cama sozinha e o lençol revirado. O cônjuge havia se levantado segundos depois de ser acordado.

— Amor, viu o meu creme de barbear? Deixei ele aqui ontem.

— Estranho. Acho que o Junior pegou para brincar. Já disse para aquele garoto não brincar com essas coisas.

— Sem problemas. Eu consigo barbear-me sem espuma.

O marido fechou o armário e foi se olhar no espelho. Um rapaz jovem, porém maduro. Por causa de umas marcas nos olhos, dava para perceber os seus trinta e poucos anos, olhos azuis claros, cabelos pretos curtos e rosto perfeitamente belo para um homem nessa faixa etária. Ele gostava de se cuidar pois era de porte atlético.

— Shane, vai voltar ainda hoje? É que o Junior já me perguntou o porquê de você se ausentar.

— Aquele menino pergunta demais. E sobre a sua pergunta, não sei te responder. Sou vigia no prédio da CIA, portanto, se precisarem de mim, eu estarei lá.

Ambos tomaram banho e se arrumaram. A mulher era professora do primário em uma escola da Virgínia enquanto o marido trabalhava como segurança na CIA.

O pequeno Junior desceu as escadas para tomar o seu café da manhã na cozinha. O rapazinho penteou seu cabelo loiro para o lado e botou os óculos de grau.

— Barbara, você precisará ir no seu carro hoje. Tenho que por gasosa no meu.

— Certo.

Barbara costumava sair acompanhada do marido e na volta pegava um táxi. Visivelmente bonita, tentava esconder as suas sardas com alguma maquiagem, porém sem exageros. A mãe de família não era muito adepta a se maquiar excessivamente, e sim algo quase ao natural. Ela também usava óculos de grau para controlar a sua miopia.

Shane deu um beijo na esposa e no filho e ficou em casa depois que eles saíram.

— Me responde, mamãe. Porque o pai passa a noite fora?

— Quer saber mesmo? Ele é vigia.

— Mas ele trabalha o dia e passa a noite também? Isso é explorar o papai.

— Às vezes nem eu entendo, querido.

Junior era um menino muito inteligente para a sua idade, dez anos. Sempre questionava as vezes em que Shane passava fora. Barbara também começou a desconfiar.

Enquanto isso, em casa, Shane tomava o seu café da manhã sossegadamente. Foi para fora pegar o jornal no gramado, regou as plantas, lavou o resto de louça suja e pôs o lixo para fora.

— E aí, Shane? Tá de folga hoje? — perguntou um vizinho aleatório. Um senhor bigodudo de, talvez, uns setenta anos.

— Não, senhor Brief. Meu trabalho começa às nove. Então eu aproveito para fazer um pouco de serviço doméstico.

— Deveria contratar uma empregada, jovem. Quer que eu te indique umas...

— Tchau, senhor Brief.

— Não me deixe falando sozinho!

Shane trancou a casa, pegou o seu carro na garagem e saiu vinte minutos antes das nove horas da manhã. Durante o trajeto, ficou ouvindo músicas da banda Guns N' Roses. Atravessou o Rio Potomac pela ponte e foi para o outro lado já na Virgínia.

CENTRAL INTELLIGENCE AGENCY

— Droga — resmungou ao ver que pegaram a sua vaga favorita no estacionamento. Teve que dar uma volta para pegar uma vaga sobrando.

O prédio da CIA se localizava do outro lado do rio. Numa localização estratégica e entre uma floresta. Milhares de servidores federais trabalhavam na sede da agência todos os dias. Do faxineiro ao diretor nomeado pessoalmente pelo presidente.

— Bom dia, Shane.

— Bom dia.

O rapaz passou por uma catraca numa entrada alternativa aos fundos. Um vigia armado deu boas-vindas depois de uma ausência de quinze dias.

— Parece que a moleza te pegou, rapaz.

— Quinze dias de férias e meu corpo fica mole. Odeio isso.

— Quem me dera ter férias, mas só no final do ano.

Shane passou por um detector de metais, colocou a pistola numa bandeja que logo passou por um raio-x. Levou os seus pertences até uma salinha que servia de vestiário, abriu o seu armário e trocou de pistola. Logo retirou a farda de vigia e vestiu uma camisa social branca com uma gravata preta. Saiu para uma porta vermelha que estava sempre trancada, pegou o seu cartão e entrou. Era um corredor branco. No final havia um painel com botões touchscreen e um espaço para pôr a palma da mão direita. Uma porta automática se abriu, revelando um elevador secreto.

SUBSOLO DA CIA - SUB-AGÊNCIA NEO

— Bom dia, tenente.

— Bom dia, Susan. E as crianças?

— Mandei pra mamãe passar um tempo com elas. Aqueles pestinhas me tiram do sério.

— Por isso eu só tive um.

— Aposto que você tem condições de fazer vários, não é? — disse a morena mordendo os lábios.

Shane riu daquela cantada e entrou na sala de operações. A verdade: Shane era um espião altamente treinado do departamento secreto Neo. Muitos dos seus amigos de vida social, inclusive Barbara, pensavam que ele era vigia do prédio da Agência Central de Inteligência. Uma meia-verdade, diga-se de passagem.

Ele passou pela sala e foi até o gabinete do seu capitão. Um homem negro, de mais ou menos cinquenta anos e lendo um livro apareceu sentado na cadeira e com os pés sobre a mesa.

— O homem consegue sair da espionagem, mas a espionagem não consegue sair do homem. Bem-vindo de volta, Shane.

— Chefe. Parece que foi séculos que fiquei de fora.

— Tá reclamando das férias? Muitos trabalhadores por aí fariam questão dessas duas semanas.

— Tá, foi legal ficar com a minha família...

— Mas...

— Mas fazer serviços domésticos, ir ao supermercado, ajudar o Junior a fazer a tarefa, isso não combina comigo. Tipo eu faço de vez em quando, mas toda hora?

— Ah, meu amigo, isso se chama casamento. Quando duas pessoas se juntam pelo laço do matrimônio, o sexo deixa de ser prioridade e vira apenas um detalhe. Deixa disso, garoto. Sua esposa merece muito mais.

— Tá certo.

— E hoje é o seu dia de sorte. Se quer mesmo trabalhar, venha comigo para a sala de reuniões.

Os dois saíram do gabinete, passaram pelo salão principal, caminharam por um corredor e entraram numa outra sala com porta de vidro. Uma mesa oval de vidro e com doze lugares era visível assim que entraram. Membros do exército americano, do departamento de Estado e da Justiça estavam todos reunidos. Um senhor de óculos, baixinho e meio calvo apareceu diante do capitão.

— Capitão Leo Langdon.

— Diretor Straussen.

— Hoje eu terei um almoço com o presidente Fox para tratarmos sobre os assuntos de espionagem russa e também sobre isto. — Ele entregou uma pasta vermelha com documentos ultrassecretos.

— Essas fotos são imagens de satélites de alguma base no oriente médio?

— Não. Essas imagens foram tiradas de uma ilha no Oceano Pacífico há uma semana, e aqui há duas semanas. Veja só como o terreno ficou devastado nesse período de tempo.

Langdon e Shane se sentaram e verificaram o conteúdo dos documentos. Um verdadeiro dossiê acerca de uma atividade secreta estrangeira.

— Isso parece ter sido causado por uma bomba nuclear.

— Exatamente. O Pentágono, o Congresso e o presidente já foram avisados. O almoço será na Casa Branca e traçaremos estratégias para resolvermos isso. Nossos espiões já nos passaram informações sobre atividades de um grupo miliciano-militar da Coréia do Norte que está tentando causar guerras no mundo todo.

— Esses caras são mancomunados com o ditador de lá? — perguntou Shane.

— Aparentemente não. Kim não é um homem que tente o terrorismo. Aquele baixinho só quer mesmo armas nucleares no seu país. Mas esses milicianos agem para acabar com a paz mundial. E pesquisas feitas nos trouxeram a única foto do sujeito por trás.

O telão mostrou o rosto do militar de alta patente que havia assistido ao teste nuclear.

— Este é o general Kyo Kapwann III. Esse senhor desertou do exército coreano e passou a morar em vários países do leste asiático. Achamos que ele comanda uma facção que faz de igual para igual com a Yakuza. O nome desse grupo é Ragnarok. A Ragnarok está em vários países e o seu lema central é o controle do Estado acima dos interesses privados.

— Hum. Já vimos que estamos lidando com um Mao Tsé-Tung 2.0. Isso quer dizer que eles são comunistas? — falou Shane.

— Sim. Porém a ideologia dele é muito radical. Esses caras apoiam até o que Stalin e Hitler fizeram. Esses sãos os tipos de caras que mereciam uma visita a Guantánamo. E bem... a má notícia é que eles têm uma fábrica de cocaína na América do Sul. Detectamos ações belicosas na Colômbia, num distrito longe de Bogotá, quase na fronteira com a Venezuela. Achamos que a Ragnarok esteja de parceria com essa fábrica de cocaína para conseguir revender armas que consegue no mercado negro. E então entra o segundo personagem principal: Ramón Valdez.

— O Rei da Cocaína — confirmou Langdon.

— Exatamente. O mesmo tem uma fazenda cheinha de coca pra dar e vender, 50 quilos por dia. O lucro mensal dele gira na casa dos milhões. Esse cara era um moleque no tempo do Pablo Escobar, hoje faz parte do cartel Los Manos. Vimos esta foto uns dois dias atrás. Ele com um cara asiático num restaurante da periferia da capital colombiana. Isso é estranho. Os colombianos guerrilheiros compram o armamento dos asiáticos e se armam na América do sul. Entretanto, não discutimos ainda com quem esses asiáticos conseguem essas armas.

— Provavelmente com russos ou milicianos do leste europeu. Possivelmente por mercados negros da África ou mesmo países que apóiam terroristas como o Irã, a exemplo. O fato é que alguém está fornecendo armamento nuclear da Guerra Fria.

— Brilhante, senhor Shane Walsh. Exatamente o que eu iria falar. Pela explosão detectada nos radares, foi uma bomba antiga. Talvez dos anos sessenta.

Langdon se levantou da cadeira, pôs as mãos na cintura e demonstrou preocupação sobre o uso desses arsenais. Para o diretor Straussen, o governo russo e Putin não tinham envolvimento.

— Vladimir Putin é um homem centrado. Não age com radicalismos. Já me encontrei com o embaixador russo e ele me garantiu categoricamente que o governo de lá abomina tais milícias, mas não descartam que certos arsenais estejam no mercado negro atualmente. E portanto precisamos de você, Walsh, para espionar essa fazenda de drogas na Colômbia.

Shane cruzou os braços e franziu o cenho. Para ele fazer o serviço de campo era a melhor coisa. Aceitou na hora.

— Tudo bem. Eu aceito. Esse será mais um caso complicado que eu pegarei com a Neo. Só quero uma condecoração e aumento salarial quando tudo terminar. E uma medalha dada pessoalmente pelo presidente vem muito a calhar.

Uma gota de suor desceu do rosto do diretor. Teve que assentir. De fato Shane Walsh era o melhor agente da CIA no momento.

Horas depois da importante reunião com o diretor da CIA, Shane resolveu malhar na academia da agência. No local havia aparelhos de musculação, ginástica, aeróbica e até um ringue de luta. No momento ele dava uma surra num saco de areia durante o seu treinamento de muay thai. Um dos seus colegas agentes também apareceu para malhar.

— Shane, amigão. Já estava ficando com saudades. — Um rapaz moreno e forte.

— Greg. Pois é, minha segunda esposa não aguenta ficar sem me ver. Como vai a família? — Foi malhar as coxas.

— Minha namorada quer casar, mas sei lá, bicho. Não sei se eu fui feito pra isso. Nem tenho trinta anos ainda. Como é a vida de casado?

— Rapaz, eu me casei cedo com a Barbara. Eu tinha por volta dos vinte e cinco e ela uns vinte e dois. Ainda me lembro que ela entrou na igreja grávida do Shane Junior, o reverendo fazendo as preces, o coral cantando... Não tivemos noite de núpcias pois ela já estava grávida. Hoje eu me arrependo de ter casado naquela época.

— Caralho, é mesmo? Se a Barbara te ouvisse...

— Eu nunca disse isso a ela pois a amo. Mas se fosse pra escolher viver solteiro até os trinta e cinco, eu viveria.

Greg acompanhou o amigo no treinamento.

...

CASA BRANCA — ALA OESTE

Straussen e sua equipe se encontraram com o presidente republicano americano William B. Fox. O senhor de setenta e dois anos, alto e com cara de fazendeiro branco vindo do Texas. O velho presidente já no seu segundo e último mandato vem liderando uma rede de investigação internacional juntamente com o Reino Unido e França contra facções que compram ou vendem armas no mercado negro.

— Senhor presidente, temo que sejam armas de fabricação russa.

— Duvido, porém, que o governo russo tenha envolvimento. No encontro do G20 o presidente russo deixou bem claro o descontentamento com o que ocorre. Os russos também negam que a Coréia do Norte esteja por trás disso.

— Qual o próximo passo, diretor? — perguntou o general secretário de Defesa.

— Enviaremos um espião para se infiltrar neste local amanhã mesmo. O governo de Bogotá vai nos dar auxílio. Só precisamos do seu aval.

O presidente Fox cruzou os braços e se encostou na Mesa do Resolute. Deu autorização para o serviço de espionagem em outro país, também o general, o secretário de justiça e o vice-presidente assentiram.

...

Barbara esperou o marido desde as 17 horas daquele dia. Ficou feliz por ver o esposo de volta tão cedo sem que precisasse ficar na sala até meia-noite esperando. Shane inventou uma desculpa esfarrapada para se explicar de uma possível ausência no dia seguinte.

— Estou tão feliz por estarmos jantando juntos numa segunda-feira. Quer mais salada?

— Não, obrigado. E como foi o trabalho na escola, querida?

— Foi bem. Fiquei triste porque uma professora colega minha se divorciou porque o marido mentiu a vida inteira pra ela.

Shane engoliu quase à força a comida. Teve que beber uma taça de água pra poder digerir literalmente. Junior ficou só observando as reações do pai.

— E o que ele fazia?

— A traía com outra mulher.

— Ainda bem...

— Quê?

— Ainda bem que ela largou desse cara. Tipo, um casamento é algo sério.

Junior sorriu enquanto ouvia o pai falar. Terminou de comer e foi correndo para o quarto.

— Eu dei o empurrãozinho para ela fazer isso. Abomino homens que enganam as suas mulheres. Casamento é coisa séria e não pode haver segredos. Não é, amor?

— É sim, amor... hehehe. Agora pode ir que eu vou lavar a louça.

Barbara deixou Shane sozinho na mesa. O espião mandou mensagens criptografadas pelo celular para Langdon acerca da operação do dia seguinte.

A noite foi intensa para o casal Walsh, principalmente quando o casal estava bem "disposto".

 

ARLINGTON, VIRGÍNIA

Na manhã seguinte, o capitão Leo Langdon ajeitava o nó da gravata azul enquanto se arrumava para mais um expediente na Neo. A sua esposa, uma executiva bastante respeitada, ajudou o marido a colocar os documentos na pasta.

— Hoje a operação se inicia. Deseje-me sorte.

— Espero que consiga tudo, meu bem. Você dá a sua vida por esse departamento. Espero que aquele idiota do Straussen, capacho do Fox, te dê algum mérito.

— Vivian, eu te disse que você fica mais bonita brava? Não precisa falar nesse tom. Eu também sou pró-democrata e ver republicanos dominando a agência me deixa muito... pra baixo. Mas vou levando a vida pois o presidente, mesmo um fazendeiro do Texas, continua sendo o meu chefe. Nos entendemos muito bem.

Vivian, além de executiva, era uma fervorosa eleitora democrata. Um exemplo de superação para os afrodescendentes americanos, nasceu na extrema pobreza e hoje é de classe média alta. Tudo pelos esforços do seu estudo e trabalho.

A senhora Langdon terminou de arrumar o seu cabelo crespo, amarrando-o para trás e saiu do quarto. Langdon terminou de se arrumar na sala do apartamento.

— Oi, pai — disse uma jovem morena, na casa dos seus vinte anos. Era a filha única do capitão.

— Oi, filha. Vai mais tarde para a faculdade?

— Sim. Tá bonito. Ah, seu amigo, o bonitão, está esperando pelo senhor lá no térreo. Um show de homem.

— Vanessa! Tá, tchau.

Leo desceu pelo elevador e foi ao térreo do prédio. Shane Walsh esperava-o para uma carona. O capitão havia aceitado na noite anterior pois o seu carro fora para oficina por causa de uma batida que deixou a lataria amassada.

— Preparado pra hoje?

— Claro, chefe.

— Barbara fez muitas perguntas sobre o seu trabalho?

— Ela me assustou um pouco ontem. Tenho até medo de um dia ela descobrir que sou espião da CIA e que já matei.

— É dureza, colega.

 

Deu uma crise de espirradeira em Barbara no momento em que ela dirigia o carro para a escola. Depois deu uma coçada na orelha.

— Que foi, mãe?

— Sei lá. Alguém deve estar falando de mim.

 

Shane deu uma dobrada em uma rua e já quase se aproximavam da agência.

— E por que a tua mulher sabe da verdade e a minha não? Isso é injusto.

— Meu jovem, eu trabalho pro governo desde Ronald Reagan. Quer comparar meu tempo com o seu? Pois bem, foram doze anos para Vivian saber da verdade. Também demorou. Um dia a Barbara aceitará a verdade.

— Sinto que ela vai me matar nesse dia — disse com calafrios.

Shane estacionou o carro em sua vaga e ambos saíram. O capitão entrou pela entrada principal enquanto o espião foi pela entrada dos fundos. O mesmo procedimento de sempre e já estava na NEO.

— Oi, Shane.

— Oi, Susan.

— Boa sorte, meu amor — a mulher deu uma piscadela para o rapaz. Ele deu um sorriso tímido.

Leo Langdon fez uma reunião de emergência no salão de convenção. Cerca de vinte agentes da CIA escutavam e viam a estratégia para a missão. Shane foi convocado, sozinho, para uma missão na Colômbia enquanto a maioria foi designada para outras partes do planeta, e dois para espionar dentro do próprio EUA.

Greggory Raysman, o colega de Shane, ficou de fora das missões. Ultimamente ele estava na parte administrativa.

— Agora começa a parte boa. Shane, amigo.

— Danna. Também estava de férias?

Uma mulher parda, com cabelos bem curtos e vestida num uniforme militar. A amiga da época em que Shane começou a trabalhar na agência.

— Não, estava numa missão. Agora eu também fui designada para uma missão, mas eu irei ao Japão.

— Caramba. Eu queria um dia conhecer lá. Quem sabe, não é?

— Pois é. Foi bom te ver mais outra vez. Mande um abraço na Barbara por mim.

Langdon mostrou mapas, fotos de satélites e memorandos aos agentes que participarão no trabalho. Todos estavam cientes do perigo, assinaram um documento reconhecendo os riscos.

13:00

Um helicóptero militar recebeu os agentes para uma ida ao aeroporto Ronald Reagan e pegarem seus voos secretos para os seus destinos. Shane ainda usava uma roupa social quando embarcou no avião com uma outra identidade.

— Victor Green. Que ótimo.

O avião pegou o voo para o sul da américa central.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. S2



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "W.a.l.s.h" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.