Heartless Vessel escrita por Nammyee


Capítulo 1
PRÓLOGO




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PRÓLOGO

HIKARI

                Naquele universo escuro, a única coisa que existia era um chão com um enorme vitral colorido dando vida a diversas pessoas. Iluminando e afastando as trevas que persistiam.

No começo, uma pequena bola de luz surgiu. Timidamente começou a crescer, ganhando uma forma mais humana.

                Diante dessa pequena luz, uma figura de capuz e sobretudo negro a encarava. Não conseguia ver seu rosto, mas por algum motivo, conseguia ouvir a voz dentro de sua cabeça.

Não deve ter problema se eu ficar aqui um pouco, não é mesmo?

A sensação era tão estranha, por um momento parecia que tudo estava bem e agora era um completo caos.

Sempre havia estado ali, não tinha motivos para sair, entretanto, uma nova pessoa havia chegado e agora estava sendo expulsa do local que tanto amava.

Uma voz em seu interior gritava “Não me mande embora! Deixe-me ficar mais um pouquinho!” Mas era inútil, quanto mais implorava, mais se afastava da sua casa.

                Não podia enxergar, sequer ouvir, que dirá falar, mas tentava de todas as formas externar seus sentimentos. Em vão.

                Antes mesmo de conseguir algo, sentiu seu corpo ganhar vida; nunca havia tido um, não sabia como era ter pernas para correr. Nada adiantaria, estava sendo lançada para longe, para o espaço ao que parecia.

O desespero tomou conta, mas uma voz falava dentro de sua cabeça, como tentasse acalmá-la. Era o homem de vestes negras.

Pobre criatura, desprovida de corpo.

Não era bem isso que eu queria, mas não há outra forma de colocar os eventos em ação.

Tentou alcançar o estranho, mas seu corpo foi arremessado para longe e figura acabou se tornando apenas um ponto pequeno.

 Uma luz invadiu seu campo de visão, novas sensações tomaram-lhe o corpo e de repente viu-se em queda livre em um mundo completamente desconhecido.

Podia ver agora! Seu coração chegava a doer com tantas sensações diferentes, tantas coisas a serem vistas que a deixavam tonta.

Estava caindo em uma cidade ao que parecia, havia um belo castelo ao horizonte, mas não sabia dizer onde era. Era tudo familiar e ao mesmo tempo, novo.

Tinha a certeza de que já havia visto aquele cenário em outro momento, mas tudo estava confuso e a queda complicava ainda mais, não conseguia pensar direito com tantas coisas acontecendo.

                Quando pensou em se proteger da queda, seu corpo perdeu a velocidade e gentilmente flutuou até o chão.

Suas mãos tocaram o solo de granito e seus olhos azuis, num tom escuro, buscaram alguma figura que a trouxesse respostas sobre o que estava acontecendo.

Ainda estava se sentindo perdida, expulsa daquilo que lhe era mais importante. Assustou-se quando viu lágrimas escorrendo pela sua pele rosada, tocou nelas e na curiosidade as provou.

Eram salgadas mesmo, pareciam algo como... como era mesmo?

Desculpe-me por isso, pobre criatura.

A única coisa que posso fazer é dar-lhe um corpo para que possa viver.

 

                Sua chegada havia criado certa comoção na cidade, várias pessoas se juntavam ao seu redor. Muitas tentavam entender o que havia acontecido, mas nem todas pareciam surpresas.

Um homem correu ao seu lado e retirou a capa negra que usava, cobrindo-a.

— Ela está sem roupas, o que espera que eu faça? – Ele questionou a uma mulher ao seu lado.

                Cloud. 

                Ela sabia seu nome, mas não conseguia explicar o por que. Apenas sabia quem ele era, assim como Aerith que estava ao seu lado.

                Aerith se ajoelhou diante dela e sorriu meigamente e isso foi o suficiente para que seu corpo relaxasse imediatamente.

Os cabelos castanhos, desgrenhados, caíam sob seus olhos. Ela tentou ajeitá-los em vão, estava longo demais.

— Você está bem? – Aerith perguntou. Ela ajeitou a capa escura a fim de cobri-la completamente.

— A-Acho que sim. – Ela respondeu. Surpreendeu-se com a habilidade da fala, era a primeira vez que havia conseguido dizer algo na vida.

                Um pequeno sorriso formou-se em seus lábios, tão pequenos porém rosados.

— Quem é você? – Cloud indagou. Não havia malícia na pergunta, ele parecia ser uma pessoa bondosa.

                Quem sou eu?

                Nunca havia existido somente ela, sempre fora outra pessoa. Não sabia responder a esta pergunta, sequer sabia seu nome.

Abaixou a cabeça, tentando procurar um nome, mas nada surgir a sua mente.

— Ela deve ter perdido a memória. – Aerith murmurou.

                No meio da comoção, um rapaz se espremeu entre os curiosos e abriu caminho para se aproximar da dupla que a abordara. Era Leon.

Da mesma forma que sabia o nome dos dois, Leon surgiu em sua mente instantaneamente. O homem taciturno, porém de bondade infinita a encarava com surpresa.

— Não é todo dia que uma pessoa cai do céu. – Leon comentou, ele suspirou e balançou a cabeça. Seu olhar buscou o de Aerith. – Quer dizer, sabemos quem costuma fazer isso. Eles estão por aqui também?

— Sora e os demais estão em missão, pelo menos foi o que ouvi de Kairi. – Aerith disse. Suas palavras não faziam muito sentido. –  Somente ela surgiu.

— Dificilmente. – O guerreiro loiro emendou, Cloud não a olhava diretamente. – O que iremos fazer?

                Aerith tocou no ombro da jovem o e a encarou, sem perder o sorriso.

— Não sabe qual é seu nome, não é mesmo?

                Ela assentiu com a cabeça.

— Bem, vou te levar para a nossa casa, colocar roupas em você e depois iremos descobrir de onde veio. – Aerith comentou de forma empolgada. – Não podemos simplesmente deixá-la ao relento!

                A garota sorriu. Apesar da aparência frágil, se ergueu e imitou os movimentos de Aerith fazendo-a rir.

— Nenhum osso quebrado, já é um bom sinal. – Leon esboçou um pequeno sorriso de canto e se afastou, para que a desconhecida pudesse andar com liberdade.

                Muito magra, podia-se ver os ossos saltando de suas clavículas. Não era uma magreza de doença, mas podia-se notar que já havia visto dias melhores.

Leon e Cloud se entreolharam por alguns momentos antes do primeiro abrir a boca.

— Tem alguma ideia de onde veio?

                Novamente ela balançou a cabeça em negativa com vigor, energia era o que não faltava.

— Mas o mais importante é termos um nome para te chamar, depois podemos descobrir o que aconteceu. – Aerith continuou. Ela colocou as mãos na cintura e curvou ligeiramente a cabeça para o lado. – Tem alguma ideia?

                Novamente, abaixou sua cabeça.  

— Hikari.

                Aerith olhou para Leon, surpresa. O rapaz estava de costas, porém ela e a desconhecida puderam ver o rosto do rapaz.

— De onde tirou isso? – Aerith indagou.

— Parecia uma estrela cadente quando caiu, uma luz.  – Ele justificou encabulado.

— Oh, agora que disse. – Ela concordou.

— Enfim, leve-a para a casa e cuide dela. Há muitos Heartless em Radiant Garden ultimamente.

                Cloud se afastou da multidão que continuava a aumentar e desapareceu sem dar mais nenhuma palavra, Leon o seguiu.

Aerith apenas suspirou e se voltou para a garota que havia acabado de cair do céu.

— O que acha de Hikari, hm?

                Ela contemplou por alguns momentos e em seguida assentiu com a cabeça, não estava acostumada a falar, então sua voz ainda lhe soava estranha.

— Hik... Hikari. – Tocou no próprio peito, um belo sorriso se formou em seu rosto. Uma inocência que Aerith há muito tempo não via.

— Hikari. – Aerith sorriu. – Muito prazer, meu nome é Aerith!

Pobre criatura, desprovida de corpo.

                 Um mero coração, sem um recipiente para preenchê-lo.

 


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