Laços de Amor escrita por Lelly Everllark


Capítulo 2
II. O maior amor, a maior confusão.


Notas iniciais do capítulo

Voooooltei, fiquei tão feliz de conseguir terminar o capítulo hoje!! :)
Então, esse capítulo eu simplesmente não podia deixar de escrever simplesmente por que se não for para transformar uma coisa importante em uma enorme confusão a Elisa nem sai de casa Kkkkk
Espero que gostem, não sei quando volto, mas vou voltar com certeza!! ♥
BOA LEITURA!! :3



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/758911/chapter/2

— Por que não posso ajudar Chloe com o negócio? - pergunto pela milésima vez como uma criancinha birrenta que não consegue ouvir um não.

  - Por que está grávida, Elisa - Anthony responde simplesmente levando sua caneca de café aos lábios. Ele está sentado em um dos  bancos da bancada da cozinha e eu estou andando pra lá e pra cá a sua frente tentando fazer Noah se acalmar dentro de mim.

  - Gravidez não é doença - tento uma última vez e Anthony fica de pé e me beija antes de seguir para a pia para lavar sua caneca.

  - Quando se está de quase nove meses é sim.

  - Ainda faltam duas semanas para a data que a Dra. Stuart previu, uma conferência por vídeo não iria me matar!

  - Você está de licença, então é repouso até Noah nascer.

  - Você é um monstro horrível e sem coração - reclamo me virando e seguindo para a sala a fim de me afundar no sofá agora que Noah parou de chutar minhas costelas.

  Me sento no sofá e Anthony se junta a mim minutos depois. O moreno me abraça e põe uma mão sobre minha barriga, encosto minha cabeça em seu ombro.

  - É estranho estar silêncio assim, principalmente num sábado - meu marido comenta divertido. - Me desacostumei a não ter barulho nessa casa.

  - Achei que gostasse, Bonitão - provoco e ele sorri.

  - Gostava, no passado. Um muito distante onde eu não tinha você nem dois filhos barulhentos. Onde Helena disse que os levaria, mesmo?

  - Ao zoológico - digo sorrindo. - Ela é louca. Levar quatro projetinhos de gente àquele lugar lotado? Não obrigada.

  - Você é uma mãe horrível, sabe disso, né? - ele pergunta achando graça e dou de ombros.

  - Horrível não, realista. Mas se está achando ruim, vai você com eles. - Eu não estava com humor para sentir piedade de ninguém além de mim nos últimos tempos.

  Anthony gargalha e sorrio um pouco mais o beijando. Mas nosso pequeno momento é interrompido pelo toque do seu celular. Ele suspira pegando o aparelho.

  - É o seu irmão.

  - Se ligou pra você e não pra mim, deve ser coisa da empresa. Atende, depois a gente continua.

  Ele sorri, me dá um último beijo e vai em direção ao escritório enquanto atende a ligação. Eu sei que Anthony está se desdobrando para estar comigo e cuidar de tudo lá na empresa ao mesmo tempo, e só consigo o amar ainda mais por isso. Nessas últimas semanas ele tem feito tudo o que pode de seu escritório aqui em casa só para não me deixar sozinha, se existe homem mais lindo e atencioso, eu desconheço.

  Quando ele volta, tem uma expressão irritada no rosto.

  - Eu saio por um dia e eles conseguem ferrar um contrato inteiro - ele diz passando a mão pelos cabelos e me encarando. - Miguel está nesse instante tentando fazer com o que não sejamos processados, e isso tudo por causa da droga de uma cláusula que eu disse mais de mil vezes que devia ser tirada do contrato.

  - Vá até lá - digo me levantando com dificuldade do sofá e indo até ele.

  - Você precisa de mim e eles dão conta - seu olhar diz exatamente o contrário.

  - Eles não dão conta, Miguel precisa de ajuda e aquela mosca morta da Kelsy não serve pra muita coisa além de me irritar. Por que mesmo que ainda não a demitiu?

  - Por que ela foi a única que deu conta do serviço, tem quase seis anos que trabalho com ela, Elisa. Vai ter que aceitar uma hora ou outra que ela é minha secretária.

  - Nunca. Até por que ela parece se esquecer às vezes que eu sou sua esposa.

  - Não vamos começar com essa conversa outra vez, eu preciso fazer algumas ligações.

  - Você precisa é colocar seu terno e ir até lá arrumar a bagunça que fizeram.

  - Mas e você? Jane saiu, não posso te deixar sozinha - ele diz como se eu fosse uma criança que precisa de babá. Sorrio da sua preocupação e lhe dou um selinho.

  - Eu vou ficar bem, Jane só foi ao supermercado e já deve estar voltando e não vou morrer se passar algumas horas em paz.

  Ele sorri e ajeita uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

  - Tem certeza, Raio de Sol?

  - Tenho, Bonitão.

  Ele assente por fim, mesmo que ainda não pareça convencido e segue em direção às escadas. Volto a me sentar e pego o controle da TV, acho que essa é uma ótima oportunidade de colocar as séries em dia. Anthony volta uns dez minutos depois com o costumeiro paletó preto, sua pasta em uma das mãos e o celular na orelha enquanto grita com alguém.

  - Não me importo com quem fez essa merda, isso eu resolvo depois, só descubra um jeito de concertá-la. Sim, estou indo para aí, chego em meia hora - diz e desliga na cara de quem quer que seja, provavelmente Kelsy, ele geralmente grita muito com ela quando está nervoso. O que acontece pouco para a minha tristeza. Ele guarda o celular no bolso e me olha sorrindo. - Tem certeza que vai ficar bem?

  - Tenho, vai lá arrumar a bagunça desse povo.

  - Amo vocês, vou estar com o telefone, qualquer coisa me liga.

  - Também te amamos e espero não ter que ligar.

  - Eu também espero - ele se curva, me dá um beijo rápido e toca minha barriga. - Cuide da mamãe garotão, eu não demoro. - Noah como o esperado se alvoroça todo sob o toque do pai.

  - Ele está dizendo que vai cuidar, pode ir - digo e Anthony me beija uma última vez antes de finalmente sair.

  Olho em volta e não vejo ninguém. É estranho estar sozinha em casa, eu sempre tive companhia, principalmente nesses últimos meses, estar sozinha é mesmo estranho, até por que tia Cassy cumpriu sua promessa de anos atrás, não saiu do meu lado desde que Anthony ligou para ela há vários meses. Saiu agora para paparicar a pequena Becca, Rebecca, a filha de Dan e Cait nasceu há uma semana e é a coisa mais fofa com seu punhado de cabelo escuro. A única injustiça disso tudo é que só pude vê-la uma única vez nesse meio tempo e sob protestos de todos os lados.

  Não sei por que de toda essa comoção, a gravidez de Noah foi muito mais tranquila que a dos gêmeos, Anthony não se envolveu em nenhum acidente tentando me matar do coração e eu não terminei ilhada em nenhum estacionamento de supermercado por causa de desejos no meio da noite, até por que, agora eu tinha um marido lindo pra isso. Então visitar Becca não precisava ser um problema de vida ou morte, mas era, com uma família como a minha, era sim.

  Estava prestes a começar o terceiro filme de Exterminador do Futuro quando o interfone tocou. Nunca desejei tanto alguém em casa para que eu mandasse atendê-lo por mim. Levantei mesmo que não quisesse e fui até ele. Era Lena no portão me mandando parar de enrolar e deixá-la entrar logo de uma vez. Minha cunhada continuava um amor de pessoa.

  Assim que abri a porta fui recebida por uma enxurrada de crianças falando todas ao mesmo tempo.

  - Mamãe a gente viu a girafa e o elefante - Drew foi falando antes mesmo de terminar de entrar.

  - Tinha leão e tigue, tia! - Manu grita animada e sorrio, Analu fala sem parar sobre as borboletas e Matt não para até listar a cor de todas as cobras que viram.

  - São todos seus - Lena diz quando os pequenos param para tomar fôlego.

  - Como é? Você não ia ficar com eles o dia todo hoje?

  - Ia, do verbo não vou mais porque o gato da neta do dono da clínica foi atropelado e eu vou ter que operar. Lá se vai o meu sábado de folga. Cadê as pessoas dessa casa? - ela pergunta olhando em volta.

  - Tony foi para a empresa resolver um problema e Jane foi ao mercado com Marco há uma vida atrás e talvez voltem hoje.

  - Maravilha, você não está sozinha. Cuida deles, por favor. Te amo - ela nem mesmo espera uma resposta, só beija o filho, dá um tchau coletivo e sai me soprando um beijo.

  Me viro para os quatro projetinhos de gente parados a minha frente, eles me olham com expectativa, acho graça dos seus olhinhos curiosos e acabo sorrindo.

  - O que acham de brincarmos no jardim? - pergunto e eles gritam comemorando, e antes mesmo de responderem já estão correndo para o lado de fora de casa. Me limito a suspirar e desligar a TV antes de segui-los porta a fora.

  Quando finalmente chego ao jardim, eles já engataram em uma brincadeira envolvendo princesas, piratas e ao que parece, um macaco gigante. Me sento no balanço de madeira cheio de almofadas colocadas ali única e exclusivamente para mim. Sorrio os observando e poderia fazer isso pelo resto da vida, pelo menos até Noah reivindicar atenção com um cutucão bastante forte. Ele se remexe mais algumas vezes me fazendo xingar baixo para que os pequenos que brincam distraídos não me ouçam. Depois de desistir de acabar com minhas costelas ele finalmente se acalma e eu entro no mais puro tédio. Ver as crianças brincando e responder quando me perguntam alguma coisa é legal, mas eu queria mesmo era correr com elas. Estar grávida é incrível e mágico, mas também é uma droga.

  - Desculpe meu amor, não é você, sou eu - digo olhando para minha barriga. - Eu te amo, Ok? Só estou muito irritada com todo mundo, por que eles acham que vou quebrar se fizer alguma coisa, só pode.

  Meu celular toca ao meu lado e sorrio ao ver o nome na tela.

  - Oi mais nova mamãe, como está?

  - No tédio. Becca dormiu e Dan que disse que ia ver um filme comigo agora, dormiu também. Sua tia é um amor e acabou de sair daqui. Odeio não poder sair de casa. — Caitlin lista reclamando como uma adolescente e acho graça, mas entendo o sentimento.

  - Pelo menos você tem um adulto para conversar, eu nesse momento além de presa em casa estou com quatro projetinhos de gente. Você sabe onde tia Cassy foi?

  - Adulto o Dan? Não sei onde. Fora que ultimamente não tem como conversar a sério com ele, tudo ele responde com aquela vozinha ridícula que usamos para falar com bebês. “Quem é a princesinha do papai?” — ela faz uma imitação ruim do marido e acho graça. - Cassandra disse que ia encontrar a Helena, e como assim você virou babá? Cadê ela?

  - Fugiu na primeira oportunidade e largou todos eles aqui. Ela foi operar um gato ou coisa assim. Tia Cassy vai dar viajem perdida então.

  - Desculpas — ela diz divertida a respeito de Lena e concordo.

  - Definitivamente desculpas - Noah se mexe e seguro a barriga tentando amenizar a dor. - Ai. Vai com calma aí, filho.

  - Tudo bem, Lisa? — Cait pergunta do outro lado da linha parecendo preocupada e levo um minuto para respirar fundo depois da dor ir embora.

  - sim. É só o Noah que resolveu passar a manhã dando cambalhotas na minha barriga.

  - Tem certeza que seu filho não está nascendo? — ela pergunta e acho graça.

  - Acredite, se ele for fazer uma entrada triunfal como a dos irmãos eu vou saber quando ele estiver vindo - comento acariciando a barriga e sorrio olhando os pequenos brincarem mais adiante, Manu e Analu agora estão no meio de uma luta com espadas enquanto os meninos disputam o que deve ser uma corrida. - Tenho certeza que estou bem.

  - Isso é ótimo. O preguiçoso do meu marido acabou de acordar então acho que vou aproveitar que a Becca ainda está dormindo.

  - Quarenta dias - cantarolo e quase posso vê-la fazendo uma careta.

  - Por que o resguardo tem que durar tanto tempo?

  - aí uma ótima pergunta. Mas vai lá com seu marido, beijar ainda é permitido.

  Ela ri, diz que Dan me mandou um beijo e desliga logo em seguida.

  Passo a próxima meia hora me sentindo desconfortável e vendo os pequenos brincarem, de onde é que vem tanta energia? Eles estão no meio de uma discussão animada sobre gatos e cachorros quando sinto uma pontada forte na barriga e fico de pé, está aí um assunto que sempre causou divergências, principalmente por que Analu é alérgica a pelo de animais. Ela e Matt são a favor dos cachorros, Drew e Manu dos gatos, nenhum deles tem qualquer animal de estimação, mas isso não os impede de brigar por isso não é?

  Ainda estou sorrindo os olhando quando Noah reivindica atenção mais uma vez, a dor me faz soltar um palavrão e eu atraio a atenção das crianças, me agarro ao balanço onde estava sentada segundos atrás e os quatro projetinhos de gente me olham curiosos.

  - Mamãe, a senhora bem? - é Analu quem pergunta, ela é sempre a primeira a notar as coisas, sempre a líder do grupo. Tento sorrir.

  - ótima meu amor, não se preocupe - digo entre dentes sentindo outra onda de dor. - Vamos Noah, colabora com a mamãe.

  - Meu irmãozinho nascendo? - Drew pergunta se aproximando e os outros fazem o mesmo.

  - Não Drew, ele não... - me interrompo segurando minha barriga e sentindo a balsa estourar. Sério isso universo, agora?

  - Mamãe? - Analu chama e estou com medo de me mexer e começar a gritar ou quem sabe chorar na frente deles. Nenhuma das duas é uma boa alternativa.

  - Tia Lisa? - Matt me olha curioso e não sei o que fazer.

  - tudo bem – repito, não sei bem se tentando convencer a mim ou a eles. Outra contração vem e eu mordo o interior da minha bochecha para evitar soltar um palavrão. – Tinha que ser agora, Noah?

  - Mamãe, meu irmãozinho fazendo bagunça dentro da sua barriga, é? – Analu quer saber e sorrio para minha princesinha guerreira.

  - Está sim, meu amor. Uma bagunça enorme, vamos entrar? – os chamo pegando o celular e seguindo para dentro a passos lentos. Inspira e espira, inspira e espira, vou repetindo mentalmente enquanto tento manter a dor sob controle e não assustar os pequenos que me seguem de perto e calados, calados de mais para ser considerado normal. Eles são inteligentes o suficiente para entender que tem alguma coisa errada. – Não se preocupem, Ok? Eu só vou ligar para o papai da Analu e do Drew. Vão assistir TV.

  Sei que não os convenci, mas não insistem, eles não ligam a TV e ficam me encarando, mordo o lábio quando sinto outra contração e me apoio no encosto do sofá. Anthony, eu preciso avisá-lo, que ideia foi essa de sair logo agora? Ah é, fui eu quem o mandou ir. Maravilha. Pego o celular e instantes depois já está chamando, chama, chama e continua chamando, mas ele atender que é bom nada.

  - Claro – ironizo, se ele me atendesse não seria o Bonitão. Decido lhe deixar uma mensagem bem paz e amor. – Seu filho está nascendo, se quer conhecê-lo antes dele chegar à faculdade é melhor me atender logo seu idiota!

  - Tia Lisa? – a voz assustada de Manu me lembra dos pequenos ali, isso só me faz querer bater mais em Anthony, é tudo culpa dele eu estar aqui tendo que ser forte para não fazer as crianças chorarem quando eu só queria gritar e xingá-lo em paz. Idiota!

  - Eu só estou brincando com o titio, Ok? Não precisa se preocupar, eu... – me interrompo respirando fundo depois de mais uma contração desejando mais que tudo enfiar minhas unhas na cara de Anthony. – Ligar para o tio Miguel – digo entre dentes.

  Pego o celular e ligo, mas assim como o celular do meu marido, chama até a ligação cair e meu irmão não me atende. Reunião, eles devem estar em reunião e é claro que desligaram a droga do celular. Tento Lena, mas o gato atropelado me vem à mente e quero chorar, ela deve estar operando. Tia Cassy não tem a droga de um celular e nem mesmo Chloe e Mike podem me ajudar, eles também estão tratando de negócios.

  - Uma ambulância – anuncio para ninguém em particular uma vez que os pequenos todos se sentaram no sofá e estão me vendo caminhar pra lá e pra cá desde que comecei a tentar falar com qualquer alma viva que pudesse me ajudar, mas como o esperado, ninguém pode. Estou prestes a ligar para a emergência quando me lembro da outra ex-grávida com quem falei algumas horas atrás.

  - Oi Lisa, muito tédio? — ela pergunta divertida quando atente e eu só falto chorar de alívio.

  - Graças a Deus! Eu estou... – me interrompo apertando com mais força o celular quando uma contração particularmente forme me atinge.

  - Lisa? — a voz da morena soa preocupada e eu respiro fundo tentando me acalmar. – Elisa, pelo amor de Deus, você está bem?

  - Não! Eu definitivamente não bem, Noah vai nascer e eu continuo sozinha com as crianças.

  - Ai meus Deus! — ela exclama. – Você está em trabalho de parto?

  - Uhum – meio concordo meio gemo. – Você pode achar alguém para me ajudar?

  - Como é?

  - Carona – respondo com dificuldade. – Carro, ônibus, táxi, ambulância, bicicleta, qualquer coisa. Eu preciso chegar a clinica e o inútil do meu marido não me atente. Isso é tudo culpa dele!

  - Espera. Você está mesmo sozinha? Eu achei que...

  - Caitlin! – rosno e ela se cala. – Ajuda, por favor.

  - Dan, a Elisa precisa de ajuda! Vá até a casa dela, agora!— a escuto gritar. – Noah, vai nascer, anda logo! Eu sei lá onde está o Tony, só cala a boca e vai! — não consigo escutar a resposta do moreno, mas escuto uma porta bater e sorrio. – Pronto, ele já está indo. Não sei se vai ser de muita ajuda, mas é o que posso fazer agora.

  - Te amo, sério – digo apertando o encosto do sofá, respiro fundo outra vez e recomeço a andar.

  - Boa sorte, quer continuar no telefone até ele chegar?

  - Agradeço, mas não, tenho que falar com as crianças, definitivamente as estou assustando. Obrigada!

  - Vou continuar ligando pra todo mundo.

  - Por favor, e se o Anthony atender o mande para o inferno – peço e a ouço gargalhar.

  - Pode deixar.

  Ela desliga e me viro para os pequenos que me olham com um misto de curiosidade e medo.

  - Mamãe, o meu irmãozinho vai nascer agora? Eu escutei você falando com a tia Cait – Analu diz e quero abraçá-la, e o faria se eu conseguisse me abaixar.

  - Vai meu amor, ele vai nascer, mas não agora, vai ser lá na clinica que a gente foi, se lembra? – pergunto e ela faz que sim, Drew também concorda. – A Dra. Stuart vai me ajudar a tirá-lo da minha barriga.

  - Isso é muito legal, por que a senhora gritando? – Matt pergunta me olhando curioso e quero mordê-lo.

  - Não é nada, eu só... – uma pontada me faz curvar para frente e decido que vou chamar uma ambulância se Dan não parecer em cinco minutos, talvez eu já devesse tê-la chamado. Onde está tia Cassy que disse que não sairia do meu lado uma hora dessas? E Jane que só tinha ido ao mercado, cadê?

  Uma eternidade, é o que parece passar até que escuto o interfone, talvez tenham sido só alguns minutos, mas entre tentar ficar calma, respirar e não assustar as crianças, não sobra muito tempo para ter certeza se Dan demorou ou não. Ele surge em minha porta de bermuda, camiseta e olhar assustado.

  - Você está...

  - Se você terminar essa frase juro que te dou um soco – rosno tentando respirar fundo e ele vem até mim sorrindo.

  - Se ainda consegue me ameaçar deve estar ótima, vamos para a clínica e... Onde estão suas coisas?

  - No andar de cima.

  - Ok, eu busco e nós podemos partir.

  - Isso é ótimo, preciso mesmo de uma anestesia. Mas e as crianças?

  - Quê? – ele me olha sem entender quando recomeço a andar e paro um minuto apontando os projetinhos de gente no sofá.

  - Essas crianças, seus sobrinhos, se lembra? – pela sua cara de surpresa ele não se lembrava.

  - Por que elas estão aqui?

  - Lena, gato, cirurgia... – é como resumo a história antes de apertar seu braço depois sentir uma contração, Dan me olha ainda mais perdido e quero chorar. Tinha mesmo que terminar assim?

  - Elisa eu é... – ele não sabe o que fazer e nem eu pra ser honesta.

  - Só cala a boca e faz alguma coisa! – grito meio histérica, eu provavelmente assustei as crianças, mas não posso fazer nada a respeito agora.

  - Fazer o que? Nem cabe todo mundo no carro!

  - Eu sei lá, só...

  - Raio de sol? Que barulheira toda é essa? – tia Cassy surge na porta sorrindo como se eu não estivesse surtando aqui há mais de meia hora sozinha. Marco e Jane estão com ela. – Eu os encontrei no supermercado, não é incrível? Elisa? – ela me chama quando não respondo, estou com as unhas enfiadas no braço de Dan que parece querer chorar de dor e eu nem consigo me sentir mal por isso, não tem ninguém com mais dor que eu nesse momento.

  - Sra. Whitmore? – Jane chama e eu respiro fundo antes de encará-la. – Está tudo bem?

  - Noah... Está... Nascendo – digo entre uma respiração e outra. E se antes a coisa já estava uma confusão, agora tinha virado um pandemônio. Tia Cassy e Jane começaram a falar ao mesmo tempo e andar pra lá e pra cá, Dan parecia mais perdido que cego em tiroteio tentando cumprir as ordens das duas senhoras e eu já estava cheia de toda essa confusão.

  - Marco – chamei o senhor que um instante depois estava ao meu lado.

  - Senhora?

  - Você pode pegar minhas coisas e as de Noah lá encima e me levar ao hospital?

  - Claro, mas e sua tia, o senhor Daniel e as crianças? – ele perguntou apontando para o pequeno grupo de pessoas que parecia ter se esquecido da personagem principal dessa cena toda: eu.

  - Até eles darem pela minha falta – fiz uma pausa pra respirar fundo e fazer uma careta de dor. – Eu já vou estar longe.

  Marco riu e assentiu seguindo para o andar de cima, eu recomecei a andar e foi só quando eu bati o dedinho na quina da mesinha de centro e soltei um palavrão que finalmente as pessoas daquela sala pareceram voltar a notar minha presença.

  - Raio de sol! – minha tia exclamou vindo até mim. – Por que está de pé? Você tem que sentar!

  - Eu não quero sentar! Quero uma anestesia e o idiota do meu marido! – exclamei entre dentes.

  - O Sr. Whitmore não sabe que o filho está nascendo? – Jane pergunta parecendo surpresa e sinceramente não ligo mais pra nada, Anthony ou quem quer que seja, não me importo com mais ninguém. Só quero minha anestesia.

  - Não.

  - Mas...

  - Marco! – exclamo interrompendo tia Cassy quando vejo o senhor descendo as escadas com as bolsas. – Vamos?

  - Sim senhora.

  - Vamos pra onde? – tia Cassy quer saber.

  - Para a clínica.

  - Sozinha?

  - Com o Marco – respondo irônica em meio a uma contração e tia Cassy me olha feio. – Desculpa tia, mas eu parindo aqui.

  - Certo, certo, vamos logo com isso.

  - E eu? – Dan pergunta parecendo indignado, acho graça.

  - Vai até a empresa e avisa pro idiota do seu primo que o filho dele nascendo, faça isso, por favor, nem que você precise invadir uma reunião ou sei lá, atear fogo naquele lugar – peço com todo amor e carinho e o moreno vem até mim e me beija o rosto.

  - Considere feito.

  - Você vai sair mamãe? – Analu pergunta e talvez eu possa ter me esquecido das crianças.

  - Vou meu amor, vou buscar seu irmãozinho. Você pode cuidar do Drew e dos seus primos pra mim?

  - Posso sim! – ela diz animada e sorrio. Beijo ela, o irmão e meus sobrinhos, dou tchau para Jane e tia Cassy e Marco me ajudam a chegar ao carro.

  Me sento no banco de trás com minha tia e Marco se posiciona atrás do volante antes de finalmente arrancar em direção a essa bendita clínica. Entre xingar Anthony, tentar controlar a respiração e ouvir tia Cassy me pedir para ficar calma a cada meio minuto, o toque do meu celular me assusta. Quando vejo o nome no identificador de chamadas não sei se choro de alívio ou atiro o celular pela janela do carro.

  - Onde raios você se meteu seu idiota!? – grito sem nem dar tempo para que Anthony dissesse alguma coisa. Os morenos comigo parecem saber exatamente com quem estou falando. – Não ia ficar com a droga do celular!? Ah, se eu soubesse onde você está! Seu idiota filha da mãe... – só paro de xingá-lo quando escuto meu próprio soluço, eu devia estar puta da vida, mas estava era chorando de alívio.  

  - Raio de sol... — só isso, é tudo o que ele diz e a raiva se vai. – Desculpa. Acabei em uma reunião. Você está bem? Pelo amor de Deus você não sabe como eu fiquei depois de ver a milhares de ligações. Até a Caitlin me ligou. O que está acontecendo?

  Eu até ia reclamar por ele estar perguntando se eu estava bem, mas parei depois de uma contração particularmente forte.

  - Você não sabe mesmo? – pergunto fechando os olhos um momento e respirando fundo, quando os abro outra vez tia Cassy sorri para mim segurando minha mão.

  - O quê?

  - Seu... Filho... Está... Nascendo... – digo pausadamente e o telefone fica mudo. – Bonitão?

  - Noah está... Nascendo? — ele parece em choque, sorrio com a ideia, ele não ficou muito melhor quando os gêmeos estavam nascendo.

  - Está e... Mas que merda! – praguejo me interrompendo e apertando a mão de tia Cassy até seus dedos ficarem brancos. – Cadê minha peridural!?

  - Elisa? — Anthony chama do outro lado da linha e estou ocupada de mais tentando respirar de forma ritmada para respondê-lo. Tia Cassy pega o celular de minhas mãos e terminada de falar com o Bonitão, não me importo nem ligo muito para o que estão dizendo. Só quero que meu filho nasça logo de uma vez e termine com isso.

  Não presto atenção ao resto do caminho nem aos “Fique calma” que tia Cassy solta a cada segundo. Só me dou conta que chagamos quando Marco para o carro e vem abrir a porta para nós.

  - Senhora – ele me ajuda a sair e a primeira coisa que registro é o meu Bonitão vindo apressado em minha direção com o primo e meu irmão logo atrás dele.

  - Elisa – ele me alcança e Marco dá espaço para que se aproxime. Me agarro ao seu paletó e sorrio.

  - Aparentemente você vai conhecê-lo antes dele ir pra faculdade – digo e meu marido me olha incrédulo, mas está sorrindo.

  - Vem, vamos entrar antes que Noah nasça aqui na calçada.

  - Boa ideia – concordo e o Bonitão meio me ajuda meio me carrega até a recepção.

  Dessa vez não foi eu, mas alguém ligou para avisar a doutora que estávamos vindo então não preciso esperar por ela, nem preciso ficar presa em um quarto esperando ter dilatação suficiente, pela quantidade de tempo que enrolei em casa doutora Stuart disse que se demoro mais Noah nascia no carro. Felizmente não precisei implorar por uma anestesia, meus berros de dor me garantiram uma assim que chegamos ao quarto.

  - Quando você sentir dor, empurra – a doutora pede e faço exatamente isso. Mesmo estando exausta não paro.

  - Você está indo bem – Anthony me sorri e beija minha testa. – É a mulher mais corajosa que já conheci. Mais um pouco e vamos conhecer nosso garotão. Só mais um pouco.

  - Obrigada por ter me atropelado – digo apertando sua mão e ele sorri.

  - Eu não te atropelei – ele comenta e faço força mais uma vez mesmo que quisesse mesmo era respondê-lo. – Te amo.

  Eu teria respondido a sua declaração se uma onda de dor não tivesse me atingido. Faço força uma ultima vez e depois me deixo cair na cama sem forças. O chorinho agudo do bebezinho que acabou de chegar ao mundo me alcança e estou chorando também.

  - Ele é lindo, Elisa. Você foi muito bem – a Dra. Stuart sorri me entregando meu filho.

  - Se parece com você – Anthony diz ao meu lado e reviro os olhos pra ele com um sorriso enorme no rosto.

  - Idiota.

  Noah tem os cabelos escuros como o do pai e dos irmãos e se pudesse apostar, diria que os olhos são tão escuros quanto os do Bonitão também. Anthony vai com ele e dessa vez estou acordada quando a doutora termina de examinar e as enfermeiras me levam para o quarto. Alguns minutos depois meu bebê e o pai aparecem. O sorriso bobo de Anthony para o filho me encanta e faz todo meu esforço valer à pena.

  - Me dá ele aqui – peço assim que as enfermeiras saem. Meu marido me entrega o pequeno e o aninho em meus braços. Afago seus cabelos e dou o seio para ele sugar. – Você é lindo e fez a maior confusão. Não devia ter seguido o exemplo dos seus irmãos não. Podia ter chegado com calma, não ia ter problema.

  - Ele é seu filho, Elisa. Se ele tivesse chegado sem uma entrada triunfal teria alguma coisa errada – Anthony diz divertido e sou obrigada a sorrir.

  - Idiota. Por que nunca me atente quando eu preciso?

  - Como eu disse, é de você que estamos falando. Por que sempre me liga quando não posso atender?

  - Isso não tem graça – choramingo. – Eu estava apavorada.

  - Desculpa – ele diz me beijando a testa. – Amo vocês.

  - Também te amamos – digo olhando para o pequeno em meus braços. – E falando em amor no plural. Cadê nossos outros filhos? Você sabe se Jane os trouxe? E a Lena, apareceu?

  - Hei, calma Raio de Sol, todo mundo lá fora esperando para entrar. Quem eu chamo primeiro?

  - Drew e Analu, eles merecem ser os primeiros a verem o irmão. Depois tia Cassy.

  - Já volto – ele me da um beijo rápido e logo em seguida sai do quarto.

  Noah termina de mamar e sorrio para ele que finalmente abre os olhos pra mim. Eles são tão escuros quanto os do pai e isso me faz sorrir e lhe beijar a testa. Ele é uma pequena cópia do meu Bonitão.

  - Você também vai ser o Bonitão de alguém quando crescer, meu pequeno?

  - Aposto que sim – Anthony sorri da porta enquanto Drew e Alanu correm em minha direção.

  - É o Noah mamãe! – Drew exclama escalando a cama até subir, Analu faz o mesmo, eles se sentam na cama meio encima das minhas pernas e não me importo. Estou ocupada de mais achando graça da reação de Drew, acho que ele meio que não acreditava totalmente que tinha um bebê em minha barriga.

  - Ele é bem pequenininho! Que nem a Becca – Analu sorri animada se aproximando.

  - Eu posso pegar ele? – meu garotinho pergunta quase subindo encima de mim, faço careta quando ele se apóia em minhas coxas, Anthony o alcança e o pega no colo.

  - Drew, não pode subir no colo da mamãe por que vai machucar ela. E seu irmãozinho é muito pequeno agora, mas daqui a pouco você pode pegar ele, bom?

  - Ah, desculpa mamãe. Eu vou esperar então, vai demorar muito tempo?

  - Vai demorar? – Analu quer saber também. Minha princesa se afastou de cima de mim e está sentada como uma mocinha na beirada da cama e quero muito apertá-la.

  - Não, meu amor, não vai demorar.

  - Olha mamãe, a vovó! – Drew aponta para a porta e tia Cassy está mesmo parada no batente com os olhos marejados.

  - Eu não consegui esperar mais, desculpa atrapalhar.

  - Você nunca atrapalha, tia – digo sorrindo. – Vem aqui, vem conhecer seu neto. Noah, aquela ali é a vovó Cassy.

  Minha tia sorri em meio às lágrimas e vem até mim. Ela pega o pequeno e lhe dá um beijo na testa. O resto da minha família vai aparecendo, brigando para pegar o pequeno, ligando para os outros e quando vejo já é noite e ainda tem gente ali. Eu nunca imaginei que quando um maluco me atropelou no que parecia ser o pior dia da minha vida, eu terminaria aqui. Quando eu penso nisso só consigo sorrir, quem diria que um encontro mais desastroso impossível me daria uma família?

  - Pensando em quê? – Anthony que está sentado na poltrona ao meu lado pergunta e sorrio vendo Lena tentar manter Drew, Matt e Analu longe de Noah.

  - No quanto amo você e nossos filhos. Obrigada por me atropelar, Bonitão.

  - É sempre um prazer lhe ser útil – ele sorri antes de me beijar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eai, o que acharam?
Não sei quando volto, mas não preocupem que apareço de novo!!
Beijocas e até.. :*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Laços de Amor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.