Iceburns escrita por The Siren


Capítulo 3
More Than Just The Spare


Notas iniciais do capítulo

Sobressalente: Que ou o que sobressai ou sobeja; Que está a mais e é próprio para suprir faltas;

Primeiro, desculpem a demora, eu estive sumida do Nyah. Muito ocupada com provas e trabalhos, e ainda ontem, fiquei doente, OBA! ;-; Talvez hoje eu finalmente consiga me atualizar nas leituras de fanfics! X'D Estou com muitas saudades de ler e deixar comentários! ♥

— As cenas em itálico são da infância do Hans, no passado. E só para ressaltar, a última cena, realmente é mencionada no livro Um Coração Congelado, o que me faz sentir muito dó, meu deus...

— O título do capítulo "More Than Just The Spare" é uma música excluída de Frozen, nas versões anteriores. Tanto foi excluída pois eles mudaram certas coisas na nova versão, quanto porque tinha uma semelhança com Hans, e era a música da Anna. De qualquer forma, eu mudei poucas letras dela no início do capítulo, pois senão não iria combinar. Fala de toque mágico, e isso já tem a ver com a Elsa, mas como eu disse, mudei poucas coisas, então a música está com a mesma essência.

— Música do capítulo: https://www.youtube.com/watch?v=66MQPWZ-n0g&list=PLj6vOw5eDR3qmU6qesF54he2U4g2-wl_Y&index=2

Boa leitura! ♥



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Algum dia vou encontrar o que é meu
Algo que é somente meu
Aquilo que me faça sentir parte de algo
Não apenas sozinho
Se apenas todo esse sentimento que sinto em meu coração
Pudesse significar algo para alguém, como eu adoraria interpretar esse papel
Então eu sou só o décimo terceiro irmão
O qual a maioria da cidadela ignora
Como um botão, como uma ferradura
Como um garoto que é ruim em metáforas
Talvez eu não seja o primeiro
E talvez eu não tenha talento como tal
Apenas esse coração com muito, muito para compartilhar
Então eu nunca serei o herdeiro
Mas eu sou mais do que apenas o sobressalente
— More Than Just The Spare

 

A neve caía, pintando o chão de branco nos jardins do castelo da família Westergaard naquele inverno. O reino geralmente era muito quente, mas mesmo em um reino tão quente, havia um pequeno período de calmaria no inverno. O castelo negro, que já era deveras frio nessa época do ano, transformava-se em congelante. Um pequeno príncipe — o décimo terceiro — observava a neve caindo da torre de seu quarto, sorrindo inocentemente. Ele observava aquele fenômeno com um encanto inestimável, como em um sonho infantil. A neve era realmente linda, os flocos caindo alegravam seus dias solitários naquele enorme e vazio castelo. Mesmo com doze irmãos mais velhos, nada mudava sua terrível e imensurável solidão. Era seu estigma de nascença. "O solitário décimo terceiro, indesejado príncipe Hans das Ilhas do Sul."

Era apenas um sobressalente, ou nem mesmo isso, era um desperdício. Mas com aquela idade — aproximadamente seis anos — não tinha mísera noção disso. Não sabia o porquê dos demais o tratarem diferente, isso apenas o magoava, mas tentava ignorar. Encobrir, não sentir e não deixar saber. Até que em certo tempo, aquilo tornaria-se insuportável.

O pequenino Hans abriu a porta de seu quarto, vestindo suas luvas brancas de lã enquanto corria descendo as escadas circulares da grande torre, rindo.

— Está nevando! — Gritou, aproximando-se do corredor dos quartos de seus demais irmãos, sorrindo animadamente e em seguida soltando uma risada baixa e realmente feliz. Correu atrapalhadamente até a porta de Rudi, seu irmão mais velho, batendo nela por três vezes. — Você quer brincar na...

Dor era pouco para descrever o que sentira no momento em que sentira a porta bater brutalmente em seu rosto, derrubando o pequeno Hans no chão, atordoado, confuso e com medo. Hans sentiu as lágrimas escorrendo por seu rosto, tocando em seu nariz e então vendo sua luva manchada de sangue. O desamparado décimo terceiro príncipe se levantava lentamente, ainda chorando um pouco e soluçando.

— Você fez isso de propósito! — Gritou para Rudi, que saía de seu quarto rindo maliciosamente.

— É claro que sim. — Rudi soltou uma gargalhada quando Hans saiu correndo com as mãos em seu nariz, fugindo do local, envergonhado e com medo. — Se você sair correndo mais uma vez, como um covarde, eu vou quebrar o seu braço! Inútil...

❅ ❅ ❅ ❅ ❅

 

Hans sentia sua cabeça girar ao acordar, estava com uma inexplicável enxaqueca. Sua visão lentamente voltava ao normal, enquanto apertava os olhos, abrindo-os e fechando-os por diversas vezes. A sensação era insuportável, como uma forte ressaca. Olhou ao redor, voltando à realidade e percebendo estar na prisão, algo comum. Por vezes, desejava que toda sua vida fosse apenas um pesadelo, que acordasse e percebesse que era o único filho de rei Klaus. Que nunca tivesse ido para Arendelle, que nunca tivesse conhecido seus irmãos, a não ser Lars. Foi até a privada da cela, vomitando, sentia-se miserável e nojento, estava realmente mal naquela manhã e não sabia por qual motivo. Ao ouvir passos aproximarem-se  — duas pessoas, quando percebeu com exatidão — deitou-se em sua dura cama novamente, fingindo dormir.

— O que vai fazer em sua próxima ronda? — Perguntou um dos guardas.

— Não ficou sabendo, Jørgen? A rainha de Arendelle já chegou. A minha próxima ronda provavelmente será no castelo, quer dizer, na parte útil, não nas masmorras.

Os olhos de Hans abriram-se rapidamente, com sua rápida surpresa. Elsa já estava nas Ilhas, antes mesmo do que esperava. Logo sua execução aconteceria, Hans sentiu um frio subir-lhe a espinha, enquanto engolia em seco, fechou os olhos novamente; Um dos guardas abriu a cela do príncipe, o acordando bruscamente. O ruivo rapidamente levantou-se, mesmo com dores pelo corpo e pela mente, não só a enxaqueca, mas por todas as lembranças que insistiam em atormentar-lhe. No fundo culpara Elsa por ter acordado sentindo-se mal naquela manhã, sua presença, mesmo longe, havia se provado um veneno para si.

— Você tem trabalho a fazer. — O guarda carrancudo lhe entregou uma pá, enquanto Hans não o encarava nos olhos, apenas encarava o objeto em suas mãos, como se seus pensamentos estivessem longe. E de fato, estavam. Tal guarda foi para fora da cela, esperando por Hans.

— É claro que tenho. — Falou baixo, sorrindo. Um novo plano formava-se em sua mente, mas tudo dependeria de Lars para fazê-lo funcionar. Todavia, o que Hans realmente desejava no momento, era a pura e insaciável vingança.

❅ ❅ ❅ ❅ ❅

 

Enquanto a rainha de gelo descia do navio, já pôde sentir os fortes odores de peixe e água salgada invadirem suas narinas, parecia que a ilha toda cheirava assim, mesmo tendo recém chegado, teve esta pequena impressão. Naquela praia não havia areia, apenas rochas e mais rochas. Ao menos, os habitantes criaram uma vasta ponte de pedras, onde era possível passar sem se machucar, caminhar sem medo de escorregar. Olhou ao longe rapidamente, observando o grande castelo negro, parecia ser feito de obsidiana e lembrava-lhe uma grande serpente, estava velho e mal cuidado, mas antigamente deveria ser mais bonito. Agora o que parecia era que Chevron encontrava-se em total decadência.

— Sejam bem-vindas, sua majestade e sua alteza. — Ouviu uma voz desconhecida, sendo despertada de seu transe, percebeu se tratar de rei Klaus. Ele logo curvou-se em respeito, ao que seus doze filhos atrás de si fizeram o mesmo. Não pôde deixar de reconhecer Hans no rosto do velho rei, ele tinha o rosto do filho mais novo, exceto pelos olhos, os do rei eram escuros como o céu noturno.

— Muito obrigada, sua majestade, rei Klaus. — Elsa curvou-se, ao que Anna observava curiosa, em seguida, curvou-se tão atrapalhada quanto graciosa.

— Obrigada majestade! — Disse a ruiva, com um sorriso amigável nos lábios. Sua curiosidade transparecia apenas em seu olhar, os olhos passavam rapidamente por todos os detalhes do local. Todavia, Anna podia notar que tanto aquela praia, quanto o castelo, lhe traziam a terrível sensação de solidão e frieza.

— Permitam-me apresentá-las aos demais príncipes antes de irmos até nosso belo castelo. — Disse o rei, aproximando-se das irmãs de Arendelle e guiando-as para verem os príncipes, apresentando-os um por um. — Este é o príncipe Rudi. — Disse depois de apresentá-las à dez dos vários irmãos, começando por Caleb. Aquelas apresentações formais, e demasiadamente entediantes, pareciam não ter fim. Rudi era baixo, possuindo a mesma altura de Elsa, seus cabelos eram avermelhados iguais aos de Hans, só que ao invés de costeletas, Rudi conservara uma estranha barba.

— É uma honra conhecê-las, devo admitir! — O príncipe Rudi sorriu largamente, assemelhando-se à uma criança que queria aprontar, de alguma estranha e peculiar forma. — É uma bênção à todos nós que Hans está preso, não acham, altezas?

Elsa não o respondeu no momento, muito menos Anna, que parecia estar certamente ofendida, ao que Elsa demonstrava-se confusa com toda aquela situação, até mesmo cansada, esgotada de todo aquele falatório.

— Rudi! Cale-se, não é mais permitido falar sobre o príncipe traidor nas Ilhas. Você sabe disso. — Caleb o repreendera, fazendo Rudi calar-se, afinal, não era sábio desobedecer o futuro rei. — Sinto muito por isso, majestade.

— Sem problemas... — Elsa respondeu hesitante e constrangida. Em seguida, o rei Klaus apresentou-as a mais um de seus filhos.

— Majestade, alteza, este é o príncipe Lars. — Disse o rei, e então Lars curvou-se. — Ele é o terceiro na linha de sucessão, mas os apresentei por último, pois ele ofereceu-se para acompanhá-lhas até o castelo e guiá-las quando precisarem de ajuda. Ele é um ávido conhecedor de história, e um sábio conhecedor de todos os lugares do castelo, diria eu.

— É uma honra finalmente conhecê-las, e perdoem os atos de meu irmão, o qual agora encontra-se em cárcere. — Lars falou cortesmente, maneando a cabeça e as mãos, em gestos leves. — Vocês possuem uma rara beleza, e devo dizer que seus cabelos, rainha, lembram-me à neve. Não seria difícil saber o porquê.

— Obrigada, príncipe Lars. — Elsa corou levemente, sorrindo gentilmente. Já recebera muitos elogios, mas certamente não um assim.

— Então, quando vamos ao castelo? Eu estou exausta! Poderia cair na cama! Meus pés estão morrendo nesse sapato apertado. — Anna reclamou, sem rodeios, alguns dos príncipes riram por sua atitude inesperada e um tanto cômica. O rei surpreendeu-se, mesmo assim, ainda mantinha-se sério.

— Podem ir a hora que quiserem, alteza. — Respondeu para Anna. — E para que tenham ao menos um dia de descanso, o baile real acontecerá amanhã à noite. Nossas criadas serão encarregadas de seus novos vestidos, os quais terão o brasão das Ilhas do Sul, aceitem como um presente. — Curvou-se às duas mais uma vez, enquanto as irmãs caminhavam até a carruagem sendo acompanhadas por Lars.

Elsa sentia a vontade de protestar quanto ao brasão em seu vestido, e quanto à ele não ser feito por ela mesma, mas achou melhor manter-se calada. Afinal, estava em uma terra estranha, deveria ser cautelosa. O rei Klaus não parecia ser alguém que aceitava ser contrariado.

 

— Vocês vão gostar muito de nosso humilde reino, posso garantir. — Lars comentou, enquanto estavam à caminho do castelo, dentro da carruagem. Anna observava tudo de forma animada, enquanto Elsa mantinha sua atenção à janela, observando a paisagem passando rapidamente. — E caso precisem de uma companhia feminina, podem falar com minha esposa, Helga. Ela não veio conosco hoje, está no castelo com nossos filhos, peço perdão.

— Você tem filhos?! — Anna perguntou, surpresa. — Parece tão novo!

— Tenho gêmeos, ambos só aprontam. Estão na idade das travessuras, dez anos. — Ele sorriu sem mostrar os dentes.

— Gêmeos? Wow! — A princesa disse, animada. — Sabe, eu até fiquei com um pouco de medo de vir aqui, mas vocês parecem pessoas legais, exatamente o contrário de Hans!

— Anna! — Elsa repreendeu-a, pois aquele assunto não era apropriado no momento. Muito menos depois da declaração de Caleb, não era mais permitido falar sobre Hans nas Ilhas do Sul. Poderia ser perigoso para ambas falar disso em público, ainda mais com um membro da família Westergaard.

— Está tudo bem. — Lars pigarreou, porém seu semblante era triste e pesaroso.

— Mas e com você, está tudo bem? — Perguntou Anna, percebendo que ele parecia bastante triste.

— Sim. Não poderia estar melhor, com vocês duas por aqui. — Ele sorriu, em uma falsa felicidade, encobria toda sua preocupação para com Hans. Pensava em como poderia contar-lhes sobre os terríveis planos de Caleb, mas deveria esperar. O cocheiro poderia ouvir e acusá-lo de traição, deveria esperar até estarem em um lugar seguro, apesar de que até paredes possuem ouvidos.

❅ ❅ ❅ ❅ ❅

 

Hans adentrava o Salão Principal, um pequeno príncipe eufórico por causa de seu primeiro baile. Era um sonho para aquela curiosa mente. Caminhava por entre as pessoas, um sorriso alegre e puro formava-se em seu rosto. Aproximou-se do rei e da rainha, os quais estavam sentados em seus respectivos tronos. Curvou-se ao seu pai, que o analisou com seu olhar frio e sem emoção de sempre. Nunca demonstrara nada a Hans, muito menos orgulho ou amor, era distante como mares estrangeiros. O príncipe aproximou-se de sua mãe, abraçando-a, a rainha o abraçou carinhosamente de volta.

O pequeno saiu de perto deles rapidamente, olhando animado para todas aquelas pessoas. O castelo poderia ser feio, mas ao menos havia um pouco de alegria e vida no baile, o que o deixava admirado com as danças, comidas e belos vestidos girando. Tudo era colorido e possuía um ar sonhador, era diferente de sua vida de sempre, sem cor e sem esperanças. De repente, sem aviso prévio algum, um estranho acabou esbarrando nele, o fazendo tropeçar e cair no chão.

— Desculpe-me! — Hans pediu desculpas, rapidamente olhando para seu pai ao longe, o rei colocara a mão na testa, parecendo decepcionado. O estranho acabara de sair do campo de visão de Hans, dispersando-se na festa sem dar atenção ao incidente. Afinal, nunca o havia visto em um baile antes, e Hans era pouco conhecido pelos súditos do rei, era apenas o décimo terceiro, não precisava de reconhecimento algum.

— Ei Hans! — Ouviu a voz de Runo o chamar, ao lado do loiro estava Rudi. Ambos sorriam maldosamente, com taças de vinho em suas mãos. — Você é um príncipe, aquele homem deveria pedir desculpas à você, imbecil! — E assim, atirou a taça ao chão, próximo aos pés de Hans, que assustara-se com o objeto quebrando-se e causando um alto barulho. Todos pararam de dançar e os músicos pararam de tocar seus instrumentos, com toda a atenção sendo direcionada ao pequeno e assustado príncipe no chão. Hans novamente olhou para seu pai, que levantou-se do trono, observando a cena, no entanto o rei não fez nada. Pôde ver Lars aproximando-se do rei e protestando contra aquela ação de Runo, mas Klaus apenas levantou a mão, sinalizando para que Lars parasse de falar. Hans observou brevemente o rosto amedrontado e triste de sua mãe, seus olhos cheios de lágrimas.

O pequeno príncipe direcionou seu olhar aos gêmeos Rudi e Runo, os quais riam dele e de sua desgraça, também lhe ofendiam com vários insultos terríveis. Ele não entendia o motivo de fazerem isso consigo, só queria entender o porquê. Agora Rudi atirara sua taça, que quebrara bem na barriga do pequeno, sujando todo seu traje e machucando-o. Hans sentia as lágrimas queimarem-lhe os olhos, a raiva e puro ódio que sentia eram iminentes.

— Vamos! Levante-se! — Provocou um de seus outros irmãos, aproximando-se igualmente com uma taça em mãos.

Hans obedeceu, limpando as lágrimas. Quando sentiu mais uma taça de vidro sendo atirada contra seu corpo, agora, sobre suas costas, caindo novamente no chão. Os demais irmãos se aproximaram, rindo e insultando Hans, que não conseguia parar de chorar e soluçar. Tamanha a humilhação. Com suas últimas forças, saíra correndo do local, enquanto ainda atiravam-lhe taças e chamavam-lhe de covarde por fugir.

Correra o mais rápido que conseguira até as docas do castelo, era seu lugar secreto, onde poderia ficar sozinho. Sabia que ninguém iria atrás de si, não o achariam. Hans era invisível para todos no castelo, e se não era invisível, era apenas um saco de pancadas e insultos. Humilhações faziam parte de sua rotina.

A pobre criança encolheu-se na escuridão e chorou ininterruptamente por muito tempo, tinha plena consciência de que aquilo se seguiria por muitos, longos anos. Suas feridas doíam, mas o que mais encontrava-se machucado era seu ego.


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Notas finais do capítulo

A primeira cena do capítulo foi inspirada nessa fanart do tumblr: http://13thprince.tumblr.com/post/111711881967/brodingles-go-away-hans-not-all-siblings

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