Iceburns escrita por The Siren


Capítulo 2
Dangerous to Dream


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! ♥ Fico feliz ao estarem acompanhando a fanfic, significa muito, já que estou pensando em vários detalhes e pesquisando bastante para fazer o mais fiel que consigo, mas ao mesmo tempo um pouco mais coligado com a realidade.

O título do capítulo, tanto quanto o poema do início, são da música do musical de Frozen da Broadway. Link: https://www.youtube.com/watch?v=c1zlG69CMuQ&index=2&list=PLj6vOw5eDR3qmU6qesF54he2U4g2-wl_Y

Terão várias referências nos capítulos, tanto ao livro "A Frozen Heart", quanto à músicas deletadas e por aí vai.

Boa leitura! ♥



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Eu sei que nunca vou ver aquele dia ensolarado
Quando este julgamento estiver finalmente terminado
E poderia ser só eu você
Eu não consigo imaginar o que perdemos
E como o segredo e o silêncio chegam a tal custo 

Eu gostaria de poder dizer a verdade
Mostrar para você quem está por trás da porta
Desejo que você soubesse o porque de toda essa pantomima
E essa pompa

Eu tenho que ser tão cautelosa
E você é tão extremo
Nós somos diferentes, você e eu
E é perigoso sonhar

 

Ventava muito naquela típica manhã de primavera em Arendelle. O Sol nascia lindamente, formando um tom alaranjado ao céu, parecendo uma tela de pintura de um pobre artista sem reconhecimento por seu grande talento. Afinal, algumas coisas simplesmente são feitas para permanecerem escondidas, pois são preciosas demais para os olhos comuns.

A rainha de gelo vestia suas luvas de um belo azul claro lentamente, depois de um ano inteiro sem usá-las. Tinha medo de perder o controle em uma situação tão delicada. Naqueles últimos tempos, tudo havia sido um mar de rosas entre Elsa e Anna e os demais súditos do reino. Mas como nada é para sempre, os problemas, mesmo tardando, apareceram. Os fantasmas do passado, de uma forma ou de outra, sempre iriam encontrar um jeito de retornar.

Suspirou, indo até sua escrivaninha velha de madeira, porém linda e prática, pintada tão branca como a neve, cheia de desenhos de flores nas cores roxa e verde. Elsa pegou a carta que se encontrava acima desta, observando mais uma vez o selo das Ilhas do Sul, um leão vermelho rugindo. Abriu-a mais uma vez, lendo tal carta com certo pesar e receio. Seus olhos pesavam em uma certa negatividade e desconfiança ao direcioná-los pelo mero papel, no entanto ela sabia, que tanto por questões políticas quanto por etiqueta, deveria ir às Ilhas do Sul.

"Sua majestade rainha Elsa de Arendelle,
Depois de um longo e esplêndido ano, eu, rei Klaus das Ilhas do Sul, a convido para uma visita amigável. Garanto que os receios do passado, devido às tentativas falhas de príncipe Hans, sumirão. O príncipe está preso por suas tentativas de assassinato e encontra-se pagando sua pena, não é mais uma ameaça. Graças ao nosso futuro rei, o príncipe Caleb. Nós decidimos que a família real Westergaard deve se redimir, como um pedido de desculpas, e talvez, abrindo portas à futuras alianças entre nossos reinos, convidamos você às nossas vastas ilhas, acontecerá um baile em algumas semanas, em comemoração. Ficaremos honrados com sua nobre e gentil presença, majestade. Todas as informações do baile e sua data estarão do lado inverso no inferior da carta. Seja muito bem-vinda.
Atenciosamente, rei Klaus Westergaard de Chevron."

A rainha não teve tempo de fechar a carta, quando a princesa Anna entrara no quarto, abrindo as portas alegremente e caminhando até a irmã mais velha com toda sua animação natural. Suas expressões alegres logo tornaram-se um tanto preocupadas rapidamente, ao observar a rainha.

— Elsa? Está lendo essa carta de novo? Já fazem semanas... — Disse, aproximando-se mais e retirando a carta das mãos da rainha, a qual a encarava com um olhar pesaroso. — Eu já disse, tudo vai ficar bem.

— Como tem tanta certeza? Eu sei que não é pelo que o Hans fez que o resto da família Westergaard será como ele, mas algo me parece errado... Eu posso sentir isso, e minha intuição raramente está errada.

— Eu sei como é. Mas isso é só o medo, porque nossa confiança foi traída por ele há um ano. Mas tenho certeza que os Westergaard só querem se redimir. —Anna sorriu sem mostrar os dentes, demonstrando empatia pela família das Ilhas do Sul. Afinal, sempre pode haver uma maçã podre em uma bela e saudável macieira. — Até mesmo eu faria isso se fosse parente do Hans! — Anna comentou ingenuamente.

— Mas não conhecemos eles, e se forem todos iguais à ele? Ou até piores?— Elsa indagou, enquanto Anna colocava a carta de volta acima da escrivaninha, em seguida segurando as mãos da rainha carinhosamente, sorrindo para a mesma.

— Tudo vai ficar bem. E sabe por quê? Porque eu vou com você. — Abraçaram-se. Depois de tudo, estavam mais unidas que nunca. Não havia lugar onde Elsa iria, que Anna não estaria junto, e vice-versa.

 

Havia um belo navio esperando pelas irmãs de Arendelle no fiorde, na proa de tal navio tinha uma bela estátua dourada de uma sereia, os traços tão leves, porém tão perigosos e traiçoeiros. As duas irmãs despediam-se de sua família e de seus demais súditos, Anna sempre iluminava o local com sua alegria e gentileza, enquanto Elsa era compreensiva, misteriosa e pacífica.

— Prometa-me que vai voltar logo, Anna. — Disse-lhe Kristoff, tocando seu nariz no dela, ambos abraçados e sorrindo como nunca antes. Se existia um local para a felicidade, esse local era Arendelle. A princesa enrolou os cabelos loiros do amado em seus dedos finos, o que fez ambos rirem brevemente.

— Não posso prometer nada! — Riu debochada. — O que vai fazer enquanto eu estiver longe?

— Vou ir para as montanhas, claro. Qual seria outro lugar possível? — Falou com a voz um tanto sarcástica naturalmente, afinal, o loiro estava falando a verdade.— Continuar com meu trabalho de gelo, afinal, sou o Entregador de Gelo Oficial de Arendelle!

— Tome cuidado, tá bom?

— Você também. Hans pode estar preso, mas tenho certeza de que é muito perigoso. — Kristoff avisou enquanto Anna revirava os olhos.

— Kristoff está certo, Anna! Você deveria ouvi-lo! — O loiro que amava gelo fez uma voz mais grave, falando como se fosse Sven, que agora aproximava-se dos dois.

— Obrigado por concordar, amigão! — O homem das montanhas acariciou sua rena, que parecia muito satisfeita com tal gesto. Anna então fez o mesmo.

O boneco de neve, Olaf, aproximou-se da rainha de gelo e lhe deu um abraço apertado, recebendo um abraço não tão quentinho, afinal, ambos eram bastante gelados, mas isso nunca o incomodou.

— Eu te amo, Elsa. — O boneco de neve falou, com os olhos cheios de lágrimas, em seguida as limpou com um de seus bracinhos de graveto.

— Também te amo, Olaf. — Elsa retribuiu ao gesto de amor, sorrindo e igualmente emocionada com o quão grande era o coração daquele pequeno boneco.

— Cuide desses dois para mim, Olaf! — Anna comentou, aproximando-se de Olaf e abraçando-o fortemente, o boneco retribuiu sorrindo.

— Eles estariam perdidos sem mim! — Sussurrou para Anna, enquanto Kristoff e Sven observavam tudo com as sobrancelhas levantadas.

— Vamos sentir muita saudade! — Anna falou para Olaf, em seguida, aproximando-se novamente de Kristoff, o segurando como se ele não pesasse nada, e então o beijando, deixando Sven demasiadamente envergonhado, assim como todos ali.

— Vamos, Anna... — Depois do inesperado beijo, Elsa puxou Anna pelo braço, rindo da situação e despedindo-se também. — Adeus, pessoal!

Todos abanavam suas mãos para as irmãs reais de Arendelle, as quais entravam no navio comicamente. Por vezes, Elsa ou Anna abanavam para todos também, aproveitando os últimos minutos de felicidade que teriam, antes de entrarem no ninho de cobras das Ilhas do Sul.

O navio movimentou-se pela água, movendo-se lentamente e finalmente partindo enquanto Elsa observava sua terra amada antes de ir embora. Seria seu último lampejo de felicidade e tranquilidade, pois sabia que se sentiria demasiadamente nervosa nas Ilhas. Tanto pelo passado, quanto por seu temor pelo futuro.

❅ ❅ ❅ ❅ ❅ 

 

Os raios do sol da manhã adentravam àquela pequena janela de barras de ferro, naquela igualmente pequena e silenciosa cela nas masmorras do castelo real da família Westergaard. Acordando-se lentamente, Hans sentia-se incomodado com a iluminação repentina, afinal, estava mais acostumado com a escuridão. Ouviu passos pelas masmorras, já sabia quem era. O único homem que o visitaria em sua cela, o único que sobrara que ainda se importava com ele. Lars, seu irmão mais velho.

O homem alto — um pouco mais alto que Hans —, corpulento, de cabelos castanhos e o qual possuía uma barba rala, arrumou seus óculos ao falar aos sussurros com um guarda próximo, o qual imediatamente se curvou e permitiu à entrada da cela ao príncipe. Tal guarda abriu a cela de Hans, assim deixando Lars entrar.

— Trouxe isso para você. — O moreno pôs um prato de alguns pães com geleia e uma maçã encima de uma pedra que servia como uma miserável mesa. A sensação de claustrofobia já começava a invadir-lhe, perguntava a si mesmo mentalmente como Hans conseguia aguentar viver ali.

— Obrigado, Lars... — Hans agradecera, a voz um tanto cansada, afinal, trabalhava todas as tardes forçadamente. As olheiras e seu estado um tanto desnutrido já eram visíveis. O ruivo sentava-se lentamente em sua "cama" dura e gelada. — Por que continua vindo aqui? — Perguntou, pegando um dos pães rapidamente e comendo-o sem nenhuma educação ou vergonha. Estava faminto. — Quer dizer... Já faz um ano... Você não precisa mais vir, é como se eu não existisse mais. Todos querem me esquecer. Sempre quiseram, o que aconteceu em Arendelle foi apenas uma desculpa para finalmente me abandonarem para morrer... Mas esse destino na prisão é pior do que a própria morte. Afinal, não é imediato, esse tipo de morte é lenta e dolorosa.

— Não diga algo assim, irmão... Cuidado com o que deseja. — Lars não aguentava ver o irmão mais novo daquele jeito, sempre se importara com ele, mas realmente era o único a se importar. A única pessoa agora, já que sua mãe havia morrido há um mês. Agora só restavam os lobos traiçoeiros do castelo. Todos famintos por poder e alimentados pela ganância. — Eu sei que mamãe se foi... Mas, ainda temos um ao outro, ao menos. — Sorriu tristemente, ao que Hans o observou, olhando para baixo e deixando que uma única lágrima escorresse por seu rosto. O ruivo limpou-a rapidamente, suspirando por causa do choro contido.

— Ela era tudo o que eu tinha. — Disse referindo-se à sua mãe, sua voz já estava embargada, sua garganta doía ao falar. — E agora se foi, para sempre. Eu nem pude dizer adeus.

Não havia nada que comparava-se àquela terrível dor de perder sua mãe, uma das únicas pessoas que o amavam incondicionalmente, não importava o que fizesse. Mas quando ela partiu, ele estava preso nas masmorras, não pôde nem despedir-se, e aquele fato o consumia ferozmente à loucura e imensa tristeza.

— Ela sempre soube que você a amava, Hans. Foi uma grande perda para todos nós. — Lars comentou, mas não obteve resposta alguma do ruivo à sua frente, que agora devorava o segundo pão com geleia. — Você queria saber o motivo de eu ter vindo nesta manhã...

— Prossiga.

— Caleb está tramando algo terrível. Temos que evitar isso, precisamos tentar fazer algo, Hans... Não podemos simplesmente observar nossos destinos sendo controlados por aquele crápula.

— O que ele está tramando? — Perguntou curioso, assim como um tanto temeroso, afinal, como o filho mais velho, Caleb sempre foi o mais bem treinado em estratégias para reinar, combate militar, e tantas outras coisas, pois um dia seria o rei das Ilhas do Sul. Todavia, nada disso mudava sua personalidade cruel e temida.

— Eu o ouvi no Conselho, ele está tramando dominar Arendelle. — Lars sussurrou, assustado, ao que Hans esboçou um sorriso bastante sarcástico e um tanto maligno. Era uma pura zombaria ao irmão mais velho, Caleb.

— Boa sorte para ele! — Zombou, as palavras ácidas saindo de sua boca. — Se Elsa não criar um exército de monstros de neve... Só um já é terrivelmente perigoso, imagino mais daquelas horrendas bestas. — Ele lembrou, relembrando-se de quando lutou com Marshmallow em frente ao palácio de gelo de Elsa. De fato, seus poderes eram bonitos, mas muito perigosos.

— Mas não é só isso. — Lars esboçou uma expressão petrificada, preocupando o ruivo.

— O que mais ele planeja? O que mais você ouviu, Lars?

— Para ganhar a confiança da rainha de gelo... Ele planeja te executar. — Revelou finalmente. Agora Hans entendia o que Lars temia.

Lars estava certo, o príncipe traidor deveria ter cuidado com o que desejava. Apesar de tudo, não pôde evitar de sentir um arrepio subindo-lhe à espinha. Ele já tinha uma vida miserável, talvez a morte fosse a libertação. Mas nunca faria parte de um dos planos maléficos de Caleb, faria de tudo para não ser parte daquilo. Hans sabia que Caleb seria um terrível rei para Arendelle, mesmo que Arendelle fora a causa de sua prisão, Hans tinha plena consciência de que entregar aquele reino para Caleb era o mesmo que entregá-lo à morte lenta e ao medo e insegurança. Não podia deixar com que isso acontecesse, não só por esses motivos, mas por seu próprio e machucado ego. Se era uma briga de irmãos que Caleb queria, era exatamente isso que teria.

— Hans, eu prometo, eu farei de tudo para que você viva. — Lars disse, olhando em seus olhos verdes como esmeraldas. Ao analisá-lo, Hans sabia que ele estava falando a verdade. 

❅ ❅ ❅ ❅ ❅

 

Elsa criava um belo e anormalmente grande floco de neve em sua mão com sua misteriosa magia, enquanto Anna observava admirada. Assim como quando eram crianças, aquilo nunca perdeu a graça.

— Faça a magia, faça! — Anna falou, rindo. Seus olhos claros e amáveis pareciam brilhar. Ambas estavam em seu quarto temporário do navio, em alguns dias chegariam às Ilhas do Sul.

— Pronta? — Elsa perguntou, sorrindo repentinamente. Anna concordou com a cabeça, então a rainha levantou os braços, criando vários flocos de neve brilhantes que caíam lindamente, Anna pulou em sua cama, pegando-os, rindo como nunca antes. Assim como quando eram pequenas. Como antes do acidente ter acontecido. Não havia magia, maldição ou profecia que poderia separá-las.

Depois de certo tempo, Anna cobriu-se em sua cama, ao que Elsa apagou as velas do quarto e deitou-se em sua cama também, uma do lado da outra. Mesmo assim, os raios da lua cheia invadiam a pequena janela da cabine, iluminando-a consideravelmente. Depois de um certo período de silêncio, Elsa perguntou:

— Como acha que vai ser lá?

— Com mais praias? Não faço ideia. — Anna respondeu, bocejando e virando-se na cama. —  Boa noite, Elsie.

— Boa noite, Anna. — A rainha disse, mas seus pensamentos estavam em outro lugar. Por algum motivo estranho, pensava em Hans. Como estaria sua vida? Esperava que não estivesse sendo tão miserável, afinal, Elsa não era má pessoa. Não desejaria o mal nem ao seu pior inimigo, nesse caso, Hans.

A loira suspirou, sentindo o ar ficar um pouco mais frio, devido aos seus pensamentos um tanto preocupados e tristes. Jamais iria querer causar tanto mal à alguém a ponto de destruir sua vida.

— Pare com isso, Elsa... — Sussurrou para si mesma. Afinal, Hans atraiu para si mesmo aquele destino, com suas próprias escolhas egoístas. Ninguém o obrigou a ser um usurpador. Agora ele estava pagando pelo que fez, e nada do que ela fizesse ou pensasse mudaria isso. O passado, nesse aspecto, era imutável. — Não sentir... Não sentir...

Elsa fechou seus olhos, adormecendo rapidamente.

Logo, ao abrir os olhos, viu-se em um lugar totalmente branco e congelado. O mar congelado, o fiorde de seu Inverno Interminável. Ouviu o som de uma espada sendo desembainhada, então virou-se e deparou-se com o príncipe Hans, seus olhos transpareciam pura raiva, o que a amedrontava demasiadamente. Sentia-se como uma presa sendo devorada por seu predador, em extremo perigo.

— Você não vai escapar disso! — Ele a puxou pelo braço fortemente, a machucando. Elsa tinha medo demais para falar qualquer palavra. Receio demais, fúria demais... Muitos sentimentos ruins pelo príncipe ilhéu. — Eu vou destruir sua vida, Elsa! Vou acabar com o que você ama! — Sua voz começava a tornar-se mais grave, como um terrível monstro, seus olhos impiedosos tornavam-se vermelhos como sangue escarlate.

Elsa olhou ao longe para algo que reluzia, percebendo se tratar do corpo de Anna congelado, encolhido devido ao seu coração congelado. A loira sentiu as lágrimas queimarem-lhe os olhos. Aquilo não era culpa de Hans, era sua culpa. Foi ela quem atingiu a irmã, causando seu lento congelamento.

— É o seu fim, Elsa. Seu reino cairá e tudo será meu! Arendelle finalmente terá um governante de verdade, não um monstro, como você! — Ele sorriu, mostrando seus dentes afiados como os de uma fera assassina. Nesse momento, a rainha de gelo tentou se mover, tentou atingi-lo com seus poderes congelantes, mas estava paralisada. Quando percebeu, Hans a atingiu com sua espada, em um único golpe na barriga que a atravessou. Ela o encarou por um longo tempo, percebendo que havia algo mais em seus olhos. Não apenas raiva, naquele momento ele voltava ao normal, tornava-se humano.

E o príncipe mostrava suas verdadeiras emoções, o medo e o desespero.

❅ ❅ ❅ ❅ ❅

 

Hans acordou-se sobressaltado. Depois daquele sonho estranho, o qual matava a rainha de gelo, sentiu que não poderia mais dormir naquela noite. Sentia sua mente atormentada vagar por sua cela solitária, em pensamentos arrependidos e reprimidos; Sentou-se em sua cama da prisão, esfregando os olhos e olhando para o céu de sua pequena janela, observando as estrelas e a lua cheia, pensava em várias coisas. Mas todas elas lhe guiavam até a rainha ou até Arendelle. Talvez pelo que Lars havia falado, ou talvez por seu receio iminente. Por ter tentado tirar uma vida, agora perderia a sua. Não que já tivesse vivido realmente... Afinal, toda sua vida, ao considerar, foi um inferno miserável.

Ao observar a lua, lembrava-se de um ano atrás, quando estava em Arendelle, tentando cumprir seu plano. Tudo isso para sair de sua prisão eterna, as Ilhas do Sul. Também era uma noite de lua cheia quando andava com a princesa Anna nas cachoeiras e rochedos, falando sobre como o amor era uma porta aberta. Também era uma noite de lua cheia quando Elsa revelou quem realmente era em pleno baile. Seus poderes mortíferos e mais frios que seu próprio coração; Hans faria de tudo para não voltar para casa, estava disposto até a matar. Mas como o destino é curioso, ele voltou, e quando pensou que sua vida não poderia piorar, foi exatamente o que ela fez.

— Eu não sou um monstro... — Hans sussurrou para si mesmo, cerrando os punhos com raiva. Virou o rosto, escondendo-o da luz lúgubre e natural, fechando os olhos verdes arrependidos, com certa faísca de raiva.

Não foi até Arendelle para matar rainhas e princesas. Ele só queria realmente casar. Mesmo que fingisse amar alguém que ele nem conhecia. Aquele amor falso era tóxico, porém, era sua única saída. Já havia testemunhado diversos casamentos sem amor em sua própria família, então seria fácil fingir estar apaixonado e ser um perfeito cavalheiro o tempo todo. Ser o sonho de qualquer garota. Ele estava desesperado.

Elsa complicou tudo, pensou ele. Ela foi contra isso, quando ele apenas queria fugir das Ilhas, ela era um verdadeiro monstro, assim como ele. Ela tentou matar a própria irmã, assim como Caleb estava planejando matá-lo agora. Anna o contara que Elsa a atingiu com seus poderes, dando a entender que a rainha era extremamente perigosa, e isso tirando o que o próprio havia testemunhado, o monstro de neve o qual teve que lutar. Tirando o fato de que impediu a rainha de se tornar uma assassina, afinal, ela iria matar um dos guardas do duque de Weselton. Graças à Hans, ela não o matou. Ele tentou trazê-la novamente à sanidade.

Precisava dela viva para acabar com o inverno. Mas quando descobriu que ela não conseguia, a única opção seria matá-la para salvar a todos. Ser o herói. Ter de matá-la deixou-o extremamente chocado, com medo e em conflito. Mas ele precisava fazer aquilo. Precisava colocar o plano B em ação. Senão, era ela, ou o povo de Arendelle, todos morreriam de frio.

Estava pensando nos outros, não em si naquele momento. Mas, no fatídico momento em que iria finalmente matá-la, hesitou por alguns segundos. Essa hesitação acarretou-lhe a derrota. Sorria, pois a ganância havia o contagiado, as possibilidades, a ideia de liberdade e poder lhe veio à mente. Hesitou, pois era algo assustador tirar a vida de alguém. Mas era o único jeito, já que um beijo de amor verdadeiro nunca poderia salvar Anna, ele não a amava. Nunca a amou.

Agora, encontrava-se caminhando de um lado para o outro em sua cela da prisão imaculada. Somente Lars o visitava, sua mãe havia morrido há pouco tempo, e agora descobrira que iria ser executado. Uma vida toda de tristezas, só para que o fim fosse ainda pior. Nunca mais tentaria ser o herói. Seus métodos eram questionáveis, mas seus objetivos não.

Hans suspirou, a cabeça pesava em tantos pensamentos de uma só vez. Sabia que nada mudaria o terrível passado, em todos os aspectos que poderia imaginar. Agira errado, de um modo desprezível, mas isso é o que pessoas desesperadas e com medo fazem.

❅ ❅ ❅ ❅ ❅

Chevron, Ilhas do Sul, 1844

 

O navio real do reino de Arendelle desembarcava na praia de Chevron, um dos reinos unificados das Ilhas do Sul. O reino que pertencia à família da nobreza Westergaard. A rainha de gelo e sua irmã desciam do navio por sua ponte decorada lindamente com flores e ondas azuis. Ambos rostos neutros, enquanto o rei Klaus as analisava, as duas chegando cada vez mais perto. Seus doze filhos estavam lá, para aquela ocasião especial, todos atrás do mesmo.

— Sejam bem-vindas, sua majestade e sua alteza. — Klaus curvou-se para as duas, atrás de si, os príncipes ilhéus fizeram o mesmo.

O circo estava montado, o plano havia dado certo.


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Notas finais do capítulo

> Playlist da fanfic (talvez eu adicione mais músicas): https://www.youtube.com/watch?v=tU4HHIitxkA&list=PLj6vOw5eDR3qmU6qesF54he2U4g2-wl_Y&index=1

> A frase "Arendelle finalmente terá um governante de verdade, não um monstro, como você!" que o Hans falou no sonho que ele e a Elsa tiveram, foi retirada de uma cena de Once Upon A Time (eu só mudei um pouquinho a frase, coloquei Arendelle, para se encaixar mais). A fanfic não tem nada a ver com o enredo de OUAT, além de o que ocorreu em OUAT não é canon no universo dos filmes de Frozen. Mas a frase nessa cena da história, foi só uma referência à essa cena: https://www.youtube.com/watch?v=ypYybd0kJqU

> Eu resolvi que as Ilhas do Sul seriam mais de um reino, para ajudar mais no enredo no futuro. Então decidi que o nome do reino da família Westergaard seria Chevron, é uma marca nos EUA, mas também uma referência à música National Anthem da Lana Del Rey (essa música me lembra muito Helsa, sorry!). Link: https://www.youtube.com/watch?v=qFsND7dKYok

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