Através do Tempo - Entre Vidas escrita por Biax


Capítulo 7
VII - Cuidado


Notas iniciais do capítulo

Olá! Hoje teremos uma pequena discussão xD

Boa leitura!



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Ethan voltou para casa depois de um bom tempo.

Levara uma bronca de um dos superiores por deixar tudo aquilo acontecer, e ainda por trazer dois humanos àquela dimensão. Porém, foi firme e deu sua palavra de que eles ajudariam a trazer o livro de volta, a salvo.

Atravessou a casa e subiu, sentindo a presença de Gabriel no segundo quarto, mas não a de Rebeca. Pensou que era provável que ela ainda estivesse acordada, e sentiu um pouco de raiva por ela ser tão teimosa.

Entrou no escritório, esperando vê-la em sua cadeira, pois sentia sua energia ali, entretanto, ela não estava em lugar nenhum.

Achou estranho, já que sentia pouca energia dela no cômodo, e se aproximou da mesa, onde estava mais forte.

Era quase como se conseguisse ver os passos dela.

Ela entrou, falou com ele, e depois que ele saiu, ficou parada, mas depois sentou-se na cadeira e tocou a tela do computador.

Ethan viu o rastro de energia se movimentando, e o imitando, tocou a tela, a fazendo se acender. Uma áurea colorida pairou sobre a máquina como se fosse uma aurora boreal, com diversas cores, que imitavam as cores das flores na tela, que estavam sendo iluminadas por uma luz dourada.

Olhou impressionado, sentindo um misto de sensações brincando em algum lugar que devia ser seu estômago. Há muito tempo não sentia aquilo, e estava sentindo com certa frequência desde que voltou a ficar mais próximo de Rebeca.

Uma coisa que ele ainda não conseguia entender: A energia inocente e contagiante dela.

Desde que conhecera sua alma, nos primórdios do tempo, a via como única. Ela era especial. Encantava a todos que estavam ao seu redor, e ele sempre temeu o dia em que ela perderia todo aquele brilho.

Mas não perdeu. Não graças a ele.

Suspirou e levantou, se sentindo meio ansioso, e foi para o corredor.

Viu o rastro de energia seguir para seu quarto e atravessar a porta. Então o seguiu, abrindo, entrando e fechando a porta com cuidado.

Rebeca estava deitada em sua cama, coberta até o nariz, apesar de não fazer frio.

Sem perceber, Ethan sorriu enquanto se aproximava. Ergueu a mão para tirar alguns fios de cabelo de seu rosto, e ela suspirou.

Temeu que a tivesse acordado, mas ela não se moveu.

Se endireitou e deu a volta na cama, sentando em uma poltrona fofa de frente para a parede de vidro. Se aconchegou e olhou, sem perceber, para fora, pensativo.

Rebeca se virou na cama macia, ficando em cima do ombro direito, e começou a despertar. Abriu os olhos e percebeu que ainda estava de noite.

Por um momento pensou em voltar a dormir, mas estava descansada o suficiente.

Seus olhos varreram o quarto até onde podia ver, até que algo chamou sua atenção.

Ethan estava sentado na poltrona, meio caído, com os olhos fechados. Ela nem sabia que ele podia dormir.

Olha o que eu fiz, tirei a cama dele. Parabéns, Rebeca, ele deve estar com dor nas costas.

— Não se preocupe. — Ethan disse de repente, abrindo os olhos, encarando sua paisagem. — Não fico com dor assim tão facilmente.

— É, imagino... — respondeu, meio sem graça. — Já está na hora de irmos?

— Não, ainda falta um pouco. — Levantou e sentou na beirada da cama, olhando para ela. — Podemos tomar café da manhã sossegados. Está com fome?

— Hm... — Tentou prestar atenção ao próprio estômago e percebeu que estava.

— O que quer comer?

— Posso pedir qualquer coisa? — perguntou, se sentindo como uma criança.

— Sim.

— Chá de... hortelã e... Hm... Torradas com geleia.

Ethan levantou e saiu do quarto, fechando a porta. Rebeca deitou de barriga para cima.

Não entendo porque ele disse que brigávamos... Conviver com ele parece ser tão fácil... Bom, tirando o fato dele ser extremamente fechado, mas... ele é atencioso.

Sentou e levantou em seguida, saindo para o corredor. Decidiu olhar a primeira porta do corredor, logo ao lado do quarto. Deu de cara para um banheiro, praticamente igual ao outro lá de baixo, mas a visão era para as montanhas escuras.

Decidiu usar aquele mesmo. Depois de usar o sanitário, lavou as mãos e o rosto, e tentou arrumar os cabelos bagunçados.

Saiu e andou pelo corredor, então viu a segunda porta, lembrando de Gabriel.

Ai caramba, eu falei que ia voltar depois de usar o banheiro ontem...

Sentindo-se subitamente nervosa, Rebeca abriu a porta bem devagar, tentando não fazer barulho e entrou. Gabriel estava deitado, ainda dormindo.

Talvez ele nem percebesse que ela não tinha voltado.

See aproximou e sentou na beirada da cama, e “deitou” sobre o peito dele.

Aos poucos, ele despertou e a olhou.

— Bom dia, dorminhoco. — Ela disse, sorrindo de leve.

— Onde você estava? — perguntou, se sentando e encostando na cabeceira da cama. — Você não voltou ontem.

Eita... — Eu acabei dormindo... Aconteceu algo...

— Ah, é? — Usou um tom meio sarcástico. — O quê?

Oh, droga. Ele está bravo de verdade. — Ethan meio que levou uma bronca dos... sei lá, superiores dele, por “deixar” o livro ser roubado, e foi chamado para uma reunião... Porque a pessoa que pegou o livro está andando por aí livremente, o que pode ser perigoso... — disse rapidamente.

— E o que isso tem a ver com o fato de que você não voltou? Você disse que ia voltar.

— Eu sei, estou dizendo que isso aconteceu depois que eu usei o banheiro, e acabei ficando preocupada com essa coisa toda. Ele teve que sair e eu fiquei esperando ele voltar...

— Eu não consigo entender essa sua fascinação por ele — disse meio bravo.

— Quê? Não é fascinação, está louco? Por...

— Rebeca, você não larga dele desde que ele apareceu. Fica seguindo ele por tudo que é lugar, está parecendo um cachorrinho seguindo o dono.

Rebeca foi para trás, ofendida com aquelas palavras. Então levantou.

— Sinto muito se você não entende a gravidade da situação! Não estamos aqui de férias, se é que você não sabe — esbravejou. — Estamos em uma situação delicada! Se você não quer ficar sabendo de tudo, eu quero, então fica à vontade para voltar para casa se você não quer ajudar!

Gabriel engoliu seco, parecendo arrependido por suas palavras. — N-não é que eu não quero ajudar, senão não estaria aqui...

— Não quero saber! É claro que eu vou ficar atrás dele! Ele é o único que sabe das coisas aqui, somos dois intrusos nesse mundo! Não íamos conseguir fazer absolutamente nada sem ele. Se não fosse ele, não teríamos descoberto nada sobre o livro, e ainda ficaríamos totalmente perdidos quando víssemos que ele foi roubado. Sim, eu admiro muito ele, porque ele sabe de tudo, nos ajudou como pôde antes e está ajudando agora. — Expirou ruidosamente, pois jogou tudo aquilo no ar rápido demais e desviou o olhar, cruzando os braços.

Ele suspirou, levantou e se aproximou dela. — Desculpe... Eu... eu estou sendo ingrato. Eu acabo ficando com medo... — Rebeca o olhou. — De que... você queira... — Suas bochechas começaram a corar. — Ficar com ele. Ele é incrível, sabe fazer tudo, sabe cozinhar igual um chef, entende de milhões de assuntos, com certeza sabe tirar coelhos de cartolas... O que eu sou perto dele? — perguntou desanimado.

A raiva de Rebeca evaporou. — ... você é o meu Gabriel. Nada mais que isso. E daí que você não sabe fazer nada disso? Eu também não sei. E eu não sou... “Maria poderes”. Nós somos um conjunto que não se separa... Ficamos nos procurando nas nossas vidas separadas. Não sabemos o que estamos procurando, mas procuramos. Quer mais que isso?

— E se isso mudar...? E se você... Se algo em você mudar e você não me procurar mais?

— Não temos como saber se isso aconteceria. — Segurou as mãos dele. — Mas se depender de mim, não vai acontecer. Coloca isso na cabeça. — Olhou bem para ele. — Eu te amo. Minha alma ama a sua e nada vai mudar isso. Nunca.

Gabriel apertou as mãos dela e se aproximou, dando um beijo em seus lábios. Se afastou um pouco e a olhou. — Minha alma também ama a sua. — Sorriu.

Ela sorriu e balançou a cabeça. — Bobão ciumento. Vai, temos que tomar café.

Se afastou e saíram do quarto. No corredor de baixo, Gabriel foi ao banheiro e Rebeca foi para a cozinha. Ethan estava colocando um prato cheio de torradas na ilha e a olhou enquanto ela se sentava.

Rebeca pegou a xícara que já estava cheia e tomou um gole. — Você ouviu, não é?

— Um pouco impossível não ouvir seu tom de voz... Você é um pouco... impulsiva — acentuou, enquanto pegava alguns potes na geladeira. — Mesmo que eu bloqueie sua voz, acabo ouvindo de qualquer jeito.

Tomou mais um gole do chá, sentindo as bochechas quentes. — Ah! Como foi ontem?

Ele deixou três potes na mesa, e Gabriel entrou, indo se sentar ao lado dela.

— Morango, amora e uva. — Apontou para cada pote e sentou de frente aos dois. — Resumidamente, me deram alguns dias para pegar o livro de volta. — Abriu o pote de geleira de morango e passou em uma torrada.

— Como assim alguns dias? — Rebeca perguntou. — Quantos?

— Dez.

— E se não conseguirmos pegar o livro nesse tempo? — Gabriel questionou, segurando sua xícara.

— Eles vão interferir e nos tirar de lá, onde quer que estejamos.

— Isso seria... ruim? — Gabriel pegou uma torrada.

— Para vocês, não. Mas para mim, sim. Isso significa que eu falharia em minha missão, e sofreria alguma consequência.

— Mas o que eles poderiam fazer contra você? — Rebeca disse com ar de “você é muito forte para eles fazerem algo”.

— Eles são superiores a mim. Em diversos aspectos. Eu poderia ser rebaixado de nível, ou dependendo do que a pessoa faria com o livro e se fosse tarde demais para desfazer algo, eu poderia ser banido ou até mesmo apagado.

— Apagado...? — Rebeca arregalou os olhos.

— Sim. Eu ainda existiria, mas começaria tudo do zero. E até talvez, eu poderia ser completamente dizimado. Mas apenas um ser tem o poder para dizimar alguém.

— Quem?

— O Superior. Elohim, Adonai, Jeová, Deus, como queira chamar.

— Uau... — disseram juntos.

— Comam agora. Logo sairemos. Temos uma longa viagem pela frente.


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Notas finais do capítulo

Começaremos a aventura! Estão ansiosos?

Não vejo a hora de começar a viagem no tempo!

Nos vemos lá o//



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