Através do Tempo - Entre Vidas escrita por Biax


Capítulo 44
XLIV - Protegido




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Ethan soltou a mão de Gabriel assim que mostrou a última cena. O garoto abriu os olhos, completamente pasmo com tudo o que viu.

— Eu... Ah... Meu Deus...

— Ela está esperando... — começou Ethan, levantando, quando notou que não estava mais ouvindo Rebeca. Vasculhou sua casa e nada dela.

Gabriel notou sua mudança de expressão. — O que foi?

— Ela não está lá... Ela não... Ela sumiu.

— Como assim sumiu? Ela não estava dormindo na sua casa?!

— Estava... Não consigo ver sua mente em lugar algum. Preciso ir até lá.

— Eu quero ir junto.

Ele considerou, observando brevemente o menino. — Rápido, vamos.

Indo na frente, Ethan desceu as escadas e saiu da casa sem fazer barulho. Gabriel o seguiu e passou por seus pais e Cecília, na sala.

— Eu preciso sair, mas já venho.

— Mas filho, daqui a pouco... — Gillian falou, pronta para segurar seu filho no lugar.

— Eu já venho, mãe, eu preciso ir! — Gabriel se apressou para fora, antes que ela conseguisse o segurar.

Já lá fora, Ethan tocou-lhe o ombro e apareceram no quarto. Ethan viu sua cama desarrumada. Os sapatos de Rebeca não estavam ali, então ela os calçou. Se concentrando, viu o rastro de sua energia sair do quarto e foi junto, indo para o térreo e, depois, para o cômodo de entrada.

— Ethan...? — Gabriel perguntou, logo atrás dele.

— Ela conseguiu chamar um portal sozinha — disse Ethan.

— Mas você não disse que ninguém além de você conseguia entrar ou sair daqui?

— Vocês dois têm passe livre, assim como Haziel... Mas ele não veio até aqui. Rebeca saiu sozinha. Ela está em algum lugar protegido, mas não consigo entender como ela chegou lá.

— Onde é esse lugar?

— Existem diversos locais protegidos, não dá para saber em qual ela está. Ou o que pretendia fazer.

Gabriel sentiu a angústia crescer no peito. Se não tivesse demorado tanto para ler a carta, nada daquilo teria acontecido.

— Vamos encontrá-la, Gabriel, não se preocupe. Eu sei quando... algo ruim acontece.

— Será que ela não tentou ir para casa...?

— Não tem nenhum lugar protegido perto da casa de vocês. Aliás, é difícil encontrar um desses lugares em sua dimensão. Não teria como ela ter chego lá sem antes passar pelo Ponto Nulo. O Tempo não a viu... Nem Haziel.

— E Isabel? Onde ela está?

— Eu não sei... Ela... Está com Olívia ainda. Vamos.

Sem esperar reação, Ethan levou Gabriel para onde havia deixado as garotas. Ao aparecerem no pátio, o mais novo sentiu a cabeça girar pela rapidez do transporte. Isabel abriu um sorriso ao ver que Gabriel estava ali, porém, estranhou por Rebeca não estar junto. Levantou e encontrou Ethan no caminho.

— Rebeca pegou um portal sozinha em minha casa, e agora ela está em um local protegido. Não consigo ouvir sua mente — explicou ele, apressadamente.

Isabel arregalou os olhos. — Como ela conseguiu pegar um portal sozinha para um lugar protegido?!

— É isso o que estou tentando entender. Consegui ver seu rastro na minha casa, mas depois que ela pegou o portal, o rastro sumiu.

— Por que ela estava sozinha na sua casa?

— Ela estava dormindo, estava exausta. Eu fui conversar com Gabriel. Não imaginei que ela tentaria sair.

— A questão é: Por que ela saiu?

— Não sei. Não dá para saber.

— Ah, Rebeca — resmungou Isabel, colocando a mão na testa, aflita.

— Posso ajudar? — Olívia se aproximou do grupo. — Posso ir para Dyo procurá-la.

— Sim. Também vou. Talvez ela tenha ido para a minha casa.

 

 

Rebeca respirou fundo e parou na frente da porta, dando alguns toques com os nós dos dedos.

— Oi?

— Despertou? — Alguém indagou do outro lado, distante. Sua voz era um tanto monótona, entediada.

— Sim... Você se chama Minor?

— Ah, você lembrou. Que bom. Sim, sou Minor, guardião da fronteira.

— Você tinha dito que aqui é a fronteira de Dy?

— Isso mesmo. Agora, você pode me dizer o que veio fazer aqui? — A voz ficou mais perto da porta.

— Eu vim procurar minha amiga Isabel. Ela estava aqui há umas horas.

— Eu falei que não há nenhuma Isabel que trabalhe em Dy. Eu conheço todos os funcionários — explicou compreensivamente.

— Bom... Então... Olívia. Ela é amiga de Isabel. Elas estavam conversando quando as deixamos lá.

— Olívia... — ponderou Minor. — Acho que sei quem é. Vou falar com ela. Um momento. — E ele se afastou.

Rebeca olhou pelo cômodo mais uma vez, procurando por algo que pudesse ajudar de alguma forma.

— Olívia saiu mais cedo do trabalho — falou Minor, já de volta. — Não tenho como falar com ela.

— Que droga... Bom, então... Haziel! Isso, Haziel! Chame ele!

— Você conhece ele? — perguntou, descrente.

— Claro. Ele é meu amigo.

— Não sei se você sabe, mas não é tão simples assim falar com o chefe.

— Se você me deixar sair daqui, eu consigo chamá-lo.

— Não sei se é uma boa ideia. Sabe, meu trabalho é impedir que seres sem permissão entrem em Dy. É bem raro aparecer alguém, mas quando acontece, eu preciso impedi-lo, caso ele não tenha uma licença ou permissão.

— Por favor, desse jeito eu vou ficar aqui para sempre.

— E como você o chamaria, caso eu a deixasse sair?

— Primeiro eu teria que chamar Ethan, e aí ele chamaria Haziel.

— E como eu saberia se vocês dois não estão tramando um jeito de entrar em Dy para fazer o caos?

— Por que diabo nós faríamos o caos em Dy? — interrogou ela, encabulada.

— Sinceramente, não sei, mas há loucos para tudo.

— Eu não consigo entender como você não conhece o Ethan. Eu achava que todo mundo conhecia ele.

— Pelo jeito, não.

— Tudo bem. Você não vai chamar ninguém? Vai me deixar aqui até quando?

— É, eu preciso chamar. Você vai ter que esperar mais um pouquinho aí.

Minor se afastou de novo, e Rebeca suspirou. Estava começando a ficar agoniada naquela sala abafada. Foi até a janela em busca de um pouco de ar fresco e procurou qualquer frestinha que pudesse lhe proporcionar tal alívio.

Tateou os quadradinhos de vidro e, sem aviso prédio, uma placa deles simplesmente caiu para trás, tendo seu barulho abafado pela grama fofa. Rebeca mal acreditou naquilo, só podia ser um milagre. Lançou um olhar rápido para a porta e, tomando impulso, pulou a janela e andou devagar, abaixada, por trás da casa.

Sabia que não adiantaria voltar por onde viera, por conta da barreira, então seguiu adiante na trilha. Quando estava fora do campo auditivo da casa, começou a correr, chamando Ethan em sua mente.

Seu coração começou a martelar ainda mais quando ouviu passos atrás de si, e olhou para trás, constatando que Minor estava correndo em sua direção. Apesar de estar longe, ele era rápido, e ela tentou acelerar o passo, gritando em sua mente cada vez mais alto.

Ethan! Ethan! Ethan! ETHAN!

Rebeca passou por mais duas árvores parecidas com as da barreira, quase ao mesmo tempo que sentia seus braços serem pegos por Minor.

— ETHAAAAAN! — gritou com todos seus pulmões.

Ela apenas sentiu um impacto de algo bater de frente com seu corpo. Braços a cercaram de forma protetora, e ela ergueu o rosto, encontrando quem mais chamara aquele dia.

— Ethan, você ouviu... — Sorriu ela, aliviada.

— Você está bem? Como você veio parar aqui?!

Rebeca olhou para trás, procurando por Minor, e o encontrou no chão, há muitos passos de distância, começando a se mexer para levantar.

— Não precisava ter feito isso com ele...

— Ele estava prestes a te pegar.

— Ele não é mau, Ethan, ele é o guardião da fronteira, estava apenas a protegendo. Ele não estava acreditando em mim...

— Ele te apagou... — constatou ele, observando Rebeca.

— Bom, ele faria isso com qualquer um que aparecesse aqui... — Ela deu de ombros.

— Estou vendo.

— Esse é o seu amigo Ethan? — perguntou Minor em um resmungo, começando a levantar.

— Me desculpe pelo empurrão — pediu ele.

Naquele instante, Haziel apareceu ao lado de Minor e o ajudou.

— Estou vendo que rolou uma confusão aqui, Minor.

— Sim... Então... O senhor é amigo dela? — Indicou Rebeca com o queixo.

— Sim, sou amigo dos dois. — Haziel deu um tapinha em seu ombro. — Você está fazendo um bom trabalho. Não fez nada de errado, exceto não ter chamado alguém logo.

— Bom... Ela não me parecia ser perigosa.

— Só por que ela é dyotrreini não quer dizer que não seja perigosa. Ou esperta. — Haziel deu uma piscadela para Rebeca, que sorriu, enquanto ela e Ethan se aproximavam.

— Desculpa por fugir, mas... sabe como é. Você não estava acreditando em mim.

— É... Peço desculpas também. — Minor falou.

— Tudo bem, você fez o seu trabalho.

— Agora, você pode explicar como veio parar aqui? — Ethan a olhou.

Rebeca explicou cada passo que deu. Desde a casa até a clareira, a trilha, e depois tudo o que aconteceu com Minor. Pelo menos agora ele acreditava.

— Você não sabia o que estava fazendo — brigou Ethan, com a voz morna. Ele estava mais preocupado do que bravo de fato. — Nunca mais faça isso sozinha.

— Eu sei, mas por que eu parei aqui?

— Porque são poucos os que tem permissão para entrar diretamente em Dy — explicou Haziel, com um sorrisinho. — É necessário passar pela fronteira primeiro, caso você tenha permissão.

— Ah...

— Bom, agora que estamos resolvidos, que tal voltarmos? Alguém está a sua espera.

— Quem?

Ethan sorriu. — Vai descobrir já, já.


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