Através do Tempo - Entre Vidas escrita por Biax


Capítulo 34
XXXIV – Amor




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— Você está com fome? — Ethan perguntou de repente.

— Não. Eu jantei antes de vir... mas acho que estou ficando com sono.

— Vamos para casa. Agora você terá que tomar um banho.

Rebeca olhou para baixo, vendo que suas roupas molhadas estavam cheias de areia. — Acho que sim.

Levantaram ao mesmo tempo e Ethan segurou o pulso de Rebeca. Logo apareceram na cozinha da casa.

— Vou pegar sua mochila. — Ele avisou, indo para o corredor. — Pode ir ao banheiro.

Ela olhou até ele sumir, e foi para o banheiro. Ligou a torneira da banheira e ajeitou a temperatura da água para quente. Ouviu um toque na porta, e Ethan entrou, deixando a mochila em cima do vaso sanitário, e logo saiu, fechando a porta. Esperou a banheira encher, tirou as roupas e entrou.

Suspirou e afundou a cabeça, fechando os olhos.

Preciso convencer meus pais a comprar uma banheira.

Subiu, deixando apenas do nariz para cima para fora da água e passou as mãos nos olhos e cabelos, os jogando para trás.

Será que Isabel está bem? Para onde ela foi? Achei que ela viria aqui também... Mas nem sinal dela. Preciso perguntar para Ethan.

Depois que a água amornou, Rebeca terminou o banho e se secou. Colocou algumas roupas da mochila e a pegou para sair. Foi até a cozinha, deixando a bolsa perto da ilha, e ouviu um barulhinho vindo da sala. Então foi até lá, vendo Ethan sentado no sofá encostado naquela parede, lendo um livro.

Rebeca se sentou do lado esquerdo dele, mais perto da parede de vidro.

Ethan fechou o livro, a olhando. — Tudo bem?

— Sim, e você? — Percebeu que ele estava com o cabelo molhado, então também tinha tomado banho.

— Estou bem. — Deixou o livro no assento ao seu lado direito.

— Eu estava pensando na Isabel. Achei que ela viria aqui atrás de mim.

— Até poderia tentar localizá-la, mas... ela bloqueia a mente dela.

— Que droga... Por que o Tempo não me deixou falar? — Bocejou

— Talvez eu consiga perguntar se ele sabe sobre ela.

— Sério? Por favor.

Ele virou o rosto, olhando para frente e ficou em silêncio uns segundos, se concentrando. — Tempo... Sim, recebi, obrigado, mas... você sabe para onde a amiga dela foi...? Ah... tudo bem... Não se preocupe... Certo. Até. — Olhou para ela. — Isabel foi tirar satisfação com ele, e parece que foi para Dyo depois.

— Mas... se ela veio para cá... por que não veio aqui?

— Talvez não quisesse nos atrapalhar? Ela pode ter ido para casa.

— Estranho... — Bocejou de novo, sentindo os olhos pesando.

— Por que você não dorme aqui?

— Mas eu...

— Eu te acordo. — Já se adiantou. — Antes que seus pais levantem e percebam que vocês não estão lá.

Ela suspirou, cansada. — Tudo bem. — Levantou e seguiu na frente.

Sem pensar muito, Rebeca subiu as escadas e andou pelo corredor até o último quarto. Entrou e foi para a cama, entrando debaixo das cobertas. O sol já tinha sumido do horizonte, entretanto, ainda estava claro o suficiente para deixar o quarto iluminado.

Ethan deu a volta na cama, afastou as cobertas e deitou, se cobrindo e ficando de lado, de frente para Rebeca. Então sorriu.

— Que foi? — Ela perguntou, sonolenta.

— Uma certa essência está sendo absorvida.

Rebeca pensou se deveria ficar nervosa, mas na verdade ficou ainda mais à vontade. A essa altura do campeonato, o fato de Ethan não conseguir ler seus pensamentos era estranho. Parecia que aquela essência fazia uma barreira entre eles, tornando o contato mais complicado e distante. Na verdade, ela estava aliviada que finalmente estava com os pensamentos livres. Ela não queria esconder mais nada dele.

— Finalmente, então. — Deu de ombros.

— Agora entendo... — disse pensativo. — Foi difícil para você... Ainda mais porque Gabriel entendeu errado... Sinto muito.

Ela olhou para seu travesseiro. — É... não sei se ele vai me perdoar algum dia.

— Você deveria tentar explicar.

— Mas...

— Rebeca... você o ama. Não adianta fingir que isso não te afeta tanto. Só você sabe o que já passou com ele... E... eu acho que entendi.

— Entendeu o quê?

— O que sentimos um pelo outro. — Deu um pequeno sorriso.

Rebeca piscou, tentando entender, e sentiu a mão de Ethan em seu rosto. Graças ao toque, ela sentiu o que ele sentia. Felicidade, um grande amor por ela e uma certeza de algo.

— Não precisamos disso, mas... talvez seja mais fácil.

Ethan chegou perto e a beijou singelamente. Assim que fechou os olhos, Rebeca tentou se concentrar no que sentia. Também sentia amor por ele, afeto, uma vontade de ser mais próxima dele, e... Algo se acendeu. Se encaixou.

Era isso. Eles compartilhavam um amor de eras e eras, mas era um amor muito mais simples de um lado, e complexo de outro. Não havia romance. Não havia desejos físicos. Só havia... amor.

— Percebeu? — Ethan se afastou, olhando em seus olhos. — Estávamos achando que era complicado, mas não é.

A voz de Haziel soou na cabeça de Rebeca em uma lembrança.

“Existem vários tipos de amor, Rebeca, não apenas um.”

— Haziel sabia disso desde o começo, mas provavelmente não quis intervir na nossa descoberta.

— Não seria mais simples se ele falasse?

Ethan sorriu. — Ele sempre faz essas coisas. — Um barulhinho começou a apitar, fazendo eco no corredor. Levantando, Ethan saiu da cama e do quarto.

Rebeca olhou pela janela sem ver, perdida em pensamentos. Agora parecia óbvio o que ela sentia. Desde aquele primeiro beijo, algo parecia meio errado e apenas seu subconsciente sabia. Percebeu que aquele toque não era igual ao de Gabriel, aquele beijo não era igual ao de Gabriel.

Aquele amor não era igual ao de Gabriel.

O amor que sentia por aqueles dois era diferente. Era forte, mas diferente.

Apenas Gabriel a fazia sentir vontade de agarrá-lo e beijá-lo loucamente. Apenas ele conseguia fazer com que ela se sentisse amada e desejada. Era com ele que ela queria viver, crescer e morrer. E depois repetir tudo de novo, na mesma intensidade.

Se ela tivesse que construir uma família, tinha que ser com ele.

Seu se apertou, e ela finalmente sentiu a perda de verdade. A falta que ele fazia. E o fato de que talvez eles nunca ficassem juntos de novo. Dobrou as pernas, levando os joelhos para o peito e se abraçou, ficando de lado, como se ajudasse a mantê-la inteira.

Pouco depois, Ethan voltou e deitou. Apoiou o braço esquerdo no ombro de Rebeca e começou a fazer carinho no cabelo dela, como se quisesse a confortar.

— Quem era? — Ela perguntou.

— Haziel... disse que está feliz por finalmente termos percebido. — Ela tentou sorriu, mas nada se mexeu em seu rosto. — Posso tentar te ajudar.

— Como? Vai fazer ele esquecer o que eu fiz? Não seria justo.

— Não... — Analisou o rosto dela. — Posso tentar convencê-lo a te ouvir.

— Se ele não quer me ver, imagina você.

Suspirou. — Vamos pensar em algo. Agora durma.

Rebeca fechou os olhos, sentindo aquele carinho, e se deixou dormir.


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