Através do Tempo - Entre Vidas escrita por Biax


Capítulo 29
XXIX – Tentar




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/758452/chapter/29

Rebeca ficou ali em silêncio, enquanto Isabel via tudo o que acontecera. Devia ter levado uma meia hora ou mais.

Isabel suspirou. — Pronto…

E sentando, Rebeca a olhou. — Como é a sensação?

— Parece que eu estou vendo um filme. E que filme, hein? — disse em um tom pensativo.

— Pois é… E aí? O que você acha?

— É meio difícil… Você sempre teve esses sentimentos por Ethan… Desde o seu nascimento… E mesmo que tenham seguido caminhos diferentes, não deixaram de se amar. E aí veio Gabriel, que está com você desde a sua primeira vida… Você ama tanto os dois… O que você quer exatamente?

— Se eu já não sabia antes, agora então…

— Bom, você estava na dúvida de quem amava mais, e não queria tirar a prova porque não queria trair Gabriel… Acho que agora você pode.

Rebeca a encarou, alarmada. — Quê? Você quer dizer que eu posso…

— Tentar com Ethan, sim.

— Não. Não posso. Isso… isso…

— Por que não?

— Isso é errado! E se…

— Rebeca. — Isabel chamou sua atenção. — Não sei se você entendeu, mas não tem mais essa de “e se o Gabriel descobrir”. Ele não vai descobrir e muito menos querer. Vocês não estão mais juntos.

O coração de Rebeca vacilou e voltou a bater rápido. Seu olhar subiu, indo parar no mezanino. Então aquele lugar não era mais deles…? Como seria isso? Era impossível ver aquele lugar como um simples celeiro.

Todas aquelas coisas estavam lá por causa deles, e agora... acabou?

— Eu sinto muito. — Isabel segurou sua mão esquerda. — Mas acabou.

A informação não estava sendo processada direito. Rebeca mal lembrava de como era sua vida antes de Gabriel, ou mesmo de Aloys, e agora…

É claro. Eu fui uma idiota. Eu estava duvidando do meu amor por ele! Eu mereci isso, não é? Eu fiz tudo errado.

Sinto muito, Gabriel...

— Você não duvidou do seu amor por ele, Beca… — Isabel sentou mais perto e abraçou a outra pelos ombros. — Você sabia que amava ele, mas todo esse sentimento por Ethan veio de uma vez.

— Tá, e do que adianta agora? Tudo o que eu queria era não magoar o Gabriel e foi só o que eu fiz. Ele não merecia isso.

Mais algumas lágrimas escaparam, e Isabel a fez deitar a cabeça em seu peito.

Agora acabou de verdade.

— Tem alguém vindo. — Isabel disse de repente.

Rebeca fungou, se endireitando e passando as mãos no rosto. — Quem?

— Beca? — A voz de Maristela soou perto, e logo ela apareceu na porta. — Ah, oi. — Acenou brevemente para Isabel.

— Olá.

Ao ver sua mãe, Rebeca começou a chorar de novo enquanto levantava e a abraçava. Todos os problemas se misturaram com a saudade, e sem pensar correu em direção a ela.

— Filha, o que foi? — perguntou, a abraçando de forma protetora.

— Ah, mãe... — sussurrou em meio as lágrimas.

Maristela olhou para Isabel, tentando saber de algo, mas Isabel viu que ela já suspeitava que aquela choradeira tinha a ver com Gabriel.

— Você e o Gabriel brigaram? — Colocou a mão nos cabelos da filha, que afirmou. Ela suspirou. — Vem, vamos para casa. — Fez um gesto para Isabel as seguir, e andou sem soltar a garota.

— Desculpe. — Isabel disse ao ficar ao lado dela. — Me chamo Isabel.

— Prazer, sou Maristela. — Se apresentou ao entrar em casa, e se sentaram no sofá. — Por que seu cabelo está com um cheiro estranho...? E suas roupas estão sujas... Andou rolando na terra?

Então Rebeca se sentou direito, olhando para suas pernas, e viu que realmente estava com as roupas sujas, os pés, os braços...

— É melhor eu tomar um banho — comentou desanimada e levantou. Olhou para a amiga. — Você...

— Eu espero, pode ir. — Deu um sorriso compreensível.

Enquanto subia, Rebeca deu uma cafungada em seu cabelo, e sentiu o tal cheiro estranho, que devia estar sujo que só. Também, a última vez que tomara banho foi na casa de Ethan, antes dele partirem...

Entrando em seu quarto, quase teve outra crise de choro.

Como queria deitar na minha cama... Mas nesse estado, é melhor não.

Ela pegou roupas limpas e foi ao banheiro. Fechou a porta e se olhou no espelho, vendo como estava acabada.

É, correr pelo tempo acaba com você.

Tirou as roupas encardidas e as colocou no cesto de roupas sujas. Entrou no box e ligou o chuveiro, relaxando com a água quente. Tomou um banho demorado, lavando cada parte de seu corpo como se com isso conseguisse se livrar dos sentimentos ruins e tristes, porém, claro que não funcionaria. Depois de terminar, se enxugou preguiçosamente e vestiu as roupas limpas. Deu uma secada no cabelo com a toalha e passou creme nos fios. Desceu e pendurou a toalha no varal do quintal de trás.

Ao entrar na cozinha, ouviu a conversa parar e as duas olharem em sua direção.

— Agora sim você está decente. — Maristela comentou, mexendo em uma panela no fogão. — Como você está?

Rebeca suspirou e sentou em um lugar ao lado de Isabel, na mesa. — Um pouco melhor.

— Isabel estava me contando que veio passar as férias com você. Eu já disse que se ela quiser, pode ficar aqui. Vai ser até bom, né? Já que a Maria foi viajar com a família. Assim você tem uma companhia...

— Eu falei que se não tiver lugar, posso dormir no celeiro. — Isabel sorriu.

— Até parece! Lá é frio e sinistro. Imagina que eu ia te deixar dormir lá. A Beca tem um colchão extra no quarto dela.

— É... Onde o Gabriel dormia — cochichou, tristonha.

— Beca, arruma a mesa, vai. Se distraia um pouco.

— Arrumando a mesa? — questionou debochada, indo pegar os pratos.

Assim que ela terminou de arrumar, Roberto chegou do trabalho e Isabel já se apresentou. Eles não tocaram no assunto de Gabriel, e assim a noite passou, com as mais novas ajudando com a louça depois. Após isso, subiram e Rebeca começou a arrumar a cama para Isabel, que ficou olhando as fotos espalhadas pelos cantos do quarto.

— Acho engraçado o fato de eu saber mais das suas vidas do que você mesma.

— Acho meio triste, na verdade. — Rebeca falou, pegando as cobertas extras.

— Ah, bom, é um pouco também. Mas é algo natural... Você não chegou a ver muito das suas vidas, né?

— Não. Não tínhamos tempo. Trombei comigo algumas vezes... Aliás, talvez você consiga me responder algumas coisas.

— Claro. — Ela deixou a foto de volta na mesa e olhou para a outra com curiosidade.

— Tá pronto. — Rebeca apontou para a cama no chão. — Eu só vou colocar meu pijama. — Foi até a porta e a puxou, mas viu que não tinha nenhuma roupa pendurada atrás dela. — Ué, cadê? — Olhou pelo quarto.

— Você não guardou? — Isabel sentou-se na sua cama.

— Não costumo guardar... — Abriu a porta. — Mãe?! Cadê meu pijama?

— Ué, como vou saber? — Maristela respondeu de seu quarto.

— Que estranho... — Virou, olhando de novo pelo quarto. — Eu não deixo ele em outro lugar...

Espera...

Rebeca pisou no colchão de Isabel e abriu as gavetas do guarda roupa, vendo que faltavam algumas roupas.

— Que foi? — Isabel estranhou a careta da outra.

— Ah não... — Colocou as mãos na cabeça. — Minha mochila ficou na casa do Ethan. Até meus tênis! — Lembrou que quase caíra quando tropeçou neles ao sair correndo da cama dele. — Merda.

— Mas você não tem outras roupas?

— Tenho, mas as que estavam lá eram as minhas preferidas — explicou, triste.

— Tudo bem, algum dia a gente vai lá buscar.

— Nem pensar — exclamou rápido. — Vai ficar lá. — E começou a procurar outro par de pijamas.

— Medrosa como sempre. — Isabel sussurrou, mas a outra não ouviu, já que saiu do quarto. As duas se trocaram, e ao voltar, Rebeca deixou suas roupas na cadeira e sentou no colchão ao lado da morena. — Então quais suas dúvidas? — Se ajeitou, colocando o travesseiro no colo.

— A primeira que me veio na cabeça, foi quando eu te conheci, no convento. Por que eu estava lá? Você sabe?

— Você me contou que seu pai a colocou lá porque você começou a sonhar acordada, e ele achou que você estava se encontrando as escondidas com um garoto. E ele só ia tirá-la de lá quando te arranjasse um marido.

— Que horrível... Mas eu não estava, né? Me encontrando com alguém.

— Não. Foi o que eu disse aquela vez. Você ficava procurando algo que nem sabia o que era... E seu pai até te fez um favor, porque uns anos depois você encontrou Gabriel lá.

— E o que aconteceu? — perguntou interessada.

Ela riu. — Eu ajudei vocês a fugirem, e eu fui junto.

— Como?!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Através do Tempo - Entre Vidas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.