Através do Tempo - Entre Vidas escrita por Biax


Capítulo 25
XXV – Tempestade, Calmaria e mais Tempestade




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— Pronto? — Rebeca perguntou, encarando Haziel. — Para quê?! Para voltar para a vida chata e sem graça dele?! — Sua voz acabou aumentando de tom sem que percebesse. — Para... para voltar a guardar o que sente como um idiota? Para continuar sofrendo sozinho porque não tem coragem de colocar para fora o que sente?! Isso é ridículo! Ele é um idiota! Que sofra pela eternidade! Eu não preciso dele! Meu amor por Gabriel pode me completar para sempre! — Mais lágrimas saíram. — Que ele... que ele vá... — Fungou.

Haziel, que parecia se divertir com a ceninha dramática dela, voltou a tocar seu ombro. — Isso, coloque para fora. Continue.

— Você... você está debochando de mim — acusou, passando os pulsos nos olhos, ainda chorando.

— De forma alguma. Estou te incentivando a soltar o que te incomoda.

— Então por que você está rindo?! — exclamou, ficando nervosa.

Ele segurou o riso, e a pegando pelos ombros, a virou. Rebeca viu algo branco em sua frente, e levantou a cabeça, vendo Ethan. Rindo.

Ai...

Seu rosto automaticamente respondeu, ficando vermelho. Com um sorriso, ele suspirou e levou sua mão até o rosto dela. Então, ficou sério.

— Sinto muito. Eu... eu realmente sou um covarde.

— Ethan... — Segurou a mão dele que estava em seu rosto.

— Eu vou te mostrar — disse firme.

— Mostrar...?

Rebeca começou a sentir a ponta de seus dedos formigando, que logo se espalhou para o resto do corpo. Como uma onda, diversas emoções e sensações passaram por ela. Emoções que ela conhecia bem, depois de ter descoberto tudo, mas que eram muito mais intensas do que as dela. Seu estômago se revirou com tantos sentimentos, a fazendo fechar os olhos.

Havia muito amor ali, mas tinha tantos outros sentimentos que eram impossíveis de descrevê-los ou nomeá-los. Era tanta coisa que Rebeca começou a entender por que Ethan os mantinha guardados. Era demais para administrar. Era muito para se ter noção. Era muito.

Aquela conexão que Ethan sentira ao receber Rebeca era tão forte que parecia que ia explodir o corpo dela em milhares de pedacinhos. Sentiu tudo o que Ethan sentiu desde a primeira estação. Com e sem ela por perto.

Suas pernas começaram a falhar. Sua força começou a ir embora. Ela caiu de joelhos na grama, mas em nenhum momento a mão de Ethan saiu de seu rosto.

— Rebeca. — Ele a chamou, colocando a outra mão no rosto dela e ajoelhando em sua frente.

Ela abriu seus olhos, que estavam turvos pela água, e pela primeira vez, viu que Ethan também tinha lágrimas escorrendo por seu rosto.

— Eu te amo. Com todas as minhas forças, com todos meus poderes, desde o início até agora. Eu te amo. Irei amar até meus últimos dias e nada do que eu fizer vai poder tirar esse sentimento de mim... Você faz parte de mim. Sempre fez. — Soltou seu rosto e a abraçou com força.

Rebeca retribuiu o abraço e chorou de soluçar. — Idiota.

E então, veio a calmaria depois da tempestade.

Pela primeira vez, Ethan se sentiu vazio, em um bom sentido. Tudo o que guardara finalmente tinha sido liberado. Já Rebeca, estava tão feliz de ter conseguido o que queria que poderia morrer. Finalmente Ethan mostrou o que sentia. E olha que não era pouca coisa.

Haziel via de longe, entretanto, conseguia enxergar e muito bem a áurea perolada que cercava os dois. Era tão grande que pegava grande parte das árvores em volta deles.

Com os olhos secos, Rebeca se afastou dele e o olhou. — Isso é um sonho, não é?

Ele sorriu. — Quem sabe?

Rebeca piscou, não acreditando no que estava vendo. Ethan sorrindo. Sorrindo com a alma. Verdadeira e profundamente. Igual o que vira nas estações. Ele voltou a ser ele mesmo.

Ethan estendeu a mão direita para ela, e mesmo sem saber o motivo, a pegou, arregalando os olhos no mesmo segundo.

— Como...

— Consegue sentir, não é?

— Isso... é seu?

— Sim.

— Eu estou... sentindo sua felicidade?

— Está. Você conquistou essa... habilidade.

— Então... eu consigo fazer isso com outras pessoas?

— Consegue... É, seria uma boa ideia você testar com ele.

Gabriel...

Por um momento, ela se sentiu feliz e até ansiosa para mostrar essa novidade a Gabriel. Mas depois de levantar de supetão, se sentiu um pouco confusa. Ela teria que explicar tudo o que acontecera até chegar ali. Então, Gabriel teria que saber de tudo o que ela e Ethan passaram.

Como ele reagiria? Será que entenderia? Será que se sentiria traído de alguma forma? Deixado de lado? Ele aceitaria explicações?

Rebeca começou a sentir seu estômago dando giros.

— Você só saberá se ir até ele. — Ethan comentou.

Tudo passou de novo pela cabeça dela. Não teria outro jeito de explicar.

— M-mas e se ele não gostar disso? E se... se ele não aceitar?

E se depois ele quiser ir embora? Não quiser mais saber de mim...? E se for melhor assim?

Espera, o que eu estou pensando...? Eu realmente estou cogitando a ideia de... Não. Rebeca, você está ficando louca? Não, não. Você não pode pensar isso.

— Beca? — Ethan a chamou, baixo. — Você não precisa falar com ele agora.

Rebeca colocou as mãos no rosto, se sentindo completamente perdida e amedrontada. Seu coração batia rápida e dolorosamente, devido ao nervoso. Suas pernas começaram a se mover sozinhas. Começou a correr para longe, sem saber para onde ia. As árvores passavam por ela, sem perceber. Correndo com todo seu fôlego, começou a sentir sua cabeça latejar. Eram muitos pensamentos querendo emergir ao mesmo tempo.

Não! Não quero pensar nisso! Para!

Parou bruscamente e se encostou em uma árvore, encostando a testa no tronco, fechando os olhos com força.

Gabriel, Ethan, Gabriel, Ethan, Gabriel, Ethan.

Nomes que se repetiam sem parar. Momentos que vinham sem ela deixar. Era demais.

Rebeca se deixou sentar na grama, e deitou em seguida, ainda de olhos fechados. Estava tão feliz momentos atrás, quando finalmente soube tudo o que Ethan sentia. Parecia ser algo tão simples. Mas não era. Agora ela tinha que lidar com seus próprios sentimentos confusos. Agora, a tempestade era dela.

Tudo o que vinha em sua mente era Ethan.

Era como se tentasse encaixar uma peça de quebra cabeça onde não havia espaço. Como se não houvesse espaço para Gabriel. Aquilo era totalmente errado. Ela sentia isso.

Respira, Rebeca. Você está assim porque acabou de descobrir tudo. Você só precisa de um tempo. Lembre do que Haziel disse. Dê tempo ao tempo.

— Rebeca? — Ela abriu os olhos, e notou Haziel em pé do seu lado, a observando — Eu sei que você precisa de um tempo, mas logo acontecerá a reunião para decidirem o futuro de Mila. Você gostaria de ir?

Isso. Eu preciso me distrair.

— Sim. — Sentou e levantou, se sentindo um pouco pesada.

Haziel a olhou, parecendo preocupado. — Venha. — Estendeu a mão para ela, que segurou sua mão sem hesitar e, no segundo seguinte, apareceram perto da cachoeira.

As árvores eram todas brancas, levemente acinzentadas e o céu estava de um tom de verde-água. Haziel começou a andar, e a mais nova o seguiu, percebendo que haviam algumas pessoas próximas do lago. Então viu que Ethan e Gabriel estavam lá também.

Olhou para Gabriel enquanto caminhava. Parecia que não o via faziam meses. Ele ainda vestia as roupas que usaram em Veneza. Ele sorriu ao vê-la, parecendo aliviado e feliz. Rebeca estava fazendo um grande esforço para não deixar todos aqueles pensamentos tomarem sua mente. Ela precisava se manter presente e fingir que estava tudo bem.

Ethan também a observava, com sua típica cara séria, mas Rebeca sabia que ele não era mais o mesmo.

Se aproximou e Gabriel estendeu a mão em sua direção. Sem pensar, Rebeca a pegou e cruzou os dedos com os dele, colocando em prática sua nova habilidade. Eles se olharam e ela sentiu o que ele estava sentindo. Felicidade em ver que ela estava segura e bem. Amor, saudade, afeto, segurança.

E aquilo só a fez se sentir pior.

Olhou para frente, vendo quatro pessoas, duas mulheres e dois homens, vestidos iguais Haziel. Todos encaravam Mila, que estava sentada nos calcanhares, na grama, toda molhada, com o olhar para o chão.

Haziel ficou ao lado de Rebeca, colocando os braços para trás, olhando o grupo a frente deles.

— Tudo bem? — Gabriel sussurrou.

Rebeca tentou dar um pequeno sorriso para ele e balançou a cabeça de leve, encarando a ruiva. Mila levantou a cabeça, olhando diretamente para a garota, com um semblante sério e frustrado.

É agora, Mila.


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