Através do Tempo - Entre Vidas escrita por Biax


Capítulo 21
XXI – Coragem




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Rebeca olhou para trás e viu alguém correndo mais a fundo da floresta.  Correu atrás, e viu que era uma menina. Provavelmente era a outra versão dela, porém, não dava para ter certeza sem ver seu rosto.

A menina parou, começando a andar devagar. Rebeca já avistou alguém sentado no pé de uma árvore, lendo um livro. A menina se aproximou, agachando ao lado do rapaz.

— Vamos, Ethan. Larga esse livro e vamos fazer algo juntos. — Ela disse, segurando o braço dele.

Rebeca se posicionou atrás de uma árvore, conseguindo vê-los de frente.

— Estou estudando, Beca — explicou, delicado. — Mais tarde, tudo bem?

— Por que é sempre mais tarde? — Ela quis saber, chateada. — Você leva as coisas tão a sério... Deveria se divertir mais.

— Estou me divertindo. Sabe que Haziel gosta de nos ver estudando.

— E daí o que Haziel gosta? E o que você gosta? — questionou impaciente, segurando o rosto dele com as duas mãos. — Por favor. Quero ficar com você.

Ethan acariciou o rosto dela com um pequeno sorriso. — Tudo bem. Pode só esperar eu acabar essa página?

Ela suspirou, e Rebeca podia jurar que revirou os olhos também. — Está bem. Mas depressa. — Levantou.

Ele a olhou se afastar, e voltou a ler o livro.

Nós... eles são tão próximos assim? Como que isso é possível...?

Nós...

Ethan sumiu. Agora as árvores tinham cores amarelas e rosas.

Que ordem mais estranha de cores.

— Ethan! — Alguém deu um gritinho enquanto ria.

Rebeca se virou para a esquerda, vendo os dois novamente. Sua outra versão estava correndo e parou em uma árvore, de costas para ela. Ethan se aproximou, parecendo se divertir, fazendo o sorriso dela aumentar cada vez mais.

Então, ela tentou fugir, e ele a pegou pela cintura, a abraçando.

— Você não escapa mais. — Ele riu.

— Talvez eu não queira. — Ela deu de ombros, segurando o pescoço dele.

— Hm... bom saber — sussurrou, aproximando seu rosto e a beijando.

Os olhos de Rebeca se arregalaram e tapou a boca com a mão desocupada, chocada, enquanto eles riam, trocavam beijos e abraços.

Sentiu as bochechas quentes vendo aquela cena. O beijo tímido que ela e Ethan deram em Roma não era nada comparado com aqueles beijos dos dois.

Eles começaram a se mexer enquanto se beijavam, e Ethan tropeçou em algo e caiu de costas no chão. A outra Rebeca colocou as mãos sobre a boca, assustada, mas os dois desataram a rir. Então ela sentou na barriga dele e começou a fazer cócegas em suas costelas.

O amor que os dois transmitiam era de dar inveja a qualquer um. Dava para ver de longe a cumplicidade, amizade, amor, paixão...

Parecia ser algo puro e doce.

Mas... cadê Gabriel? Nós não... Eu não entendo.

Então... foi isso o que eu senti por Ethan? O que aquele beijo despertou? Era... disso que eu senti saudade?

Ele parece tão feliz... tão cheio de emoções. Tão... vivo.

Por que ele não é mais assim? Será que...

Eles estavam brigando, não é? Isso aconteceu antes deles brigarem, certo?

Mas por que a gente brigava?

Isso é tão confuso.

Nós ficamos juntos de verdade... Mas desde quando?

As risadas pararam, e Rebeca notou que eles tinham sumido. Voltou a andar, sem rumo. Não queria calçar seus tênis, pois a grama era macia e seria um desperdício andar calçada ali.

Escutou barulho de água. Provavelmente havia uma cachoeira por ali, e seguiu o som, até que chegou no local. Haviam algumas pessoas na margem do lago, olhando para cima. Rebeca também olhou, porém, não via nada além da própria cachoeira e um céu limpo cor de rosa escuro.

Seus olhos pararam em alguém, sem perceber. Era Ethan. Ela não precisava ver seu rosto para saber. De repente, ele entrou na água, caminhou e parou debaixo da cachoeira. Um pouco depois, saiu com alguém nos braços.

Estranhamente, Rebeca sabia que aquela era a sua versão. Mas de onde ela saiu?

A outra Rebeca parecia desorientada e confusa, e segurava o pescoço de Ethan como se fosse morrer se o soltasse.

Ethan a levou até a grama e sentou, a fazendo sentar em seu colo e a aninhou, como uma criança que teve um pesadelo e estava com medo. Ele acariciava seus cabelos molhados e seu braço, a reconfortando.

Esse... é o meu nascimento? Quando minha alma foi criada...?

Então ele nasceu antes de mim? Não nascemos juntos? Quão mais velho ele é?

Novamente, todos sumiram. O céu estava roxo claro, e as árvores, brancas e violetas.

Rebeca voltou a andar pela margem do rio, até chegar nas pedras que começavam a cachoeira. Subiu em algumas, indo mais alto, mas não chegou até o topo. Olhou ao redor. Não chegou a ficar nem na metade da altura das árvores.

Ouviu a risada de Ethan em algum lugar e se virou, procurando. Um pouco mais para baixo, mais à esquerda, o viu. Junto com uma menina, estavam em uma pedra, lado a lado. Com o coração acelerado, Rebeca notou que a menina tinha cabelos longos e ruivos.

É ela...

A ruiva estava sorrindo para Ethan, toda feliz e então, o beijou, cercando o pescoço dele com os braços. Com cuidado, ele segurou sua cintura, mas não a puxou para si, como fazia com a versão de Rebeca.

Mas por que ela está vindo para cá? O que ela pretende fazer?

Se isso aconteceu antes de minha alma nascer... existe alguma possibilidade dela querer fazer algo comigo porque depois eu fiquei com Ethan?

Ou ela seria capaz de fazer algo com ele?

Eu preciso saber para onde ela vai.

Quando Rebeca voltou a si, percebeu que eles não estavam mais ali. Desceu das pedras e começou a andar para as árvores, parando quando ouviu vozes.

Olhou para trás, notando que haviam pessoas na margem novamente, olhando para cima. Ethan estava lá, de novo, esperando.

Quem ele está esperando?

Então ele entrou na água, indo até a cachoeira. Depois, saiu de lá carregando alguém igual carregara a outra Rebeca. Saiu da água, segurando a menina ruiva no colo. Sentou na grama, mais ou menos perto de onde Rebeca estava antes, e a colocou em seu colo, fazendo o mesmo processo.

Não tinha como não sentir uma pontada de ciúmes, apesar de Rebeca achar ridículo. Para ela, Ethan tinha pego apenas ela na cachoeira.

O coração dela estava a mil, como se sentisse que algo aconteceria.

Seus olhos varreram as árvores ao redor do lago, até que algo chamou sua atenção, não muito longe. Uma pessoa saiu da sombra de uma árvore carregando um livro fechado.

Era ela.

A ruiva abriu o livro e andou, calmamente, pela grama, sem pressa alguma. Ninguém parecia vê-la. Só Rebeca.

Ela virava as páginas do livro, como se estivesse procurando uma receita, enquanto andava.

O que ela vai fazer? Eu preciso impedir. Eu preciso fazer alguma coisa. Ela vai machucar Ethan.

Pensa, Rebeca, pensa.

O que eu posso fazer contra uma bruxa? Eu não sou uma e muito menos tenho poderes. Ela pode me matar com um movimento de mão.

O que eu faço...?

A ruiva parou, ainda um pouco longe de Ethan, continuando a passar as páginas do livro, com uma expressão de tédio.

Por que ninguém a vê? Ninguém percebeu que ela vai fazer algo ruim?

Pelo amor de Deus!

Mudando de expressão para uma mais feliz, a ruiva pareceu achar a página que tanto procurava. Segurou o livro com a mão esquerda e estendeu a direita na direção de Ethan.

Não!

Sem pensar, Rebeca largou seus tênis e correu.

Tarde demais, a ruiva se virou, vendo a garota, e antes que pudesse fazer algo, as duas se chocaram. Com a velocidade e força, caíram no lago, espalhando água por toda a margem. Rebeca engoliu água antes de conseguir emergir. Tossiu e olhou ao redor, procurando a maluca. A viu, nadando até onde o livro boiava.

Assim que o alcançou, as páginas, que Rebeca conseguia ver os escritos de longe, começaram a se dissolver. A mandíbula da ruiva se apertou e ela encarou Rebeca como se pudesse matá-la apenas com o olhar.

E talvez pudesse.

Com medo, Rebeca começou a andar para trás, tentando sentir a margem do lago.

A ruiva levantou o braço em sua direção.

Acabou para mim.


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