Através do Tempo - Entre Vidas escrita por Biax


Capítulo 16
XVI – De Volta as Origens


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Rebeca levantou e tirou o vestidão de freira enquanto Gabriel atacava as frutas e até o pedaço de carne fria.

Isabel olhou as roupas que a outra usava.

— Que roupas estranhas. Por que você está de calça?

De novo isso? Primeiro Aloys, agora ela. — É normal mulheres usarem calças no futuro.

— Uau... Me conte mais sobre o futuro — pediu, curiosa.

— O que quer saber? — Voltou a se sentar.

— Não sei. O que tem de diferente daqui?

— Hm... É tanta coisa que eu não sei... Falando em roupas, mulheres usam calças, camisetas, têm cabelos curtos... Tomamos banho todos os dias, o que parece que não acontece aqui...

— Existe algo chamado celular. É muito legal. — Gabriel disse, comendo outro pão enquanto também tirava seu vestido.

— Celu... celular?

— É. Você usa para conversar com outras pessoas que estão longe.

— É uma espécie de carta?

— Quase isso. — Rebeca riu. — Então, se você não é humana, provavelmente vai viver até lá, certo?

— Imagino que sim...

— Estão acordados, ótimo. — Ethan apareceu, assustando os três. — Temos que ir... — Olhou para Rebeca e Isabel, percebendo algo diferente. Ele viu a conversa que as duas tiveram, ficando irritado.

— Que foi? — Rebeca perguntou vendo a cara séria dele.

— Você não sabe guardar as coisas para você, não é?

— Qual o problema de eu ter contado?

Ethan ia falar, mas fechou a boca e suspirou, tentando se controlar. — Vamos, agora.

Gabriel levantou, ficando ao lado dele. Rebeca olhou para Isabel.

— Obrigada por ter nos ajudado. — A abraçou. — Quando você chegar em dois mil e dezessete, me procure.

— Isso vai demorar. — Ela riu.

— É, mas vou te esperar. — Olhou ao redor, procurando algo.

Ethan deu um passo até ela e entregou um bloquinho de papel e uma caneta.

Ela os pegou e começou a escrever. — Se você conseguir... Esse é o meu endereço. — Tirou a folha e entregou para Isabel.

— Vou tentar. — Sorriu, com os olhos ficando úmidos.

— Não chora ou eu vou chorar também — disse, a puxando para mais um abraço apertado. — Obrigada. — Se afastou, ficando ao lado de Ethan.

— Nos vemos no futuro. — Isabel disse, os olhando.

Um portal apareceu atrás deles, e Ethan foi o primeiro a entrar, seguido de Gabriel, que acenou. Rebeca acenou também, e virou, entrando e desaparecendo.

Os três saíram dentro de um quarto. Havia uma cama de solteiro centralizada na parede da direita, e logo atrás de onde saíram havia uma escrivaninha, com muitos papeis em cima.

Ao vê-los, Rebeca viu que eram diversos desenhos. Pessoas, cachorros, objetos...

Pegou uma das folhas, com um desenho de uma garota sorrindo para quem a desenhou. Parecia que era ela ali, mas...

Rebeca? — Alguém chamou. Ela se virou, dando de cara com um garoto, que devia ter uns quinze anos. — Hai ottenuto i vestiti di tuo... padre? — falou, a olhando dos pés à cabeça e rindo. Ele segurava algo dentro da mão. — Che vestiti strani. — Se aproximou. — Apri la tua mano — disse, levantando o punho virado para baixo.

Rebeca não entendeu o que ele queria, então o garoto pegou sua mão direita, a deixando aberta para cima e colocou um anel ali.

L’ho fatto adesso — falou parecendo orgulhoso.

Ela pegou o anel e o analisou. Era um círculo simples de ouro, com uma pequena pedra azul encrostada no metal.

Botticelli... — Ethan estava parado na porta do quarto. — Tuo padre ti sta cercando. — Fez um sotaque italiano impecável.

O garoto o olhou, estranhando, mas logo saiu do quarto.

— Botticelli? — Rebeca perguntou chocada. — Eu conhecia ele?

— Vocês eram vizinhos. Cresceram juntos. — Ethan pegou o anel da mão dela e o deixou na mesa, em cima dos desenhos.

— Ei, ele me deu esse anel.

— Não, ele queria dar para a Rebeca daqui. Preciso te amarrar para que você fique por perto?

Ela fez bico e olhou para o anel de novo.

— Vamos logo. — A puxou pela mão para o corredor, onde Gabriel esperava.

Logo à frente já havia um portal.

— Mas por que estamos indo tão rápido? — Ela questionou ainda sendo puxada. — Você nem disse onde estamos ou que ano é...

— O livro já seguiu adiante. Florença, 1458.

E mais uma vez passaram pelo portal, saindo em uma floresta, e assim que Rebeca virou para trás, deu de cara com um lago gigantesco. Olhando ao redor, viu muitas árvores cercando aquele monte de água. Ao abaixar o olhar, notou as diversas pedrinhas a seus pés.

A água que estava na margem do lago era cristalina, onde era possível ver as pedras coloridas que ficavam mais abaixo.

Buscou o olhar de Gabriel. Ela sabia onde eles estavam, e estava louca para seguir em frente. Sem esperar a reação dele, começou a andar para a floresta.

— Onde você está indo?! — Gabriel a seguiu.

— Você é muito lerdo, Gabriel! Não reparou onde estamos?

— Em uma floresta?

— Não! — Riu, enquanto andava rápido. — Sim, é uma floresta, mas não uma qualquer!

Ethan os seguia sem falar nada, mesmo que estivesse se divertindo com a reação de Rebeca.

Andaram rápido até chegar no espaço aberto. Rebeca olhou ao redor, curiosa, esperando ver as coisas quase no mesmo lugar, só que tudo estava diferente.

O celeiro era menor, e ficava mais perto do começo das árvores, igualmente o galinheiro, que era muito menor.

Mas o que era mais impressionante era a casa, que era muito menor e ficava mais longe. Havia outra casa praticamente do mesmo tamanho mais à direita, e outra na frente dela, com uma rua as separando.

A pequena casa ficava de frente para uma rua de terra, que seguia para o norte. Bem lá na frente, haviam outras casas, formando uma pequena vila.

Rebeca seguiu para frente, se aproximando da horta que ficava atrás da casa. Ouviu um barulho que vinha lá de dentro, e em seguida uma porta abrindo.

— O que está fazendo aí?

Ao se virar, Rebeca viu Aloys, exatamente igual quando o viu pela primeira vez. Ela sorriu abertamente, correu até ele e o abraçou.

— Aloys! — exclamou, feliz, e fez uma careta devido ao cheiro dele. Se afastou.

Não lembrava que ele fedia tanto assim.

Aloys a encarou sem entender. — Você não disse que iria trocar o leite?

Claro que ele ia achar que ela era Amice. E também claro que ele não saberia que ela era a Rebeca do futuro.

— Amice? Você está bem? Bem que você acordou um pouco estranha hoje...

Rebeca sorriu de novo. Aquilo era meio que nostálgico.

— Não se preocupe. Eu estou bem.

Ethan sentiu uma energia diferente ao seu lado, vendo Gabriel parando ali. Ele observava a cena, sentindo ciúmes, mesmo sendo ele mesmo ali.

Gabriel cruzou os braços. — Eles vão ficar de papinho até quando? Não temos que ir pegar um livro?

De repente, Aloys desabou no chão e Rebeca tomou um susto.

— Aloys! Você está bem? — Abaixou, o arrumando no chão. Ela olhou para trás, em busca de ajuda.

— Ele está bem. — Ethan andou até lá, vendo que ela estava começando a ficar desesperada. Ela já tinha visto Aloys ficar mal diversas vezes. — Tive que colocá-lo para dormir.

— Por que não me avisa?! — Levantou, nervosa. — Eu quase morri do coração!

— Você estava muito ocupada sorrindo para ele. — Gabriel falou com tom ciumento.

Rebeca o encarou, não acreditando que ele tinha dito aquilo.

O corpo de Aloys começou a flutuar, e Ethan andou na frente, fazendo o corpo o seguir para dentro da casa. Entraram, e Ethan deitou Aloys na cama. Rebeca olhou ao redor, vendo que a casa toda era um único cômodo.

Assim que Aloys foi colocado no colchão, a cama foi para o lado com um movimento de mão de Ethan. Um pedaço da madeira do chão saiu, e um livro flutuou de lá.

— Espera, é o livro...? — Gabriel se aproximou dele.

— Não é o nosso. É o livro de Amice. — Ethan o pegou, o abrindo, olhando as páginas em branco.

Rebeca se aproximou, vendo que o livro parecia um pouco mais novo. As páginas ainda estavam vazias.

— Você consegue ler, não é? — Ela perguntou.

— Não. Amice ainda não deu permissão para que o eu dessa época lesse.

— Então... o que estamos esperando para ir atrás do nosso livro?

Ethan ergueu o rosto repentinamente, olhando para algum ponto da parede atrás de Rebeca.

— Porque ele está vindo para cá.

— Sério? — Rebeca colocou as mãos no pescoço, meio assustada, meio ansiosa.

— Mas...

— Aloys?! — Alguém chamou alto do lado de fora, e logo a porta foi aberta. — Acredita que havia uma louca me seguindo...? — E entrou, parando em seguida, vendo os três ali.

Seu olhar parou no livro nas mãos de Ethan, e seu semblante se tornou furioso. No segundo seguinte, o objeto foi parar na mão esquerda dela, e a direita levantou em direção a ele.

— Quem são vocês? — Ela interrogou.

Rebeca olhou de relance para Ethan e ficou paralisada. Ele parecia com medo de Amice.

Ferrou.

De repente, Amice foi lançada para fora da casa, como se tivessem a puxado. O livro se espatifou no chão.

— O que você fez?! — Rebeca perguntou em choque.

— Não fui eu! — Ethan correu para fora.

O seguindo, Rebeca também foi para fora, a tempo de ver Amice sendo puxada por algo invisível e Ethan indo atrás dela, em uma velocidade surpreendente, para a floresta.


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Notas finais do capítulo

Eita, ferrou! O que será que aconteceu?

Até mais o/



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