Antes que isso aqui vire uma tragédia escrita por Arisusagi


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Aviso aos navegantes: essa história tem spoilers da terceira temporada do anime.
Eu escrevi um TouMaki????????¿ Quem diria. Como vocês já devem ter percebido, essa história vai ser ×××triste×××, tanto que o nome do arquivo em que escrevi ela é "TouMaki Troste"
Queria agradecer muito à Nat, que me ajudou com a história e deu palpites.
Eu tô bem hhhh (?) com essa história porque não posto nada desde o ano passado. Devo ter repetido um monte de palavras e formado umas frases bem estranhas, mas espero que não esteja tão horrível a ponto de não dar pra ler.



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“Ao embarcar e desembarcar, cuidado com o vão entre o trem e a plataforma.”

A voz levemente distorcida soava muito longe na cabeça de Toudou, quase como se estivesse em outra dimensão. Ele apertava o celular nas mãos, olhando fixamente para aquela mensagem.

 

Precisamos conversar.

Estou pegando o trem das 10:00, me espere na estação.

 

Aquela provavelmente era a mensagem mais longa que Makishima já o enviou.

Foi muito repentino e em cima da hora, mas Toudou achou melhor assim. Se ele recebesse aquela mensagem no dia anterior, com mais antecedência, teria passado a noite em claro, imaginando como essa tal conversa seria.

(Na verdade, ele já tinha quase certeza do que estava por vir.)

O relacionamento deles estava se deteriorando há algum tempo, e Toudou ainda não conseguia aceitar. Ele se esforçava muito para que fosse uma relação perfeita, sempre fazendo o possível para superar a distância tanto física quanto emocional de Makishima. Era frustrante ser sempre o único a tentar manter aquilo de pé.

Eles não se viam desde o Intercolegial. Durante as corridas, Makishima parecia o tratar normalmente, mas fora delas, ele estava um pouco mais distante do que o comum. E Toudou não percebeu logo de cara, ou pelo menos fingiu não perceber, no meio da correria e da confusão que era participar de uma competição importante como aquela.

Mas depois que o Intercolegial acabou e Toudou finalmente teve mais tempo para pensar sobre isso, foi um pouco difícil ignorar os sinais.

Nos últimos dois meses, quase todas as ligações feitas para Makishima acabavam na caixa postal, isso quando o telefone não estava desligado. Quando ele atendia, as conversas eram curtas e monótonas, desviando de qualquer tentativa de discutir a relação. Ele também parou de responder às mensagens com tanta frequência, ignorando boa parte do que Toudou enviava e só respondendo uma coisa ou outra. E nas poucas vezes em que Toudou se dispôs a ir até Chiba para encontrá-lo, Makishima escapou com alguma desculpa.

Pensar em tudo isso deixava Toudou com um nó insuportável na garganta, ele não sabia mais o que fazer. Não havia ninguém que pudesse ajudá-lo com esse tipo de coisa, e nem mesmo na internet ele havia encontrado algum conselho válido. Toudou se sentia perdido, procurando desesperadamente por alguma solução milagrosa para salvar aquele namoro.

Talvez Makishima estivesse ocupado com outras coisas e quisesse dar um tempo. Ou talvez ele já tivesse se cansado de namorar uma pessoa tão grudenta e irritante. Toudou não fazia ideia do que estava acontecendo. Era frustrante lidar com alguém tão distante e que simplesmente não falava sobre o que o incomodava.

O trem chegou na estação e o nó na garganta de Toudou apertou mais ainda. Ele se encostou em uma pilastra e observou as pessoas desembarcarem. Quando avistou aquela cabeça verde no meio da multidão, um peso se formou no fundo de suas entranhas.

Makishima não demonstrou emoção nenhuma quando o viu, apenas foi até ele, com o cabelo preso em um rabo de cavalo balançando atrás de si.

“Maki-chan…” Toudou deu um passo à frente.

“Oi.” Makishima o cumprimentou quase sem olhá-lo nos olhos.  “Vem, vamos para fora.”

Toudou o seguiu calado, mal conseguindo acompanhar seus passos largos. Makishima parecia estar com pressa, e tão tenso quanto ele.

Lá fora estava muito mais quente, e o sol brilhava forte.

“Aonde vamos, Maki-chan?” Toudou tentou, discretamente, segurar a mão de Makishima, mas ele a ergueu na mesma hora para coçar a nuca.

“Não sei…” Ele suspirou. “É melhor irmos para algum lugar mais vazio.”

“Tem um parque aqui nessa rua.”

“Serve. Vamos.”

A caminhada até lá pareceu muito longa. Geralmente, Toudou era o responsável por puxar assunto em momentos como aquele, mas ele não fazia a mínima ideia do que dizer, nem se Makishima queria conversar sobre alguma outra coisa.  

Apesar de ser uma manhã de domingo, o parque estava vazio, provavelmente por causa do calor. Os dois se sentaram em um banco parcialmente coberto pela sombra de uma árvore. A superfície de concreto estava quente contra suas coxas, e Toudou até pensou em fazer algum comentário sobre isso, mas preferiu deixar de rodeios e ir direto ao assunto.

“Maki-chan…” Ele disse receoso, preparando-se para aquela pergunta que não queria fazer.“Sobre o que você queria conversar?”

“Vou me mudar para a Inglaterra.”

Sobre o banco quente, os dedos mindinhos dos dois se tocavam de leve. Ao longe, uma cigarra cantava grudada em alguma árvore.

Makishima nem sequer estava olhando para Toudou quando disse aquilo. Ele olhava para o longe, seu pé direito chacoalhando levemente no chão.

A resposta foi tão brusca e direta que Toudou achou que tivesse ouvido errado. Se Makishima não parecesse estar tão desconfortável, quase como se não quisesse estar ali, ele até o pediria para repetir.

“... Inglaterra...?” Toudou precisou se controlar para não gritar. “Quando?”

“Em setembro.”

O mundo estava desabando em torno de Toudou.

“S-Setembro…?” Ele sentiu os olhos arderem. “É daqui duas semanas…”

“Eu sei.” Makishima finalmente olhou para ele, com o rosto parcialmente coberto pelo cabelo.

“Por quê...?” Toudou não conseguia entender. De onde veio essa ideia de se mudar para a Europa de uma hora pra outra?!

“Vou morar com meu irmão e fazer faculdade lá.”

Irmão? Toudou nem sequer se lembrava que ele tinha um irmão. Na verdade, Makishima falava tão pouco sobre a própria vida que Toudou sentiu que nem conhecia, mesmo depois de dois anos de namoro.

O que mais doía era pensar que Makishima já estava com essa mudança planejada a meses, ou talvez até anos, e não havia nem sequer a mencionado em alguma outra conversa.

Toudou se sentia como tivesse acabado de ser apunhalado pelas costas pela pessoa em quem mais confiava.

“M-Maki…” Ele engoliu seco. “Por que só me contou isso agora?”

A cigarra parou de cantar.

“Desculpa não ter te avisado antes, eu estava ocupado demais com as provas e tudo mais.”

Ocupado demais? Era o mínimo que você poderia ter feito.

Só aí as lágrimas caíram de vez.

“Maki… E a gente...?”

Makishima ficou calado, enquanto Toudou morria por dentro.

Se já não estava dando certo com ele morando em outra cidade, imagina quando se mudar para outro continente.

“Desculpa, Jinpachi… Desculpa.”

A cabeça de Toudou estava uma bagunça, um misto de raiva e dor, e uma infinidade de perguntas que ele queria fazer mesmo que não quisesse saber a resposta. Ele cobriu o rosto com as mãos e chorou tudo o que queria ter chorado enquanto fingia que estava tudo bem com o relacionamento deles.

Naquele ponto, Toudou nem queria mais continuar com aquele namoro. Parecia que a pessoa que estava sentada ao seu lado era alguém completamente diferente do Makishima por quem ele se apaixonou anos atrás.

(Ou diferente de como Toudou o imaginava.)

“Toma.” Quando ele finalmente se acalmou, Makishima o ofereceu um lenço, o qual ele aceitou sem dizer nada.

“Acabou, né?” Ele perguntou com a voz trêmula, antes de assoar o nariz. “Nós dois…”

Makishima concordou balançando a cabeça, e Toudou sentiu um pouco de raiva do olhar de pena estampado em seu rosto.

“Eu não sei nem o que dizer…” Toudou fungou, ainda lacrimejando.

“Não precisa dizer nada.” Makishima colocou a mão nas costas dele. “Descul-”

“Chega.” Foi difícil não elevar o tom da voz. “Se desculpar não vai resolver nada.”

A mão que estava nas costas de Toudou voltou para a superfície quente do banco.

“Mas é bom que você reconheça que errou.” Ele continuou, com a voz embargada, tentando ser o mais assertivo possível, mesmo que sua vontade fosse apenas de xingá-lo.

“É que…” Makishima estava receoso, um pouco perplexo com a reação de Toudou. “Eu não sabia como dizer, não queria te magoar.”

Não queria magoar?!

Toudou respirou fundo e passou as mãos pelo rosto.

“Você só fugiu do problema até ele ficar tão grande que não deu pra ignorar.”

Makishima arregalou os olhos, ainda sem olhar diretamente para Toudou.

Apesar de realmente não querer magoar Toudou, no fundo, o verdadeiro motivo para Makishima ter demorado tanto para contar era porque ele detestava ter esse tipo de conversa emocionalmente exaustiva.

Ele sempre foi assim. Sempre fugindo do conflito e evitando qualquer situação minimamente estressante. Era Toudou quem precisava correr atrás e forçá-lo a falar o que quer que estivesse incomodando.

Olhando agora, aquela foi uma relação muito cansativa de se manter.

“... É, acho que foi isso.” Makishima disse baixinho, coçando a pinta que tinha perto do olho.

“Continuar assim só vai ser pior pra você.”

Foi só então que Toudou percebeu que essas palavras estavam entaladas em sua garganta há pouco mais de um ano. Era quase como se ele estivesse, inconscientemente, aproveitando a última chance que tinha para dizer tudo aquilo para Makishima. Apesar de ainda ter muitas coisas ruins relacionadas àquele namoro dentro de si, Toudou se sentia um pouco mais leve depois de falar tudo aquilo. Ele só esperava que Makishima estivesse sentindo o peso dos erros que cometeu ao fugir dos problemas.

“...Bom.” Depois de um silêncio longo e carregado, Makishima resolveu falar. “Apesar de toda a insensibilidade da minha parte, o tempo que passamos juntos foi precioso para mim”

Por mais que soasse artificial, quase como uma frase decorada, havia uma pontinha de sinceridade na fala de Makishima.

“Para mim também.” Toudou murmurou. Não deixava de ser verdade.

Antes que outro silêncio estranho se instalasse, Makishima se levantou.

“Tem um trem saindo em meia hora.” Ele tirou o celular do bolso e checou o horário. “Acho melhor eu ir.”

“Se importa de ir até a estação sozinho?”

Além de não estar muito disposto a passar mais tempo perto de Makishima, Toudou também não queria que outras pessoas o vissem com o rosto vermelho e inchado pelo choro.

“Não. Eu sei o caminho.”

“Bem, tenha uma boa viagem.” Toudou forçou um sorriso

“Obrigado...” Ele pareceu hesitar por um instante.”Tchau.”

Toudou ficou sentado, vendo-o se afastar até sumir de vista. Só aí ele se deu conta do lenço úmido que tinha nas mãos. Ele não teria como devolvê-lo, e Makishima provavelmente também não o queria de volta. Toudou o guardou no bolso, decidindo que era melhor pensar sobre o que fazer com aquele lenço em outra hora.

Naquele momento, ele não sentia absolutamente nada. Toda a raiva e a tristeza haviam sumido, mas voltariam em outro momento, com certeza. Toudou teria que chorar mais algumas vezes até conseguir superar.

Ele lavou o rosto em uma torneira que havia ali no parque, a água gelada aliviando um pouco o calor. Olhando-se em um pequeno espelho de bolso, ele ajeitou a tiara e o cabelo antes de sair atrás de algum restaurante onde pudesse almoçar.

No meio do caminho, Toudou trocou o plano de fundo do celular de uma selfie tirada junto com Makishima para outra tirada com Shinkai, Arakita e Fukutomi.


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Notas finais do capítulo

Levanta a cabeça, princesa, se não a tiara cai.
Segundo a Nat, essa última frase combina com o trecho da música "Só por hoje não quero mais te ver
Só por hoje não vou tomar minha dose de você
Cansei de chorar feridas que não se fecham, não se curam (não)
E essa abstinência uma hora vai passar". Não foi intencional, mas combinou bem, né.
Geralmente, eu me projeto no Makishima quando vou escrever as fanfic, mas nessa aqui eu me vi mais no Toudou, só que também acho que acabei dando uma bronca em mim mesma em algumas partes??? Sei lá.
Já faz bastante tempo que eu tava louca pra escrever algum drama envolvendo o Makishima juntando as malinha dele e falando "tô indo embora pra Inglaterra, falou". Só que minhas ideias iniciais eram de TadoMaki, obviamente (e algumas de TadoTou também, rs). Aí me sortearam essa música pro DeLiPa e eu fiquei [think emoji]. Tava tentada a escrever alguma coisa de StarMyu, mas flop por flop, vamos com o anime de bikes, não é mesmo.
Espero que não estejam com muita raiva do Makishima (ou de mim?). Comenta aí o que acharam.



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