Draco Malfoy e os Planos do Lord escrita por they call me hell


Capítulo 2
Um "Viva!" Para Malfoy


Notas iniciais do capítulo

Os primeiros parágrafos desse capítulo (assim como seu título) foram retirados como base de uma outra fanfic minha - chamada "Malfoy & Greengrass" -, a qual acabei excluindo por falar bastante da infância do Draco e seu tempo em Hogwarts, o que quero incluir aqui se possível. Espero que gostem! ♥



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— 2 —

UM “VIVA!” PARA MALFOY

“Mas hoje nada ia dar errado.”

Harry Potter e a Pedra Filosofal, Capítulo II

 

Foi aos sete anos que Draco, pela primeira vez, deu sinais consistentes de que seria um grande bruxo. Durante uma tarde nos corredores da mansão, acompanhado de outras crianças do círculo social dos Malfoy, ele realizou o seu primeiro pequeno feitiço de forma totalmente involuntária, mas com grande sucesso. Enquanto os adultos reuniam-se no escritório anexo à biblioteca, as crianças foram deixadas aos cuidados do elfo Dobby para manterem-se afastadas dali. Draco, porém, dificilmente desistia de uma ideia quando a colocava na cabeça e descumprindo os pedidos do elfo doméstico, discretamente dirigiu-se até a porta da biblioteca. Parado diante dela, todavia, não estava uma criança tola. Ele sabia muito bem que a porta estava trancada magicamente, mas o seu desejo de abri-la foi tamanho que acabou por consegui-lo, surpreendendo a todos e, apesar da quebra das regras, deixando os Malfoy extremamente orgulhos.

 

Assim, o aniversário de onze anos do filho de Lucius e Narcissa, bem como a chegada da coruja de Hogwarts ao seu lar, foram motivo de imensa alegria e orgulho para os Malfoy. Na semana seguinte ao acontecimento, dezenas de pergaminhos já haviam sido entregues às mais nobres famílias do mundo bruxo, convidando-os a celebrar consigo este momento de glória. Como uma tradição antiga da família, teriam seu círculo reunido ali por uma tarde para comemorarem mais uma linhagem de bruxos que seria o futuro da sociedade bruxa.

No dia marcado, algumas vozes murmuravam surpresas ao pisarem na passarela cercada pelo jardim especialmente bem cuidado do lar daquela família. Tal reação à primeira vista era bem compreensível. Todas as outras famílias que estavam ali tinham vidas satisfatórias – belas casas, poucas preocupações e a possibilidade de desfrutar quando bem quisessem dos prazeres que o mundo podia oferecer. Porém, nenhum deles se equiparava aos Malfoy em termos de requinte. Aquela casa fora o lar de muitas outras gerações iguais aquela nos séculos anteriores, e, ainda assim, em nada parecia antiquada ou gasta. Dizia-se também que possuía uma coleção de pratarias e louças capazes de servir diversas pessoas com a preciosidade que apenas a realeza poderia oferecer.

Por mais que muitos anos estivessem separando-os desse momento, muitos chefes de família estavam ali agora com o desejo de estreitar seus laços com os Malfoy, almejando silenciosamente, quem sabe um dia, virem a unir-se através do casamento de seus herdeiros. Era possível ver apertos de mão e sorrisos vindos dos chefes de famílias como os Parkinson, os Zabini, os Nott, os Greengrass, os Goyle, os Flint e muitos outros. E Draco conhecia todos os seus filhos, muitos dos quais também haviam recebido suas corujas para o início do primeiro ano em Hogwarts quando chegasse setembro.

Narcissa, sem dúvidas, ficou encantada com as pequenas Pansy Parkinson, Daphne e Astoria Greengrass. Todas com suas belezas e carismas diferentes, eram, mesmo que em tenra idade, fortes futuras candidatas a um dia tornarem-se a Sra. Malfoy. Isso, é claro, poderia parecer absurdo para muitos - planejar casamentos quando os futuros noivos ainda não passavam de crianças -, mas nós estamos falando dos Malfoy. Tradicionais ao extremo, vinham de linhagens que prezavam pelo sangue puro e os próprios Lucius e Narcissa já haviam sido prometidos um ao outro mesmo muito jovens. E se amavam, por Merlin, como se amavam, pois o amor, para aquelas famílias, vinha com a convivência do casal e a prosperidade do seu lar.

 

Entre todas as cabeças, nenhuma tinha expressão mais feliz em seus rosto do que a do pequeno Malfoy. Alheio a toda a política ao seu redor, coisa que ainda não compreendia, tinha os cabelos claríssimos muito bem penteados para trás de sua cabeça e os dentes brilhantes e brancos, perfeitos, certamente cuidados com muito esmero. Muitos pais apontavam para ele, indicando aos seus filhos que seriam colegas de Casa. Isso porque, é claro, ninguém ali esperava ter um filho lufano, grifano ou corvino. Ultrajante! Eles eram a elite da Sonserina, as melhores famílias e prezavam por isso tanto quanto prezavam pela integridade dos seus nomes.

Quando as bebidas começaram a ser servidas pelos elfos, assim como os petiscos, o falatório apenas aumentou. Ao invés de brincar com as outras crianças, Draco agora tinha uma postura mais madura e a chegada de sua carta certamente inflara-lhe um pouco o ego. Cercado pelos amigos - tantas crianças com as quais crescera junto desde os primeiros dias -, ele recebia apertos de mão frequentemente. Eram muitos os que chegavam até ele com um sorriso estampado e uma mão estendida em sua direção, a qual ele segurava por um momento antes de receber pequenos pacotinhos. Um deles foi o que deixou-o mais feliz naquela tarde.

Quando Bartemius Crouch Senior chegou ao final da passarela de entrada da mansão Malfoy, todos perceberam que aquela família era mesmo muito bem relacionada e prestigiada. O ministro dirigiu-se ao motivo da festividade antes de cumprimentar qualquer outra pessoa e, como as demais haviam feito antes dele, também estendeu-lhe a mão.

— Felicitações pela chegada de sua carta, Draco Malfoy. — Ele pressionou a pequena mão que segurou a sua como se apertasse a mão de um grande homem, o que deixou o loiro feliz mesmo que sentisse um leve desconforto. — Seu avô Abraxas foi um grande campeão do clube de duelos durante os seus anos em Hogwarts. Claramente um orgulho para a Sonserina, assim como você também será. 

Ouvir algo de tal estima vindo de um importante ministro fez com que a felicidade de Draco apenas aumentasse. Ele estava nas nuvens. Sabia pelos relatos do pai e do quadro do avô que os Malfoy eram um grande nome na sociedade bruxa. Abraxas Malfoy, além de campeão invicto no clube de duelos do seu tempo, também era apontado como um dos que forçara a saída do ministro Nobby Leach, um nascido-trouxa, de seu posto em 1968. Antes dele, Septimus Malfoy também era muito influente no Ministério da Magia e o ministro Unctuous Osbert fora apenas um fantoche seu em 1789. Houvera também o famoso Brutus Malfoy, editor do periódico anti-trouxas "Warlock at War" durante o auge da caça aos bruxos no século XVI. E muitos outros nomes podiam ainda ser citados, como Lucius Malfoy I e seu caso de amor com a rainha Elizabeth I.

Isso, na mesma proporção em que despertava um sentimento de orgulho e amor pela sua linhagem, também fazia Draco sentir medo. Iria ele conseguir ser tão grande como os seus antecessores haviam sido? Ou seria um nome esquecido na linhagem dos Malfoy? Pior que isso, até, uma vergonha? Apenas parou de pensar em tal coisa quando viu que o Sr. Crouch entregava-lhe um embrulho. Ao abri-lo, Draco reconheceu o objeto de imediato. Era uma bela bússola de vassoura em verde e prata, as cores da Sonserina. 

— Obrigado, Sr. Crouch. — Draco agradeceu tão entusiasmado que mal tirara os olhos do objeto. Mal podia esperar o dia seguinte para que montasse em sua vassoura e a testasse pelo quintal e áreas ao redor da mansão.

— Não há pelo que agradecer. — O homem retirou seu chapéu por um momento, em reverência. — Boa sorte em Hogwarts, Draco. Agora, se me permite, cumprimentarei os demais presentes.

Com um aceno positivo de cabeça, o pequeno viu-o sumir de suas vistas. Guardando a bússola em um bolso das vestes, correu até a mãe e mostrou-lhe o presente fantástico que acabara de receber. Com o entusiasmo do filho, Narcissa abriu um grande sorriso, interrompendo sua conversa com a Sra. Crabbe.

— É muito difícil ver uma dessas por aí. — Cissa avaliou, segurando o objeto em suas mãos antes de devolvê-lo ao filho. — Bússolas de vassoura são extremamente úteis em muitos casos.

Draco balançou a cabeça para ela e antes que ouvisse qualquer outra coisa, apontou para o pai, indicando que também queria mostrar a ele. 

 

O Sr. Malfoy estava do outro lado do jardim em um grande grupo de cavalheiros que seguravam taças com uma das mãos enquanto mantinham as outras dentro do bolso das calças, o que o menino achou engraçado. Entre eles, apenas Lucius tinha os cabelos longos, presos com uma fita na parte de trás da cabeça. Draco achava-o muito elegante desde que descobrira que o fundador da Casa Malfoy, um bruxo proveniente da realeza francesa, utilizava os cabelos presos daquele modo em sua época e passara também mais este costume de geração em geração. Esse mesmo bruxo, Armand Malfoy, é que criara a mansão na qual viviam até os dias atuais.

— É claro que aquele desagradável do Dumbledore ainda está por lá... — Draco ouviu o pai dizer ao aproximar-se.

Enquanto ninguém o reparara ali, o pequeno lembrou-se de já ter ouvido aquele nome antes. Ou melhor, lido: Albus Dumbledore era um dos bruxos que apareciam nas figurinhas colecionáveis dos sapos de chocolate. Draco tinha uma dessas e lembrava-se de que dizia que o tal Dumbledore era um bruxo muitíssimo famoso, principalmente, por ser diretor de Hogwarts há gerações. Aparentemente, seu pai não gostava muito dele e Draco anotou isso mentalmente. Seu pai era o seu maior exemplo e herói, e confiava totalmente no julgamento que ele fazia das pessoas. Quando dizia-lhe que alguém não era bom, definitivamente ele não o era.

Cutucando o seu braço com os dedos franzinos, Draco atraiu a atenção do pai de imediato. Interromper a conversa dos adultos não era do seu feitio, pois sabia ser de extrema má educação, mas aquele era o seu dia e estava feliz demais para esperar.

— Veja pai! — Bradou ele, entregando o presente ganho. — O Sr. Crouch me deu uma bússola de vassoura!

Lucius pediu desculpas aos demais e virando-se para o filho, a segurou entre os dedos, avaliando-a da mesma forma que Narcissa fizera antes, e também sorriu ao filho. 

— Mamãe disse que elas são raras e muito úteis.

— E ela está certa. No fim do dia, você poderá testá-la e ver por si mesmo.

Draco imediatamente concluiu que aquele era o melhor dia da sua vida. Enquanto Lucius agradecia Bartemius Crouch mais uma vez pelo presente que o filho recebera, este, por sua vez, retornou a guardar o objeto em um dos bolsos das vestes.

 

Pansy Parkinson e Daphne Greengrass estavam brincando de esconde-esconde entre os arbustos do jardim, os quais eram podados de modo a formar a figura de alguns animais exóticos. Chegando mais perto, Draco pôde ouvir a menor, Astoria Greengrass, procurando pelas outras duas.

— Atrás do gato! Atrás do gato! — Gritou ele com ares maldosos.

Astoria imediatamente correu para um grande arbusto em forma de gato e lá encontrou tanto Pansy quanto Daphne, rindo vitoriosa, enquanto as duas exclamavam que aquilo não era válido. Draco riu também, aproximando-se delas.

Os quatro sentaram-se naquela parte dos jardins, longe dos adultos, e as outras crianças logo juntaram-se a eles também. Draco estava jogado na grama, apoiando um dos cotovelos na grama e a cabeça sobre a mão, enquanto assistia a conversa com interesse.

— Meus pais me disseram que para chegarmos a Hogwarts precisamos ir até a estação de trem dos trouxas. — Gregory Goyle disse, arrancando um punhado de grama do chão ao seu lado pelo simples fato de que havia um feitiço ali que a fazia crescer novamente em questão de segundos. — Eu achei isso um bocado estranho. Devem existir tantas formas mais simples, não é?

Daphne concordou com um "uhum" e a conversa logo tornou-se o ano letivo que estava por vir.

— Amanhã vou com meus pais ao Beco comprar as coisas que faltam. — Comentou Pansy, a qual olhava o que Goyle fazia como se o achasse um idiota. Não que fosse dizer isso a ele. — Papai comprou a maioria delas como meu segundo presente assim que fiz onze anos no mês passado, vocês sabem.

De fato, todos sabiam mesmo. Pansy não parara de falar sobre aquilo desde então, até que Daphne, sua melhor amiga, a dissesse em nome de todo o grupo que já não aguentava mais o assunto.

— Vocês acham mesmo que irão para a Sonserina?

Todos lançaram um olhar para Astoria, a autora da pergunta, de imediato. Ela sentia-se tão entediada com aqueles assuntos sobre Hogwarts, sendo dois anos mais nova que os demais.

— Mas é claro. — Disse Vincent Crabbe com total convicção. — Por que não iríamos?

— Mamãe tem uma prima que é da Corvinal. — Astoria balançou os ombros.

A verdade, Draco pensou, é que ninguém ali tinha mesmo certeza da Casa para a qual seria selecionado - nem Crabbe, apesar de querer demonstrar o contrário - e isso povoava suas mentes constantemente. Vir de uma linhagem de sonserinos não significava necessariamente que você seria um e Draco tinha um exemplo disso em sua própria família: sua mãe já lhe contara sobre Sirius, a última desonra dos Black, que fora selecionado para a Grifinória e fugira de casa, sendo queimado da tapeçaria da família. Não que o loiro fosse compartilhar isso com alguém ali, visto que era um assunto privado, sem dúvidas.

— E você, — Draco sorriu para a mais nova com simpatia, querendo quebrar a tensão que se formara. — Quando for a Hogwarts, acha que irá para qual Casa?

Astoria nem mesmo teve a chance de responder, já que Daphne se adiantara.

— Mamãe está considerando enviá-la para uma escola menor na Irlanda, onde existe um programa de artes muito bom. — Assim como a irmã fizera antes, também balançou os ombros. Deveria ser um costume de família. — Ela é boa no piano. Mamãe acha que lá poderia desenvolver isso melhor do que em Hogwarts. Ela mesma estudou lá. 

Astoria recebeu um sorriso de Daphne também, sabendo que ela se orgulhava disso por mais que quisesse a caçula ao seu lado. 

— E você quer ir para lá? — Draco questionou outra vez. Não sabia que existiam escolas de magia além de Hogwarts, mas isso até que fazia muito sentido. Depois perguntaria algo aos pais por curiosidade.

— Eu não sei. — A expressão da morena era pensativa. — Mamãe diz que é um lugar excelente, mas como Daphne irá para Hogwarts, não tenho certeza.

Draco ia fazer outra pergunta, mas foi interrompido por Pansy que gritou:

— Olha! É o elfo dos Malfoy!

 

Ao virar o rosto, Draco pôde ver que Dobby - um dos elfos da mansão - estava parado a poucos metros na entrada. Segurava com suas mãozinhas feias a vassoura que lhe pertencia como se estivesse a oferecê-la. Ele não pensou duas vezes antes de levantar-se rápido, tirando o excesso de grama das roupas, e correr para pegá-la, tirando a bússola das vestes e prendendo-a ao cabo com firmeza. Todos se reuniram para ver Draco passar uma das pernas para o outro lado, sentando-se em sua vassoura e fazendo uma pequena força com os pés para dar impulso. Ele realmente levava jeito com aquilo, iniciando um voo por cima dos arbustos do jardim, rondando as duas torres frontais da construção. 

— Ele seria um bom artilheiro no time da Sonserina — Apontou Marcus Flint que estava entre seus pais na pequena multidão e já era um artilheiro do time.

Lucius sorriu satisfeito com aquilo. Ele mesmo nunca tivera gosto por vassouras, aprendendo apenas o necessário em suas aulas de voo no primeiro ano, mas imaginar que Draco poderia ter um futuro brilhante como jogador do time de sua Casa era, no mínimo, emocionante. Ele tinha certeza, como todos ali, que grandes feitos podiam ser aguardados daquele garoto. Afinal, ele era herdeiro dos Malfoy e aquele que traria de volta a glória aos Black como seu último descendente através de Narcissa.

 

Voando em sua vassoura, atento à bússola que funcionava muitíssimo bem, Draco nem imaginava que as pessoas lá em baixo faziam tantas apostas e comentários sobre si.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? :)



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