Algumas horas depois, Jacob e eu estávamos caminhando na praia de La Push quando fui surpreendida por uma pergunta que quase me levou as lágrimas novamente.

— Bella, você e o Cullen ainda se veem com frequência? 

Parei bruscamente de cabeça baixa, enquanto  absorvia as palavras daquela pergunta. Eu poderia mentir e dizer que sim, o que seria uma meia mentira. Mesmo morando em Nova Iorque, Edward e eu sempre mantivemos contato e sempre quando surgia um tempo livre ele dava um jeito de vim me ver em Forks, mas depois dessa manhã tinha certeza que não o veria nunca mais. Não pelo motivo de sentir raiva dele ou odia-lo. Na verdade eu sentia vergonha de encara-lo. Vergonha de ter destruído a nossa amizade por causa de um amor que eu sabia que jamais seria correspondido.

— Bella...está tudo bem? - Perguntou Jacob.

Ergui o olhar e deparei com ele me encarando com uma certa preocupação que me fez lembrar de Renée.

— Jacob, eu preferiria não contar isso para você, mas... - Fiz uma breve pausa indecisa entre contar ou explodir com aquilo que crescia dentro de mim.

— Mas... 

— Eu sinto que vou explodir se não desabafar com alguém. - Sentei na areia e olhei para imensidão do mar que se estendia a frente. 

Jacob sentou ao meu lado e pelo canto do olho notei seu olhar sobre mim.

— É o Edward, não é? 

Virei a cabeça e o fitei por alguns instantes antes de desviar o olhar.

— Sim. - Respondi. - Ele está noivo.

— Noivo? - Perguntou Jacob, parecendo ligeiramente surpreso e feliz com a noticia. Confesso que isso me deixou irritada, mas preferi ignorar.

— Eu o amo, Jake. - Cuspi as palavras com certa raiva. - Mas ele escolheu amar outra mulher...

— O Cullen sempre foi um idiota. - Disse Jacob, com amargura. - Você contou a ele o que sente?

— Contei, mas não foi o suficiente para ele mudar de ideia. - Respondi, triste. - É como se tivesse um buraco no meu peito...sabe... dói tanto esse vazio. 

— Bella, eu sempre odiei o Cullen e isso não é segredo. -Disse Jacob. - Tenho certeza que mais tarde vou me arrepender disso, mas se realmente o ama precisa lutar. Eu sei que devido as circunstâncias tudo parece complicado demais no momento, mas não deixe que isso a impeça de buscar a felicidade.

— Jacob...

— Apenas reflita sobre isso. - Disse ele. - A decisão é sua.

Durante a noite as palavras de Jacob ecoavam repetidamente dentro da minha cabeça. Será mesmo que eu deveria lutar por aquele amor? Edward havia deixado bem claro que estava apaixonado por outra mulher. As chances de vencer aquela luta eram quase nulas.

— Droga! - Sussurrei para a escuridão do quarto. Mas é se Jacob estivesse certo?  Talvez eu devesse tentar pela ultima vez, afinal a esperança é a ultima que morre. No caso a minha já estava dando os seus últimos suspiros. 

Na manhã seguinte eu acordei mais cedo do que o habitual, apesar de não recordar de ter pregado os olhos durante a noite. Faltava pouco menos de cinco horas para eu tomar coragem e ir atrás do amor da minha vida, mas não sabia ao certa se estava pronta para outra dolorosa rejeição. Quer saber, que se dane. Estava disposta a tentar uma ultima vez e se não desse certo...bom...eu não tinha ideia do que faria depois.

Troquei rapidamente de roupa e me dirigi a casa dos Cullen. Com a mudança da família para Nova Iorque, o lugar parecia estranhamente abandonado. Toquei a campainha e depois de alguns segundos Edward abriu a porta.

— Bella... - Sorrio ele. - ...sabia que você viria.

Forcei um sorriso em resposta. Era estranho encara -ló depois de tudo o que tinha acontecido, depois de todas aquelas palavras duras. Balancei discretamente a cabeça tentando livrar-se daquela rejeição.

— Será que podemos conversar.

— Claro, podemos sim. - Disse Edward, afastando-se para que eu pudesse entrar. - Entre.

Ao passar por ele os pelos  da minha nuca eriçaram. Respirei fundo e ao virar-se para Edward, o encontrei me olhando.

— Edward...eu amo você. - Disse, direta. - Antes que diga qualquer coisa, me responda uma única pergunta... Você me ama?

— Bella...

— Apenas responda e eu prometo que tentarei entender.

Edward permaneceu por alguns instantes em um silencio reflexivo que me deixou ainda mais ansiosa e amedrontada pela resposta.

— Eu amo você... - Começou ele a dizer e meu coração deu saltos de felicidades. -...mas como uma amiga. O amor que sinto por você e o mesmo que o de um irmão...

Arrasada, eu não consegui controlar as lagrimas. As palavras dele soaram como laminas afiadas, destruindo o pouco que ainda restava do meu coração. Desesperada para fugir dali, tentei caminhar até a porta, mas Edward me impediu ao segurar meu braço.

— Me solte... - Gritei em desespero ao sentir seu toque. 

— Bella, não precisa ser assim... 

—  Edward eu passei a minha vida inteira amando você, se coloque no meu lugar...pelo menos uma vez. - Desvencilhei da sua mão. 

— Você acha que eu estou feliz com tudo isso que está acontecendo? Parte meu coração saber que não posso corresponder seu amor...

— Edward, me faz um grande favor... - Limpei as lagrimas com violência. - ...cala a boca! - Disse com a voz carregada de desprezo.

Andei a passos largos até a porta e sai. Entrei na pick up rezando para ela funcionasse e não me deixasse na mão. Girei a chave e para o meu alivio ela pegou e eu arranquei o mais rápido que consegui. Meus olhos ainda estavam embaçados por causa das lagrimas. Dirigi sem rumo até perceber que estava próximo a reserva, próximo a casa de Jacob. 

Estacionei a pick up e corri até a porta da sua casa. Estava prestes a bater quando ela se abriu.

— Bella, o que está fazendo aqui? 

Eu tentei dizer, mas quando me dei conta estava chorando novamente e as palavras se tornaram apenas balbucios sem sentindo. Jacob me abraçou e carinhosamente começou a acariciar meus cabelos.

— Ele não me ama...nunca amou... - Solucei em seu ombro.

— Fica calma, vai ficar tudo bem. - Sussurrou Jacob, tentando em vão me acalmar. - Entre, eu vou preparar um café...

Relutante, me soltei do seus braços e o acompanhei até pequena cozinha. Jacob encheu a chaleira com agua e a colocou sobre o fogão, depois o acendeu.

— Foi um erro ter ido atrás dele. - Disse com amargura.

— Me sinto culpado por isso. - Disse Jacob.

— A culpa não é sua. - O censurei. - Eu é que fui idiota demais por acreditar que valeria a pena lutar.

— Você não é idiota...o Cullen é.

Um sorriso lagrimejante brotou no canto dos meus lábios. 

— Tem razão. - Concordei. - Não quero mais pensar nele...
O que não era bem uma verdade. Por mais que eu quisesse não podia simplesmente apaga -ló da memoria com tanta facilidade. A dor de ter o coração dilacerado não é fácil de ser superada, pelo menos não depois de alguns anos. Até que reste apenas cicatrizes e nada mais do que isso.

Depois de passar a tarde com Jacob, voltei para casa me sentindo um pouco melhor. Era inevitável não pensar nele, não pensar que a partir de hoje não existiriam mais conversas noturnas ou mensagens de bom dia. Doía pensar que eu tinha perdido o meu melhor amigo e doía mais ainda saber que talvez não tivesse mais volta, mas eu precisava superar e mesmo que fosse difícil estava disposta a tentar.