— Leyla - Edward a chamou ao entrar no quarto. Leyla saiu do banheiro trajando um roupão branco. Seu olhar fixou-se nele e um sorriso curvou-se no canto dos seus lábios fartos. - Você tem noção do que fez?
   - Onde está o Ben? - Esquivou-se ela,sentando na cama com as pernas cruzadas.
    - Dormindo. - Respondeu Edward,sentindo o sangue ferver de raiva. - Você ainda não respondeu minha pergunta.
    Leyla revirou os olhos e suspirou.
    - O que eu fiz? - Replicou ela com um falso ar de inocência pairando em suas feições. - Bom...a não ser o fato de destruir suas chances de reconquistar a idiota da Isabella Swan...
    Edward ergueu uma das mãos e a levou até a cabeça,passando os dedos por entre os cabelos.
    - Nosso casamento é uma farsa,Leyla! - Exclamou irritado. - Nunca ouve amor,exceto conveniências. Foi você mesma que propôs isso...lembra?
   - Como posso me esquecer se você não deixa. - Retorquiu Leyla. A loira levantou da cama e aproximou-se dele,erguendo as mãos e as colocando sobre o seu rosto. - Eu o amo tanto...por que não pode me amar também?
    Fitando-a, Edward colocou as mãos sobre as dela e as segurou,afastando-as do seu rosto.
    - Realmente me ama, Leyla? - Perguntou,debochando da loira. - Você acha que depois de tudo que aconteceu entre nós, eu vou acreditar nisso?
    -Ah! - Bufou Leyla exasperada. - Eu não obriguei você a fazer nada. Eu precisava de um casamento e você queria ser alguém na vida. Terminar sei la o que com a Isabella,foi opção sua...
   - Quer saber...esquece, Leyla! - Edward saiu do quarto,batendo a porta ao fecha-lá.

       (...)

    O aroma forte do café,instigava meus instintos matinais. Semi-cerrei os olhos,recordando-se saudosa dos dias em que aquele aroma era constante no apartamento. Recordando-se também dos banhos apressados para chegar a tempo na faculdade e das risadas do Jacob sempre que me via esbaforida ao recolher os livros espalhados. Eu sentia tanta falta dele,que doía meu  coração. Ele foi o único capaz de preencher o vazio no meu peito e agora estando longe,aquele vazio começava a me devorar novamente. Sentei na cama,esfregando os olhos e olhei para o despertador. O mesmo marcava 7h00. O animo para ir ao trabalho era quase nulo. Se não fosse pela minha divida,nunca mais colocaria meus pés naquela empresa.
    Desanimada, obriguei-me a levantar da cama. Quando abri a porta do quarto,senti o aroma do café intensificar. Não podia ser, pensei eufórica. Andei pelo corredor e fui até a cozinha,deparando-me com Jacob de costas.
     - Jake! - Eu o abracei por trás. - É você mesmo?
    Jacob riu e virou-se para mim. Ele retribuiu o abraço afetuoso,afagando minhas costas.
     - Senti sua falta. - Disse ele.
     - Eu também...você nem imagina o quanto.
     - Bella...espera... - Jacob afastou-me, mas permaneceu com as mãos em seus braços. - ...como você conseguiu pagar a divida da hipoteca?
    Engoli em seco,piscando algumas vezes. Isso sempre acontecia quando eu mentia e como Jacob me conhecia muito bem,torci para que aquele tique repentino passasse despercebido por seus olhos.
     - Bem...eu...fiz um empréstimo. - Menti descaradamente.
     - Empréstimo? - Questionou Jacob, franzindo as sobrancelhas negras. - Isso é impossível. Você acabou de se formar e não tem nem uma semana que começou no novo emprego. Nenhum banco concederia empréstimo para você.
     - Foi o Charlie. - Disse,inventando uma mentira ainda maior. - Por favor,não fale a ele que te contei. - Acrescentei rapidamente. -Ele pediu segredo.
      - Bella, você está dizendo a verdade? - Jacob fixou-se o olhar no meu rosto, procurando algo que me denunciasse. Sustentei o olhar,esforçando-se para não piscar como uma louca.
  -Será que podemos esquecer isso por alguns minutos?-Desconversei,soltando-me das suas mãos. - A dois meses que não o vejo...estava quase morrendo de tanta saudade.
     Jacob sorrio e puxou-me para os seus braços novamente. Sentir o calor do seu corpo próximo ao meu quase preenchia o vazio. Depois que a minha pele sentiu novamente o toque escaldante das mãos do Edward,nada parecia satisfazer-me. Amaldiçoei-me por isso.
     - Jake... por mais que eu queira ficar, preciso ir trabalhar. - Disse com pesar por ter que deixa-ló.
     - Tudo bem. - Concordou ele,soltando-me. - Quando você chegar,quero que me conte como é esse novo trabalho.
Você vai amar saber. Principalmente o fato de eu está trabalhando sobre o mesmo teto que o Edward , pensei irônica.
     - Claro. - Sorri e fui para o banheiro.
     Enquanto me arrumava, não pude deixar de sentir-me péssima por mentir para o Jacob. Eramos amigos e nunca ouve sequer um segredo entre nós, mas agora mal conseguia me reconhecer. A Bella que apenas observava e sentia, transformou-se do dia para noite em uma mulher que ansiava desesperadamente por vingança. Edward me magoou muito e por isso precisava sofrer também, não apenas ele, mas Leyla também. Era um sentimento infantil, eu sabia disso, mas senti-ló excitava-me.
     - Até mais tarde. - Despedi de Jacob e sai apressada.
    O vestido justo e o salto agulha,impossibilitavam minha agilidade. Aquele dia em especial,eu não podia chegar atrasada. Christian teria reunião com os novos investidores e por isso a sala precisava está pronta para quando ele chegasse. Assobiei para o táxi e o mesmo parou bruscamente. Abri a porta do carro e entrei. Informei o destino ao taxista e logo ele arrancou o carro. Em menos de vinte minutos cheguei no prédio da empresa. Por sorte, Christian ainda não havia chegado. Rapidamente, comecei a preparar a sala.
     - Bom dia, Bella. - Disse Christian,pegando-me de surpresa.
    Sobressaltei ao ouvir sua voz. Me virei bruscamente, encarando-o. Christian estava encostado no batente da porta com os braços cruzados. No canto dos seus lábios curvavam-se um sorriso ligeiramente malicioso. Naquela manhã,ele trajava um terno preto feito sobre medida e uma gravata azul royal que realçava ainda mais seus olhos azuis.
    - Bom dia. - Respondi a ele. - A sala está pronta...- Informei sem olha-ló,enquanto terminava de colocar as pastas sobre a mesa.
   - Ok. - Christian descruzou os braços e aproximou-se de mim. Ergui o olhar,encarando-o. -Linda...você está particularmente linda nessa manhã... - Disse ele,fitando-me.
     Meu corpo entrou em estado de alerta. Christian era um homem atraente e sabia muito bem utilizar seus atributos. Qualquer outra mulher no meu lugar, se atiraria em seus braços sem pensar duas vezes. Porém, meu coração estava fechado para balanço.
   - Chris...Christian...quero dizer, senhor McIntosh... - As palavras se embaralharam em meus lábios, me deixando irritada.
    - Senhor McIntosh? - Christian riu,depois lambeu o lábio inferior com a ponta da linguá.- Pode me chamar de Chris ou Christian, mas senhor não. Acho que não precisamos de tanta formalidade...
    - Desculpe...bom, Christian...- Disse tentando manter-me o mais afastada possível. - ...obrigada pelo elogio.
    - Não foi um elogio e sim uma afirmação. - Christian tocou meu rosto com o nó do dedo indicador. - Desde que a vi...bom...não sei explicar, mas senti que havia algo diferente em você. A verdade é que me encantei por você, Bella...
    Eu absorvi aquelas palavras e sim, quis acreditar nelas. Seria bom me sentir desejada por alguém e não o contrario. Talvez em uma realidade diferente,onde Christian não fosse o homem a quem me juntei por vingança. Onde não existisse o Edward ou Leyla...talvez tudo pudesse ser diferente, mas não era. Afastei a mão do Christian e me aproximei dele. Segurei o seu queixo entre minhas mãos, aproximando os lábios ao dele.
— Me esqueça, Christian. - Sussurrei. Depois afastei-me de perto dele, encarando o seu rosto confuso e perplexo. - O único proposito que eu tenho é liquidar a divida que tenho com você e mais nada além disso. - Disse. - Tenho muito trabalho a fazer, se precisar de algo me chame.
   Apesar das minhas pernas estarem tremulas por causa daquela súbita ousadia, mantive o passo firme ao passar por ele e sair da sala.
   Longe do Christian, desabei na cadeira. Meu corpo estava tremulo,enquanto um sorriso ligeiramente histérico curvava-se no cantinho dos meus lábios. Aquele  ataque de ousadia me deixou surpresa. Nem eu mesma sabia que era capaz de tal controle. Talvez o desejo de vingança esteja servindo para alguma coisa.