Cronicas de Arcadia escrita por arc4dex


Capítulo 7
A Divergência - Parte 1




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DIA 42 DO VERÃO DE 429 

Ronnan Brerdanes nasceu na cidade portuária de Brings. Do lado oeste de Ilhas Altas. Cabelos e olhos castanhos, sempre com corte curto de cabelo, ele era uma criança que se preocupava mais com a leitura e estudos do que a vida cotidiana de fora de sua casa. Ronnan sempre foi alguém recluso e reservado. Seu pai Gilam Brerdanes é o único medico da cidade. 

 Especializado em botânica medicinal Gilam é uma pessoa icônica em Brings. A mãe de Ronnan, Susan Soriz é uma artesã e artista que dedica a maior parte de seu tempo a sua pequena loja de artesanato.  

Por passar a maior parte do tempo em casa com os pais, Ronnan lia muitos livros a respeito de medicina por meio de plantas. Aos dez anos, Ronnan surpreendera o pai ao diagnosticar outra criança com virose além de preparar e ministrar um medicamento a ele. Por outro lado, ele era um bom desenhista. Sua arte era geralmente de paisagens sem cores de lugares que ele via. Todos seus desenhos eram feitos a lápis ou carvão e nunca ganharam cores. Algo que sua mãe estranhava. Quando perguntado do motivo, Ronnan dizia que era preguiça e medo de estragar o desenho.  

Outra pessoa influente na vida de Ronnan era seu tio Rams Soriz. Marinheiro desde que se entende por gente, Rams sempre estava a navegar por todo o reino de Arcádia. Ronnan teve muito contato com o tio que lhe contava histórias do outro continente onde era possível ver Centauros, Elfos, Anões, Orcs, Dragões e outras centenas de seres que nem mesmo ele teve a oportunidade de ver. Em Ilhas Altas, todo tipo de seres mágicos era considerado mitos e contos fantasiosas para enaltecer aventuras. Foi então que Ronnan decidiu ser um aventureiro. Mas que tipo de coisa ele faria em suas aventuras? Ele mesmo não sabia responder. 

No mesmo ano, Ronnan descobriu outro talento. O de roubar.  Um dia, Ronnan viu um grupo de cinco crianças levarem um dos filhos de seu vizinho para o fundo de uma casa abandonada. Ele os seguiu sorrateiramente. Era tarde, as sombras das arvores e das residências já se esticavam pelo caminho. Ronnan ficou em uma esquina abaixado, esperando e observando silenciosamente.  

Ele viu o garoto ser espancado por vários segundos. Os agressores roubaram o seu colar e prometeram que se ele falasse algo sobre aquilo, receberia o dobro da surra na próxima vez. A pessoa que roubou o colar (alguém que poderia ter facilmente dezessete anos pela estatura alta) colocou a joia no bolso de forma que parte dela ficasse para fora. Ronnan se afastou vários metros assim que percebeu que eles estavam vindo e começou a andar na direção deles quando viraram a esquina.  

Ronnan ficou nervoso e tenso. Já tinha visto aquilo duas ou três vezes e estava começando a pensar que não conseguiria reproduzir o feito. Ele andou tranquilamente em direção ao garoto mais velho e esbarrou nele. No mesmo instante, seu dedo encaixou na corrente do colar e o puxou para dentro da mão enquanto ele caia. Assim que seu corpo atingiu o solo, o amuleto já estava escondido em sua mão. As risadas dos outros quatro integrantes mais novos ajudaram a abafar o tilintar da corrente de ouro. Entretanto o mais velho parou para olha-lo, o que preocupou imediatamente Ronnan.  

— Algum problema moleque? – Perguntou num tom zombeteiro  

— Não senhor, me desculpe... – Ronnan disse sem encara-lo de cabeça baixa.  

— Senhor... – O rapaz riu balançando a cabeça e tornando a andar novamente.  

Ronnan se levanta e fica parado em meio as sombras com o coração disparado e sua adrenalina correndo pelo corpo. Ele abre a mão e analisa o objeto. Era uma fina corrente de ouro com uma presa de javali bem grande na ponta. Ele olha mais uma vez para o grupo que agora já estava virando em outra rua a um pouco menos de oito metros. Olhando para trás nota que o algumas pessoas estão se aproximando. Ele segue para atrás da casa e vê George, o filho do vizinho sentado chorando em silencio e segurando o braço direito. Ronnan estende a mão com o colar balançando nela. Imediatamente, George o vê incrédulo e o retira rapidamente da mão de Ronnan. Só depois ele nota que era seu amigo e que agora ele estava estendendo sua mão para levantá-lo.  

— Iai... Você está legal? – Ronnan quis saber. 

— Melhor agora que você devolveu meu colar... Babaca... – George riu para mostrar que também estava brincando. – Como você o conseguiu de volta? – Perguntou enquanto se levanta.  

— Eu o roubei. – Ele disse simplesmente dando de ombros como se isso fosse a coisa mais normal que já desse.  

— Sei... – diz abanando a cabeça. - Você pode me levar até seu pai, acho que regacei meu cotovelo.  

— Só não conte pro meu pai que roubaram seu colar. Ele é meio... Exagerado para esses tipos de coisas. Se ele soubesse que eu roubei algo, ficaria me enchendo o saco o resto da semana.  

— Pode deixar.  

Os dois saíram para a rua deixando a casa para trás. As pessoas que Ronnan viu antes agora estavam a sua frente com uma interrogação estampada nos rostos ao verem o estado da outra criança. Porém não fazem nada a respeito. Os dois jovens caminham pelas ruas da cidade enquanto algumas tochas são acesas em seu caminho penetrando a escuridão.  

Ronnan não notou. Mas no topo de uma casa de dois andares a sua esquerda, na direção oposta ao sol, havia uma pessoa escondida nas sombras apenas o estudando, tentando entender como uma criança conseguiu tal feito com tanta facilidade.


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