Dançando com o demônio escrita por Lyria Danis


Capítulo 2
Sua presença desprezível


Notas iniciais do capítulo

Sim, algumas pessoas pediram, então... fiz a continuação. E agora senhor, oh, não sei onde vai parar!



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Quando abri os meus olhos, ele estava lá.

Seus lábios estavam curvados num sorriso macio. Os lábios eram cheios e pálidos; ao mesmo tempo, convidativos. Então, com estes lábios perigosos, ele me saúda.

— Você acordou.

Ele me olhava escuro, da mesma cor de suas íris. Eu não conseguia ver muito bem, mas, eram de um castanho tão profundo que eu não duvidava que fossem negros. Se é impossível para um humano ter os olhos cor de preto, para ele era claramente algo razoável.

Não apenas por ser o que é, mas, que tipo de pessoa me olharia desta forma, com tanta malícia e deturpação?

— Pare de me olhar.

Mas falar isso pareceu causar-lhe divertimento, pois seu sorriso apenas aumentou.

— Por quê?

— Não é óbvio? Me incomoda.

Ele me olhava do canto do quarto. Cruzou as pernas com elegância, então eu percebi que ele vestia um terno completamente negro, que fazia um contraste ridículo com o puff cor-de-rosa em que ele estava sentado.

— Você deveria se preocupar com outras coisas. Por exemplo, sobre como me explicar o motivo de você querer morrer.

Revirei os olhos para ele e me encolhi debaixo do edredom. Neste dia choveu durante todo o tempo, e o clima frio me deixava inerte. Eu ainda conseguia ver de relance as gotas de água batendo com força contra a janela do meu quarto; estava em paz e completamente sozinha.

Claro, apenas se eu me esquecesse da constante presença ao meu lado, que me olhava o tempo inteiro, dando a sensação de perfuração na minha nuca seguidamente.

Ele ficou me observando o tempo inteiro.

Durante os momentos em que eu consegui dormir, mas os quais acordei com pesadelos sobre aquela pessoa. Durante os momentos em que me levantei e fui buscar uma xícara de café, que, quando eu pensei que estava finalmente sozinha, o percebi logo atrás.

Quando finalmente fui ao banheiro, não tinha ninguém naquele ambiente além de mim. Só que eu não estava sozinha. Ele ainda estava lá, com os olhos dentro da minha alma.

Eu olhei para o espelho, mas por alguns instantes, poderia jurar que não era eu quem estava no reflexo.

Pela noite eu finalmente consegui sair da cama, e nós estávamos à mesa. Eu comia uma refeição qualquer, que havia pedido por telefone. Ele apenas me fazia companhia, sentado na cadeira a minha lateral, observando tudo ao redor. Ele parecia, de certa forma, fascinado, e ao mesmo tempo, satírico; um meio termo de expressões que eu estava começando a detestar.

— Os humanos possuem família. Onde está a sua? 

— Por que você se importa?

Ele me sorri.

— Eu entendo.

A comida não me descia. O frango, recheado de coisas que deveriam ser apetitosas amargava em minha boca. Minha língua parecia, de repente, muito grossa. O sabor passou a de um forte gosto de ferro e de podre, então cuspi a comida fora do prato e quando olhei, vi sangue.

— O que você está fazendo?

— O que você fez comigo?

O sorriso dele permanece.

— Você não disse que queria morrer?  — Ele se inclinou da cadeira na minha direção, tocando meu ombro com sua mão fria. Seus lábios frios tocaram a minha orelha e me arrepiou. — Estou te matando.

— Não demore muito.

Quando eu dei minha resposta ele se afastou de mim rapidamente. Ele me olhava com as sobrancelhas franzidas; pela primeira vez desde que chegou, ele tinha um olhar diferente de malícia.

— Então me diga.

— O quê?

— Por que você quer morrer?

Olhei para a cicatriz na minha mão, causada pela flauta; e logo gotas vermelhas caíram sobre ela. Eu sabia que o sangue vinha da minha boca. Usei um guardanapo para limpá-la.

Eu não o respondi, e ele não insistiu novamente. Ele segurou o guardanapo que eu tinha usado, sujo de sangue, e levou até o nariz para cheirá-lo, exatamente como o monstro que ele era.

Eu senti nojo. Repugnância.

Dele, eu senti algo maligno, novamente.

— Você cheira a desespero. Eu gosto.

Novamente, o sorriso dele voltou ao rosto e eu apenas corri ao banheiro para vomitar.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? não? sim? Foi um surto, eu devia tá sob efeito de drogas. Comentem, pls ♥