Happier escrita por Artemis Stark


Capítulo 1
Capítulo 1




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Hermione saiu correndo pelas ruas de Hogsmead. Era uma noite fria de setembro e os estudantes estavam em Hogwarts, por isso, o vilarejo estava quase deserto e somente poucas lojas estavam abertas. Ele estava próximo. Bem próximo. Ela sentiu quando foi envolvida pela cintura. Não pôde deixar de sorrir.

 Draco encostou-a contra uma parede e quase que imediatamente, ela abriu a boca para dar passagem para a língua dele. Entregou-se. Com ele havia isso: entrega.

Os encontros começaram ao trabalharem juntos na inspeção dos cofres de Gringotes. Sendo um bruxo conhecedor das artes das trevas e tendo convivido tanto com comensais da morte, Draco Malfoy era a melhor pessoa para ajudá-la naquele processo. Ela lembrava-se como Ron ficara furioso. Harry também, mas este sabia que era o melhor caminho para que não houvesse mais surpresas nos cofres.

—--

— Você não fará isso, Mione! – Ron falou, vermelho, descendo as escadas atrás dela com Harry em seu encalço. A família Weasley em silêncio, ouvia a discussão.

— Ah não? Desde quando manda em mim, Ronald? – Ela fingiu estar pensativa. – Desde nunca! – e saiu, batendo os pés e subindo novamente a escada.

— Você – Rony falou, virando-se para o irmão mais velho, Bill – Fique de olho nela, entendeu? – e aparatou. Harry, que mantivera-se calado, saiu em seguida.

Draco balançou o copo de uísque de fogo. Havia apenas o som do tilintar do gelo. Observou Hermione dormindo em sua cama. Foi até ela, deixando o copo sobre uma mesa.

— Draco, tudo bem? – ela perguntou, a voz rouca pelo sono.

— Sabia que você é perfeita?  - o loiro falou, passando os dedos pela linha da coluna. Hermione não abriu os olhos, mas sentiu um arrepio percorrer seu corpo.

— Draco... – ela falou com sorriso nos lábios. Draco deitou ao lado dela e a beijou.

—--

— Precisamos do acesso ao cofre 45! – Draco falou, segurando os pergaminhos. – Suspeita de ações ilícitas que ainda não foram devidamente averiguadas.

— Acha que eu sou burro? – o loiro encarou o bruxo alto parado. A expressão séria, os braços cruzados. Era mais alto que ele.

— Não. Por isso eu e a Granger precisamos de autorização. O dono desse cofre tem ligação com as artes das trevas. – soltou o ar com força ao encarar os olhos azuis. Olhou o bruxo à sua frente. Desprezo. Não entendia como um homem com mais de 30 anos podia vestir-se daquele jeito: cabelo comprido, botas e camisetas de bandas de rock trouxa. A camiseta da vez tinha  estampada uma linha branca que, ao atravessar um triângulo, virava um arco-íris.

— Não estou falando sobre isso... Estou falando sobre você. – Draco e Bill se encararam firmemente. O loiro apenas repetiu:

— Precisamos de acesso ao cofre 45. – repetiu, cruzando os braços.

Bill não desviou seu olhar de Draco Malfoy. Inicialmente achou que era implicância de Rony. Implicância e ciúme. Afinal, Hermione estava saindo com Draco há algum tempo. No entanto, com o tempo, foi notando como a arrogância e o ar de superioridade daquele loiro era algo que o irritava. Hermione era uma bruxa inteligente, muito inteligente! O que ela tinha visto nele no fim das contas?

—--

Hermione chegou mais cedo ao encontro com os amigos. Sentou-se e viu Draco Malfoy bebendo sozinho no balcão. Os fios loiros caíam de forma desleixada. Ele bebia uísque e fumava. Com um sinal para o barman, seu copo ficava cheio novamente. Ninguém ousava aproximar-se dele. Draco Malfoy. Ele sempre vestido impecavelmente. Apesar de ser happy hour, ele ainda tinha a camisa abotoada e a gravata ajeitadas. Ela olhou para o relógio. Tinha tempo. Levantou-se e foi até ele. Sentou-se.

— Malfoy...

— Granger – ele disse, sem olhar para o lado. Apenas encarava sua bebida. – Semana que vem falamos sobre os cofres. É sexta-feira...

Hermione olhou Draco dando a última tragada e apagando o cigarro. Um gole de uísque. Há algum tempo observava o colega de trabalho de outra forma. Sabia que seus amigos jamais aceitariam aquilo. Provavelmente ela ouviria um grande não dele. Só que Hermione aprendera a gostar de desrespeitar algumas regras. Apendera a gostar da expectativa, do frio na barriga...

— Quero o mesmo, por favor – ela disse, quando o barman repôs a bebida dele. Draco lançou um rápido olhar para ela. Sorriu de lado.

— Granger... Sabe que uísque de fogo é bem diferente de cerveja amanteigada, não sabe?

— Jura, Malfoy? – sua bebida chegou. Draco a encarou firmemente, esperando que ela engasgasse. Isso não aconteceu.

— Granger, Granger... – ele virou-se completamente para ela. – O que está fazendo aqui?

— Bebendo um uísque com um colega de trabalho enquanto espero meus amigos... – respondeu, virando seu banco para ele. Draco sorriu de lado. Hermione sorriu também.

A briga com Rony, semanas antes, fora por causa do loiro. Lembrava de ter dito que começaria a trabalhar com ele na inspeção dos cofres e que também estava interessada no ex-sonserino... Um erro. Deveria ter mantido a boca fechada.

Ela desviou seu olhar para a porta e para o relógio. O movimento não passou despercebido por Draco.

— Preocupada com o que seus amigos vão pensar, Granger?

— Não, Malfoy... – ela deu um grande gole e terminou seu uísque – Até segunda... – ela ponderou, levantou-se, foi até o ouvido dele para murmurar – Draco...

O loiro quase deixou o copo escapar de suas mãos quando ouviu Hermione sussurrar seu nome. Que jogo era aquele? Observou-a se enquanto se afastava dele e seguia para uma mesa no outro lado do salão.

—--

Hermione chegou e viu Draco e Bill encarando um ao outro com caras de poucos amigos.

— Tudo bem por aqui? – ela perguntou.

— Claro, Mione – Bill respondeu. – Aqui estão as medidas de segurança do cofre. – os dois se afastaram, mas o ruivo falou, fazendo com que Hermione virasse para olhá-lo – Minha mãe quer saber se vai esse final de semana para Toca. Faremos um almoço para Charlie. Comemorar a mudança dele para Londres.

— Claro, Bill – ela sorriu. – Vou sábado cedo. – Bill sorriu de volta, mas depois ficou sério, ao olhar para Malfoy. – O que você está resmugando, Draco?

— Esses malditos ruivos... Fala sério, Granger... O que vê nessa família?

— Eles são minha família – Hermione disse, encerrando o assunto.  – Vamos, temos trabalho a fazer...

—--

Draco foi trabalhar na segunda feira pensando na atitude de Hermione Granger. Obviamente ele andava reparando nela, mas sabia que aquilo era perigoso e arriscado. Trabalhavam juntos. Foram inimigos na escola e não tinham absolutamente nada em comum... Talvez, exceto, o gosto por uísque de fogo.

Naquela semana não cuidaram dos mesmos casos. Encontravam-se pelos corredores do ministério e em rápidas reuniões. Nunca a sós, realmente.

No final da semana Hermione foi para o mesmo bar próximo ao Ministério. Dessa vez sem os amigos. Viu-o novamente no mesmo lugar, o olhar no uísque enquanto fumava. Ele não notou sua aproximação até que ela estivesse perto.

— Malfoy... Tudo bem?

— Granger – ele deu uma longa tragada, um sorrido de lado e falou – Assim eu vou achar que está querendo ficar a sós comigo...

— E eu achando que você não fosse inteligente... – ele riu sem ironia, como poucas vezes acontecia.

—--

— Draco... – Hermione disse, mexendo-se na cama – É domingo... Por que acordar tão cedo?

— Alguns hábitos são difíceis de mudar, Granger... – ele olhou pela janela, enquanto Hermione sentava-se na cama – Eu precisava acordar cedo todos os dias... Ler, estudar, preparar poções... Ser um comensal... Ainda bem que ele está morto...

— Draco... – Hermione levantou-se e colocou uma mão sobre o ombro dele.

— Você vai ficar aqui ou vai passar o fim de semana com aquele bando de ruivos? – o rapaz a interrompeu.  Olhou-a intensamente... – Por que está comigo, afinal?

— Porque eu quero. E eu sempre sei muito bem o que eu quero... Você tornou-se outra pessoa... Amadureceu. Gosto dos contrastes que há em você... – ela deu de ombros – Ousadia, faz parte de ser uma grifinória. – falou, passando o indicador pelo peito nu dele. – Ficarei aqui... Tudo bem por você?

Ele não respondeu com palavras. Apagou o cigarro e beijou-a. Voltaram para cama.

—--

— Bill, – Hermione falou, quando saíram da reunião – você merecia um prêmio por aguentar trabalhar com esses duendes... – ele riu. Olhou para Hermione que andava ao seu lado. Ela podia parecer uma bruxa frágil, mas já havia passado por tanta coisa...

— Quer almoçar comigo? – ela o encarou, estranhando a pergunta. Bill corou e isso era raro – Quero dizer... Sei que tem o Malfoy...

— Eu nunca deixaria de fazer algo por causa dele, Bill – Hermione parou de andar e cruzou os braços.

— Ele é seu namorado, Hermione... Isso que eu queria dizer... – ela continuava parada – Quero dizer que se fosse minha namorada eu não ia impedir... Quero dizer... – Hermione sorriu, pois nunca tinha visto Bill sem saber o que dizer – Quero dizer que se estivéssemos juntos eu ficaria incomodado se saísse para almoçar com outro homem.

— Faz sentido – Hermione aproximou-se de Bill – Acontece que eu e Draco não namoramos. – ela voltou a andar e o ruivo a acompanhou. – Alguma sugestão?

—--

— É sério, Granger? – ele disse, andando de um lado para o outro. – Eu fiquei te esperando.

— Não tínhamos nada marcado, Draco... Como eu ia saber que queria almoçar comigo? – ela disse, irritada.

— Você está comigo? – Draco perguntou, segurando-a pela cintura – Está comigo, Hermione? – ele perguntou. A voz um pouco mais baixa.

— Isso é um pedido de namoro? – Hermione perguntou de volta, com um leve tom de sarcasmo, ao mesmo tempo em que passava a mão por baixo da blusa dele – É isso que você quer, Draco? Namorar comigo? Uma sangue ruim? Diga, Draco...

— Merda... – ele a beijou. Os beijos foram dos lábios, para o maxilar, para a orelha – É isso, Hermione. Seja minha. Apenas minha.

—--

— Você vai continuar frequentando a casa deles agora que está comigo? – Hermione simplesmente girou os olhos e começou a se vestir.

— É claro, Draco. Não tem por que eu me afastar dos Weasley. É aniversário do Harry e ele vai comemorar lá... – ela fechou o zíper da saia – Você poderia ir comigo.

— Prefiro uma série de cruciatus a estar perto deles— Hermione respirou fundo e Draco percebeu que falou mais do que devia.

— Eu pelo menos tento ser amiga do Zabini, Draco. – ela disse, terminando de se arrumar rapidamente.

— Eu não quis dizer isso, Hermione – ele falou, segurando-a pela mão.

— Sim, você quis. – ela terminou de se vestir e pegou a varinha – Até mais. – e sumiu no ar.

Draco virou o copo de uísque de uma vez só e depois o jogou contra a parede.

—--

— Sério, Mione... O que você viu nele? – Ron bufou.

— É o aniversário do Harry, Ron... Por favor... – o ruivo soltou o ar com força. Puxou-a para um abraço – Você está chateada por causa do Malfoy, Mione... Você é minha melhor amiga... Foi meu primeiro amor... meu primeiro tudo – ele disse olhando-a – As coisas mudaram entre nós, mas ver você sofrer por causa do Malfoy... É foda...

— Vamos aproveitar o aniversário do Harry, Ron... – ela afastou-se, indo pegar uma bebida. Ron ficou olhando-a e não notou a aproximação de Bill, que perguntou:

— Tudo bem?

— Não... Quer dizer... Ver Hermione sofrendo por causa do Malfoy... – ele passou a mão pelos cabelos ruivos – É difícil... – então ele olhou para seu irmão mais velho. Olhou atentamente. – Bill? Bill? – chamou novamente até ter a atenção dele.

— O que foi?

— Você está sentindo algo por ela? – Ron foi direto em sua pergunta.

— Claro que não... Que ideia, Ron... Tem poucos meses que me divorciei de Fleur... Não quero nada sério no momento – e afastou-se, mas Ronald observou que seu irmão foi até Hermione. E sabia que Bill, apesar da fama, não era um homem de relacionamentos curtos e passageiros.

— Mione, tudo bem? – viu que ela se sobressaltou, quase derrubando a bebida que havia acabado de pegar – Desculpe... Não quis te assustar...

— Oi, Bill... Imagina, eu que estava distraída... Tudo bem? – Hermione olhou nos olhos azuis de Bill. Ele era alto e ainda usava o cabelo comprido. Desviou sua atenção para a camiseta dele e comentou – Adoro Doors.

— Tenho a coleção completa... Em LP... Gosto de ouvir no toca-discos... – ela riu e ele passou a mão pelos cabelos – Sou velho, Hermione Granger... – isso apenas a fez rir mais ainda e Bill ficou perdido naquele som.

—--

— Granger... – ele disse, correndo atrás dela pelos corredores do Ministério – Hermione! Espere! – ela parou e virou-se de braços cruzados – Eu errei. Me desculpe.

— Draco... eles fazem parte da minha vida. Não tenho irmãos e... –  Sentiu um bolo na garganta... olhou para o chão, para o teto e depois encarou os olhos de Draco – E... Meus pais foram mortos por Comensais. Eles são minha família e preciso que você entenda isso.

Draco puxou-a pela cintura e a beijou. Por que Hermione não entendia que ele precisava dela?  Mais do que ele poderia assumir. Calou-a com outro beijo quando a ouviu murmurar te amo.

—--

Estava atrasado. Andava rápido pelos corredores do Gringotes. Todos se afastavam quando Draco passava andando rapidamente.  Chegou na sala dele e a encontrou rindo. Com um dos Weasley. Bill Weasley.

— Granger...

— Oi, Draco – ela deu um breve beijo nos lábios dele – Vamos? – ela perguntou, puxando levemente pela mão. Só que o loiro encarava o ruivo. – Draco?

— Sim, vamos... – respondeu, olhando para a namorada.

— Mione – Bill falou, antes que eles saíssem – A festa do dia das bruxas... Você virá antes para ajudar nos preparativos?

— Eu... Eu ainda não decidi, Bill – respondeu, sem encarar os dois homens que a olhavam. Depois que saíram do cofre com três artefatos que continham magia das trevas e os deixaram com Harry para mais averiguações, Draco puxou Hermione para sua sala.

— Festa do dia das bruxas? Você não me falou sobre essa festinha na casa do seu ex-namorado.

— Sabe que Rony não se encaixa como um ex, Draco... – Hermione falou.

— Sim, seu ex. Beijaram-se, transaram... Enfim... – o loiro resumiu, irritado.

— Durou pouco tempo. Percebemos que era apenas amizade... Somos amigos, você sabe. – Hermione disse, sentando-se.

— E por que não me falou sobre a festa? – cruzou os braços, irritado.

— Para evitar outra briga? – respirou fundo – Eu ia te contar hoje a noite. De qualquer forma não vou antes para os preparativos. Ficarei com você.

— E depois vai ficar com os Weasley? Sabe que aquele Weasley do Gringotes que acha que ainda tem 15 anos, está a fim de você?

— Bill? – ela perguntou, sorrindo. – Bill não sente nada por mim, Draco.

— Sim, Granger, ele sente. – Draco aproximou-se dela, puxando-a pela cintura – Não quero te perder... – beijou-a e levou-a até a mesa. Hermione entregou-se sabendo que haveria outra briga quando dia 31 de outubro chegasse.

—--

— Achei que sendo minha namorada essas visitas à casa dos Weasley iam parar... – ele disse, de braços cruzados.

— Estou indo com muito menos frequência, Draco... Eu almoçava lá quase todo final de semana e faz um bom tempo que não apareço – segurou a mão dele. – Venha comigo... Você ficará aqui sem ter o que fazer...

— Vou sair com Zabini – o loiro falou, encerrando o contato – Uma festa na casa de Pansy.

— Sério? E você nem pensou em me convidar? – indagou, cruzando os braços.

— Você já tinha compromisso... – Draco respondeu, dando de ombros. Ferido.

— Você é um orgulhoso mimado, Malfoy! – Hermione exclamou, em tom mais alto que de costume. – Eu saio com Zabini e até já fui em um almoço com Pansy... Engoli as ofensas que disseram em voz baixa...

— Eu falei para ela parar – Draco interrompeu a namorada.

— E mesmo assim está indo na casa dela. Da sua amiga que me chamou de sangue ruim e ria quando achava que eu estava desatenta? – Hermione respirou fundo. – Se você não ceder um pouco, não temos como dar certo, Draco... – ele deixou a cabeça cair. Hermione Granger estava mexendo com ele de uma forma que não conseguia assumir e nem lidar. Voltou a olhá-la.

— Eu sou Draco Malfoy. Não faço concessões.

Hermione apenas o encarou de volta, balançou a cabeça de forma negativa e aparatou.

—--

— Hermione... – ele disse entre beijos e carícias – Eu preciso de você... Me perdoa...

— Draco... – era o único nome que Hermione conseguia sussurrar. Ela o perdoou, mas não sabia por quanto tempo poderia fazê-lo.

—--

Draco riu contra o pescoço dela sem acreditar que aos 12 anos levara Harry e Ron ao Salão da Sonserina. Estavam nus. Em seus raros momentos de paz. Hermione deitou-se, olhando os olhos do namorado. Quando começou tudo aquilo não imaginra as consequências. Aprendera lutar por aquilo que queria. Nunca se adequara ao mundo trouxa e receber a carta de Hogwarts fez com que ela se encontrasse. Agora, no entanto, deitada ali, com Draco Malfoy – a pessoa que a mais fez sofrer em Hogwarts, estava confusa. Em um momento ele era tudo aquilo que era queria, mas noutro...

— O que está pensando? – ele perguntou, lendo a expressão dela.

— Em nós... Até onde vamos?

— Importa que estamos juntos agora... – Draco falou, beijando-a. Hermione afastou-se, deitou e encarou o teto.

— Não somos adolescentes... Já faz mais de um ano que estamos juntos, Draco.

— Hermione... – ele puxou-a para si – Não estou pronto para isso. Não agora...

— E algum dia estará? – a pergunta ficou sem resposta. Hermione esperou, então levantou-se, escapando do toque dele.

— Espere... - Draco pediu, ainda na cama, sentado.

— É o que mais venho fazendo... – ela vestiu-se rapidamente – Até amanhã.

—--

— O que é isso tudo? – indagou ao chegar na casa dele e encontrar a mesa posta, velas e vinho. O loiro apenas deu de ombros.

— Uma surpresa... Gostou?

— Draco... – ela sorriu e mais uma vez entregou-se a ele.  – Eu te amo.

—--

Hermione tamborilava seus dedos na mesa, encarando o pergaminho. Perdida em seus pensamentos não ouviu a porta abrir.

— Bill! Que susto – exclamou nervosa e depois sorriu – Tudo bem?

— Desculpe entrar assim, mas eu bati algumas vezes e ninguém respondeu. – ele entrou, quando ela fez um gesto com a mão. – Você está bem? Tenho te achado abatida...

— Sim, - ela sorriu um sorriso falso. Bill continuava encarando-a e ela se pegou gostando daquele olhar.

— Trouxe seu doce preferido... – ele falou, entregando um pequeno embrulho. Depois, sentou-se

— Obrigada, Bill – sorriu, dessa vez de verdade – Torta de morango... Obrigada... Mesmo...

— Mione... Eu... – notou quando o ruivo passou a mão nervosamente pelo cabelo – Eu queria conversar com você... Será que podemos sair para conversar?

— Bill...

— Eu entendi, Mione – ele levantou-se rapidamente.

— Não saia assim... Eu... – ela também estava de pé. Lembrou-se de como ria facilmente com ele. De como, quando ela ia para Toca, ficavam ouvindo Doors, Ramones, Pink Floyd...

A porta foi novamente aberta e Draco entrou. Olhou seriamente para os dois.

— Só vim aqui para dizer que irei com você ao aniversário do Potter – andou até ela e a beijou. Quando o beijo terminou, Hermione viu que Bill já havia saído. Draco olhou para ela, que encarava a porta. Não, ele não tinha ido até lá para dizer essas palavras, mas as disse quando viu a troca de olhares entre sua namorada e Bill Weasley.

—--

Hermione estava ajudando Molly com o almoço naquele domingo. Draco tinha ido encontrar Narcisa, que havia se mudado para a França.

— Mãe, eu posso cuidar disso com a Hermione. Não quer descansar um pouco? – Bill estava encostado no batente da porta. Hermione olhou para ele e sorriu.

— Não acha que ele devia cortar esse cabelo? Bill... Você tem 35 anos!

— Molly, - Hermione disse sem tirar os olhos do ruivo – Esse cabelo combina com seu filho – então encarou a matriarca – Não se preocupe.

Molly Weasley limpou as mãos no avental e saiu, dizendo que precisava desgnomizar o quintal para o aniversário de Harry.

— Então gosta de homens de cabelos longos, Mione – ele disse, sorrindo. Hermione sorriu também e voltou a cortar as batatas para o almoço. – Sabe que pode lançar um feitiço... Por que faz assim?

— Porque lembro dos meus pais – respondeu, simplesmente. Bill olhou o que ela fazia. Conjurou um descascador como o dela e pegou uma batata. Hermione o olhou, impressionada.

— Por que esse olhar? – a morena abriu a boca para responder, mas voltou sua atenção para as batatas. Não queria, mas comparou-o com Draco, que, sem dúvida, lançaria um feitiço terminando rapidamente o serviço.

—--

— Mione! – ela sentiu o abraço do amigo e retribuiu.

— Parabéns, Harry!

— E Malfoy? – a pergunta foi rápida e direta. Nenhum de seus amigos entendia aquele relacionamento. Tentavam aceitar, mas o sonserino jamais aceitava estar na presença deles.

— Preso no Ministério. Vem mais tarde... – encarou o olhar incrédulo do amigo – Se ele falou que vem, ele vem.

— Você sabe o que faz, só que eu acho... – Harry começou a falar, mas logo alguns amigos começaram a chegar e foram interrompidos. Hermione conversou com Gina e depois foi até o bar.

— Um uísque de fogo, por favor – pediu.

— Dois – a voz atrás de si a surpreendeu. Ele já estava ao seu lado. Sorriu. Sentiu algo estranho dentro de si. Será que era possível estar gostando dele? Ela namorava Draco, porém sempre que o via sentia... – Achei que não viria... Cadê o Malfoy?

— Ministério... – as bebidas chegaram e eles fizeram um rápido brinde.

— Hermione,... – ele começou, depois parou, respirou fundo – gostaria de ir à minha casa ouvir algumas bandas de rock?

 - Bill... eu adoraria... Mas... – Hermione não disse mais nada.  Não era preciso. Bill virou seu copo e pediu outro. Ele viu Draco chegando e sussurrou no ouvido dela, antes de levantar-se e ir conversar com os gêmeos – Queria apenas uma chance...

Hermione ficou sentada no lugar. Foi tirada de seu torpor, quando Draco a tocou.

— O que ele disse? Granger? – ela o olhou.

— Nada demais, Draco... – encararam-se – Ele pediu uma chance. – Hermione viu a raiva passar pelos olhos do namorado, que afastou-se – Merda! Draco! Draco!

Ela o alcançou e segurou-o pelo braço.

— Granger... – nesse momento os dois chamavam atenção de algumas pessoas.

— Deixe para lá... É aniversário do Harry... Deixe para lá... Por favor... – o loiro respirou fundo e balançou a cabeça. Olhou para o ruivo, que sustentava seu olhar. Segurou-a pela nuca e a beijou com força. Sua outra mão na cintura dela. Hermione retribuiu. Querendo apagar a frase que Bill lhe dissera.

—--

Hermione deixou a água do mar envolvê-la. Logo Draco estava atrás de si, abraçando-a.

— Gostou da surpresa, Granger?

— Só você para fazer uma viagem surpresa... Eu adorei, Draco... – beijaram-se mais uma vez.

—--

— Hermione – Bill disse, após um almoço na Toca – As coisas não precisam ficar tensas entre nós...

— Bill, - a morena começou, fechou os olhos e os reabriu – Como não ficarão tensas?

— Eu gosto de você e sei que gosta do Malfoy – ele estreitou os olhos, aproximou-se quando a mulher à sua frente desviou o olhar para o chão. – Hermione... Olhe para mim – ela o fez – Existe alguma chance... Mesmo que mínima...?

— Bill... Você é lindo, inteligente... Me atrai de tantas formas... – ela soltou o ar e deixou a cabeça cair – Só que escolho Draco.

Ela afastou-se, saindo da cozinha, mas ouviu a voz dele, em tom bem baixo, quase inaudível:

—Está fazendo a escolha errada, Hermione.

—--

Abriu a porta da sala de Bill. Era possível ouvir os gritos de ambos. Ao entrar viu que tinham a varinha empunhada.

— Vocês estão loucos? – Hermione indagou. – Abaixem as varinhas.

— Afaste-se dela, Weasley – Draco disse, a raiva pulsando dentro de si.

— Não estou fazendo nada, Malfoy. – ele olhou para Hermione – Ela fez a escolha dela... Uma escolha errada... Mas a escolha foi dela.

— Bill... – o ruivo deu um passo para trás e abaixou sua varinha.

— Vamos, Granger... Temos um cofre para inspecionar. – Hermione olhava para Bill e viu a dor nos olhos dele.

Draco puxou Hermione para dentro do cofre e a possuiu lá mesmo, exigindo o corpo, as palavras, e os sentimentos dela.

—--

6 meses depois

Draco ajeitou o cachecol contra o pescoço. Fazia uma tarde fria. Colocou as mãos no bolso e andou pelas ruas. Então a viu... Tinha conseguido evitá-la por um mês, mas lá estava ela... Com Bill Weasley. E sorria, como poucas vezes sorrira quando estiveram juntos.

Walking down 29th and Park
I saw you in another's arms
Only a month we've been apart
You look happier

Ficou parado por um instante, mas logo decidiu segui-los. Entraram em um bar e ele ficou observando-os pela janela. Ela sorria. Weasley a fazia sorrir com tanta facilidade...

Saw you walk inside a bar
He said something to make you laugh
I saw that both your smiles were twice as wide as ours
Yeah, you look happier, you do

Ain't nobody hurt you like I hurt you
But ain't nobody love you like I do
Promise that I will not take it personal, baby
If you're moving on with someone new

—--

Flashback

Hermione bateu uma, duas vezes na porta da casa de Draco e nada dele aparecer. Sabia a senha para entrar e entrou. Encontrou a sala no mais completo silêncio.

— Draco? – perguntou. Eles tinham combinado de se encontrar para almoçar juntos e ela ficou preocupada quando ele não aparecera. – Draco?

Foi até o quarto dele e assim que abriu a porta viu seu mundo desmoronar. Draco estava dormindo com Pansy. Seus olhos não queriam acreditar no que viam e o chamou mais uma vez.

— Granger... – ele, então, sentou-se. Olhou para o lado e viu Pansy, ainda adormecida. Lembrou-se do uísque, da casa de Hermione e das insinuações de sua colega da escola. – Achei que já que você podia transar com outro cara eu também poderia transar com alguém. – falou de forma fria. As lágrimas dela começaram a descer lentamente. Saiu, batendo a porta com força. Logo Draco estava atrás de si.

— Vai se fingir de inocente? Você fez antes, Hermione! – ela parou de repente.

— Acha que transei com alguém? – perguntou, limpando as lágrimas.

— Eu sei que ontem você esteve com o Weasley. – Hermione apenas o olhou – Depois do meu encontro com Blaise eu fui até sua casa.

— E... Você me viu nua na cama com o Bill? – lançou, com raiva.

— Não... Mas eu sei o que fizeram. – Draco disse, irritado. – Ele está a fim de você e... Você... – Draco foi espaçando suas palavras. Passou a mão pelo rosto.

— Ele está a fim de mim e eu... falei que queria continuar nosso relacionamento, apesar das nossas brigas. Bill foi embora. – Hermione olhou em direção à escada, depois para Draco – Parkinson disse que eu o traí, não disse? E você... Você... – as lágrimas voltaram a cair.

— Hermione, você está me dizendo… - ele aproximou-se, mas ela se afastou.

— Que ninguém nunca me magoou como você. Nunca te traí, mas a recíproca não foi a verdadeira, não é, Draco?

— Hermione, espere...

— Não mais...

'Cause baby, you look happier, you do
My friends told me one day I'll feel it too
And until then I'll smile to hide the truth
But I know I was happier with you

Os pensamentos de Draco voltaram ao presente e ficou mais uns instantes olhando como Hermione sorria. Abaixou a cabeça. O que ele fez foi imperdoável. Aparatou em sua casa e bebeu como fazia nos últimos dias. A garrafa vazia e fotos dele com Hermione estavam espalhados pelo chão. Ele era mais feliz antes e, mesmo assim, fez uma escolha impulsiva. Baseado no ciúme.

Tantas vezes Hermione dissera: eu te amo.

Ele nunca conseguira dizer, mas a verdade é que ainda estava apaixonado por ela.

Sat on the corner of the room
Everything's reminding me of you
Nursing an empty bottle and telling myself you're happier
Aren't you?

But ain't nobody hurt you like I hurt you
But ain't nobody need you like I do
I know that there's others that deserve you
But my darling, I am still in love with you

Viu-a novamente com ele. Dessa vez não foi sem querer. Estava seguindo Hermione. Eles não trabalhavam mais no mesmo departamento. Draco havia pedido transferência. Era o mínimo que podia fazer após magoar Hermione da forma que magoou.

But I guess you look happier, you do
My friends told me one day I'll feel it too
I could try to smile to hide the truth
But I know I was happier with you

Ele surpreendeu-se quando a viu se aproximar. Ao fundo, estava Bill, de braços cruzados, tentando se conter.

— Você precisa parar com isso, Draco.

— Com o que, Hermione? – encarou os olhos castanhos e sentiu uma dor percorrer seu corpo.

— Pare de me seguir... Por favor... Eu estou… - mas ela não pôde terminar sua frase.

— Está mais feliz com ele. Eu sei, – Draco lançou-lhe um sorriso triste – mas se um dia ele te magoar, saiba que estarei te esperando. - Observou Hermione se afastando e indo até os braços de Bill. Colocou as mãos no bolso e virou-se.

'Cause baby, you look happier, you do
I knew one day you'd fall for someone new
But if he breaks your heart like lovers do
Just know that I'll be waiting here for you

 

A morena esperou que ele sumisse em uma esquina. Apoiou a cabeça no peito de Bill. Sentiu o coração dele batendo de forma acelerada. Encarou os olhos azuis e sabia que, pouco a pouco, estava esquecendo Draco. Lembrou-se de quando decidiu estar com Malfoy e dos momentos que viveram. As brigas e reconciliações. As palavras que feriam e os beijos que cicatrizavam. Agora era diferente. Com Bill era diferente. Sentiu os lábios do ruivo sobre os seus. Era aquilo que queria naquele momento. Apenas Bill.

—--

 


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Notas finais do capítulo

N.A.: Propus fic-presente pra Ju, Vennice pediu uma e nasceu essa fic a aprtir da música Happier de Ed Sheeran. Em muitos momentos pensei em alongar a fic, cenas, personagens... Mas a ideia era ser uma oneshot. Além disso estou comprometida com outros projetos e não podia ter mais uma long em minha vida... Enfim, espero que tenham gostado... Especialmente a presenteada: Vennice!  Bjs bjs, Ártemis

N.B:: Eita!

Apesar do Draco ser minha preferência, e dentre os ruivos eu sempre escolher o Rony em qualquer ocasião, eu gosto do Bill. Daquele Bill dos dentões lá de Uma nova chance para o amor que eu trouxe comigo para essa fic. rs

Ainda que ela tenha sido uma fic mais curtinha, e o personagem pouco explorado por motivos óbvios, achei muito denso.

Não foi uma fic com duelos, batalhas e grandes aventuras externas. Tudo aconteceu dentro de cada um deles. Dentro de cada sentimento novo para cada um e foi muito bom acompanhar como eles, em especial Hermione, conseguiram lidar com essa explosão de sentimentos.

Como o amor por vezes pode não ser suficiente para manter um relacionamento.

Isso só mostra que você continua excelente autora, mesmo com o tempo de pausa, conseguindo trazer não fatos explícitos, mas também aqueles sentimentos que às vezes ficam guardados dentro de nós durante uma vida inteira.

Ainda bem que Hermione teve coragem de se libertar. Ainda bem que Draco recebeu a lição que merecia. Ainda bem que Bill mereceu o amor que obteve... Ainda bem que eu te conheci e tive o prazer de ler e betar essa fic maravilhosa, que me fez repensar tantas coisas...

Vênnice, que menina de sorte vc ein! haha Beijocas, Ju Fernandes ;)



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