I Wanna Be Yours escrita por hina dono


Capítulo 1
Meu Aspirador de Pó


Notas iniciais do capítulo

Essa fanfic faz parte de um projeto meu no qual eu vou escrever três one-shots (de casais diferentes) me baseando nas minhas músicas favoritas da banda Arctic Monkeys (♡♡♡♡♡). Como podem ver a primeira música é I Wanna Be Yours e o primeiro casal: Onoda x Aya.

Aproveitem :)



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— Ei! Olha por onde anda! - um homem gritou após ter seu pé direito praticamente perfurado por um salto fino.

 Irritado, ele fitou sua agressora à espera de um pedido de desculpas. Não que aquilo fosse aliviar a sua dor, mas era o mínimo que ela devia fazer depois de tê-lo machucado. No entanto, ao invés de desculpar-se, a pessoa em questão irritou-se com o tom de voz que o homem usara para dirigir-se à ela. Quem ele pensava ser?

 - Como é que é? - a garota o encarou com raiva - Não é minha culpa se você estava tão ocupado secando as garotas que não me viu passar. Aliás, todas essas meninas são menores de idade. Você não acha que é velho demais pra isso, ossan?

 - Os-san?! - ele soava ofendido.

 - É, é, ossan! Quantos anos você tem? 40? Tem certeza que não é ilegal estar no meio de todas essas adolescentes? 

 Certo, ela estava exagerando. O homem em sua frente com certeza era mais velho que ela e a maioria das pessoas ali, mas chamá-lo de ossan era um tanto demais. Talvez ele tivesse uns 20 ou 23 anos... Bem, não importava. O fato é que aquela era uma festa realizada para comemorar a volta às aulas do Colégio Sohoku. Havia apenas terceiranistas e alguns segundanistas que tiveram a sorte de serem convidados. A regra era clara: nada de calouros ou pessoas de fora. Ou seja, se aquele ossan estava ali era porque tinha entrado de penetra. E penetras têm um destino cruel - como por exemplo, ter seu pé esmagado por estranhas.

 Sendo assim, ela estava nenhum pouco arrependida. Além disso, não fora totalmente sua culpa. O quintal da casa de sua colega de classe, Yumi, estava lotado de corpos muito próximos um do outro e a iluminação baixa não ajudava em nada. E, como ela já mencionara antes, ele estava muito ocupado observando as garotas para notá-la ou ouvir seus vários "com licença". É, talvez o pisão não tenha sido acidental. Porém, com certeza foi merecido!

 - Olha aqui sua pirralha, você não sa- o homem teve sua fala interrompida por uma voz feminina que aproximava-se deles. 

 - Aya-chan! Até que enfim te encontrei! - disse Kanzaki Miki, sua melhor amiga, agarrando-a pelo braço e tirando-a de perto do rapaz. Evitando assim que ele a xingasse, o que estava muito perto de acontecer. Quando afastaram-se o suficiente, ela perguntou: - O que você estava fazendo, Aya-chan?!

 - Aquele ossan pervertido me tirou do sério. - a garota de cabelos curtos respondeu simplesmente. Tachibana Aya não era de dar explicações. Muito menos de ouvir calada certos desaforos. 

 - Os.. OSSAN?! Você enloqueceu? Aquele é o irmão mais velho da Yumi! E ele só tem 19 anos! 

 - Mentira?! - ela estava chocada. Não fazia ideia que Yumi tinha um irmão. - Hmm então ele não é um penetra...

 - Claro que não. Essa é a casa dele. 

 - Bom, tanto faz. Ele continua sendo um idiota.

 Miki apenas balançou negativamente a cabeça. Não adiantaria nada aconselhar Aya a melhorar sua atitude para com os outros. Elas se conheciam desde pequenas e a menor sempre fora daquele jeito: direta, pavio curto e um tanto agressiva. Embora aquela fosse apenas a primeira camada a envolver o ser humano chamado Tachibana Aya. Para olhos experientes e mãos calejadas pelo trabalho árduo de manter-se por perto, toda aquela atitude ruim não passava de fachada. Apenas espinhos protegendo uma bela e delicada flor.

 Sim, delicada. E Miki pode comprovar esse pensamento no mesmo instante em que o teve, pois, ao ouvir determinada voz gaguejar um "boa noite" no microfone encaixado no pedestal em cima do palco improvisado no quintal da casa, sua amiga de infância corou como uma criança tímida. Havia sido por isso, ou melhor,  por aquela pessoa, que a garota tinha aceitado ir até aquela festa.  

Aya estava ali, porque era onde Onoda Sakamichi estava. E ela queria estar aonde ele estivesse. Porque é isso o que o amor faz: torna as pessoas dependentes. E ela não podia negar que estava apaixonada pelo quatro-olhos. Não que fosse admitir essa verdade para alguém além de si mesma. Nunca. O filtro entre seu coração e sua boca ainda não tinha parado de funcionar para que cometesse tal estupidez. 

 Não preciso disso.

 - Vem, vamos nos aproximar do palco. - Miki chamou, recebendo uma - já esperada - recusa da amiga. Insistiu, pois sabia que era isso que a outra queria. Como esperado, na segunda tentativa Aya mudou de ideia e ambas as garotas seguiram até a frente do palco. 

 Haviam seis garotos lá em cima. Cada um deles fazendo os últimos ajustes em seu respectivo instrumento - Imaizumi na guitarra, Aoyagi no baixo, Teshima no teclado, Kaburagi na bateria e Naruko, para sua revolta eterna, na segunda guitarra. O sexto e último integrante da banda colegial - The Ride - era, obviamente, o vocalista: Onoda Sakamichi. Também conhecido por Aya como seu affair há alguns meses.

 - B-boa noite! Nós s-somos o The Ride! - o quatro-olhos refez a introdução da banda, pois da primeira vez muitos não tinham prestado atenção.

 - Não precisa gritar! Você já tem um microfone! - alguém no meio daquelas pessoas gritou, fazendo com que um envergonhado Onoda gaguejasse um "desculpe". 

Patético

 Como ela foi envolver-se, pior, apaixonar-se por alguém tão.. tão.. patético? 

 - O que foi aquilo? Um latido? Nós somos o The RIDE! RIDE! - uma cara próximo a elas zombou, imitando um latido.

 Isso sempre acontecia. A banda havia sido formada pouco mais de um ano antes e shows como o daquela noite já eram comuns, mas sempre, sempre mesmo, as pessoas da platéia zombavam do baixinho com cara de otaku ocupando a posição de vocalista. E ela sequer podia culpá-los. Agindo daquela forma, Onoda parecia tudo menos um cantor de indie/rock. 

 O barulho só aumentava. A banda já tinha perdido a atenção do público. Aquele era um novo recorde. 

 - Francamente... 

 Felizmente, um dos idiotas percebeu a gravidade da situação e resolveu fazer algo a respeito - da forma mais chamativa possível. Com um solo de sua velha e afinada guitarra, Naruko recuperou a atenção dos presentes. Aderindo a ideia dele, os outros membros seguiram o ruivo em uma melodia improvisada e surpreendentemente boa. 

Onoda sentia-se envergonhado. Os amigos sempre tinham de consertar os erros dele. Então, como forma de agradecê-los e porque era seu dever como vocalista da banda, ele endireitou-se e, com uma voz firme, disse: 

 - Nós somos o The Ride. - Não havia gagueira dessa vez, apenas uma determinação gigante em sua voz. Iria cumprir com o objetivo que o levara até ali. - Essa música é uma composição minha para alguém muito especial. Chama-se I Wanna Be Yours.

 Onoda olhou para os companheiros de banda dando o sinal de que estava pronto. Logo os primeiros acordes puderam ser ouvidos. Suave... Era uma música nova. E como assim "alguém muito especial"? Queria acreditar que ele referia-se à ela, mas confiança em excesso só causa constrangimento. Talvez fosse para a mãe dele! 

 

 Eu quero ser seu aspirador de pó Respirando na sua poeira 

 Eu quero ser seu Ford Cortina Eu nunca vou enferrujar 

 

 Certo. Música para a mãe: out! Não havia um motivo racional para ele querer ser o aspirador de pó da mãe dele. Ou o de qualquer outra pessoa, para ser sincera. 

 

 Se você gosta do seu café quente Me deixe ser a sua cafeteira 

 Você que decide, querida Eu só quero ser seu

 

 As pessoas faziam um silêncio chocado. Nada de conversas paralelas ou zombarias. E essa reação também já era esperada. Na verdade, todos os shows que o The Ride fez até aquele momento, seguiram o mesmo padrão: o público deixava-se enganar pela aparência do quatro-olhos, tachando ele, e consequentemente a banda, como perdedores assim que subiam ao palco. Em dias de sorte, as pessoas apenas os ignoravam. Porém, nos dias ruins, alguns idiotas os atacavam com vaias, xingamentos e objetos aleatórios. No entanto, independente do dia ser de sorte ou azar, a cena final era sempre a mesma: todos de boca aberta observando o baixinho otaku mostrar o porquê de ele ter sido escolhido como vocalista de uma banda. Era uma transformação fascinante.

 

 Segredos que eu mantive em meu coração São mais difíceis de esconder do que pensei

 Talvez eu só queira ser seu

 Eu quero ser seu, eu quero ser seu

 Quero ser seu

 Quero ser seu

 Quero ser seu 

 

 A voz dele era linda. Quando Onoda cantava sua voz soava madura, rouca e até mesmo sexy. Tão diferente do usual. Era como quando os dois encontravam-se sozinhos...

 

 Me deixe ser o seu medidor de energia E nunca irei parar de funcionar

 Me deixe ser o aquecedor portátil Que você vai sentir frio se não tiver

 

 Os momentos que Onoda e Aya compartilhavam a sós também eram fascinantes. No início eram apenas aulas semanais de reforço na biblioteca da escola  - como representante de classe, ela tinha oferecido-se para ajudá-lo a melhorar sua nota em biologia a fim de não prejudicar a classificação geral da turma -, mas, certo dia eles decidiram que uma aula não era o suficiente, então uma virou duas. E duas viraram quatro. Até que a biblioteca cedeu lugar à  sala de visitas da casa de Aya e, não muito tempo depois, ao quarto de Onoda. Desde então, ele nunca mais tirou nota baixa naquela matéria.

 

 Eu quero ser sua loção hidratante (quero ser)

 Envolver seu cabelo em profunda devoção (quão profunda?)

 Pelo menos tão profunda quanto o Oceano Pacífico 

 Eu quero ser seu

 

 Ela notou que as pessoas, recuperadas do choque inicial, tinham começado a agir como um público normal. Todos balançavam os braços acima de suas cabeças, apenas curtindo o ritmo da música. Era uma boa música. E era para ela. 

 

 Segredos que eu mantive em meu coração São mais difíceis de esconder do que pensei 

 Talvez eu só queira ser seu 

 Eu quero ser seu, eu quero ser seu 

Quero ser seu

 Quero ser seu 

 Quero ser seu

 Quero ser seu

 Quero ser seu

 Quero ser seu 

 

 Sim, a pessoa especial a que Onoda referiu-se na introdução da música era ela. Não havia mais dúvidas quanto a isso. E não era uma questão de excesso de confiança. Aya não estava sendo narcisista, ela apenas sabia. Isso porque os sentimentos escondidos atrás de cada palavra daquela canção, ecoavam harmoniosamente com os seus próprios.

 

 Quero ser seu (Quero ser seu)

 Eu quero ser o seu aspirador de pó (Quero ser seu)

 Respirando na sua poeira (Quero ser seu)

 Eu quero ser seu Ford Cortina (Quero ser seu)

Eu nunca vou enferrujar (Quero ser seu)

Eu só quero ser seu (Quero ser seu)

Eu só quero ser seu (Quero ser seu)

Eu só quero ser seu (Quero ser seu) 

 

 Antes que a última nota soasse, uma salva de palmas foi ouvida. Os que antes zombavam e duvidavam do valor da banda, agora reconheciam o talento deles. Principalmente o do vocalista. Ainda que o ser em questão tenha perdido a pose no segundo em que parou de cantar. Por que ele não podia ser maneiro o tempo todo? 

 Felizmente, o resto do show ocorreu sem problemas. Durante uma hora o The Ride  animou a festa com músicas próprias e alguns covers de bandas famosas. Quando o show terminou, os rapazes já tinham conquistado novos fãs - a maioria mulheres - e não podiam estar mais satisfeitos.

 - Yo, Onoda-kun! - Miki cumprimentou o garoto que aproximava-se delas - Foi um ótimo show. Você estava tão legal!

 - A-ah, obrigado. - ele riu sem graça, esfregando a mão na cabeça.

 - Mas o começo foi bem patético. - Aya contribuiu para a conversa. 

 - Não ligue, Onoda-kun. Você sabe como ela é. Eu vou cumprimentar os outros, depois eu volto.

 - Hai, Kanzaki-san. 

 Onoda e Aya ficaram ali - no canto mais afastado do quintal, protegidos pelos galhos de uma árvore - em um desconfortável silêncio. O rapaz queria explicar seus sentimentos e ouví-la falar sobre os dela. Queria perguntar o que ela achou da música que ele compôs - a primeira de sua carreira - e se ela havia compreendido o verdadeiro significado daquela canção. Ele tinha tanto a dizer, mas faltavam-lhe palavras. Graças a Deus pela garota ao seu lado não ser qualquer garota. 

 - Eu aceito. - disse ela, de repente, surpreendendo-o. 

 - A-aceita? 

 - Você pode ser meu aspirador de pó, se quiser. Mas fique sabendo que se você quebrar vou simplesmente te jogar no lixo! - avisou, rabugenta como sempre.

 Ele sorriu.

 - Hai. 

 - Nada de conserto, ouviu?

O sorriso só fazia aumentar.

 - Hai. 

 A garota ao seu lado não era qualquer garota. Ela era a garota pela qual ele estava apaixonado. E a partir daquela noite, ela era a sua garota. 

 Não haveria segunda chance, mas tudo bem. Onoda só precisava de uma.

 

FIM


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Notas finais do capítulo

Vocês podem encontrar a segunda fanfic desse meu projeto lá no meu perfil. é sobre haikyuu, o casal é kagehina e se chama Do I Wanna Know.



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