A Prima Piriguete escrita por ArnaldoBBMarques


Capítulo 15
Tem que tomar jeito




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Na escola, Paulo nem quis passar perto da molecada que contava vantagens sobre sacanagens que diziam ter feito e meninas que diziam ter comido. Aquilo não o interessava mais. Sentia-se tão... como haveria de dizer? Tão... homem! Nunca pensara que a perda de virgindade pudesse operar uma mudança tão grande em sua maneira de pensar. Talvez porque houvesse sido com Virgínia. E nesse momento, recebe com satisfação mais uma mensagem dela...

Cumprimentou Solange, que passava por ali, e logo seguiu adiante. Achava-a agora inteiramente sem conteúdo, era tudo figuração. Quando viu Analu, parou para uma conversa demorada. Ela não falava abobrinha e parecia ter uma compreensão paciente para tudo o que ele lhe dizia. E também sempre tinha coisas boas para propor.

— Quer ir você e a Virgínia na festa da Luciana esse sábado?

De repente, Paulo ficou pensando em Carla. Sentia que tinha uma ligação com ela, e que cabia-lhe um dever. Mais tarde, já em casa, ficou contemplando longamente a prima que cumpria as tarefas domésticas de sua obrigação, mas sem os olhos gulosos de antes. Justificava-se dizendo que estava cumprindo a instrução de ser o vigia da prima, mas queria falar alguma coisa com ela.

— Agora tem que passar roupa.

— Já vou, deixa só eu terminar de lavar essa janela.

Repetindo mecanicamente a lista de tarefas do bilhete na geladeira, Paulo surpreendia-se de ver como a prima obedecia-o resignada, sem as provocações de antes, quando era a poderosa. Pelo visto, agora o poderoso era ele, mas Paulo não se sentia presunçoso. E a coisa que tinha para dizer, que não saía, e ele nem bem sabia o que era... Mas de repente, Carla quebrou o silêncio.

— Estava pensando naquilo que você me disse.

— O que?

— De que eu preciso arrumar um namorado.

As palavras de Carla indicavam que ela havia caído na real: ela simplesmente nunca tivera antes um namorado, só caras que queriam come-la. E alguns até à força... Carla soltou um suspiro, e confessou:

— Eu já fiz tanta besteira...

— Tem que tomar jeito!

Em seu pensamento, Paulo quis dizer: tem que deixar de ser piriguete. Mas ela estava melhorando, a surra que tomou já fora um bom adianto, mas talvez precisasse de mais. Ela estava ali sob a custódia deles, e como membro da família, ele tinha que dar uma mão. De repente, a ideia surgiu:

— Eu vou numa festa esse sábado. Quer ir? De repente você arruma uma coisa lá, é um pessoal legal!

Paulo notou bem a expressão de espanto de Carla, como se ela não acreditasse no que ouvia. Refeita do susto, ponderou:

— Mas eu estou de castigo...

— Eu vou falar com a mamãe.

Mais uma vez Paulo viu uma expressão de espanto e agradecimento no rosto de Carla, no dia seguinte, quando ele lhe comunicou que a mãe havia permitido que ela fosse na festa. Ele próprio não levara muita fé, inicialmente, mas nos últimos tempos a mãe vinha tratando-o diferente, levando em consideração as coisas que ele dizia. Agora era esperar que Carla houvesse entendido bem a mensagem passada quando ele disse que era um pessoal legal. Nada de repetir as maneiras antigas...

— Essa é a Carla, minha prima, que está morando com a gente.

Virgínia cumprimentou-a com discrição. Já sabia da história dela. Carla estava vestida discretamente, pois quando a mãe permitia que ela saísse, só liberava roupas bem conservadoras. A casa de Luciana era bem grande, era um pessoal fino, mas sem ostentação. Música suave, grupinhos se formado aqui e ali. Paulo e Virgínia cumprimentavam uns e outros, batiam um papo ligeiro, e logo iam para um canto conversar coisas mais íntimas e trocar beijinhos, como bons namorados. Paulo estava inquieto, a toda hora seus olhos buscavam Carla, ainda estava preocupado com o comportamento da prima piriguete. Mas ela estava bem tranquila, parecendo até um pouco deslocada naquele ambiente.

— Vamos dançar?

Paulo e Virgínia foram para a pista, e dançaram agarradinhos. Um longo beijo, e quando Paulo abriu os olhos, viu Carla dançando com um rapaz que parecia ter uns vinte anos, bonito. Notou o brilho nos olhos dela, e achou engraçado: era a primeira vez que percebia timidez em Carla.

— Quem é?

— É o Júlio. Primo da Luciana.

 


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