A Prima Piriguete escrita por ArnaldoBBMarques


Capítulo 14
Você é diferente




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Paulo custou um pouco a escolher a roupa para a festa. Não estava lá muito animado, e além disso não tinha um estilo definido. Não pertencia a nenhuma tribo, mas também achava isso bobagem. Olhou-se no espelho e deu-se por satisfeito. Na sala, Luana e Carla lançavam-lhe um olhar de inveja, elas não podiam sair pois ainda estavam de castigo, o que fez Paulo sentir-se ainda mais formal. Despediu-se muito sério, sentindo o olhar de orgulho da mãe.

Virgínia estava como ele esperava que estivesse, bem vestida e bem humorada. Paulo já estava se achando pouco natural, mas esforçou-se para acompanhar o papo cabeça dela, enquanto mirava suas tatuagens e procurava adivinhar que estilo era aquele. Mas achava que Virgínia também não pertencia a tribo nenhuma. Analu apresentou-lhe seu novo namorado, um rapaz de uns vinte e poucos anos, e em seguida deixou-os a sós. Paulo achava aquele namorado mais velho bem compatível com a maturidade da amiga, e por um instante até desejou ser mais velho e impressionar Virgínia, mas às vezes tinha a impressão de que só ficava com ela porque tinha sido apresentada por Analu.

A música foi ficando mais lenta, e foram ambos para um cantinho mais sombreado. Paulo estava disposto a causar uma boa impressão, mesmo sendo mais novo que Virgínia, e fez-se de amante experiente, esmerando-se nas carícias e no ar blasé. Surpreendeu-se quando ela sussurrou a seu ouvido:

— Por que é que você é diferente, Paulo?

Ante o olhar interrogativo do rapaz, prosseguiu com uma risada discreta:

— É que os outros querem logo partir para a sacanagem. Mas você não, você é delicado...

Paulo tina a impressão de que o ar blasé que improvisara agora caía sobre ele como um feitiço. Mal acreditou na firmeza da própría voz quando respondeu:

— É simples: eles querem te comer. Mas eu não sou os outros. Eu sou eu mesmo.

— E você sendo delicado me dá muito mais tesão!

Paulo sorriu e passou os lábios pela tatuagem que ela tinha no braço, sentindo o abraço forte dela. Estranhamente, não se surpreendeu quando ela mais uma vez cochichou a seu ouvido:

— Eu sempre decidi que só ia fazer com quem tivesse a ver e eu me sentisse numa muito boa.

Paulo compreendeu sem sobressalto ao que ela se referia. Um beijo embaixo do ouvido e o arremate:

— Eu tenho uma prima que me dá a chave da casa dela. Vamos amanhã?

Paulo passou o dia seguinte na dúvida se aquilo tudo era um sonho ou realidade. Mas devia ser realidade, pois só tinha vontade de mandar mensagens para Virgínia. Não estava nervoso, era como se já tivesse feito aquilo muitas vezes. Desta vez não demorou para escolher roupa.

O apartamento da prima recém-casada de Virgínia era pequeno, mas encantador. Em um instante estavam ambos no quarto do casal. Quando, com um gesto estudado, Virgínia abriu a blusa, os olhos de Paulo receberam aquele corpo nu como uma dádiva que lhe houvesse sido prometida desde o início dos tempos: nunca antes havia suposto que o corpo nu de uma adolescente pudesse ser tão lindo. Ela abraçou-o, ofegante, e ele aspirou o cheiro do suor que se imiscuía com o delicado odor que emergia de entre suas pernas.

Foi maravilhoso, mas bem diferente das coisas que ele lia nas páginas pornográficas. Penetra-la não foi tão fácil assim, mas quando conseguiu, teve a sensação de que abria o cofre que continha um tesouro precioso. Ela havia reparado que ele era virgem? Que lhe importava? Agora estavam ambos agarradinhos entre lenções amarrotados, os pelos do corpo dele eriçados ao tocar os pelos do corpo dela, entre sussurros de coisas que ele dizia e esquecia no instante seguinte.

Chegando em casa, Paulo tinha certeza de que agora conhecia o que era uma mulher, e que sabia qual era a mulher que ele queria. Solange? Carla? Nem uma nem outra, tudo bobagem de moleque que não sabia de nada. Virgínia! Como ele pudera demorar tanto para perceber?


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