A Prima Piriguete escrita por ArnaldoBBMarques


Capítulo 13
Tomando conta




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— Paulo, eu quero que você vigie a sua prima. Eu tinha colocado a sua irmã para tomar conta, mas ela não correspondeu à minha confiança. Então você, que é rapazinho e mostrou que é mais responsável, vai fazer isso agora.

Circunspecto, Paulo escutava as palavras da mãe. Sabia que ela estava orgulhosa dele por ele haver salvo Carla de acabar estuprada, e queria corresponder à expectativa. Sentia um grande peso sobre os ombros, mas também percebia que podia sustenta-lo. Decididamente já não era mais um moleque.

— As coisas que ela tem que fazer estão lá na lista da geladeira. Você olhe ela, vê se ela está fazendo o serviço direito, e ela não pode receber ligação nem entrar no computador, porque está de castigo! Qualquer coisa que você vir, você fala comigo, e pode falar com ela também, dá umas duras nela! Agora presta atenção que eu vou ter que sair!

A casa ficou em silêncio, só quebrado pelo som da vassoura varrendo a sala. Cioso de suas obrigações, Paulo via a lista da geladeira e passava o próximo serviço à prima. Desta vez não havia risinhos nem brincadeiras bobas, Carla trabalhava bem séria e escutava obediente o que ele dizia. Sem dúvida que o susto e a surra do dia anterior haviam surtido efeito.

Paulo experimentava a sensação de tranquilidade de quem vê as coisas entrando nos eixos. Acompanhou com os olhos o vai-vem do corpo da prima pela sala, desta vez sem desejos safados. Ao contrário, experimentava um impulso de carinho protetor. Tinha finalmente compreendido que o corpo da prima não estava ali ara servir a seus desejos, mas para uma importante missão que tia Francisca havia confiado a eles todos. Carla estava ali para ser disciplinada, e tudo tinha que ser conforme a receita familiar válida para todas as primas que eram mandadas para outra casa, ela tinha que obedecer, respeitar as pessoas ali, e ficar descalça. Paulo tudo conferia cuidadosamente, da qualidade do serviço aos pés descalços dela.

Trocaram algumas palavras, Paulo queria ser gentil e deixar a prima à vontade. Carla não estava mais com aquele provocativo ar superior. Em determinado momento, Paulo brincou, imitando o tom que ela fazia quando lhe dizia essas mesmas palavras:

— Ai, Carla, está precisando arrumar um namorado...

Carla sorriu, encabulada. Ela com certeza compreendia que tipos marginais como ela vinha arrumando não podiam ser considerados namorados. Paulo pensou, também ele precisava arrumar uma namorada. Ou já tinha?

A mãe chegou ao final da tarde e ficou satisfeita com o serviço bem feito de Carla e com a vigilância dele.

No dia seguinte, na escola, conversando com Analu, surpreendeu-se com o comentário dela:

— Nossa Paulo, você está tão sério! Parece que já tem 30 anos!

Paulo teve a confirmação de que já não sentia necessidade de brincadeiras bobas para se sentir maior, ao contrário, eram essas brincadeiras bobas que o tipificavam como um garoto ainda. Olhando o seu celular, lembrou-se do convite de Virgínia para a festa do sábado. Viu ela ali adiante e foi a seu encontro.


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