Paulo suspirou em frente ao computador. Estava cansado de percorrer sempre aqueles mesmos sites. Olhou para o celular ao lado e teve ímpetos de mandar mais uma mensagem, mas se conteve. Não adiantava ficar escrevendo abobrinha, o clima ainda não tinha sido criado. Melhor pensar mais um pouco.

Sempre que Solange dava sinal de estar correspondendo a seus galanteios, ela arremetia logo em seguida. Como consolo, observava que ela fazia assim com todo o mundo. Era uma das meninas mais bonitas da classe, mas não tinha namorado, só ficava com um ou outro. Paulo havia feito quinze anos e estava ansiando por algo mais do que as conversas safadas com os colegas. Queria ter um corpo feminino nos braços. O corpo de Solange. Só dela chegar perto já sentia vibrar cada corda dentro de si, atiçadas pela feminilidade que brotava de cada poro de seu corpo. Estava cansado de ser apenas um moleque, mas faltava cancha. Precisava aprender mais da arte de lidar com as meninas. Podia pedir conselhos à irmã, mas não, ela era muito metida, só porque era dois anos  mais velha.

Suspirou com mais força, aborrecido. Em seu ouvido chegavam ecos de uma conversa na cozinha.

— Estou precisando mesmo de alguém para ajudar na faxina, na arrumação, que você e seu irmão não fazem nada, né? Mas preciso mesmo, e vou ver se eu trago a Carla.

— Eta, o que ela aprontou, mãe?

— Uma porção de coisa! Mas esse domingo eu vou lá em Perdizes e vou ver se trago a Carla.

A mania das tias do interior de mandar as primas para aparentada quando elas faziam muita besteira! Depois elas ficavam sob a rédea das tias da cidade e tinham que ralar bastante no serviço de casa, bem feito!

— Mas vê se bota ela na linha, viu, mãe?

Paulo não gostou da ideia de ter mais um morador na casa dividindo seu espaço, mas começou a se lembrar de Carla. Fazia tempo que não a via. Mas da última vez fora bom: eles fizeram aquela brincadeira dos beijos, e uma hora foram os dois para o mato fingir que transavam. Embora ela não tivesse nem peitos ainda, era bem fogosa. Ele também não passava de um moleque, mas com anta testosterona reprimida, não deixou de se sentir excitado com a lembrança da brincadeira. Ao menos parava de pensar um pouco em Solange.