A filha de Pã escrita por Cor das palavras


Capítulo 8
Ainda não é hora




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Olhei para Dionísio, meu rosto transparecendo todo meu medo. Rezava que fossem apenas coisas de minha cabeça, mas por sua expressão, eu ainda não estava ficando doida. 

Em um segundo, ele havia largado Gabriel, estalado os dedos e agarrado meu pulso.

— Alguém de Hefesto! - Berrou.

Uma menina logo se apresentou, correndo. 

— Senhor D. No que poss...?

— Leve-a rápido paga o bunker. Rápido. Tranque tudo com a maior segurança possível. Você estará honrando os deuses, garota. 

E desapereceu. Deixando vários campistas atônitos.

Parecendo se tocar do que tinha que fazer, a menina agarrou meu braço e começou a correr. 

Ouvi dizer, nas fofocas do chalé de Hermes, que a algum tempo atrás um tal de Léo Valdez achou um bunker que há muito tempo estava desaparecido. Esse menino parecia ser muito querido por todos e foi fundamental no êxito da profecia dos 7. 

O conselheiro do chalé de Zeus, que eu não me importo de lembrar o nome, e a conselheira de Afrodite, que também não me interessa, continuam suas buscas pelo paradeiro dele, mas ao que parece, ele se escondeu bem. 

— Qual o seu nome? - Perguntei, acompanhando sua corrida. 

— Nyssa. Eu sou a conselheira do chalé de Hefesto. Agora para de conversar e corre. Não sei o que causou esse desespero todo no Sr D., mas vamos ter ir rápido.

— É longe? - Perguntei, ofegante. Tremendo de nervosismo e falta de ar.

— Sim. Vamos pegar um pégaso. 

Assim que chegamos no celeiro, montado um, e subimos. 

Eu não entendia por que aquilo estava acontecendo. Ainda faltavam 3 anos para o momento chegar. Eu não estava pronta para tal combate. Eu não tinha tido treinamento, não tinha tudo tempo de me afastar das pessoas, e... Pelos deuses

— Chegamos. Assim que atingirmos o chão você corre, eu vou abrir para você. Apenas a mão de um filho de Hefes... - Um alto rugido interrompeu sua fala.

— Nyssa. 

— Rápido! - Me apressou, me empurrando. Sua mão tocou a fechadura, abrindo-a instantaneamente. 

— Nyssa, me escuta! - Gritei. - Volte para o acampamento, e mande todos entrarem em seus chalés. Você não pode ficar aqui comigo.

— Dionísio disse que seria um honra aos deuses. Caso eu não a proteja, estaria desrespeitando-os.

— Tenho certeza que eles entenderão, você não é útil aqui, tente entender... eu... - Mais um rugido cortou o ar, muito mais alto, muito mais próximo. - Volte ao acampamento, me tranque, e vá. 

Seus olhos esquadrinharam meu rosto, antes de aceitar. O lugar era enorme, velho, e aparentemente, seguro. 

Ela trancou tudo, me deixando no que parecia ser a sala de comando. 

— Acho que eu deveria ficar aqui para te ajudar.

— Eu não acho. Agora vá que está próximo. 

Ela suspirou, parecendo querer se arrepender, porém mais um rugido soou, fazendo- a estremecer. Nychteriní katára não era de brincadeira. Não mesmo. 

Assim que ouvi o último clique da tranca, balancei a cabeça, saindo de meu torpor. Não era o meu momento, e eu não aceitaria as cicatrizes de graça. Quando eu completasse 15 anos, deitaria ao chão e me renderia, mas nesse momento, não.

Avistei alguma armas penduradas nas paredes. Acessórios gregos de boa qualidade, aptos para uma boa luta. 

Vi um arco e flecha, porém tinha algumas configurações típicas de Hefesto que eu não fazia ideia de como mexer. Resolvi deixar quieto.

Meu corpo estava tenso, pronto para a luta. Gostaria de falar que eu não tremia, mas isso seria mentira. Eu estava apavorada. Esse momento me trazia tantas lembranças. Tanta dor. Tanto fogo. Tanta escuridão. G

O barulho de garras raspando em metal me fez dar um passo atrás, em completo choque. Eu nunca estaria preparada para esse momento. 

Quando achei que mais um golpe viria contra a estrutura de metal, um zumbido soou. Um zumbido como... como magia. 

Atraída pelo momento, com medo, e convencida de que isso aconteceria uma hora ou outra. Saí. Passei pelos múltiplos compartimentos, abrindo-os. Segurando firmemente a espada. 

Assim que abri a última porta, me deparei com uma luz ofuscante. Ofuscante, cegando e mortífera. 

A luz da verdadeira forma dos deuses. Tudo ficou escuro.

Dionísio (Sim, Dionísio) 

Era só o que me faltava. 

Quando vi a pequena Alice passar pela porta, eu sabia que meu sossego estava acabado. 

Parece que as parcas escreveram em meu destino, "babá".

Muito antes de meu pai me punir e me obrigar a ficar aqui, ofereci meus cuidados para os filhos de meu velho companheiro de festas e farras. 

Em respeito a memória de quem ele foi, e a afeição que tenho pela criança, eu continuo procurando-a.

Gostaria de entender apenas como uma criança de 12 anos consegue atravessar fronteiras sozinhas tão bem. 

Estava indo em direção à lareira para ter uma reunião com meu querido progenitor quando senti uma confusão. 

— Que saco! Crianças mimadas que acham que podem resolver tudo no soco! Não sabem nem andar e querem Brigar. Viu pai? A que tipo de coisa o senhor me submete? - Um trovão soou em resposta. 

Suspirei, me dirigindo à confusão. 

Quando cheguei ao local, não fiquei nem um pouco surpreso. 

A cria de Pã se encrencando com a cria de Ares. Agarrei os dois, e estava prestes a levá-los para uma conversa tipo "pai", sabendo que secretamente ameaçaria Na Rua a ter uma morte bem parecida com a de um golfinho, quando ouvi o rugido da maldição. 

O reconhecimento da última vez que ouvi esse som me abateu com força, ordenando que alguém levasse a garota para um lugar seguro, mesmo sabendo que nada deteria a criatura. 

Eu só precisava de um pouco de tempo. 

Sem esperar mais, me projetei para Zeus, pegando-o bem no meio de seu banho.

— Pelo tártaro, que visão do terror - resmunguei, vendo meu pai me encarar, tentando entender por que quebrei as regras do meu castigo. 

— A criatura, Nychteriní Katára, está no acampamento. - Suas feições demonstravam o que eu pensava.

— Ainda não é hora. - respondeu, levantando magicamente já vestido. - Caso ele ataque, a garota pode não sobreviver.

— Eu sei. Devemos interferir, certo? - Perguntei, preocupado. E olha que eu nem me preocupo com mortais.

— Momo cometeu um erro. Não tolerarei. - Falou, já convocando os outros deuses.

Ah, querida Momo. Seus tempos de farra acabaram. 

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Sobre a mitologia 

Momo: Era a personificação do sarcasmo, reclamação, culpa e ironia. Era filha de Nix, e não possuía pai. Aparecia frequentemente presente no cortejo de Dionísio, ao lado de Comos. 

Era patrona de escritores e poetas, usava uma máscara, e sempre tinha um boneco em uma das mãos, representando a loucura. 

Conta-se que foi convidada para avaliar as criações de três deuses em um concurso: Atena, Poseidon e Hefesto. 

Criticou a deusa da sabedoria pro ter criado uma casa sem rodas, já que impossibilitava que o morador levasse-para os lugares. 

Ironizou o deus dos mares por ter criado o touro com olhos abaixo dos chifres, quando eles deveria estar no meio, para que pudessem ver suas vítimas. 

Por fim, riu do ferreiro dos deuses por ter criado Pandora sem uma porta que permitisse ver o que era mantido escondido em seu coração. 

Como se não bastasse, disse que Afrodite não passava de uma tagarela com sandálias que faziam barulho, e ainda teve a audácia de fazer piada da infidelidade de Zeus para com Hera. 

Com isso, foi banida no Olimpo. 

Depois de um tempo, Zeus chamou-de volta, já que precisava de dar um jeito no peso que a humanidade exercia na terra.

Momo brincou, dizendo para os deuses criarem uma mulher belíssima que fizesse as nações guerrearem, é assim, aconteceu a guerra de Tróia.


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Notas finais do capítulo

Uyyy!!! Suposições??



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