A filha de Pã escrita por Cor das palavras


Capítulo 5
Hermes?!




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Gabriel La Rue
Desgraçada. Desgraçada. Desgraçada! 

— Larga de ser frouxo, Gabriel. Levanta logo daí, já tá me fazendo passar vergonha com essa cena toda. Foi só um chute, por Ares! Você já foi atravessado por uma espada. 

— Para Clarisse, tá doendo muito. - Resmunguei para a troglodita da minha irmã.

— Quero ver quando o papai ficar sabendo dessa história. O que será que ele vai pensar? Gabriel La Rue é abatido por uma garota com metade de seu tamanho por um chute no saco...

— CALA A BOCA - Berrei. 

Ninguém nunca ia esquecer disso. A brasileira de 1,30 m, que derrubou um dos melhores espadachins do chalé de Ares. 

Depois que passamos pela redoma de poder, as aves não podiam nos perseguir mais, então achei que ela pararia de lutar como uma louca perneta. Parece que me enganei. Ela me deu um golpe baixo, literalmente.

— Para onde foi a garota? - Perguntei, enquanto me levantava. 

— Alguns jogadores de basquete de Apolo, disseram que ela correu direto para o casarão. Mandy, uma das fofoqueiras de Afrodite disse depois que ela falou diretamente com Dionísio, usando um tom zombeteiro. Ela falava uma outra língua, o que não permitiu que a garota entendesse alguma coisa. 

— Droga, Quíron vai acabar comigo. Vou atrás dessa louca ver qual o tamanho do estrago. - Falei.
Quando estava quase chegando perto das quadras, ouvi minha irmã gritar.
— Ainda há possibilidade de eu ser tia? - Em resposta, apenas lhe mandei o dedo. 
Alice Klironómos

Assim que me viu, mandou que todos deixassem a sala, sendo como sempre, bem grosseiro.

— Get out, get out. And let them know that I need privacy. And call Quíron! Immediately. (n/a-1)

Fiquei apenas olhando para a bolota que ele havia se tornado. Pelos deuses, como ele engordou.

— Você está enorme. - Falei.

— Bom saber está bem. Parece que continua a mesma abusada de anos atrás.

— Abusada, não. - Discordei - Realista.

— Cuidado garota. - Alertou-me. Olhei para ele por um tempo, e apesar de Dionísio não ser flor que se cheire, fazia eu me sentir em casa.

— Senti sua falta. - Falei por fim. Um indício de um sorriso surgiu no canto de seus lábios. - Porém não tanto a ponto de estar feliz em estar de volta. - O sorriso sumiu.

— Justo quando eu acho que estávamos começando a ter uma conversa amigável.

— Se enganou - Retruquei.

Ele suspirou pesadamente, como um pai desaprovando as atitudes de uma filha. Exceto que ele não era meu pai.

— Estou tentando te proteger.

— Não quero proteção. A menos que tenha encontrado uma forma de...

—Alice! - Me cortou.

— Não preciso que me traga para a droga do acampamento! Eu odeio isso, ok? Ainda faltam 3 anos!

— Não tem nada a...

— Eu estou falando! - O interrompi - Eu podia me virar muito bem onde eu estava. Vir para cá é apenas uma maneira de causar histeria entre os sátiros. Além de que, você, como todos os outros deuses, sabem que mesmo com todo o treinamento do mundo, eu não poderia me proteger.

— Eu prometi a seu pai que cuidaria de você.

— Não! Você prometeu a ele que cuidaria de ambos os filhos, e meu irmão está morto! - Berrei

Ele fechou os olhos, como se a constatação o causasse dor.

— Quando seu irmão morreu eu ainda não tinha que protegê-los.

— Você era o amigo mais íntimo de meu pai! Só porque não era sua obrigação não poderia nos proteger?

— CHEGA! Tem coisas que você simplesmente não entende. Cansei de discutir com uma garota de 12 anos. - Reclamou, levando a mão a cabeça, como se eu o deixasse cansado.

Foi nesse momento que ouvimos um trotar.

— Isso foi certamente uma gritaria. - Disse o centauro quando adentrou a sala.

—Oi, Quíron. - Cumprimentei.

— Olá, pequena cria. Fez uma chegada fenomenal hoje. - Me disse, com um olhar travesso.

— Todas minhas chegadas são fenomenais. - Retruquei

— Tenho que concordar - Se intrometeu Dionísio, parecendo cansado. - Só queria um bom vinho depois dessa dor de cabeça que me causou.

Quíron estalou os dedos, fazendo aparecer um refrigerante em frente ao deus do vinho.

— Se refresque. Enquanto isso, eu e Alice temos assuntos  a discutir. - Disse, me dando um sorriso tranquilizador.

— Certamente! Quando posso ir embora?

O centauro suspirou profundamente.

— Isso é exatamente o que vamos discutir. Eu te chamei aqui por um motivo.

— Me chamou? Você literalmente me sequestrou! - Protestei indignada.

— Eu falei que o irritadinho de Ares não era a melhor opção. - Se intrometeu Dionísio novamente. - Belo chute a propósito.

— Senhor D. Por favor... - Pediu Quíron.

— Sem mais delongas! Por quanto tempo vai me manter em cativeiro? - Perguntei, sabendo que os afetaria. Assim como meu pai, eu sou um espírito livre.

— Não é um cativeiro. Realmente, nós descobrimos algo, mas não o que estávamos esperando.

— Mais noticias ruins? O Delfos profetizou que vou morrer no próximo acontecimento.

— Já deu para mim por hoje. Alice, assim como seu pai você é uma coisinha teimosa. Quando estiver disposta a ouvir sobre o que sabemos sem mais zombarias volte aqui. Até lá, vai treinar como qualquer campista. - Disse senhor D.

— Vou providenciar um perfume com o chalé de Afrodite. Tente se manter longe de sátiros, por favor. Seria uma  pandemia caso eles descobrirem. - Instruiu Quíron.

— Em que chalé vou ficar? - Perguntei emburrada.

— Hermes. - Responderam os dois juntos.

— O que?!

— Para todos os outros campistas, você ainda não foi revindicada.

— Pois finja que sou filha de Deméter, ao menos! Talvez possa até aprender a fazer plantas crescerem.

— Não. - Responderam os dois novamente, em unissono.

Aquilo era um absurdo! Hermes!

— Tem como então, por gentileza, pedir para algum filho de Apolo consertar meu pé? - Perguntei.

— Com toda a certeza, podemos até...

— Where are this damn girl?! -Alguém gritou, enquanto adentrava a sala.

— Você! - Gritei, olhando para meu sequestrador.

— You... - E se lançou em cima de mim.

Desferi um soco contra seu rosto, enquanto ele agarrava meu outro pulso e me prendia. Nos girou, passando por cima de mim e novamente voltando à posição inicial. Passou meu braço pelo meu próprio pescoço, me enforcando. Arquejei por ar.

— Let her go, Gabriel, now! - Ouvimos a voz de Quíron.

Ele continuou me enforcando, até eu não conseguir mais respirar. Pânico se instalou. A sensação de não conseguir fazer com que ar o suficiente chegasse aos meus pulmões... Tudo ficou escuro.
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n/a-1 Saiam, saiam. E avisem que eu preciso de privacidade. E chamem o Quíron! Com urgência! 
n/a-2 Onde está essa maldita garota?


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Sobre a mitologia

Dionísio: Sêmele, envolvida com Zeus fez com que o deus jurasse que sempre atenderia seus pedidos. Hera, deusa do casamento e esposa do senhor do céu, irritada com a traição, manipulou Sêmele, fazendo com que ela pedisse que Zeus mostrasse sua verdadeira forma. Zeus, chateado já que sabia que a amante não sobreviveria, mostrou-se. Sêmele morreu diante de tamanho poder e lus, ainda com o filho no ventre. 

Zeus então, retirou Dionísio de sua mãe e o costurou a sua cocha, para que completasse os meses restante de gestação. 

Dionísio era o deus do vinho, das festas,  é considerado também o deus grego da natureza, da fecundidade, da alegria e do teatro. 

Demorou muito tempo para que Dionísio se tornasse um deus Olímpico.

Quíron: Era filho do titã Cronos e da ninfa Filira. O deus do tempo estava copulando com a ninfa quando Réia, mulher de Cronos chegou. O titã, tentando se disfarçar de transformou em um cavalo. Assim nasceu Quíron, o centauro.

Abandonado pelos pais, sobreviveu apenas por sua imunidade, sendo tempos depois adotado por Apolo. 

Quíron se tornou o mestre de vários importantes heróis, como por exemplo: Héracles, Peleu (pai de Aquiles), Jasão, Aquiles, etc.

Em uma festa, em que estava Héracles e Quíron, aconteceu uma briga. Héracles, tentando apartar, começou a disparar flexas com pontas embebedadas em veneno de Hidra. Quíron foi acidentalmente atingido, e como o veneno era muito poderoso, ele não podia se curar, e agonizava dia e noite.

Enquanto isso, Prometeu, titã que roubou o fogo do palácio de Atenas, estava amarrado no alto de um monte, tendo seu fígado comido todos os dias por uma ave. Como era um titã imortl, seu órgão se refazia, tornando aquilo uma tortura diária. 

Foi dito pelos deuses que Prometeu seria liberto caso algum ser cedesse sua imortalidade. Aproveitando a oportunidade Quíron pôde finalmente ter sua libertação, e Prometeu foi enviado para o tártaro. 

Quíron foi transformado na constelação de centauro.


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Notas finais do capítulo

Eu estava olhando... Rick Riordan matou cruelmente um dos irmãos Stoll (meu coração ainda dói).
Enfim, eu decreto que eles vivem.
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