A filha de Pã escrita por Cor das palavras


Capítulo 4
Oi, Dionísio




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/757714/chapter/4

Não vou me fazer de sonsa e falar que não estávamos chegando. Eu conhecia o acampamento meio-sangue, porém isso não significa que eu queira voltar para lá. 

Eu sabia exatamente o que o Pinheiro indicava e o quão perto estávamos de cruzar a barreira protetora. Estava ansiosa e receosa ao mesmo tempo. Não era apenas questão de não querer. Eu não podia. Porém, estava com uma sensação ruim, como se mais monstros fossem chegar. 

O garoto à minha frente parecia sentir o mesmo, já que não permitiu que o pégaso parasse mais nenhuma vez para um descanso. 

Enquanto voávamos, mais e mais perto da minha prisão, fui testando meu pé.

Estava definitivamente quebrado, já que qualquer mínimo movimento me fazia querer desmaiar de dor, porém nada que eu não tivesse acostumada. Ainda poderia lutar muito bem, e ai de quem me desafiasse. 

Quando estávamos a trinta metros do grande Pinheiro comecei a perceber algo dourado pendurado na árvore. Mas o que?...

— Beautiful right? It's the Golden Fleece. My sister helped him recover. (n/a-1)

— Sua bunda - Respondi. 

Ele me deu um sorrisinho. Será que bunda significava algo legal em inglês? 

— Bunda - Repeti. Ele novamente sorriu. Ahá! 

Chupa essa! Bunda não é apenas bunda. Bunda é também algo em inglês. Algo bom. 

Antes que pudesse testar mais palavras um grito alto e cheio de ódio chegou aos nossos ouvidos, nos paralisando. 

Enrijecemos ao mesmo tempo. Minha primeira reação foi levar minhas mãos para meu cordão, apenas para perceber que elas estavam amarradas. Caso eu o puxasse, poderia derrubar o garoto. 

Ele, sem se preocupar com amarras, puxou logo uma espada. 

Antes que pudéssemos ver de fato o que chegou, um relinchar desesperado do pégaso chamou atenção. 

Tentou bater as asas com mais afinco, mas estava há muito tempo carregando duas pessoas. Estava completamente esgotado. 

Antes que pudesse reclamar sobre minhas mãos amarradas, vi uma ave chegando pela esquerda, mirando-nos. 

Só tive tempo de arregalar os olhos antes de perceber que tipo de monstro acompanhava nosso voo. 

— Aves do lago Estínfalo! - Berrei antes de me jogar de cima do cavalo alado. 

Ainda com as mãos amarradas, puxei meu colar e convoquei um escudo. 

Bati com ele no chão, me impulsionando e dando uma cambalhota, amortecendo ainda mais a queda. Mas não sem antes acabar ainda mais com meu pé. 

Agora eu realmente não podia pisar. 

Às vezes era difícil me lembrar que eu não era o Capitão América, e que não podia ficar saltando de alturas absurdas me sentindo um pássaro. 

Devolvi o escudo para a forma de colar e comecei minha caminhada. 

Apesar de não querer de jeito nenhum ir para o acampamento meio-sangue, Aves do lago Estínfalo voam em bandos. 

Nem eu, Alice Klirónomos, poderia enfrentá-las sozinha. Não sem bons arqueiros. Poderia, talvez, atrasá-las até que conseguisse passar a barreira. 

Transformei meu escudo novamente em colar e continuei andando, me mantendo atenta sobre onde estava o pégaso. 

Os gritos eram ensurdecedores. Acompanhados ainda de xingamentos em inglês e relinchos de dor eram terríveis. 

Quando finalmente senti que meu colar poderia se transformar novamente, puxei-o mais uma vez, tendo agora em mãos um arco e flecha. 

Apesar de incrível, toda magia tem seus limites. O máximo de flechas que ele podia me trazer eram três, então eu teria apenas 3 disparos decisivos. 

Continuei mancando meu caminho até estar próxima o suficiente da confusão que ocorria no alto. 

O pégaso estava desesperado, com dois monstros agarrados com seus bicos de ferros às penas de suas asas. Ele estava perdendo altura rapidamente se aproximando cada vez mais de mim.

Quando senti que estava com um bom ângulo, atirei a primeira flecha, acertando com sucesso um dos monstros. 

Apesar de ter livrado o cavalos alado de uma das aves, agora eu havia mostrado minha localização, permitindo que eles voassem em rasante em minha direção.

— Bundaaaaaaaaaaa! - Gritei para o garoto. Que os deuses permitissem, ele tinha entender que esse bunda significava um grito de guerra. 

Corri, mais mancando que qualquer coisa, em direção ao carvalho, tentando atrair a atenção dos monstros para mim.

O menino, finalmente, se tocou que ficar xingando enquanto tentava acertar sem sucesso as aves com a espada não adiantaria, então pulou. 

— Let's go! - Gritou, agarrando meu pulso e me puxando junto dele. 

Assim que iniciamos nossa corrida o pégaso aumento a velocidade, passando para dentro da proteção, com um voo um pouco capenga, devido às penas machucadas. 

Continuei correndo com o menino puxando meu pulso, quando arrastei meu pé machucado por um galho e caí. 

— Aiiiiii - Berrei. 

— Come on! Come on! - Gritava de volta, me levantando com os braços, a espada agora guardada, enquanto ia me carregando em direção ao acampamento. 

Aproveitando que não tinha mais que caminhar apontei meu arco novamente, para uma ave que estava analisando perto demais minha cabeça. 

Atirei, ao mesmo tempo em que outra vinha e bicava minha orelha.

— AI SUA DESGRAÇADAAAAAA!!! - Berrei levando a mão a orelha, ainda sendo carregada. 

— Are you ok? (n/a-2)- Me perguntou.

— Bunda - respondi tristemente, ainda resmungando. 

Quando finalmente passamos pela proteção, ele estava todo ensanguentado, eu com uma bicada na orelha e um pé quebrado, ainda em seus braços. 

— Finally! - Exclamou. 

Sem mais esperar, chutei sua área preciosa e me pus a correr em direção ao casarão que se estendia. 

Eu mancava incontrolavelmente, atraindo a atenção de vários campistas que passavam a me seguir, querendo saber qual o problema da pequena garota. 

Quando finalmente abri as portas, dei de cara com uma mesa ocupada por alguns sátiros e um homem baixo é gordinho. 

Respirei profundamente, mudando o peso para meu pé bom, antes de dizer:

— Parece que não só de vinho vive Dionísio. 

~•~•~•~•~•~•~•~•~•~•~•~•~•~•~•~•~•~•

(n/a-1) Lindo, certo? É o velocino de ouro. Minha irmã ajudou a recuperá-lo. 

(n/a-2) Você tá bem? 

~•~•~•~•~•~•~•~•~•~•~•~•~•~•~•~•~•~•

SOBRE A MITOLOGIA

Aves do lago Estínfalo: Existem várias interpretações sobre esse mito. Alguns dizem que eram aves de rapina sanguinárias que tinham penas de bronze, e para abater suas vítimas lançavam-as como flechas. Eristeu ordenou que Héracles expulsasse as aves do lago Estínfalo. O problemas era que elas eram enormes, muito numerosas e se escondiam no bosque às margens do lago Estínfalo, extremo norte da Arcádia. O bosque era muito escuro, e o herói estava tendo problemas em retirá-las de lá. Atena então, enviou címbalos para o filho de Zeus. O barulho fez com que as aves voassem e pudessem então, ser atingidas pelas flechas envenenadas de Héracles. 

Eu optei por não retratar esse monstro com a possibilidade de atirar penas de bronze nesse capítulo. 

~•~•~•~•~•~•~•~•~•~•~•~•~•~•~•~•~•~•

Oi, gente! Tudo bem? Passando para perguntar se vocês gostariam que eu incluísse também em "sobre a mitologia" o mito de cada deus. O que acham? 

Beijos e feliz dia das mães


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Beijooos, e feliz dia das mães!
Comentem ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A filha de Pã" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.