A filha de Pã escrita por Cor das palavras


Capítulo 3
Um chute de ver estrelas




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Eu sou uma pessoa controlada, ok? O fato de eu me descontrolar às vezes, não muda isso. Todo mundo tem direito de se descontrolar! Inclusive eu...

Quando eu vi o garoto começar a segurar a rédeas com mais força, e apertar ainda mais o nó que prendia meus pulsos eu não fiz nada. Claro que não! Ele iria pousar e eu teria a minha chance de fugir. 

Eu chegava a tremer de excitação diante da luta eminente. 

Assim que senti os cascos do Pégaso tocarem o chão, me agarrei mais ao garoto. Quando ele desmontasse o animal, teria que me carregar junto, o que não lhe daria tempo para pegar uma possível arma na bolsa de mantimentos. A menos que ele mantivesse uma faca na cintura, ou algo do tipo. 

Assim que nós descemos, e como eu previ, agarra a ele, notei que, realmente, havia uma faca em sua cintura. 

Apesar de saber que conseguiria derrotá-lo facilmente, não podia forçar ainda mais o meu pé, já que eu teria que andar. 

Deixei que ele me levasse amarrada e me pusesse no chão. Esperei pacientemente ele descarregar um pouco dos mantimentos e colocá-los no chão, perto de mim. 

Tirando um cantil de água bem grande, que estava amarrado ao outro lado da cela do pégaso, molhou o focinho dele, e, utilizando as mãos, ofereceu-lhe um pouco de água. 

O animal bebeu avidamente, com cede após a longa viagem.

Depois disso, finalmente, se voltou para mim. 

— You seams like an angel now, but I know that you're not. I'll take more water. Don't move! (n/a-1) - Ele me alertou. Ele devia ter uns 5 centímetros a mais que eu, e a minha idade, mais ou menos, e mesmo apesar disso, era um idiota. Será que ele realmente não percebeu que eu não entendo nada de sua língua? 

Bufando alto, voltei meu olhar para o chão e ignorei-o. Acho que isso o agradou porque ele saiu logo em seguida. 

Aproveitando que eu estava sozinha, comecei a tentar afrouxar as cordas em meus pulsos. Confesso que não estava obtendo um resultado ótimo, mas pelo o menos agora eu tinha um pouco mais de mobilidade. 

Quando o garoto finalmente voltou, eu já tinha conseguido o resultado que queria. Sentei em cima de minhas mãos para disfarçar a vermelhidão do local em que eu esfreguei a corda até que ela se soltasse. 

Ele tinha lavado a camiseta laranja, e estava usando uma outra, com um centauro segurando um arco e flecha. 

Impressão minha, ou aquele era Quíron? 

Eu fitava, com curiosidade sua camiseta quando ele voltou a falar. 

— We will just stand here for this night. You should get some sleep. I'll be awake because of the monsters. (n/a-2)

Encarei ele com tédio. Sim, era realmente idiota. 

Quando ele se sentou e começou a tentar fazer fogo, achei que seria uma ótima oportunidade para atacá-lo. Ele estava concentrado no que estava fazendo, sem prestar mais muita atenção em mim. 

Cuidadosamente me levantei. Sem esperar muito mais, simplesmente me lancei em direção ao seu pescoço.

Usei minha força para enforca-lo, enquanto jogava minhas pernas por sua cintura, fazendo com que ele rolasse para trás. 

Apesar de eu estar mantendo meus braços fortemente sobre seu pescoço ele, de alguma maneira. Conseguiu rolar de lado e se livrar de mim. 

Me pegando de surpresa caiu em cima de mim enquanto tentava me imobilizar.

Soquei seu estômago umas duas vezes, o deixando sem ar. Quando achei que finalmente tinha ganhado, o desgraçado chuta o meu tornozelo, me levando a ver estrelas e por fim, desmaiar de dor.

                      •             •           •

Gabriel La Rue 

(n/a - A narração vai ser em português para facilitar, porém ele fala e pensa em inglês, assim como todos os outros exceto pelas Alice)

Eu sabia que tinha feito cagada quando ela revirou os olhos e apagou. No meio de nossa luta, entre chutes e socos acabei chutando o pé que, provavelmente, estava machucado, já que ela andava mancando com ele para lá e para cá. 

Apesar de saber que eu tinha acabado com o pé dela, pelo o menos agora ela estava quieta. 

Ela parecia uma diabinha me encarando, planejando minha morte de 50 diferentes formas. 

Apesar de estar muito cansado resolvi ficar acordado a maior parte da noite.

Quíron me avisou que eu estava indo resgatar uma semideusa poderosa. Claro que eu, filho de Ares, também sou poderosíssimo, mas os nossos cheiros juntos poderiam atrair mais monstros do que eu gostaria.

Então, depois de passar a noite inteira de vigia, instruí Snow para me acordar caso algo estranho acontecesse. 

E quando  eu digo estranho, eu estava imaginado um ciclope e não um maldito Leão de Neméia! 

Levantei ainda zonzo e catei todas as coisas. Não me entenda mal! O que eu mais quero no mundo é matar essa besta, mas na minha última missão, eu acabei me atrasando por entrar em um luta com um Javali de Erimanto. Quíron ficou muito bravo comigo. Fiquei limpando estábulos por uns 3 meses. 

Depois de pegar tudo o que precisava, agarrei a garota e joguei por cima do ombro. 

Snow me esperava nervosamente. Ela tinha ido beber água quando viu o Leão uma clareira a frente. 

Montei nela com a garota amarrada a mim. Ela correu por uns metrô antes de se lançar no céu, bem a tempo de vermos a criatura rugindo para nós.

Nós voamos por mais uns 4 dias desde então, a garota não me incomodando mais, mas ainda lançando aqueles olhares de puro ódio. 

Quando finalmente avistei o Pinheiro, senti a menina se enrijecer atrás de mim, como se de alguma forma, soubesse que chegamos ao destino.

A única coisa que eu não entendi nessa história toda foi por que me mandaram resgata-la. Ela literalmente lutou contra mim para não me acompanhar. Porém, recebi a informação que a minha semideusa poderia ser um pouco... hostil. 

Vamos ver como ela vai reagir com quando finalmente conhecer o Acampamento Meio-Sangue.  

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n/a-1➡️ Você parece um anjo agora, mas eu sei que você não é. Vou pegar mais água. Não de mexa!

n/a-2➡️Nós só vamos ficar aqui essa noite. Você deveria dormir. Eu vou ficar acordado por causa dos monstros.

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Sobre a mitologia 

Leão de Neméia— Era um leão, que na mitologia grega, habitava a planície de Neméia. Seu couro era impenetrável. Sua origem é controversa, em algumas versões era tido como filho de Tifão e Equidna; em outras como filho de Equidna com seu próprio filho Ortros (O cão de duas cabeças); em outra filho de Cérbero com Equidna. Héracles, recebeu de Euristeu a missão de matar o leão de Neméia, suas tentativas de atingi-lo com flechas eram inúteis, então, um tempo depois, o atingiu na cabeça, o que o deixou desacordado, dando tempo para Héracles estrangula-lo e usar duas própria garras para retirar o couro impenetrável, que servia de manto.

Javali de Erimanto— Era um monstro que descia todos os dias a muralha de Erimanto, na Arcádia, para assolar as vizinhanças. Ele era um monstro antropófago, podia causar abalos sísmicos e com suas presas, arrancar uma árvore de grande porte pela raiz. Héracles, no seu terceiro trabalho, teve que capturar o monstro vivo e levá-lo para o rei Euristeu.


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Notas finais do capítulo

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