A filha de Pã escrita por Cor das palavras


Capítulo 7
Videiras vs. karatê




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Alice Klironómos

Gostaria de poder dizer que eu passei a noite desperta, ansiosa pela reação do tal Travis, porém não foi o que aconteceu.

Eu deitei minha cabeça no travesseiro e apaguei.

Quando acordei, já era dia, e todos do chalé estavam despertos, andando de um lado para o outro se arrumando para suas atividades do dia. 

Pensando nisso, me levantei, ainda com a roupa que me deram quando cuidaram de mim, e fui falar com Connor.

— Ei. — Chamei.

— Bom dia! — Me respondeu com bom humor.

— Você tem alguma ideia de como é meu calendário? Não to afim de ir falar com Dionísio de novo, não. — Reclamei.

— Você é esperta de não querer. — Falou rindo. — Mas não chama ele por esse nome, ok? Senhor D. é melhor. 

Dionísio havia simplesmente me largado no chalé, sem me contar quais seriam minhas atividades do dia, o que eu iria treinar e aprender. Eu, definitivamente, não ia ficar presa aqui sem fazer nada de útil. Além de que, da última vez que eu vim aqui, o estoque de armas deles era incrível. 

— Então foi você que pegou minha cama... — Um garoto parecido com Connor chegou falando. Esse deve ser o Travis.

— Sabe como é, também preciso de um lugar para dormir... Um lugar bom, de preferência. — Ele sorriu, parecendo saber se alguma coisa. 

— Depois tenho que conversar com você em particular. 

Comigo? Eu nem sequer conhecia esse garoto! 

Olhei desconfiada para ele, mas assenti. 

Depois de mais uns 5 minutos de arrumação do quarto e das roupas, estávamos prontos para ir. 

Caminhamos perto dos diversos chalés. Uma menina passou por mim correndo, conversando com uma outra sobre transformar alguém em porco. Hécate, com certeza. 

Enquanto analisava os adolescentes, avistei um que me despertou uma faísca de curiosidade. 

— Quem é aquele garoto? Aquele do lado da menina grande? Gabriel La Rue?— Perguntei. 

Connor me observou por um momento, e um traço de reconhecimento passou por seu rosto. 

Enquanto nos acomodávamos nas respectivas mesas de piquenique de cada deus, ele falou: 

— Filho de Ares. Ele deve ter uns 13 anos, e é irmão mais novo da Clarisse, a menina grandona. 

— Ela é pura encrenca — Se meteu um menino. 

— É mesmo. Na verdade, Gabriel chegou aqui no acampamento há pouco tempo. Ninguém sabia que ela tinha um irmão. - Disse Travis. 

— É raro, né. Ter irmão semideuses de mesma mãe é mesmo pai. — Falei, me arrependendo segundos depois ao notar a troca de olhares entre eles. 

Sabia que eles estavam imaginando de onde eu sei dessas coisas. Pelo o menos, ainda não tenho 13 anos, e meu suposto pai ainda não tem que me reclamar.  

Tentando me distanciar da conversa, percebi, felizmente, que já podíamos começar a nos servir. 

Imaginei um suco de laranja, com pão de queijo quentinho, adorando o fato de ele aparecer em meu prato sem precisar de um policial me perseguindo. 

— Uh, o que é isso? — Perguntou Louis, que estava sentado do meu lado, enquanto mastigava algo.

Voltei o olhar para meu prato percebendo que ele tinha, realmente, me roubado. 

Sorrindo, feliz com a quantidade de técnicas que eu iria aprender caso ficasse mais tempo naquele chalé, respondi. 

— Pão de queijo. Temos muito disso em meu país.

— Brasil, né? 

— Uhum. 

— Sempre quis ir para lá. Dizem que é incrível roubar algumas coisa no Rio de Janeiro. — Soltei uma alta gargalhada com sua fala.

— É muito divertido mesmo. O brasileiro é um ser diferenciado. Embora eu adore pegar as coisas por aí, lá tem muitos assaltos à mão armada.

— Esses caras são amadores. Não conseguem passar a mão discretamente e pegar, então apontam uma arma. Acho sinceramente desnecessário.

— Não é?! 

— Caso eu fosse para lá, ninguém nem saberia o que os atingiu. 

Outras pessoas, que ouviam nossa conversa, riram. 

— É verdade que lá não tem monstros? Eu acho que não deve ter, já que a nova sede do Olimpo é aqui, nos Estados Unidos. 

— Nossa! Não! Claro que tem monstros. Bastante inclusive. 

— Então como você está viva? - Perguntou um outro, curioso. 

— Eu tenho um amigo filho de Apolo. Ás vezes ele me consegue algumas armas. Mas eu basicamente, sei me defender muito bem sozinha. 

— Seu amigo... Se chama Matt... - Travis foi interrompido por um berro meu, assim que senti um líquido gelado escorrer por minha cabeça. 

Mas que bosta! Sem nem parar para ver quem foi o idiota, lancei meu punho pata trás, acertando um braço. 

Sem parar, girei no banco, chutando com as duas pernas a barriga do idiota de Ares. Ele agarrou um de meus braços me puxando para o chão com ele, nos fazendo ficar rolando, querendo deformar o rosto do oponente. 

Soquei seu nariz repetidas vezes, enquanto ele chutava com força minha canela. Desgraçaaaa! 

— Só isso que você pode fazer? Chutar minha canela? — Perguntei, provocando, cuspindo um pouco de sangue. 

Acho que isso ativou algum tipo de ódio dele, porque ele nos rolou, ficando por cima. Agarrou minha cintura e me jogou por cima de seu ombro. 

— Mas que merd*?!! - Berrei.

— Você me subestima, tampa. - Gritou, enquanto corria comigo pendurada. 

Foi um segundo até ele me jogar no lago. 

1...

2...

3...

Submergi pronta para matar.

— Aiiiááááá!!!! — gritei enquanto pulava para fora do lago. Peguei impulso e me preparei para dar um golpe de karatê, onde me jogava direcionando minhas duas pernas para seu peito, porém, não foi o que aconteceu. 

Para falar a verdade, eu caí de cara. Uma onda de risadas explodiram por todo o lugar. Levantei a cabeça, querendo saber que desgraça do tártaro atrapalhou meu golpe. 

— Ops. — resmunguei, quando notei as videiras que estavam emboladas em minha perna esquerda. 

— Muito bonita sua performance. Para a casa grande, agora. - Dionísio falou, usando seu tom de pai bravo. Todas as risadas tinham parado. — Você também, Na Rua. 

Gabriel limpou o nariz com sangue e resmungou baixo. 

— É La Rue, senhor D. 

— Não me interessa. Quer ver golfinhos para o resto da vida? 

— Não senhor. 

— Então cale essa boca e me acompanhe. 

Senti as videiras afrouxarem seu aperto, um comando claro para segui-lo. Me levantei, pronta para segui-lo, quando eu escutei. 

Escutei todos os meus pesadelos.

Escutei minha maldição.

Escutei o rugido. 

Ah, o rugido.


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Notas finais do capítulo

Uyyy... agora a história vai começar hahaha
O que estão achando?


Qualquer erro ou dúvida, podem me falar :)



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