Em Minha Pele escrita por Sensei Oji Mestre Nyah Fanfic


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Falta pouco pro fim. O próximo capítulo, o 10, vai ser o mais decisivo...

Boa Leitura.



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— Peraí, foi um mau entendido. Eu não fiz nada! Duda! Avisa pra ele que não fui eu.

— Ora, vamos. Se não for preso por isso, será por fazer parte de uma facção — respondeu Becker.

O policial algemou Théo e o levou para uma outra viatura, colocando-o atrás. O moreno tentou explicar, mas não foi ouvido. Duda olhou pra ele e apenas sentiu medo.

Natasha chegou o sítio logo depois. Abraçou a amiga e pediu perdão pelo que Théo fez.

— Foi horrível. Ele estava de preto, era alto, e tentou me agarrar. Eu subi, me tranquei no quarto e peguei a arma do meu pai. Foi quando a Solange ligou pra mim, dizendo que ele fazia parte de uma facção e até havia matado alguém. Eu fiquei desesperada.

— Oh, minha amiga. Desculpa por ter apresentado o Théo a você. É que, pra mim, ainda é inacreditável que ele tenha um passado tão sujo. Conheci o Théo quando apenas éramos crianças.

— Não se preocupe.

— Achamos um cadáver na casa dos empregados. Acredito que seja o seu caseiro. Ele foi morto com uma perfuração a faca na altura do estômago. Os peritos analisarão a arma para tentar pegar alguma impressão digital — explicou um policial.

Duda viu os paramédicos levarem Rafael numa maca até uma ambulância. Ele estava consciente, mas precisava melhorar do tombo que levou.

— Você vai ficar bem?

— Sim. Eu apenas machuquei a minha coluna. Tentei de tudo pra te proteger, mas não consegui. A única coisa que fiz foi ligar para a polícia.

— E você fez muito.

Duda beijou-o na testa e deixou os socorristas levarem. Natasha ficou ao lado da moça enquanto viam a ambulância ir para o hospital municipal.

— Natasha, posso dormir esta noite na sua casa? Mamãe viajou hoje à tarde e não pretendo ligar para avisar a ela.

— Mas é claro, querida.

— Duda, preciso que venha comigo para a delegacia prestar depoimento. — disse Becker.

— Ela só vai de manhã...

— Não. Eu posso ir agora.

Na delegacia da cidade, Théo foi levado em flagrante na tentativa de assassinato de Duda. O homem ficou desesperado pois não havia provas de que era ele na casa no momento do ataque. Mesmo assim o delegado não quis muita conversa.

— Espera, delegado. Não houve flagrante nem crime. Eu apenas fui na casa de Duda para pedir ajuda.

— Pedir ajuda porque um policial quis te trazer para a delegacia a fim de falar sobre o seu envolvimento com uma facção criminosa que explodia caixas eletrônicos.

— Isso foi há cinco anos e estou na condicional. Não faço mais esse tipo de coisa. O senhor me conhece, eu trabalho.

— Mesmo assim você vai passar o dia na cela até a segunda ordem.

Théo foi levado para a cadeia. Tentou falar com Duda, mas os policiais tiveram que contê-lo. Ela ficou assustada só de imaginar que estava tão perto dele assim. O delegado chamou-a para depor.

...

Hospital Municipal

Já era sábado, 2 de junho. Rafael dormiu no leito hospitalar e acordou com Eduarda dormindo ao seu lado. O loiro admirou a esposa dormindo até ela acordar. Duda explicou que depois de depor na polícia, passou no hospital e ficou a noite toda.

— Como você está?

— Deram um sedativo e analgésico. A minha coluna ainda está em recuperação, mas com a queda eu acabei magoando. Mas tirando isso e a frustração de não poder andar, estou bem.

— Fiquei preocupada contigo. Parece tão deprimido.

— Acho que vou ter que me consultar com a sua psicóloga, não é? Não quero ter depressão com 28 anos.

Duda deu um beijo na testa dele, mas Rafael a segurou e a beijou na boca. Dessa vez ela consentiu com o beijo e demoraram até a enfermeira interromper.

— Perdão por ter te traído.

— A culpa também foi minha. Eu não queria fazer sexo com o meu próprio marido. Mas até que é uma ideia que eu estou querendo.

— Ahn... fiquei duro.

— Xiu, olha a enfermeira... Ficou duro mesmo?

— Sim. Não sinto minhas pernas, mas consigo sentir ele.

— Depois eu quero ver isso.

Os dois se despediram com mais um beijo até a moça sair da sala. Rafael sorriu, feliz por ter salvo o seu casamento. Mesmo estando numa situação deplorável, ainda queria viver muito e dar muito amor à esposa.

Duda saiu do hospital direto à clínica de Marta Simone.

— Marta está? — perguntou à recepcionista.

Marta Simone mexia no computador quando a recepcionista avisou da presença de Eduarda. A psicóloga respirou fundo e pediu para ela entrar. Ao ver Duda, ela começou a beber um café numa xícara.

— O que quer? — falou friamente.

— Marta, preciso de uma grande ajuda sua. Quero que inicie suas sessões com Rafael. Ele perdeu o movimento das pernas e temo que ele fique depressivo.

— Por que quer que eu o ajude?

— Você é a pessoa ideal. Conseguiu me tirar da depressão. Não há outra psicóloga mais bem preparada do que você.

Marta sorriu, levantou e caminhou para perto da ex-cliente.

— Não vou ajudar. Ah, você vai me perguntar o porquê da minha negativa. Responderei que não ajudo homens, sobretudo homens como o seu marido. A não ser que ele se identifique como do gênero feminino, não levantarei uma palha para ajudar.

— Nossa... não era essa resposta que eu espera de você. Por que odeia tanto os homens? Alguma coisa no seu passado que tenta esconder?

— Não, apenas acho todos uns hipócritas. Mulheres como você não merece ser mulher. Você é fraca, Duda. Muito fraca. Em vez de se empoderar, fica atrás de macho.

— Por que tá falando assim?

— Você é fraca. Você é muito fraca até assumir o controle. Fiquei decepcionada quando eu soube que voltou com seu marido mesmo depois dele te trair.

— Ele precisa da minha ajuda. Eu também tive parcela de culpa ao me afastar dele.

— Sabe o que eu acho? Que você não é mulher suficiente, garotinha. Pode ir e não volte mais aqui.

Duda ficou impressionada com a mudança abrupta de personalidade de Marta. Aquela mulher amargurada, fria e ignorante nem de longe lembrou a Marta de antes. Até mesmo a recepcionista ficou abismada com a atitude.

— Que foi?

— A senhora foi machista...

— Eu trabalho nos setores mais progressistas desde o fim da ditadura militar. Ajudo mulheres contra o patriarcado bem antes de você mamar nas tetas da sua mãe. Com que direito me chama de machista? Está demitida.

A recepcionista ficou em choque.

 

— Como assim? Marta Simone falou essas coisas? — perguntou uma Natasha incrédula.

— Exatamente assim. Parecia até uma outra pessoa.

— A mulher é tipo a Katniss Everdeen de Nova Tauape. Muitas mulheres e membros lgbt gostam daquela dona... Nem todos pois pra mim ela nem fede e nem cheira. Agora ela falar isso logo pra você? Quer dizer que ela é feminista do jeito dela.

— Não. Eu acho que ela está passando por algum aborrecimento. Também acho que ela tem um passado igual ao meu.

O salão Lovegood estava cheio mesmo no sábado pois muitas pessoas se preparavam para a festa da fundação no domingo. Duda ficou no caixa do salão.

À noite, Natasha arrumava o lugar com Duda. A parte de trás será uma loja de roupas e os manequins chegaram dias antes. As roupas ficaram em cabides bem organizadas em fileiras. Segundo a proprietária, Duda será a gerente dessa lojinha. A moça agradeceu.

— Segunda-feira finalmente vou poder inaugurar essa loja. Mal posso esperar.

— Eu vi que essa porta dos fundos leva para um beco que dá acesso à avenida. É por aqui que a mercadoria entra?

— Sim. Daqui eu subo por aquele elevador ali do lado. Amanhã vou ter que trabalhar para limpar toda a loja.

— Eu te ajudo.

 

Domingo, 3 de junho de 2018

O policial Becker entrou no apartamento de Solange ainda pela manhã, levando algum lanche para comerem. O jovem policial estava de plantão no dia, mas arranjou um tempo para visitar a amiga.

— Muito tabalho?

— Queria eu estar de férias, tenente. O besta aqui ficou de plantão e mais uma vez como babá. O que tá fazendo?

— Esperando um contato do meu amigo de Salvador sobre o caso da Duda. A cada dia que passa isso não faz sentido algum. Prenderam o Théo, descobrimos que ele tá na condicional, mas não prova que ele é o responsável pela morte do prefeito ou quaisquer atentados contra a Duda.

Becker ficou repentinamente sério.

— Não acha estranho, tenente, que até agora nenhuma evidencia desse perseguidor apareceu? Provavelmente é alguém que jamais despertou suspeitas.

Solange ficou calada por algum tempo. Seu semblante estava escurecido.

— Mas sabemos que é um homem, não é? Um homem que está perseguindo a Duda.

Becker sorriu.

— Ou pode ser que o homem tenha um cúmplice, e que pode ser até uma mulher.

Solange girou a cadeira até ficar de frente para o colega.

— Eu odeio isso. Essa atmosfera de que todos somos suspeitos. Mas se isto fosse uma história de suspense e eu uma leitora, eu apostaria que você é o criminoso.

— Eu por quê, tenente?

— É policial, é todo certinho, é discreto. Quase um homem invisível. Ninguém suspeitaria.

— Falo mesmo de você. A senhora pode ser a mandante do crime e ter contratado o Théo.

Os dois se levantaram e falaram ao mesmo tempo:

— Você é mais suspeito que eu!

Ambos riram.

 

Théo conseguiu sair da cadeia na manhã do dia. O delegado não achou provas suficientes para incriminá-lo pois, segundo Maria Eduarda, o invasor estava de roupa preta e balaclava; e passaram-se pouco tempo para que o homem pudesse trocar de roupas, sair da casa e entrar pela janela do quarto de Rafael. O próprio foi ouvido e confirmou que o rapaz havia entrado pela janela, mas acusou-o de ser o assassino.

O moreno saiu da prisão e concordou em não sair da cidade até o fim do inquérito.

Um carro parou ao lado da calçada que ele andava. O vidro abaixou e revelou ser Marta Simone.

— Quer uma carona?


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