Em Minha Pele escrita por Sensei Oji Mestre Nyah Fanfic


Capítulo 8
Capítulo 8




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Viaturas de polícia chegaram ao local do acidente poucos minutos depois. Populares se aglomeraram para tentar ver algo. A ambulância do Samu do hospital municipal foi exclusivamente atender a ocorrência.

Rafael estava preso e inconsciente no seu carro capotado. Muitos policiais, paramédicos e até bombeiros ajudaram na remoção do homem das ferragens. Perdera muito sangue, mas ainda tinha sinais vitais. Foi colocado dentro da ambulância e levado ao hospital

 O estado do homem era gravíssimo.

O celular de Jocieli tocou por volta das dez e meia da noite. A senhora recebeu a notícia do acidente com grande perplexidade, apesar de ter ficado irritadíssima com seu genro por causa da traição. Maria Eduarda mexia no notebook quando a sua mãe avisou sobre a desgraça sofrida por Rafael. Mesmo decepcionada com o marido, a moça ficou preocupada e pediu para ir ao hospital.

Os socorristas levaram Rafael para a UTI e deram prioridade ao seu caso. Os médicos fizeram de tudo para salvá-lo e induzir a um coma enquanto faziam uma pequena cirurgia para a remoção de estilhaços.

Duda e Jocieli chegaram ao hospital e logo foram avisadas por uma enfermeira.

— O diretor do hospital disse que não temos equipamento suficiente para o paciente. Possivelmente precisará ser transferido para o IJF de Fortaleza.

Duda abraçou a mãe. Mais uma vez a sensação de culpa a acometeu. Tinha certeza que Rafael jamais sofrera um acidente, mas uma tentativa de assassinato como ocorreu com Marta.

A cirurgia foi um sucesso, mas Rafael precisou ser transferido de helicóptero para Fortaleza a fim de uma profunda cirurgia na coluna vertebral. O dano causado foi tão grande que o médico não garantiu que o homem voltaria a andar.

A CIOPAER levou Rafael imediatamente. Duda foi a única que acompanhou o homem enquanto Jocieli foi de carro.

 

Instituto Doutor José Frota

O helicóptero chegou minutos depois no heliponto. Socorristas já esperaram com a maca para levá-lo para a sala de cirurgia. Um dos médicos seria o cirurgião.

— Por favor, doutor, salve o meu marido.

— Farei o possível, senhora.

Levaram Rafael para a sala de cirurgia e iniciaram o procedimento médico. Duda ficou esperando até a sua mãe chegar quase uma hora depois.

— Filha, até que enfim cheguei.

— Inacreditável. Quem pode estar fazendo essas coisas? Será uma vingança?

— A gente ainda não sabe se foi tentativa de homicídio, querida. Enfim, liguei para os pais dele.

— O que disseram?

— Eles vêm de São Paulo ainda na madrugada. Ficarão o tempo todo até a melhora do filho... ou a piora.

Duda ficou sentada numa cadeira, tentando colocar as ideias em ordem.

E a cirurgia de Rafael durou muitas horas. Por causa da gravidade, o seu estado era incerto. Foram mais de oito horas de cirurgia na coluna e reparação no sangue perdido.

Os pais de Rafael chegaram depois das cinco da manhã. A enfermeira não deu muitas garantias que o rapaz sobreviveria. Duda, Jocieli e os pais dele rezaram pela melhora do homem.

O médico saiu da sala de cirurgia. Pelo semblante dele, a coisa não foi muito boa.

— Nosso filho morreu? — perguntou a mãe.

— O paciente perdeu muito sangue, mas conseguimos reparar. A pancada foi tão forte que, mesmo com cinto, ele quebrou a coluna vertebral na altura da cintura. Sinto muito a todos, mas ele ficará paraplégico.

Os pais de Rafael choraram, Duda abraçou a mãe. Uma notícia ruim, uma marca que o rapaz levará para sempre.

...

Solange voltava da sua caminhada matinal quando viu Marta Simone parada em frente ao prédio em que morava. A policial achou estranho a presença de uma pessoa que nunca teve afinidade ou sequer uma conversa.

— Estou vendo coisas ou a feminista mais querida de Nova Tauape resolveu bater um papo comigo?

— Eu sei que não vai muito com a minha cara por questões ideológicas, mas você eu posso confiar. Pode me ouvir? De uma mulher negra para outra mulher negra.

— Sou negra, mas não curto isso de militância... Por favor, não venha querer me doutrinar...

— Não! Eu vim aqui, mesmo tendo divergências ideológicas, para pedir uma ajuda.

Solange resolveu deixar a psicóloga falar.

— Vai, diz.

— Soube o que houve com o secretário, não foi? O ex-marido de Duda.

— Sim. Sofreu um acidente.

— Mas ele não sofreu um acidente.

— Como assim?

— Eu suspeito que foi o cara que está perseguindo a Duda desde o início. Ele está querendo atingi-la, matando seus entes queridos.

— Disso eu sei.

— Sabe que tenho um suspeito? — Solange ficou curiosa. — Acho que foi aquele tal de Théo.

— O entregador? Aquele menino só vive para o trabalho. É um trabalhador. Como assim?

— Ouça. Antes da tentativa do meu assassinato, eu discuti com ele na frente da minha clínica pois eu queria que ele se afastasse de Duda. E agora o Rafael sofreu o acidente ontem à noite no mesmo dia em que, à tarde, houve uma discussão deles lá na praça.

— Que discussão? Como soube?

— Cidade pequena.

— Certo. O que quer que eu faça?

— Investigue o passado desse rapaz. Tenho quase certeza que ele esconde um podre. Vai fundo que vai achar ouro.

Marta Simone conseguiu despertar a curiosidade de detetive de Solange também. Esta prometeu que ajudaria a investigar o passado do moreno. Marta agradeceu a ajuda.

...

IJF - DUAS SEMANAS DEPOIS

Rafael abriu os olhos pela primeira vez desde que sofrera o terrível acidente de carro. Usava um respirador hospitalar no nariz, fez poucos movimentos. Olhou para a sua família.

— Du... da...

— Por favor, saiam. Ele precisa descansar mais ainda.

— Duda...

— Estou aqui.

— Foi... o seu amigo... Ele... ameaçar... você...

A enfermeira retirou os quatro da sala e deu um medicamento para fazê-lo dormir. Duda entendeu o que ele quis dizer, porém não estava acreditando.

1 SEMANA DEPOIS

O mês de junho chegou com a alta de Rafael. O homem ficou completamente abatido com a sua nova realidade: viver para sempre numa cadeira de rodas. Um ajudante levantou o homem, com a ajuda do pai, e colocaram-no numa cadeira de rodas. Duda também ajudou a arrumar o marido.

— Quem diria que o cara que era popular, atleta, advogado brilhante, acabaria nesta situação.

— Pelo menos saiu com vida.

— Agora vai ter o que fazer comigo. Será a minha enfermeira.

Duda levou Rafael para o carro e ajudou a colocá-lo. Os seus sogros levaram-nos para Nova Tauape.

Jocieli recebeu os quatro no sítio. Desde o acidente, perdoou o genro e a sobrinha pela traição. Tudo ficou no passado.

— Já vão?

— Deixei muitos casos no tribunal de lado para passar essas três semanas com você. Sua mãe e eu voltaremos para São Paulo ainda hoje.

— Se cuida, filho. Tchau Duda, Jocieli.

Rafael se despediu dos pais. Duda mostrou a ele o quarto de hóspede na parte de baixo da casa.

— Espera, Duda. Posso falar contigo?

— Sim.

— Semana passada eu balbuciei umas palavras incompreensíveis, mas lembro disso. Acho que o tal do Théo está por trás disso.

— Uma acusação grave e sem provas. Parece que perdeu o seu faro como advogado, querido.

Rafael empurrou a cadeira para a sala, ligou a TV e passou a assistir um jornal local.

Jocieli chorou ao ver as fotos de Luís nos porta-retratos. Duda entrou no quarto da mãe e compartilhou daquela nostalgia.

— Vai fazer dois meses que ele se foi. Ainda consigo sentir a presença dele.

— Mãe, estou preocupada com a senhora. Parece tão deprimida. Sabe o que a senhora deve fazer? Visitar a vovó no interior.

— Mamãe não precisa de mim.

— Quando eu fui abusada, a senhora não precisou de mim; eu precisei da senhora. O filho que vai atrás da mãe para ter o consolo. Agora é a vez da senhora pedir consolo da vovó.

— Tem razão. Acho que visitarei a minha mãe.

— Faz isso. Não se preocupe comigo. O policial Becker ainda me vigia. Eu tranco todas as portas, o Rafael está aqui. Vai.

Jocieli abraçou apertado a filha. Pela primeira vez Eduarda dava um conselho para a mãe.

Na tarde daquele dia, Jocieli se arrumou, fez as malas e viajou para o interior passar alguns dias na fazenda dos seus pais.

...

Solange recebeu um telefona acerca da história do passado de Théo. Ausentou por uma semana, mas retornou com notícias cabulosas sobre o rapaz. Isso se coincidiu com a conclusão do inquérito da perícia sobre o carro de Rafael. A resposta era assustadora: alguém alterou os freios. Duda ficou perplexa com a notícia.

— Eu não disse? Aquele maldito acabou com a minha vida. Por culpa dele, eu vou ficar aleijado para sempre.

— Isso é o que você diz, Rafael. Não tá escrito na testa do Théo que ele é o culpado.

 

A noite chegou em Nova Tauape, e os preparativos para a cerimônia do aniversário da cidade fez com que muitas barracas fossem armadas em frente a igreja. Sempre no dia 3 de junho, a cidade festeja a sua fundação. Oitenta e cinco anos.

O sítio ficou vazio sem a presença dos pais de Duda. Os empregados foram dispensados, exceto o caseiro e o policial Becker.

Rafael se deslocou para o seu quarto, fez uma força para subir na cama e pegar um livro antes de dormir.

Duda desligou as luzes da casa enquanto bebia um copo de leite quente. Seu telefone tocou, ela atendeu. Ninguém respondeu, porém.

O caseiro deu uma última ronda no sítio antes de ir para a sua casa. Uma sombra apareceu por trás dele, golpeando-o com uma faca de cozinha. O homem caiu morto com a arma cravada no estômago. O assassino arrastou a vítima para dentro da sua casa e trancou. Pegou um celular e ligou para a casa maior.

— Alô?

— Iran...

— Vai à merda!

Duda trancou todos as saídas possíveis da casa. Ouviu um barulho de rangido de dentro de um quarto que servia de depósito de vassouras e produtos de limpeza. Pegou uma barra de ferro e abriu.

— Droga...

Um homem vestido de preto, com uma balaclava da mesma cor no rosto e óculos escuro apareceu diante dela. Duda deu um grito, jogou a barra de ferro e correu.

Rafael ouviu os gritos da moça e tentou se arrastar para a cadeira de rodas. No entanto, caiu e sentiu uma forte dor nas costas.

— Argh... Merda! Duda! — mas a dor era tanta pois ainda não havia se recuperado totalmente.

Duda correu do seu algoz pela sala de casa. O homem a agarrou por trás, ambos rolaram pelo tapete.

Ela se levantou e continuou correndo. Subiu as escadas até o quarto mais próximo, ou seja, da sua mãe. O invasor foi no encalço. Duda conseguiu trancar a porta e ficar dentro daquele recinto. O assassino utilizou uma machete para tentar arrombar.

— Me deixa em paz! — gritou, chorando bastante.

O pior foi que esqueceu do seu celular no quarto. Precisava chamar a polícia.

Rafael se arrastou até o seu celular e chamou a polícia.

A mulher lembrou da arma do seu pai que ficava guardada numa caixa de sapatos no closet. Achou a arma, deu um tiro na porta. As investidas do assassino cessaram. Abriu a porta varagosamente e notou a ausência dele. Com certeza fugiu para não ser atingido por um tiro.

O seu celular começou a tocar.

— Alguém me ajuda!

— Duda? Sou eu, Solange. Eu tenho uma péssima notícia, querida. Sobre o Théo. Ele fazia parte de uma facção no interior. Parece que até matou uma pessoa e até hoje está foragido.

— Meu Deus.

Duda desceu as escadas e foi até o quarto de Rafael. Théo estava lá, aparentemente alterado.

— Não posso ser preso. Precisa me ajudar!

— Se afasta.

— Escute. A polícia está me perseguindo e preciso que me ajude. Por favor.

Duda apontou a arma para ele. Foi tempo para Becker chegar e dar a voz de prisão.


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