Em Minha Pele escrita por Sensei Oji Mestre Nyah Fanfic


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Chegamos na metade da história.



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— Parece que aqui virou minha segunda casa. Em apenas um mês nesta cidade e aconteceu uma desgraça atrás da outra. É, dona Jocieli, sua filha não tem sorte mesmo — disse a tenente Solange.

— Ainda bem que este papel e esta pedra são provas do que eu disse foi verdade. Mamãe, o Iran estava lá fora. Eu o vi!

— Querida, é impossível ser ele. Lembra que você mesma o matou a tesouradas? Como uma pessoa morta volta a vida assim?

— Pode ser que todo o estresse do falecimento do prefeito, a morte horrível do cachorro tenham abalado o seu juízo. Eu aconselho a conversar com a feminista psicóloga... aquela que tá dando terapias para você. E o meu parceiro, Júlio Becker, ficará aqui durante esses dias para vigiá-las. Qualquer coisa ele ficará na viatura lá fora. Ah, qualquer coisa aqui o meu endereço, se precisar de ajuda.

Solange saiu da casa ainda de madrugada. Nenhuma pista, pegada ou algo que desse provas para um perseguidor foi achado nos arredores. A tenente foi até Becker na viatura.

— Por que tem que ser eu o guarda-costas?

— Seria eu, mas amanhã ficarei de férias. Confio em ti como policial. Seja corajoso.

— Falar é fácil. A moça tá louquinha, vendo fantasmas. Já dizem na cidade que ela é amaldiçoada.

— Faz o seu trabalho. Vou pra ronda com o Viana e depois férias aí vou eu.

Solange entrou numa outra viatura com outro policial e foi embora do sítio. Becker fechou o vidro da viatura e pegou uma revista Playboy para folhear.

Duda concordou com a hipótese de Solange de que toda essa confusão em sua vida possa ter atrapalhado o seu senso de realidade. Pensou que já estava a ficar louca, vendo pessoas mortas. Aceitou a ideia de ser um perseguidor desconhecido, não o Iran.

...

Salão de Beleza Lovegood

A obra nos fundos do salão terminaram. Natasha e seus cabeleireiros comemoraram a ampliação do lugar, que agora dará mais lucros. A própria Natasha decidiu que o espaço do fundo seria uma loja de roupas, e pediu vários manequins e roupas para revenda.

Duda apareceu mais uma vez no salão da amiga. As duas se cumprimentaram.

— O que achou da ampliação do meu salão?

— Maravilhoso. Certamente deve haver uma saída dos fundos agora?

— Mas é claro, miga. O terreno dos fundos que comprei ano passado tem acesso a Avenida Pensilvânia atrás. Agora eu vou montar uma lojinha de roupas e acessórios nesta parte.

— Que bom... Natasha, posso te pedir uma coisa?

— Fala.

— Quero que você pessoalmente dê um tapa no meu visual. Eu quero me sentir mais viva do que nunca.

— É assim que se fala, baby. Posso dar um jeito nesses seus cabelos pretos e sem vida. Siga-me.

Duda se preparou para sentar numa cadeira do salão quando viu Marta Simone se levantar de outra cadeira. A psicóloga ficou olhando no espelho e apreciando os seus fios crespos e castanhos.

— Adoro evidenciar minha afrodescendência. Duda! Prazer vê-la aqui.

— Marta, nunca pensei que a veria por aqui.

— Eu tive que cortar algumas pontas duplas no meu cabelo. Enfim, é um bom sinal ver você toda contente e mexendo no visual. O mais importante é mudar por dentro. Largar a depressão se ocupando é a melhor coisa.

— A gente pode marcar a consulta para hoje à tarde? Não estou a fim de ser pela manhã. Por favor?

— Claro.

Théo deixou o serviço no encanamento da loja e viu Duda no salão de beleza. Como Natasha era um tipo cupido, logo fez com que os dois se falassem. O moreno era um homem muito bonito e charmoso. Duda sorriu pela primeira vez numa conversa deles três.

— Olha esse sorriso, Celso. Você é muito linda, sabia?

— É Natasha, bofe burro! Ownt... olha só, miga. Olha o boy te cantando.

— Vixe. Não sei, não.

Marta Simone ficou do lado de fora do salão observando o que Duda fazia. Pegou um cigarro e foi embora dali.

— Que tal se a gente se encontrar? Eu sou pobre, mas sou honesto. Fui criado pela minha tia e sempre me ensinou a respeitar as mulheres. O consentimento da mulher é fundamental na relação.

Natasha bateu palmas.

— Hum... eu não sei. Ainda sou casada no papel. Mas a gente pode se ver aqui na praça mesmo.

— Amanhã?

— Eu decido o dia, Théo.

Théo sorriu e deu um beijo no rosto de Duda. Ela não reclamou, mas deixou claro que no momento ainda não havia interesse.

Marta Simone pediu alguns garrafões de água mineral pelo telefone. Ficou esperando o entregador na frente da clínica. Théo chegou numa moto.

— Quantos garrafões, senhora?

— Nenhum. Eu só fiz esse pedido porque tinha certeza que você viria entregar. Serei breve, mas direta. Deixe Maria Eduarda em paz.

— Não sei do que está falando, senhora.

— Homens como você são tóxicos. Duda está passando por tratamento psicológico pois sofrera estupro e violência sexual. Ela ainda é vulnerável.

— Acha mesmo que eu vou estuprá-la? Olha a conversa. Eu tenho mais o que fazer.

— Vocês homens são estupradores em potencial. Se não é isso são infiéis. Veja o caso do ex-marido de Duda, o secretário. Ele era carinhoso e tal, mas metia chifre na coitada. O que me garante que fará o mesmo? Que vai batê-la no rosto? Que vai mandá-la ir para a cozinha? Chega disso. Os homens são uma praga... exceto dois...

— A senhora deve estar com um parafuso a menos. Tchau.

— Farei de tudo que esse seu namoro com Duda nunca aconteça. Ela é como uma filha pra mim, por isso me preocupo com ela. Não se aproxime mais dela ou vai se arrepender.

— Você que vai ver se chegar perto de mim. — Théo subiu na moto e foi embora.

Marta olhou as horas. Quinze para as duas da tarde. Marcou um encontro na associação de Direitos Humanos da Câmara dos Vereadores de Nova Tauape. Pediu um uber e saiu.

Num cruzamento de duas avenidas, o sinal fechou. Um motoqueiro parou ao lado do caro e atirou três vezes. Marta foi pega pelos estilhaços do vidro. O motorista arrancou com o carro e bateu num poste. O motoqueiro fugiu sem deixar pistas.

Natasha terminou o serviço no cabelo de Duda. A moça viu as madeixas e gostou do resultado. Agora ostentava um cabelo castanho com luzes e cortado até a altura dos ombros.

— Me sinto mais aliviada.

— A bicha aqui ainda é a melhor cabeleireira. Não há igual.

O celular de Duda tocou. Sua mãe deu a notícia do atentado contra a vida de Marta.

...

Duda visitou Marta no hospital municipal. Por incrível que pareça, ela havia levado apenas um corte superficial na testa. O motorista do uber também não teve ferimentos graves.

— Alguém tentou me matar hoje. Um motoqueiro veio de uma vez e atirou várias vezes. Nunca passei por isso.

O inspetor de polícia saiu do quarto. Duda visitou a psicóloga.

— Está bem?

— Sim, estou. O médico disse para eu ficar de repouso aqui, mas não aguento mais.

— Estou me sentindo culpada. Parece que as pessoas que eu amo me traem ou morrem. Ontem mesmo um perseguidor foi na minha casa, hoje esse cara tentou te matar. Acho que é o mesmo que contratou a empregada pra matar o meu pai.

— Fique despreocupada. Pode ser que seja alguém do meio político querendo me calar. 

Conversa vai, conversa vem, e foi a vez da paciente confortar a sua psicóloga.

 

Bairro Laranjal

Solange Silva voltou para o bloco de apartamentos onde morava sozinha. Carregando duas sacolas do mercado, a policial foi ao primeiro andar e viu Becker com Duda na sua porta. A tenente convidou os dois.

— Parece que você está gostando da compainha desse moleque. Agora viraram unha e carne?

— Ele não desgruda de mim. Pelo menos eu me sinto mais segura com um homem do lado. Eu confiando as minhas fichas num homem que pode me proteger de outro homem.

— Queridinha, homens só servem pra burro de carga, pelo menos pra mim que sou lésbica. Aí, soldado, vai trazer uma cerveja lá na geladeira.

— Tudo bem, mas eu também quero.

— Nada disso. Está em serviço, ficou louco?

— Olha, tenente, eu vi o endereço no seu cartão que me deu noite passada. Pensei em ser a hora mais oportuna. É que aconteceu algo sério com a Marta e preciso de ajuda.

— Ah sei. A feminista sofreu um atentado contra a vida. Eu vi na internet. Está repercutindo no Facebook.

— As pessoas acham que eu tenho uma maldição, que todos que eu amo se machucam. Entretanto, não acredito que seja obra do sobrenatural, e sim do homem.

— Sei. Aquele cara que está te perseguindo e que contratou a tal Verônica para matar o seu pai... Aí, foi na fábrica da Brahma?

Becker trouxe a cerveja para a sua chefe. Duda negou a bebida e continuou a conversa.

— Isso mesmo. Preciso que me faça um favor. Tem um homem preso chamado João Guedes, era o comparsa de Iran. Ele era o único que sobreviveu dos dois. Tem como visitá-lo na Bahia.

— Bahia? Longe, hein? Mas eu tenho um amigo de Salvador que é inspetor da polícia. Vou pedir ajuda a ele nesse caso.

— Obrigada.

— Pensei que pediria ajuda da feminista. Milagre querer ajuda de uma PM.

— A Marta me ajuda no lado psicológico e emotivo. Eu preciso de ajuda técnica, de investigação. A polícia civil é lenta e ninguém descobriu o paradeiro do meu stalker.

Solange assentiu.

...

Secretaria de Segurança Pública

O agora prefeito da cidade deixou Rafael como secretário em homenagem ao falecido Luís, seu sogro. O advogado estava fazendo um ótimo trabalho como chefe da guarda municipal.

Rafael trabalhava no seu gabinete quando a sua secretária ligou para avisar sobre uma caixa destinada a ele. O detector de metais não alertou, portanto a caixa era segura.

O homem saiu do seu gabinete e foi até a mesa da secretária. Pegou na caixa, balançou, retirou o lacre e abriu. A surpresa foi grande.

— O que tem aí, senhor?

— Um aviso.

O retrovisor do seu carro. No espelho estava escrito: "Estou perto dela".


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Notas finais do capítulo

Mistério! Quem será que está causando todas essas desgraças envolvendo Duda e seus familiares e amigos? Muito mistério mesmo.



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