Em Minha Pele escrita por Sensei Oji Mestre Nyah Fanfic


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Esse aquele capítulo do famoso plot twist. Costuma ser aquele em que o leitor buga, fica confuso ou chateado... Mas o mais incrível é que a identidade do culpado disso tudo eu já tinha antes do primeiro capítulo.

Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/757707/chapter/10

Na igreja da cidade, Maria Eduarda fez uma visita. O padre a recebeu com muita alegria, haja vista a sua família doara o dinheiro para a construção do local sagrado. Ela pediu ao clérigo que rezasse por ela pois seus dias estavam sendo cada vez mais difíceis.

— Quer confessar, filha?

— Não, padre. Eu só vim mesmo para receber um consolo do senhor.

— Que tal passar aqui mais tarde e ver o desfile da fundação da cidade? Vai começar às sete da noite. Pode até me ajudar nos preparativos da celebração.

— Bom, não tenho o que me ocupar... Ah não. Vou buscar o Rafael no hospital.

— Traga-o para ver o desfile. Quero tanto ver e dar um consolo àquele rapaz.

Duda beijou a mão do padre, fez o sinal da cruz e saiu da igreja. Passou o resto do dia e parte da tarde arrumando a loja de Natasha. As duas se despediram e a morena foi ajudar a paróquia com os preparativos para a festa.

 

Becker voltou para a delegacia a pedido do seu delegado. O homem mais velho ficou fumando um cigarro na porta do lugar, visivelmente preocupado.

— Sim, delegado.

— Quero que vá atrás de Maria Eduarda Cunha. Preciso que faça a proteção daquela moça.

— Por quê?

— Soube que Théo não chegou em sua residência. Desde que saiu da delegacia, ele evaporou. Não devia ter soltado aquele rapaz.

Becker ficou em silêncio por um tempo.

— Vigie a garota.

— Certo chefe. Pode confiar em mim.

 

A paróquia organizou uma tenda de comidas típicas na praça. Também brinquedos infantis e um pula-pula para as crianças se divertirem. Outras barracas lembravam uma quermesse junina. As pessoas se fantasiavam de vários personagens e uma banda tocava. As pessoas começaram a se aglomerar no local.

Duda ajudou a distribuir os alimentos para as pessoas que faziam fila. De repente Marta Simone apareceu.

— Peço desculpas pelo meu comportamento rude ontem. Eu não estava bem.

— Sem problemas.

— Qualquer coisa eu vou estar na minha clínica. Como lá em casa tá um tédio, ficarei um pouco lá para espairecer.

— Tudo bem.

— Que festa linda. A gente se vê.

Marta saiu caminhando entre as pessoas. Logo Duda voltou para a sua atividade voluntária.

Já passava das seis horas da tarde quando a moça se lembrou de buscar o marido no hospital. O padre agradeceu a ajuda dela e a liberou. Ela saiu em meio aos fogos de artifício.

Um pouco mais distante, apareceu um homem parecido com o Iran. Não era sonho ou loucura da sua mente. Era uma pessoa idêntica ao Iran.

— O que foi, filha?

— Padre, viu aquele homem?

— Quem?

O suposto Iran desapareceu. Por uns segundos Duda pensou estar vendo alucinações. Despediu-se do padre.

Os desfiles começaram. Carros alegóricos, gente fantasiada e muito barulho na celebração do aniversário de Nova Tauape. Do outro lado da pista, um homem de preto e balaclava apareceu observando a moça caminhar pela praça. Duda pressentiu o perigo e conseguiu ver o sujeito carregando uma arma igual uma faca. A moça correu entre a multidão.

A viatura que Becker dirigia apareceu diante dela. O policial pediu que a moça entrasse no carro imediatamente. Ela fez assim e explicou que havia visto o assassino no desfile. Becker pediu que ela se acalmasse.

— Vou chamar reforço para averiguar a praça da igreja.

— Leve-me para o salão de Natasha. Lá é mais seguro.

— Não acho que aquele travesti vá te ajudar em algo... Desculpe.

A viatura deu uma volta por outra rua e foi na direção do salão Lovegood. No meio do trajeto, passaram por uma pista completamente deserta e sem uma alma viva. O sinal deu vermelho.

— Sabe, eu estive comentando com a Solange sobre o seu caso. Sabia que o assassino pode ser qualquer um que esteja próximo a você? — Becker olhou para a mulher pelo espelhinho. — Alguém que você jamais imaginou que seria?

O veículo continuou.

— Pode ser que sim. Até hoje essa pessoa enganou a polícia.

— E se fosse eu o assassino? O que faria neste exato momento? — ele se virou para trás a fim de olhar Duda.

— Cuidado!

A viatura aparentemente atropelou uma pessoa na pista. Becker teve que frear bruscamente. O tira abriu a janela para ver a suposta vítima, só que antes de fazer isso recebeu uma facada no pescoço. Duda esbravejou ao ver aquilo.

O assassino conseguiu enfiar um canivete no intervalo entre o pescoço e a clavícula do policial. No impulso, Becker acelerou e o carro bateu num hidrante vinte metros à frente. Duda viu o policial morto e tentou abrir a porta.

— Droga...

Por causa da batida, seu celular caiu no assoalho do carro. Não quis perder tempo, saiu no meio da água e correu para se salvar. O assassino foi atrás dela com uma machete.

 

Solange recebeu a mensagem do inspetor Raimundo por telefonema.

— Diz.

— Esse caso foi muito complicado de se investigar. O tal do João Guedes havia morrido um mês antes daquela nossa ligação. Só que eu perguntei ao diretor do presídio e ele me confirmou que recebeu visitas constantes da namorada dele. Visitei a namorada dele e ela me falou uma coisa estranha.

— O que ela disse?

— Que o João havia dito que um irmão do tal Iran havia visitado e disse que se vingaria. O tal irmão se chama Ivan Nascimento e é gêmeo do rapaz.

— Então faz todo o sentido a Duda ter visto o cara parecido com Iran atirar uma pedra em sua casa. A verdade é que o irmão gêmeo está por trás disso. Mas como ele conseguiu se esconder todo esse tempo?

— Vou te madar um email de uma reportagem da época. Isso foi um blog que divulgou, mas não saiu em jornais de grande porte.

Solange recebeu um email de Raimundo. A moça abriu a reportagem datada de março de 2017. Havia o nome Iran Nascimento. Num outro parágrafo informou que o rapaz havia deixado perplexa a família incluindo a mãe.

— O tal Ivan disse para o João que a mãe dele tomaria todas as medidas cabíveis para se vingar da pessoa que matou Iran. Não acha isso estranho demais?

Solange quase pulou da cadeira depois que a ficha caiu. Lembrou das palavras de Becker quando ele disse que o suspeito era alguém fora de suspeitas.

— Ah meu Deus... Descobri a pessoa por trás disso.

Ela saiu imediatamente do seu apartamento.

...

Duda saiu correndo pelas ruas de Nova Tauape na tentativa de achar uma casa aberta, um ponto comercial aberto ou uma pessoa. Nada apareceu. Lembrou da pracinha em que ficava o salão Lovegood perto. Viu a praça e entrou nela.

O assassino correu na tentativa de alcançá-la. Não fez muito esforço para ficar perto da protagonista.

Natasha colocava o saco de lixo para fora do salão quando viu a movimentação na praça.

— Natasha... Natasha!

— Duda, amiga? Não está com o seu carro?

— Precisamos entrar. Preciso chamar a polícia!

— Espera, garota. Não me puxa assim. Calma, Duda.

Duda praticamente empurrou Natasha para dentro do salão e trancou o estabelecimento.

— Preciso de um telefone agora. Tenho que ligar pra polícia.

— Espera, garota...

Duda subiu a escada e foi para o telefone no escritório de Natasha. O objeto, porém, estava completamente mudo.

— Eu te disse que a linha do telefone daqui vira e mexe fica muda. A operadora é rápida pra cobrar e lenta pra reparar.

— Tenho que ligar logo pra polícia. Tem um celular?

— Tenho. Fica aqui que eu vou buscar na minha bolsa.

Natasha desceu e foi aos fundos do salão na busca desse bendito celular. Eduarda ficou sentada esperando o retorno da amiga, mas esta demorou até demais.

— Natasha? Natasha, onde está?

Duda desceu a escada vagarosamente. A dona do salão já não respondia aos seus chamados. Foi quando a luz do estabelecimento desligou. Sem saber para onde ir, a moça correu para a loja de roupas e ficou escondida entre as peças nos cabides. Tentou recuperar sua respiração.

Uma pessoa de preto também estava entre as roupas. O sujeito pegou a machete na tentativa de matar a moça. Duda viu, por um espelho, o assassino logo atrás. Ela correu pelos manequins enquanto o assassino cortava as cabeças e braços dos bonecos.

— Hahahahaha — riu ele.

— Théo... não faz isso!

A moça foi pegar o elevador quando viu Natasha deitada no chão com o pescoço cortado e morta no próprio sangue. Duda deu um grito estridente ao ver a sua amiga morta de um jeito tão brutal.

O elevador abriu e ela entrou. As portas se fecharam antes do sujeito tentar golpear com a arma. Logo a moça subiu para o segundo andar, local em que ficava o depósito. O assassino perseguiu a moça até mesmo nesse andar. Duda se atirou da janela sobre uma caçamba de lixo e torceu o tornozelo na queda.

 

Solange tentou ligar diversas vezes para Becker, mas nada. Ligou para o delegado sobre o ocorrido. Pediu que uma viatura fosse ao salão Lovegood enquanto ela ia para outro lugar.

...

Eduarda conseguiu fugir do assassino. Correu mancando pois o tornozelo foi afetado pela queda de dois andares. Por sorte não fraturou um osso. Lembrou que a clínica de Marta Simone era ali perto.

Ela viu Marta do lado de fora da clínica, fumando um cigarro. Gritou para a psicóloga.

— Por Deus, o que houve contigo?

— Precisamos entrar. Temos que chamar a polícia!

— Claro. Vamos entrar.

Marta levou Duda para dentro da sua sala e pediu que ela esperasse ali. A jovem tentou ligar para o 190, porém o telefone estava desligado.

Marta destrancou a porta da clínica.

Duda ficou sentada atrás da mesa da psicóloga enquanto aguardava o seu retorno. Um porta-retrato chamou a sua atenção. Nele havia uma mulher bem mais nova com dois meninos idênticos. Atrás havia algo escrito como "Meus queridos filhos". Um calafrio surgiu em sua espinha. Abriu umas gavetas do armário e pegou uma pasta com várias fotos suas e dos seus familiares. Uma reportagem sobre a morte do prefeito e até mesmo fotografias do sítio.

Marta terminou de fumar o cigarro e apagou sob o seu bota preta. Entrou na sala.

— Há algum problema?

— Eu... não sei bem te dizer. Fui seguida desde a praça da igreja pelo assassino...

— É uma pena que uma moça tão bonita e tão jovem esteja condenada pelo passado. Sabe, quando a sua mãe veio até aqui pedir a minha ajuda, eu tive a certeza que o meu plano seria o mais perfeito possível.

— Do que está dizendo, Marta?

— Que eu não sou quem você pensa. Eu era uma psicóloga de esquerda, feminista e empoderada até o meu filho ser brutalmente assassino. É uma pena pra você que eu seja a sua algoz, não é? Mas pra mim é muito mais. O desejo latente de vingança flui nas minhas veias.

— Você? Foi você quem cometeu aqueles atentados.

Marta Simone pegou um revólver da cintura e apontou para Duda.

— Uma mãe com sede de vingança é o pior inimigo que uma pessoa tem. Toda vez que eu te via, sempre me segurava. Agora é a minha vez de brilhar. Não é, filho?

— Mas é claro, mamãe.

Duda ficou assustada ao ver o assassino entrar na sala. O homem retirou a balaclava e o óculos e mostrou o seu rosto idêntico ao de Iran.

— Ivan Nascimento.

— Duda, quero que conheça o meu outro filho gêmeo, Ivan. Ivan, essa é aquela que vai morrer em breve.

Duda estava com sérios problemas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Tá acabando. Faltam mais três capítulos. Espero que tenham gostado.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Em Minha Pele" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.