— Lu, chegamos — Sting sacodia levemente a loira.

— Hã? Onde estamos?

— Cidade Lunar, aqui está sempre de noite por causa de uma barreira mágica colocada ao redor de todo o local por seu fundador.

— Nossa, que diferente... Você já veio aqui antes?

— Sim, eu e Rogue fizemos uma missão aqui ano passado. Quando você se acostuma fica menos assustador — sorriu. — Vem, eu conheço uma pousada boa e barata.

Sting saiu guiando a loira, que estava com um Lector ainda adormecido no colo, pelas ruas da cidade. Tudo era muito normal, apesar do ar um tanto quanto macabro por causa de todo o escuro, mas as ruas estavam muito movimentadas.

Cinco minutos foi o tempo necessário para chegarem a tal pousada. O pequeno prédio todo decorado com flores na entrada e também em seu interior davam um ar mais delicado.

Pegaram a chave para um quarto duplo, com duas camas de solteiro, e subiram sem muita pressa. Ao entrarem logo trancaram a porta e observaram o lugar. Tinha duas camas simples, além de dois criados mudos e duas poltronas, mais do que precisavam.

— Acho que ninguém vai nos escutar daqui — Sting afirmou. — Eu já ouvi diversas histórias sobre as duas pedras. Muitos relatos foram confirmados como mentira, outros não. Um deles diz que a pedra preta está aqui por ser um lugar eternamente no escuro. Assim ela fica mais facilmente escondida.

— Então estamos em um possível lugar certo.

— Exatamente, mas só tem um problema...

— Que seria?

— Eu não sei por onde devemos começar a procurar — admitiu envergonhado.

— Pelo menos sabemos alguma coisa e já temos um ponto de partida.

— Sim... Quer começar por onde?

— Que tal pelo almoço? Estou com fome...

— Vou comprar algo pra gente, tem um restaurante aqui do lado — o loiro saiu sem esperar resposta.

Enquanto Sting não voltava Lucy voltou a ler o livro. Ele mostrava detalhadamente cada passo para o uso de magia celestial, desde uma simples invocação até magias muito mais complexas.

Viu sobre as chaves e seus “tipos”, Star Dress e, finalmente, chegou onde mais queria: a parte de magias que ela ainda não conhecia.

Leu sobre diferentes níveis do Urano Metria, como invocar espíritos sem precisar da chave e algumas magias tão difíceis que ela sequer entendeu como funcionavam, mas pretendia ir mais a fundo com toda a certeza.

A parte que mais chamou sua atenção foi a que falava sobre o Rei dos Espíritos. O começo era uma introdução, contando toda sua história e conquistas, e mais para frente tinha um mapa mostrando possíveis lugares onde sua chave poderia estar.

A loira rapidamente se empolgou com a ideia, não sabia que tinha outro jeito de invocar o Rei sem ser com algum sacrifício. Lembrava-se perfeitamente do trabalho que deu para recuperar a chave de sua preciosa amiga depois que teve que fazer isso.

Estava tão concentrada em observar o mapa que nem percebeu que a porta do quarto tinha ficado aberta, quando Sting saiu, dando a “liberdade” para alguém entrar, e foi justamente isso que aconteceu.

Um garotinho entrou pela porta meio receoso, mas logo que viu a loira ele correu em sua direção, escondendo-se atrás dela que estava sentada na cama.

Lucy se assustou imediatamente e virou para ver quem era. O garotinho era pequeno, tinha cabelos castanhos e olhos negros, não aparentava ter mais do que cinco anos.

— Oh, olá. Eu sou a Lucy, qual seu nome? — perguntou carinhosamente

— Kaile — respondeu envergonhado.

— O que faz aqui, Kaile?

— Eu me perdi do meu papai — fez uma expressão triste. — Um homem mal começou a correr atrás de mim... Eu vi a porta aberta e me escondi aqui.

— Você se lembra como é o seu papai?

— Sim, ele é alto, moreno e usa um casaco bem grandão.

— Certo, eu e meus amigos vamos ajudar você, sim?

— Obrigado — sorriu fofamente.

— Voltei e... — Sting parou na porta com um monte de sacolas na mão. — Perdi alguma coisa?

Lucy explicou tudo para o loiro que aceitou ajudar o garotinho, assim como Lector que acordou no meio da conversar e também precisou ser atualizado. Depois disso começaram a comer.

Montaram um plano simples para ajudar o pequeno Kaile e ainda assim começarem suas buscas. Andariam pela rua com capas, mantendo o menino escondido de seja lá quem estivesse atrás dele. Procurariam o pai dele no meio do “passeio” e, ao mesmo tempo, coletariam informações sobre a pedra com os moradores da cidade.

Terminaram de almoçar e colocaram o plano em prática. Virgo entregou uma capa para cada um deles e, depois de vestidos, saíram pelas ruas em busca de pistas e do pai do menino.

Diferente do que imaginavam o fato de estarem usando capa não alarmou os cidadãos. Todos agiam normalmente, como se ver pessoas assim fosse a coisa mais comum do mundo. E talvez fosse, mas deixaram isso de lado. Quanto menos alarde, melhor.

Seguiram pelas ruas mais movimentadas, assim poderiam ver mais pessoas e consequentemente obter mais informações. Lucy perguntava para cada pessoa que via se alguém tinha visto um homem com as características que o Kaile tinha dito, enquanto Sting entrava em lojas de magia e artefatos.

Nenhum dos dois obteve sucesso e já estavam no final da cidade. O loiro viu uma última loja e entregou para procurar, com Lector do seu lado, foi então que algo estranho aconteceu.

Lucy, que estava do lado de fora com a criança, sentiu algo sinistro ao seu redor, ao mesmo tempo em que uma neblina cobriu os dois.

— Kaile, não se afasta de mim... Kaile? — olhou para os lados, o menino tinha sumido.

— Então quer dizer que vocês estão mesmo atrás das pedras... Achei que vocês não fossem ser tão idiotas. Fico me perguntando o que tinha naquela carta... — um homem exatamente com as características do pai do Kaile apareceu na sua frente.

— O senhor é o pai do... — foi interrompida.

— Não, na verdade eu sou o Kaile. Apenas me aproveitei da bondade de vocês para coletar informações, Docinho — começou a se aproximar.

— O que você quer exatamente? — pegou seu chicote.

— Quem sabe? — fez-se de confuso, aparecendo atrás da loira.

— Ora seu...

— Punhos do Dragão Branco — Sting atacou e acertou o chão.

— Hum... Interessante... Uma maga celestial, um Dragon Slayer e um... gato?

— Eu sou um exceed — retrucou Lector.

— Que seja, isso não é importante — debochou. — Boa sorte em sua busca, mas tenham cuidado com os lobos, minhas queridas caças — sumiu, levando a neblina junto.

— Lu, você está bem?

— Sim... Não acredito que fomos enganados... — disse triste.

— Pelo menos não aconteceu nada de mais.

— Descobrimos algo muito interessante, ainda bem que aquele cara estranho se revelou antes — Lector falou animado.

— Sério? O quê?

— Tem uma caverna ao sul da prefeitura, a senhora dessa loja disse que muitos magos vão para lá atrás de uma pedra preta, mas que muitos não retornam e os que voltaram nunca mais foram os mesmos...

— Isso não vai impedir o grande Sting-kun de explorar a caverna e voltar inteiro — Lector balançou a cabeça, concordando com si mesmo.

— O que estamos esperando? Vamos logo para essa caverna antes que aquele cara volte — a loira sorriu animada, estava feliz por finalmente encontrarem algo.

Enquanto os três andavam felizes com a nova descoberta, o mesmo homem de antes olhava tudo de cima do telhado da loja.

— Isso está ficando cada vez mais interessante — sorriu friamente, antes de sumir na escuridão.