A Floresta de Areia escrita por ShiroiChou


Capítulo 27
O verdadeiro inimigo


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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July escondeu-se assim que viu o primeiro gato. Seu trabalho ali era simples, tudo o que ela precisava fazer era buscar alguma anotação que revelasse a fraqueza do Rei.

Passar despercebida era uma de suas especialidades, então infiltrar-se no subsolo do castelo foi muito fácil, pois o foco estava justamente na defesa. O lugar onde ela entrou tinha paredes e chão de pedra, fracamente iluminados por pequenas tochas espalhadas de forma simétrica.

O barulho nos andares de cima podiam ser ouvidos a quilômetros de distância, July apenas torcia para o plano dar certo.

O corredor não era muito longo e seguia em uma única direção, levando para dois portões de madeira escura que logo foram abertos, revelando uma biblioteca pequena e bem organizada, onde todos os livros ficavam distribuídos em estantes e prateleiras marrons.

Todas as estantes estavam envolvidas em barreiras mágicas que tinham a função de impedir que os livros caíssem, algo muito útil, pois a batalha balançava a estrutura constantemente.

No centro da biblioteca ficava um único livro do tamanho de uma caixa de CD. Diferente dos demais, o pequeno livro estava no chão e nada o protegia, além de estar aberto o que significava que alguém tinha largado ele ali depois de ler.

A ruiva aproximou-se cautelosa, poderia ser alguma armadilha. O livro era todo amarelo e não tinha nada na capa nem na contracapa. As páginas seguiam o mesmo estilo sem nada escrito, deixando a mulher com dúvida. Qual a finalidade de um livro vazio?

Disposta a descobri o segredo por trás daquele amarelo todo, July segurou o livro firmemente nas mãos e começou a vasculhar a biblioteca atrás de alguma pista.

A maioria dos livros relatava a história do local, desde a chegada do primeiro gato até Xadrez tornar-se o Rei. A outra parte mostrava informações sobre as criaturas da Floresta de Areia, indicando suas habilidades e fraquezas.

Momentos depois de pegar um dos livros, a ruiva sentou-se em um canto mais afastado da entrada, assim se alguém entrasse ela saberia e poderia esconder-se com mais facilidade. A cada nova criatura descrita, mas interesse ela tinha pelo livro, tanto que acabou se distraindo e largando o livro vazio ao seu lado.

Segundos se passaram até que ela começou a sentir um cheiro de queimado. Assustada ela olhou para o lado e surpreendeu-se com o que viu: o pequeno livro estava metade em chamas, mas não queimava.

O fogo envolvia o livro sem de fato tocar nas páginas, o mais curioso é que o fogo estava apenas na metade do livro que encontrava-se no escuro.

July era uma maga especializada em objetos mágicos, por isso logo entendeu o que acontecia e pegou o livro sem medo, levando-o para o canto mais escuro da biblioteca e tampando a luz com o próprio corpo. O efeito foi instantâneo.

As chamas envolveram completamente o livro, revelando o que as páginas tanto escondiam. A capa não mudou, mas dentro as palavras apareceram uma a uma e a maga logo captou o que estava sendo explicado.

O que ela queria estava agora em suas mão: a informação de como pegar as duas pedras. O livro não explicava exatamente como retirá-las do Rei, mas revelava que elas não eram os olhos do gato como imaginavam, mas sim as lentes de um óculos que “se fundia” com o usuário assim que fosse colocado.

Conseguindo o que queria, ela largou o livro no chão e correu até onde seus companheiros estavam. Não foi muito difícil achá-los, afinal eles pareciam estar se divertindo bastante quebrando as coisas.

Vários gatos tentaram parar sua corrida sem sucesso, a maga estava focada em seu objetivo e se negava a parar, ainda mais agora que sabia de algo tão importante.

Quanto mais corria, mas longe parecia que ficava de seu objetivo. Por que aquele castelo precisava ser tão alto?

Quando enfim começou a ouvir gritos, ela soltou a respiração aliviada. Tudo estava saindo como o planejado, agora apenas precisava falar sobre os óculos, tirar ele do gato e sair dali como vitoriosos.

July entrou na sala e logo deu de cara com Kaile e John brigando por algum motivo qualquer, enquanto o Rei gato parecia estar com a cabeça em outro mundo, alheio ao que acontecia.

— SILÊNCIO — gritou com todas as suas forças, cessando a briga. — Parem de brigar entre si e peguem logo o óculos da cara daquele gato.

— Óculos? Então não são os olhos dele — Kaile sorriu como uma criança que tinha acabado de ganhar um doce.

— Óculos... Você fez um bom trabalho, garota. Agora que sabemos disso, está na hora de acabar com essa palhaçada — John sorriu travesso.

Antes que qualquer pessoa ou gato pensasse em agir, John deu um passo para frente e começou a dizer palavras estranhas em uma língua desconhecida. O lugar todo ficou escuro, incluindo o céu. Nuvens pretas começaram a entrar pelas janelas e outras aberturas, atrapalhando a visão.

— John, o que raios é isso? — Kaile abraçou a irmã enquanto tossia.

— Acabou o show, Kaile. Agradeço a ajuda que vocês me deram até agora, mas está mais do que na hora de revelar a verdade. Nossos caminhos se separam aqui.

— O que você quer dizer com “nossos caminhos”?

— Exatamente o que eu disse. Você melhor do que ninguém deveria saber que não se pode confiar em todo mundo. Que tipo de Mestre de uma Guilda das Trevas você é?

— Você...

— Manipular vocês foi mais fácil do que eu imaginei que seria, nunca pensei que encontraria dois jovens tão ambiciosos ao ponto de confiarem em um completo estranho. Agora arquem com as consequências — riu com gosto. — Criação de vidas, criaturas das trevas — murmurou.

Todo o escuro sumiu rapidamente, revelando vários círculos mágicos pretos espalhados desde o chão até o teto.

— Você... Não. Todos achavam que você era apenas uma lenda — Xadrez arregalou os olhos. — Você é aquele quem controla as criaturas da floresta, o criador da Floresta de Areia.

— Surpresa!

— A sensação ruim que eu sentia era um sinal — July arrepiou-se quando entendeu o que acontecia. — Por isso você conseguia controlar os portais, os fantasmas e o templo. 

— Então, alguém pode me explicar o que está acontecendo? — perguntou Kaile desviando de uma das criaturas que surgiu no teto.

— Diz a lenda que a Floresta de Areia foi construída por um mago muito poderoso, capaz de criar vida apenas com areia e controlar a vida após a morte, ou seja, fantasmas — explicou Xadrez correndo. — Ninguém nunca viu ou ouviu algo além disso sobre esse mago, por isso achávamos que ele não existia. Agora acabamos de descobrir que ele sempre esteve bem debaixo de nossos narizes.

— Gato esperto. Seus ancestrais foram muito inteligentes ao criarem uma extensão da minha bela Floresta, transformando-a em um Reino para gatos. O erro de vocês foi deixar a chave nas mãos daquele Espírito Celestial.

— O Espírito... O que você fez com ele?

— Eu? Nada. Quem prendeu ele foi esse cara aí — apontou para Kaile. — Eu apenas entrei aqui como quem não quer nada. Você achou mesmo que manteria esse lugar escondido de mim?

— Espada da luz negra — Kaile tentou o atacar com uma espada feita de magia.

— Apressadinho — riu vendo uma criatura que parecia um polvo segurar todos da sala. — Agora, se me derem licença eu tenho coisa melhor para fazer.

Agilmente, John pegou Xadrez nos braços, envolvendo-o com areia, então saiu da sala calmamente vendo seus ex-companheiros presos, lutando para se soltarem. A vontade de rir era imensa, porém ele não teve tempo.

— Regulus Impact — atacou Loki, empurrando John de volta para a sala e forçando-o a largar Rei.

— Xadrez! — Lector voou sorridente até o amigo.

— Xadrezinho, chegamos atrasados? — perguntou Lucy preocupada.

— Atrasados? Vocês chegaram na hora certa. Eu nem acredito que vocês chegaram — o gato sorriu animado.

— E nós não acreditamos que você é um Rei.

— Nem eu lembrava. Aliás, perdoem-me por meu sumiço, na hora em que eu entrei, algo me atraiu para cá instantaneamente.

— Oh, que cena linda. Os amiguinhos se reencontrando, acho que vou chorar de emoção — John revirou os olhos.

— Vocês... Onde estão os outros dois? — perguntou Lucy em pose de ataque.

— Os dois inúteis estão bem aqui, presos — apontou para o canto da sala. — Agora só falta eu me livrar de vocês dois, talvez jogá-los no mesmo lugar que aquele outro loiro.

— Sting... Onde ele está? Não vamos deixar você usar a vida dele para reconstruir o...

— Não preciso da vida dele — interrompeu a loira. — Aquele garoto apenas serviu de isca para vocês seguirem a profecia e acharem a Placa de Pedra, mas nem para isso serviram.

— Como pôde trair seus companheiros?

— Traindo — respondeu como se fosse óbvio. — Enfim, não tenho tempo para conversar e vocês estão me atrapalhando. Terei que resolver isso — sorriu macabro, esticando sua mão direita. — Areia movedi...

John não teve tempo de usar sua magia, pois um pé surgiu de uma rachadura no nada, acertando em cheio no seu rosto e o derrubando. A rachadura foi aumentando pouco a pouco até um corpo inteiro sair do buraco, revelando ninguém mais, ninguém menos do que Sting.

— Sting — chamou Lucy surpresa.

— Sting-kun — Lector jogou-se nos braços do amigo.

— Estou de volta — sorriu animado. — E parece que temos um problema para resolver. 

— Ora, seu pirralho... — John estava com as mão no rosto, enquanto se levantava.

— Acabou, John. Está mais do que na hora de acertamos nossas contas. Dessa vez eu não irei perder para você!


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Notas finais do capítulo

Um inimigo previsível, ou não... Quem sabe :3

Até o próximo o/



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