A Floresta de Areia escrita por ShiroiChou


Capítulo 25
O Espírito da Floresta


Notas iniciais do capítulo

Bom dia!
Que tal começar a segunda-feira bem com um capítulo novo?

Boa leitura!



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Estirada no chão, foi assim que Lucy terminou o treinamento, se é que podia chamar assim. Fazer uma versão pequena de uma chave era mil vezes mais fácil que uma grande, pois demandava menos magia. Isso somado ao fato de que a chave parecia repelir sua magia a todo segundo.

Nas primeiras tentativas ela fez exatamente o que aprendeu antes, envolvendo sua magia na chave com o objetivo de fazer o molde de magia, isso ela conseguiu fazer, mas assim que foi tentar aumentar, a magia simplesmente se desfez e tornou-se impossível repetir o feito.

A chave criou uma barreira retangular ao redor de si, impedindo que a magia da loira se aproximasse mais do que três centímetros. Lucy até tentou fazer o molde sem usar a chave, porém isso estava além de suas habilidades, ela sequer sabia se aquilo era possível.

Dona Mikori voltou com Lector um tempo depois com algumas frutas e tentou ajudar, mas ela também não entendia o porquê da chave ter tido aquela reação tão de repente.

— Será que o Espírito não quer ser encontrado? — Lector foi o primeiro a quebrar o silêncio.

— É bem possível, mas espíritos conseguem sentir quando uma pessoa é boa ou não. Se ele não quer aparecer, significa que o problema não está na Lucy e sim que algo está errado — explicou Dona Mikori.

— Como por exemplo? — perguntou Lucy.

— Bem, vocês disseram que eles já tem a Placa de Pedra, ela é a chave para entrar no Reino dos Gatos. Para o espírito estar bloqueando a própria chave, o mais provável é que ele esteja indo atrás de quem está tentando achar a entrada.

— Temos que voltar para o templo, não podemos deixar eles avançarem mais!

— Desculpa atrapalhar — uma senhora loira, parecida com Mikori, apareceu com um papel nas mãos. — Irmã, os desafios das estações foram ativados. O primeiro já está completo...

— Droga... Vamos, crianças, o dever nos chama!

—— // ——

— Dá para me tirar daqui antes que eu me afogue? — Kaile batia na porta, estava preso dentro da sala.

— E você ainda está vivo? — Jonh atravessou a parede, puxando o moreno para fora.

— Acho que sim, aquele treco derreteu antes de me atingir... Será que o desafio foi concluído?

— Não faço ideia. Você quer voltar lá dentro para conferir?

— Nem se você me pagar, a água está extremamente fria — respondeu temendo. — Vamos para o próximo!

Kaile não esperou reação, apenas entrou na porta que representava o verão com o objetivo de secar suas roupas. O calor logo o atingiu. Sabendo que não podia ficar muito tempo ali sem começar a tostar, ele procurou pelo próximo desafio.

As paredes não tinham nada demais, seria muito fácil se fosse igual a porta anterior. John entrou um tempo depois e teve uma ideia um pouco maluca. A porta do verão ficava na frente da porta do inverno, por isso ele abriu a última para que a água resfriasse o lugar. O efeito foi instantâneo e o calor logo foi dissipado.

— Ah, você estragou o verão... E molhou meus sapatos de novo...

— Você deveria me agradecer, olha para o chão.

Olhando na direção apontada, Kaile viu que um pequeno círculo desenhado no chão repelia a água, sendo a única parte que ainda transmitia calor junto com parte da parede que não foi atingida pela água. Curioso, o moreno tocou o círculo com a ponta dos dedos e ele começou a brilhar.

O pequeno círculo abriu-se e sugou toda a água em um piscar de olhos, fazendo a sala voltar ao que era. Quando John decidiu investigar de perto, nada aconteceu. O círculo camuflou-se com o restante do chão ficando praticamente invisível. Porém assim que ele se afastou, um pedaço de papel que estava em seu bolso caiu exatamente no local, sendo sugado como a água

— O chão come as coisas — Kaile começou a rir.

— Deixa de ser idiota, isso não faz sentido.

— Como não? Você não viu?

— Claro que eu vi, porém temos que saber o que isso tem a ver com o desafio.

— Hum... Eu já volto — saiu da sala.

— Ei! Francamente, o que ele vai fazer?

— Voltei!

— Não demorou nem vinte segundos!

— Eu peguei areia — mostrou suas mãos. — Quero ver até onde esse buraco aguenta comer as coisas.

— O buraco não come nada, ele não é um ser vivo — revirou os olhos.

— Quem garante? — sorriu derramando areia no círculo. — Viu? Agora me ajuda a pegar mais areia.

— Eu já disse que te acho maluco?

— Deve ter dito, mas eu não ligo.

Pouco a pouco os dois reuniram areia suficiente para encher um pequeno barril que eles acharam jogado entre alguns escombros. O círculo sugou não só o que tinha dentro, como o pobre barril também. Depois desse feito o círculo permaneceu aberto e mais nada aconteceu. Eles até tentaram colocar mais areia, mas ela ficava acumulada em cima, como se uma barreira invisível impedisse sua entrada.

— Acho que deu certo. Esses desafios podiam avisar quando estão completos, né?

— Sua irmã ficou de olho no painel, se ela não reclamou até agora, deve ser porque está dando certo.

— É, tem razão... Vamos para o próximo! 

A próxima porta escolhida era a do outono, folhas secas voavam levemente de um lado para o outro e o vento vindo de um ventilador na lateral assoprava tudo.

Dessa vez, já prevendo onde estaria o desafios, os dois começaram a tatear as paredes e a pisar no chão freneticamente, mas não encontraram nada de diferente. Mesmo desconfiados, encostaram-se na parede.

O peso deles fez com que a parede se deslocasse alguns centímetros, o suficiente para revelar uma frase no chão, a qual Kaile logo leu.

Folhas secas na primavera, flores no outono. Duas estações opostas, porém diretamente ligadas.

— Nossa, que dica espetacular — reclamou Kaile. — Não entendi nada.

— Por isso que eu digo que você é idiota, para mim a mensagem foi bem óbvia.

— Então o que ela significa, espertalhão?

— Simples, nós temos que levar algumas folhas secas para a sala da primavera e trazer flores para cá.

— Hum... Faz sentido.

— É claro que faz, agora anda logo!

A sala da primavera também não tinha nada de especial, apenas as flores decoravam o lugar desde o chão até o teto. Rapidamente os dois homens colheram algumas flores e levaram até a sala do outono, fazendo o mesmo com as folhas.

Exatamente no momento em que largaram as folhas no chão, ambas as salas começaram a tremer, mas logo pararam.

— Acho que completamos todos os desafios — Kaile sorriu animado.

— Será que completamos mesmo?

— Bem, o único jeito é irmos até sua irmã para perguntar? Ela deve saber se funcionou.

— Certo, vamos até el...

— AH! SAI, CRIATURA ESTRANHA — July subiu correndo uma escada escondida atrás de algumas pedras.

Pouco tempo depois que ela subiu, surgiu uma pantera marrom com algumas folhas grudadas no corpo. A pantera parecia com raiva e olhava de forma ameaçadora para a ruiva.

July continuou correndo até alcançar os outros dois, ela agarrava firmemente a Placa de Pedra enquanto recuava.

— Devolva-me essa coisa, ou vocês irão se arrepender — ameaçou a pantera.

— Quem é você? — John deu um passo para trás.

— Eu? Eu sou o Espírito da Floresta e estou aqui para pegar de volta algo que vocês nunca deveriam ter tirado do topo daquela montanha.

— Essa coisa aqui? — Kaile apontou para a placa. — Isso é só um pedaço de pedra qualquer.

— Não adiantar mentir, eu sei o que ela é e também sei para que ela serve. Vocês não vão usá-la!

— Oh, o gatinho está com raiva — zombou fazendo uma dança estranha.

— Vocês, pirralhos, não sabem com o que estão se metendo!

— Claro que sabemos, você que não tem noção do perigo. Agora que tal você ir atrás de algum rato?

— Seu...

— Epa, parou. Por que não conversamos civilizadamente? — John tentou impedir a briga.

— Não quero conversa, apenas preciso dessa placa — respondeu a pantera.

— Vai continuar precisando — Kaile pegou a placa nas mãos. — TCHAU! — saiu correndo.

— VOLTA AQUI!

Kaile desviou do ataque do espírito com habilidade. Ele não gostava muito de usar sua magia, mas não viu alternativa. Desviou de um novo ataque e colocou a placa apoiada na parede do lado de fora do templo, logo virando-se e encarando a pantera com raiva.

— Vem cá, gatinho — chamou com o dedo.

O espírito pulou o mais alto que conseguiu, enquanto o moreno permanecia parado. Quando a pantera enfim percebeu o que acontecia, já era tarde demais. Kaile deu um passo para o lado e arremessou uma bola negra, feita de magia, em seu oponente.

O impacto foi imediato, jogando o oponente alguns metros para trás, mas isso não satisfez o moreno. Antes que o espírito pudesse se recompor, ele criou um círculo mágico no chão e várias correntes surgiram.

— Prisão da luz escura — murmurou, transformando as correntes em grades. — Agora você não irá mais nos atrapalhar. Se quer um conselho: não encoste nas grades — despediu-se pegando a placa e voltando para dentro.

— Impressionante... — John olhava para a pantera tentando sair.

— Eu sei, agora vamos logo. Quanto antes chegarmos na sala, menos tempo ele tem para sair.

— Quanto tempo essa sua magia dura?

— O tempo suficiente, meu amigo... O tempo suficiente.


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