Um Deus entre os Mortais escrita por Pandora


Capítulo 8
Ataque na Sede da Amazon


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, quero que me perdoem por sumir por muito tempo! Deixei esse tempo aumentar até que passei quase um ano desde a minha última postagem...
A todos que me mandaram mensagem durante esses meses, peço desculpas e falo que li todas as mensagens. Posso não ter respondido todas, mas eu asseguro que eu li. Aqui está o próximo cap da história e eu tentarei postar continuamente. A única coisa que me impede é a faculdade que toma a maior parte do meu tempo, mas tentarei fazer com que possa coincidir os dois... uhsuhshs
Espero que vocês gostem, passei um ano pensando nessa continuação^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/757636/chapter/8

A sala era pequena. Sem cortinas ou muito menos janelas, o ar era transportado até ali, por pequenas aberturas nas paredes. Sua decoração no estilo clássico, destacava a mesa do século XIX bem preservada. Sentado atrás dela, a rainha das amazonas observava o estranho garoto que a poucos minutos havia dado sua vida em troca da segurança das caçadoras.

Percy, por sua vez, olhava com interesse os objetos antigos, imaginando sua utilidade. Somente quando a rainha fez um barulho para chamar sua atenção, que o jovem deus desviou os olhos de um relógio de pendulo para olhar para ela.

— Quem é você? — perguntou a rainha. Algo que para o deus, estava começando a se tornar bastante repetitivo.

— Me chamo Perseu Jackson, mas pode me chamar de Percy — terminou estendendo a mão e dando um estranho sorriso. Propositalmente sendo ignorado por Hylla.

O silêncio desconfortável que se seguiu foi quebrado por Percy.

— Para onde você enviou as caçadoras?

— Aqui homens não falam sem autorização — semicerrou os olhos, a rainha. — Mas para sua informação, elas foram levadas para as celas a baixo da área de carga.

Novamente o silêncio reinou no pequeno escritório. Mesmo em um clima pesado, Percy não pode deixar que uma sensação de leveza deixasse seu peito em saber que suas amigas estão bem. Claro, ele saberia se elas estivessem sendo machucadas, mas a confirmação de que elas estavam somente sendo mantidas em um lugar seguro já o agradava.

— Então, sobre o que aconteceu mais cedo...

— Tudo o que elas falaram, é mentira! — interrompeu Hylla, antes que Percy pudesse terminar.

— Isso não é mentira, Hylla. E você sabe. Sua vontade em crer que ele não fez o que as caçadoras alegam, está interferindo no seu julgamento.

— Como você pode saber, é somente um semideus com grandes poderes. Nunca saberá o que realmente aconteceu.

— É aí que você se engana Hylla. Sou um deus. Posso estar preso a essa forma mortal, mas eu nasci um deus e não sei explicar como, mas quando as pessoas estão com seu emocional mais fragilizado, e suas mentes enfraquecidas, é quando eu posso acessar seus subconscientes e descobrir o que as afligem, e é isso que eu fiz com você agora a pouco.

— Você é um deus? Como? Como nunca ouvi falar em você?

— Isso é porque sou um deus jovem. Tenho só trezentos anos de idade e vivi minha vida inteira isolado. Você conhece o temperamento de Zeus e o que ele faria se descobrisse sobre mim. Não é mesmo?

A amazona apenas balançou a cabeça em positivo.

— Não sou vinculado ao olimpo, por isso não o sirvo como os outros deuses, mas eu prometi a uma pessoa que o protegeria, então não posso quebrar minha promessa.

— Se me permite perguntar... Que tipo de deus você é?

— Como assim? — perguntou Percy confuso.

— Apolo por exemplo é o deus da medicina, musica, e outras coisas... E você?

— Ah. Você quer saber qual é meu domínio de poder — deu uma pequena risada. — Sou o deus dos heróis, e isso inclui você e as amazonas...

— O que?

— As amazonas por mais que sejam guerreiras, são acima de tudo, heroínas, fazendo assim, parte do meu domínio. Assim como as caçadoras, os semideuses e até mesmo os mortais. Todos os seres valorosos e de bom coração são heróis, é por isso que eu temia ver uma batalha entre as amazonas e as caçadoras. Seria como ver meus próprios filhos brigando. O que é engraçado a julgar pela idade de algumas caçadoras — terminou o deus, olhando para a rainha das amazonas ainda estática, e muito surpresa olhando para ele.

— Isso não muda o que elas fizeram. — disse ela por fim. — Elas tiraram tudo de mim e eu quero retribuição.

— Você irá sentenciar a morte quarenta meninas pelo simples fato de um amor que foi separado de você? É dessa forma que você quer ser lembrada? — a amazona desviou o olhar dado as duras palavras do deus. — Você se lembra muito bem daquela noite. Os gritos de desespero jovem caçadora.... Se não fosse por Zoe, coisas muito piores poderiam ter acontecido. Acredite, se fosse Artêmis em seu lugar, ela não teria piedade alguma. E sabemos que teria sido mil vezes pior para ele.

Àquela altura, a visão da amazona era um grande borrão. Grossas lágrimas escorriam pela face outrora estoicas. Percy não pode deixar de se surpreender. A magoa que a rainha guardava era grande demais para ser contida.

— O que você teria feito? — perguntou meio trêmula Hylla. — O que você teria feito se fosse a pessoa que você amou a maior parte da sua vida? Ele foi tudo o que me restou. Minha irmã já havia ido embora. Ele era o último da minha família. Como acha que eu me senti vendo ele sendo morto bem diante dos meus olhos. — Suas últimas palavras vieram em gritos roucos e ressecados.

— Eu teria feito justiça — respondeu sem hesitação, Perseu. — Mesmo conhecendo pouco deste mundo, eu teria feito o que acredito ser o certo. O amor as vezes deve se curvar a razão. Eu não conseguiria conviver comigo mesmo se compactuasse com um crime que vai contra tudo o que eu acredito.

Novamente o silêncio caiu sobre a sala. O ar que antes era carregado de desconfiança agora não passava de remorso e tristeza.

— Nós sabemos que você não é uma pessoa ruim Hylla. Você só se deixou levar pelas suas emoções e lembranças, e isso nublou sua razão. O amor nos faz fazer muitas coisas, mas as vezes temos que aprender a olhar além desse sentimento se quisermos fazer o que é certo.

— Ainda não entendo porquê? — Sussurrou a filha de Belona.

— É difícil, mas com o tempo você vai acabar compreendendo.

Um tremor sem igual foi sentido na sala. Poeira e objetos caíram por todos os lados. Se não fosse a agilidade de Percy, o relógio que antes estava observando, teria se tornado um amontoado de entulho.

A amazona que até a poucos instantes se mostrava fragilizada, incorporou a líder que demostrava respeito a todos que a observavam. Enxugando apressadamente suas últimas lágrimas em meio ao desequilíbrio momentâneo, levantando-se encorando o deus com um olhar mortal.

— O que você fez?

— Eu não fiz nada! — respondeu, Perseu. — Se esqueceu que meus poderes são outros?

Naquele instante, duas amazonas que estavam dispostas guardando a sala entraram correndo.

— Minha rainha, estamos sendo atacados!

— Por quem? — Apresou-se a líder das amazonas.

— Ainda não sabemos, mas rachaduras estão surgindo pelo teto da grande caverna. Estão tentando entrar por lá.

— Reúna o conselho, temos que montar um plano de defesa — falou a Hylla para a primeira amazona que prontamente deixou o escritório, não antes de fazer uma reverência a sua rainha. — Quero todas as amazonas armadas e prontas para proteger está cede. — Referiu a rainha para a amazona que ainda estava na sala.

Quando somente Hylla e Percy ficaram na sala. A rainha deu um olhar intenso ao garoto. Em meio a mais um poderoso tremor, a rainha falou:

— Eu sei que é pedir de mais de um deus, e que eles não podem interferir nos assuntos dos mortais, mas sinto que vamos precisar da sua ajuda. Você estaria disposto a lutar ao nosso lado, deus dos heróis?

— Com uma condição. — Respondeu Perseu, encarrando de igual a rainha das amazonas. — Liberte as caçadoras.

A sede das amazonas estava um caos total. Barulhos insuportáveis e tremores podiam ser ouvidos por todos os lados. Mais de dez pontos de rachaduras surgiam pelo teto da grande caverna, ficando maiores a cada minuto. Catapultas eram montadas protegendo a sala do trono em diferentes pontos. Um mar de mulheres armadas surgia de vários tuneis, todas equipadas com espadas, arcos e lanças. Ao invés dos tradicionais ternos negros, cada amazona estava vestida com armaduras gregas completas. Homens corriam com equipamentos de defesa, levando para as muitas mulheres que ainda não estavam prontas.

Hylla e Percy andavam lado a lado, no meio do caos. Escoltados por cinco amazonas, os dois chegaram a sala do trono que se transformou em uma base de operações. Diferente do que era antes, muitas das decorações acabaram por cair de suas prateleiras decorrente dos tremores. O trono que antes era feito de livros não passava de um amontoado de papel desmoronado rente ao chão.

Mesas foram montadas, para a discussão dos planos de defesa. Mais de trinta amazonas discutiam sem chegarem a uma conclusão sobre quais ideias seguirem. Como sempre quem tinha a razão eram as amazonas filhas de Atena e Ares que discutiam acirradamente qual plano é melhor que o outro.

Todas ao perceberem a presença da rainha, deram uma reverencia em sua direção. Percy, enquanto era ignorado por algumas, de outras recebia olhares de questionamento sobre o porquê de ele estar ali.

Hylla vestida com sua própria armadura de batalha, com sua longa capa preta se movimentando nas costas, se aproximou de mesa principal. Olhou para suas subordinadas esperando uma solução.

— O que está acontecendo? — perguntou a rainha, ganhando a atenção total de todas as amazonas.

— Estamos sendo atacados por uma força desconhecida. — Respondeu uma das amazonas de cabelos castanhos, aparentando ser de um dos mais altos cargos na cadeia de comando. — Nossos batedores não foram capazes de visualizar os atacantes e perdemos contato com eles a algum tempo.

— Minha senhora, outras cinco bases ao redor do mundo estão sob ataque neste exato momento — respondeu uma segunda amazona, enquanto verificava um computador, enquanto não parava um minuto de digitar. — Todas passando pelas mesmas circunstâncias.

— Acabamos de receber relatos de caos desenfreados nas cidades onde nossas bases estão localizadas. A névoa está cobrindo para que os mortais não possam ver o que realmente está acontecendo.

— Como estão organizadas nossas defesas nesta sede? — perguntou a rainha, tentando absorver as informações apresentadas.

— Até agora não fomos invadidos, mas de acordo com nossas engenheiras, não vai demorar muito até entrem aqui — respondeu a amazona de maior patente. — Fora isso, possuímos trezentas amazonas prontas para a batalha e mais cinquenta no deposito da ilha Whidbey prontas para virem nos ajudar.

Hylla pensativa, se voltou para um mapa que marcava todas suas bases ao redor do mundo. Ninguém falou enquanto esperava as ordens da rainha. Algumas amazonas que nunca tinham tido uma luta de verdade antes estavam apreensivas. Nunca suas cedes foram descobertas, muito menos atacadas ao mesmo tempo. Seja qual fosse esse inimigo, ele não deveria ser subestimado.

— Quero uma evacuação das bases com menos de cem amazonas. Não sabemos da extensão das forças do nosso inimigo, e pelo que parece ele está muito bem preparado se está organizando um ataque simultâneo as nossas instalações — rapidamente, as amazonas no porte dos aparelhos começaram a digitar. — Nas demais bases, quero planos de contingência para o caso de uma evacuação as presas, nas condições de suas forças se mostrarem superior as nossas. Não tolerarei perder amazonas desnecessariamente.

Percy por alguma razão, sentiu um orgulho inflar em seu peito ao observar a organização dessas mulheres. De fato, ele podia disser que elas eram verdadeiras heroínas. Por mais estranha que fossem suas ideologias, elas eram...

Uma coisa que incomodou Percy desde que os ataques começaram, foi que ele não conseguia sentir quem os estava atacando. Algo estava abstruindo a visão do deus, e tudo que fazia isso, não deveria acabar de um jeito bom. E se ele não conseguia sentir, chegou à conclusão que os demais deuses também não deveriam.

— Esse é um ataque de extermínio... — Sussurrou para si mesmo.

Um acordo simultâneo, foi feito entre as amazonas e todas seguiram com suas preparações.

Perseu preso em seus devaneios, se permitiu observar as muitas mulheres correrem para todas as direções, até se lembrar do verdadeiro motivo que o levou a estar ali.

— Hylla! — Apressou-se a chamar, o deus, caminhando em direção da jovem rainha. — Libertar as caçadoras, este era o nosso acordo.

— Homens não tem permissão para falar aqui, muito menos tratar deste jeito a rainha. — Falou uma das guardas pessoais de Hylla, erguendo sua espada para o garoto. Prontamente sendo seguida por mais três amazonas que encaravam Percy furiosas.

— Abaixem as armas — insatisfeitas e hesitantes, as amazonas seguiram as ordens de sua rainha. — Fizemos um acordo e cumprirei minha palavra. Kinzie! — Chamou Hylla.

Aguardando no conto, a amazona ruiva se aproximou da rainha e se curvou, esperando por suas ordens.

— Leve esse homem para as celas, liberte as caçadoras. — Um toque de desprezo foi sentido sendo vazado da rainha ao pronunciar o nome do grupo imortal.

Percy ignorou esse detalhe. Levara algum tempo até Hylla esquecer por completo suas desavenças entre elas. Não seria uma conversa que mudaria de uma hora para outra seu repudio de anos contra Zoe e suas irmãs.

— Mas? Minha rainha...

— Elas nos ajudaram nessa batalha que está por vir... — Respondeu, sem dar espaço a amazona.

— Sim, minha rainha. — Diferente da rainha, Kinzie não tentou disfarçar seu descontentamento. — Vamos, garoto!

Saindo da sala do trono, deus e amazona refizeram o caminho pelo qual vieram. Nenhum dos dois trocaram palavras enquanto cruzavam o grande corredor repleto de prateleiras. Não que a amazona fosse puxar conversa com o garoto ao seu lado. Presos em seus próprios pensamentos, Percy e Kinzie procuravam entender o que estava acontecendo.

O deus estava muito confuso. Mesmo com seus poderes reduzidos, ele seria capaz de sentir quem os estava atacando. A pergunta que ele se fazia repetitivamente desde que sairá da sala do trono, era sobre quem seria poderoso o bastante para esconder a presença de um exército.

Kinzie, diferente de Perseu, estava mais preocupado com a segura de sua família. Desde aquele dia que mudou sua vida para sempre, ela nunca mais foi a mesma. Ela se culpou e se isolou de todos. Sua rainha havia deixado claro que não havia sido culpa dela, mas isso não a confortava. Ela ainda escutava os gritos de sua melhor amiga, todas as noites quando fechava os olhos. Havia dias em que passava as noites em claro, sempre que os gritos eram acompanhados de trechos do ataque. Agora, a história novamente estava para se repetir, e a segurança de toda a sua família era o que estava em risco.

Um tremor maior que os anteriores, surgiu. Podendo ser sentido por todos os habitantes da caverna. Pedras gigantes despencaram em meio aos corredores, esmagando os desatentos que não eram rápido bastantes para evitá-los. Por detrás dos grandes buracos, o céu noturno poderia ser visto, juntamente com os arranha-céus da cidade acima. Foi naquele momento de calmaria que tudo aconteceu.

Cordas grosas e resistentes caírem suspensas pelas enormes aberturas. Sombras se projetaram escorrendo por elas até alcançarem o chão rochoso da caverna. Percy levou algum tempo para identificar o que acabara de descer.

— Telquines! — gritou Kinzie. Tentando se sobrepor acima das pedras caindo e dos rosnados dos monstros.

Centenas de demônios marinhos pulavam pelo buraco rumo ao chão. Com suas cabeças de cachorro, farejavam o ar em busca de possíveis vítimas. Seus corpos eram lisos e negros como o dos mamíferos marinhos, com pernas curtas e grossas, que eram meio nadadeiras, meio pés, e mãos semelhantes às de humanos, com garras afiadas. A única coisa que Percy sabia sobre esses seres, eram que eles são altamente habilidosos em forjas, tendo fabricado muitas armas dos deuses.

— Eu pensei que eles haviam sido lançados no Tártaro por Zeus — gritou Perseu, retirando sua espada e estendendo em direção do monstro mais próximo.

— Eu também achava — respondeu a amazona, olhando com curiosidade a espada de Percy até ter que abaixar para não ser decapitada por uma lâmina voadora. — Mas agora sabemos que eles encontraram uma saída.

Não demorou muito para que o cheiro dos dois fossem captados pelos monstros. Percy e Kinzie, engoliram em seco quando dez cabeças peludas se voltaram para eles com suas presas a mostra. Baba escorria por suas bocas, criando grossas gotas que gotejavam no chão. Os dois tiverem que admitir que aquilo era nojento.

Assim como ocorreu na luta contra as dracaenaes, o jovem deus mostrou uma habilidade invejável contra os monstros com cara de cão. Sua espada de bronze celestial, cortava armas e armaduras como se fosse papel. Poucos foram os casos em que ele teve que se esforçar. Mas a cada telquine morto, dois tomavam seu lugar. Sem a totalidade dos seus poderes, isso só faria ele se cansar cada vez mais rápido.

 Kinzie, como todas às amazonas, se mostrava ser um espadachim muito promissora. Suas investidas e bloqueios eram dignos de receber o nome de ‘filha de Ares’. Em um momento, foi capaz de lutar em igualdade contra três telquines que se mostravam tendo dificuldades para superá-la. Um a um, foram mortos por sua espada. Mas assim como Percy, ela estava se cansando muito rapidamente. Somasse o fato de que ela é uma simples mortal.

— Temos que sair daqui! — gritou Kinzie, desviando de uma lança que por pouco não perfurou sua coxa esquerda.

— Para que direção fica as celas? — apressou-se a perguntar Perseu, bloqueando uma lâmina que vinha sentido a sua cabeça.

— Ali! — apontou com a espada, a amazona. — Abaixo das escadas que levam aos barcos.

Como se estivessem correndo em uma maratona, Kinzie e Perseu percorreram em alta velocidade os corredores pela grande caverna. Desviando de incontáveis monstros, paravam apenas quando o caminho estava obstruído ou quando alguém precisava desesperadamente por ajuda.

Àquela altura, centenas de monstros já haviam invadido a sede principal das amazonas. Dracaenaes e telquines compunham a maior parte do exército, mas outros monstros como as famigeradas empousa se mostravam presentes ali.

Poderiam parecer como um grupo normal de sedutoras garotas vestidas como líderes de torcida. Mas quando transformadas em suas verdadeiras formas, possuíam uma pele completamente branca como mármore, cabelos flamejantes, presas no lugar de dentes, olhos vermelhos, garras no lugar de unhas e uma perna feita de bronze e outra de burro. Entre suas maiores habilidades, está seu grande charme para enganar e seduzir homens para depois devorá-los.

Foi fácil para Percy e Kinzie encontrá-las. Um rastro de corpos masculinos, com seu sangue totalmente drenados foi deixado para trás. A empousai que aparentava ser a líder lutava com uma amazona, quando Kinzie deslizou por trás e a apunhalou pelas costas. Poeira dourada se amontoava no chão, onde antes estivera o monstro. A única coisa que Percy soube sobre a empousa, foi seu nome que suas irmãs gritaram furiosamente ao verem seu corpo se desfazer lentamente. ‘Kelli’.

Com a ajuda bem-vinda, as amazonas triunfaram sobre o grupo de líderes de torcida, levando todas para as profundezas do Tártaro. Deus e amazona voltaram a correr em direção ao grande paredão da caverna.

Percy seguiu Kinzie por um túnel que não havia reparado quando passou por lá. Assim como as demais partes da caverna, poeira e detritos cobriam o chão pedregoso, provenientes dos tremores. Por ironia dos deuses, nenhum monstro cruzou o caminho dos dois enquanto viravam os muitos corredores até as celas.

— Está escutando? — Levantou a mão, Percy. Fazendo a amazona ao seu lado parar e tentar ouvir. — Gritos. Corra!

Apressadamente, Percy os levou, passando por várias portas e corredores como se soubesse exatamente onde deveria ir. Kinzie não sabendo como o ‘semideus’ sabia onde ficava a cadeia, o acompanhou sem nenhuma dificuldade. Eles alcançaram uma porta dupla no fim de um corredor, mas algo já havia chegado primeiro....

— O-o-olha só que temos aqui... — sibilou uma voz arrastada por de trás da porta. — Viu irmã, eu estava certa quando senti um cheiro vindo desse lugar-r-r.

— Nunca mais vou desconfiar do seu olfato irmã-ã — respondeu uma segunda voz, para a primeira. — Pegamos uma bela caça-a-a.

Uma risada tenebrosa seguiu-se, fazendo os pelos da nuca do deus e da amazona se arrepiar. A risada do monstro era tão horrorosa quanto sua voz.

— Você vai ver a caça quando eu enfiar uma flecha em vocês, suas cobras — gritou uma voz que Percy instantaneamente reconheceu pertencer a Febe.

— Olha irmã, temos uma gazela valente aqui-i-i — sibilou novamente a primeira voz. O silêncio que seguiu, só foi quebrado por um lento deslizar, até um som alto de metal contra metal ecoar pela sala. — Ficamos sabendo a sua vitória contra nossas irmãs caçadoras-s-s. Saiba que vamos vinga-las lentamente, começando por você...

Percy não aguentando mais, abriu a porta para dar de cara com duas dracaenaes altamente equipadas com armaduras e lanças de combate. Atrás das mulheres serpente, quarenta garotas entre oito e dezesseis anos se amontoavam em várias celas, tentando ficar o mais distante possível dos dois monstros.

— Perseu! — gritou Zoe, de uma das grades na ponta oposta da sala. Um olhar de alivio e um sorriso de felicidade, podia ser visto crescerem na tenente das caçadoras.

— Percy! — chamou Lucy de uma das celas do meio. A jovem menina estava acompanhada de Kate e Agatha, que a abrasavam protetoramente.

— Oi, meninas — falou o deus, não deixando um instante sequer os dois monstros.

— Quem seria você, semideus-s-s? — perguntou retoricamente a mulher serpente. — Não importa, logo não sobrará muito...

— Isso é o que vamos ver.

Percy e Kinzie avançaram ao mesmo tempo que as dracaenaes. Dois duelos separados começaram tendo como telespectador, as caçadoras que trancadas, nada poderiam fazer a não ser assistir. As lutas mortais eram de impressionar.

Kinzie com sua mestria já demonstrada, tirou alguns suspiros das caçadoras, quando desviou com sua espada uma série de golpes. Um pequeno erro do seu oponente, foi o suficiente para ela ganhar a luta. A serpente só parou de se mexer quando sentiu seu coração parar, e seus restos tocar o chão em uma camada de areia dourada.

Percy sabia exatamente as falhas e fraquezas do seu oponente. Não foi preciso muito para descobrir as regiões cegas nas armaduras. Bastou uma investida e a mulher cobra estava no Tártaro antes de saber o que tinha acontecido. Muitas das meninas se imaginaram de volta na clareira, vivenciando novamente o deus lutando contra a horda.

Kinzie não demorou a pegar as chaves que estavam penduradas na parede e começou a libertas as caçadoras. Uma a uma, saiam das celas correndo para pegar seus equipamentos e arcos que haviam sido retirados pelas amazonas.

— Aquelas dracaenaes eram muito burras — falou Febe, equipada com seu arco prateado. Elas nem tentaram usar as chaves, forçaram as grades com as garras achando que conseguiriam abrir. — Terminou em uma pequena risada, que logo desapareceu quando percebeu a presença da amazona.

— O que faremos com ela?

— Não faremos nada com ela — respondeu abruptamente, Zoe. Ignorando a careta da caçadora.

— Esqueceu que foi por causa dela que viemos parar aqui?

— Estava seguindo ordens, caçadora. — Kinzie lançou um olhar mortal para Febe.

— Percy o que está acontecendo? — Perguntou Zoe, impedindo que uma briga entre as duas garotas continuasse.

— A base está sendo atacada, precisamos sair daqui — Percy então passou a contar tudo o que estava acontecendo. A reunião de emergência, seus encontros com os monstros, e sua conversa com Hylla, omitindo algumas partes... — E foi assim que chegamos aqui e nos deparamos com elas. — Indicou com a mão, o monte de pó dourado.

— Dracaenaes, telquines e empousais. Esses monstros são muito territoriais, raramente vistos juntos. Esse ataque não é normal, algo está acontecendo, e fomos pegos no meio de tudo isso...

Um barulho estridente pegou todos de surpresa. Juntos com a sirene, luzes vermelhas piscantes acenderam automaticamente iluminando toda a sala. As caçadoras mais novas, assustadas abraçaram as mais velhas em busca de conforto. Lucy correu para os braços de Percy, que olhando para o teto apertou a jovem semideusa distraidamente.

— Evacuação... — Sussurrou, Kinzie.

— O que?

— Evacuação! Precisamos sair daqui. — Falou a amazona autossuficiente para todos ouvirem. — Nunca antes isso foi testado, se a rainha ordenou quer disser que perdemos o controle da base.

— Mantenha as caçadoras próximas e fiquem todos juntos — Ordenou o deus assumindo uma postura séria. Percy não precisava ser um imortal para sentir o medo correndo desenfreado pelo grupo. — Vamos!

O caminho pelo corredor, foi o mais tranquilo que a situação poderia a desejar. Os poucos monstros infelizes que cruzavam o caminho, rapidamente eram abatidos pelas flechas da caçada que atentas estavam cobrindo todos as direções. Percy com a ajuda de Kinzie levou o grupo para a entrada do túnel da grande caverna. O que se seguiu a seguir chocou Percy de um jeito que ele não esperava.

O chão coberto de uma camada dourada, destacava os corpos de amazonas e homens caídos na base do paredão. Ao longe, mais monstros desciam pelas cordas invadindo a sala que abrigava o trono de Hylla. Um grito engasgado ecoou pelo grupo.

— A escada... — apontou uma caçadora. — Foi destruída.

A escada pela qual as caçadoras usaram para descer até a base da caverna não existia mais. Os vinte primeiros metros dela não passavam de um monte de ferros retorcidos e pedaços quebrados. O restante estava tão frágil, que a qualquer minuto poderia desabar.

— Procedimento padrão. Se a base fosse atacada, os caminhos até o ponto de fuga seriam todos inutilizados.

— Então como espera que saiamos daqui? — perguntou furiosamente, Febe.

— Por ali! — Zoe apontou para uma das enormes prateleiras de metal. — Podemos usar para escalar até o cais.

— Porque elas ficaram aqui? — perguntou Perseu, chamando a atenção das garotas. Olhando para o corpo de uma das amazonas, ele se lembrava de que ela estava na sala de reunião.

— Elas se sacrificaram para que a maioria pudesse escapar. — respondeu, Kinzie. Ela tentou não demonstrar, mas a dor estava presente em seus olhos. — Elas foram heroínas.

— De fato, foram. — Sussurrou Perseu.

Ele caminhou e se ajoelhou em frente a amazona que estava olhando. Mas quando estendeu a mão, seu poder se estendeu a todos que perderem suas vidas ali.

— Minhas bravas e valentes amazonas. Pensaste em suas companheiras antes de vocês mesmas, não poupando sacrifícios pelo bem-estar de suas irmãs. Aprecio e me orgulho por seus valores e, por causa disso, dou para vocês, minha benção, para quando chegarem ao Elísio, sejam recebidas como as heroínas que se tornaram.

Uma pequena áurea da cor do arco-íris cobriu os corpos de todos. Mas do mesmo jeito que ela chegou, foi embora. Se alguém visse, os olhos do único menino do grupo estariam brilhando da mesma forma, a diferença seria que eles teriam duas chamas incandescentes queimando no lugar das pupilas. Mas o que ninguém viu, foi a lágrima solitária que escorreu com o poder.

— Vamos! Eles estão próximos — chamou o deus, quebrando a concentração das garotas.

As caçadoras que já tinham visto a demonstração da benção de Perseu, não podiam negar que era a coisa mais bonita que já chegaram a presenciar. Kinzie que não sabia o que tinha acabado de acontecer, não parava de tirar os olhos do menino enquanto caminhava para a prateleira mais próxima.

Levou mais de vinte minutos até todos as caçadoras acessarem uma das escadas segundarias dos corredores suspensos. Se subissem o suficiente, tudo o que teriam que fazer, seria arranjar um modo de cruzar trinta metros de área aberta até os atracadouros dos navios.

— Algo está nos seguindo! — gritou Febe, que havia ficado na retaguarda dando cobertura. — Subam mais rápido.

Não foi preciso disser duas vezes. O barulho de pés apresados poderia ser escutado em todos os andares. Percy que estava guiando o grupo, se permitiu ficar para ajudar a última caçadora.

— Porque não está guiando o grupo?

— Zoe faz isso muito melhor do que eu — respondeu com um sorriso o deus.

— Percy não tem mais para onde ir. O que faremos? — Agatha gritou por cima dos rugidos dos monstros que até aquele momento já descobriram onde eles estavam.

— Use aquelas cordas. Iremos fazer uma tirolesa — a palavra com ‘t’ tirou a cor de muitas caçadoras. — Espero que vocês não tenham medo de altura.

Zoe amarrou um lado da corda cuja extremidade era fixa próximo a parede de um píer. Ao longe, dois barcos já deixavam a caverna, carregando com eles o que sobrou das amazonas da sede da Amazon. Um navio solitário esperava pacientemente flutuando sobre as águas. Daquela distância, Percy podia ver uma emblemática capa preta se movimentar com o vento. Hylla esperava por eles.

Uma a uma as caçadoras amarrando suas capas prateadas, deslizavam sobre os fios até caírem sobre as pedras frias do cais. Quando metade das caçadoras já haviam deixado a prateleira, foi quando eles chegaram.

As empousa dentre os monstros que atacaram a sede, era os únicos que possuíam pernas ali. Portanto, as únicas capazes de subirem escadas com suas pernas não convencionais. Telquines se arriscavam, tendo alguns deles conseguindo se arrastarem junto com suas aliadas.

Percy, Febe e as caçadoras que sobraram são a última frente de defesa para as meninas que faziam tirolesa por dezenas de metros acima do chão enfestados de monstros. Flechas prateadas eram disparadas à vontade contra a horda de monstros que surgiam na plataforma. Mas a cada caçadora que deslizava pela corda, era uma a menos para ajudar a repelir os monstros.

Quando somente Zoe, Febe e Percy sobraram na prateleira, os três permaneceram matando monstros esperando a última caçadora cruzar a corda.

— Vai você, Zoe. Eu vou com a Febe depois.

— Você focou maluco? Nem morta que vou cruzar esse precipício com você. Você pode ser um deus, mas ainda é um garoto.

— Percy acho melhor... — Zoe começou, mas logo foi cortada pelo deus.

— Esquete aqui, Febe. Caso não tenha notado, mas Zoe e eu somos muito grandes para atravessarmos juntos. E mesmo sendo um deus, esta forma me limita. Não sou capaz de segurar todos esses monstros ao mesmo tempo. Temos que atravessar juntos.

— A caçadora indignada olhou para a amiga de séculos procurando por ajuda, mas as duas sabiam que aquela era a única solução.

— Tudo bem... — Falou furiosa — mas se você tentar alguma coisa eu te deixo cair.

Um aceno do deus, foi o suficiente para que Zoe pegasse sua capa e começasse a descer pela corda. Quando a tenente das caçadoras foi capaz de alcançar o chão, Percy agarrou a caçadora e pulou com a garota em seus ombros. Monstros indignados vendo seu jantar fugir, gritavam maldições e obscenidades contra os ‘semideuses’. Até um deles ter uma brilhante ideia...

Percy já havia passado metade do caminho quando sentiu um solavanco.

— O que é isso? — perguntou o deus.

— Um dos telquines está tentando cortar a corda — gritou a caçadora. — Temos que ir mais rápido.

Mais um solavanco e os dois sentiram-se despencar por dez metros até o cais. Rolando sobre as pedras, deus e caçadora permaneceram deitados sentindo o impacto.

— Vossa ideia estupida salvou a todos — falou, Zoe. Ajudando Febe que ainda permanecia deitada no chão. Você tem meus agradecimentos.

— Todas estão bem? — Perguntou, Percy.

— Já estão embarcadas, só falta nós — Kinzie disse, aparecendo ali.

Um tremor como muitos que haviam acontecido aquele dia, surgiu inesperadamente. Pedras do tamanho de casas caíram entre o barco e o pequeno grupo. Cordas negras desciam pelo recente buraco no teto. Monstros que Percy esperava não ver por um tempo, voltaram a interceptar seu caminho. Muitos para um deus preso em uma forma limitada, duas caçadoras e uma amazona darem conta.

Fechas negras foram disparadas, algo novo até aquele momento. O deus ficou na frente das garotas já como não tinha nada para se protegerem. O que ninguém esperava era o buraco que se formaria inesperadamente levando com ele três imortais e um mortal para o desconhecido.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam?? Gostaram?
Espero que vocês que forem ler, comentem para me ajudar a melhorar. Afinal, é para ser algo divertido para todo mundo^^
Estou aceitando até possíveis ideias para deixar a história cada vez mais rica uhsush
Então até o próximo cap