Um Deus entre os Mortais escrita por Pandora


Capítulo 1
Nascimento de um Deus


Notas iniciais do capítulo

Este é o primeiro capitulo da fic, é pequeno mas os próximos serão maiores. Espero que gostem...



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Já era tarde quando as contrações começaram. Em uma cabana simples em meio a um extenso bosque, duas deusas de incrível poder encontravam-se isolados de tudo e de todos. Elas aguardavam por aquele momento há muito tempo, e não podiam impedir que uma intensa felicidade tomasse conta de seus corações. Mesmo que uma delas estivesse sentindo a dor do parto.

Os últimos raios de sol do dia que chegava ao fim, davam lugar a calada da noite que começava a emergir por entres as colinas cobertas pela vegetação local. Árvores de fortes troncos, cujas copas se estendiam por quilômetros para todos os lados, faziam daquele lugar um verdadeiro refúgio.

Hera, que fazia o parto, esperava aquele momento desde que descobrira que sua irmã havia engravidado. Como a deusa do casamento e amor familiar, não podia deixar de se alegrar pela irmã que enfim estaria montando a própria família, afinal, não era segredo de que a deusa da lareira sempre sonhou em ter filhos.

— Só mais um pouco, Héstia. Já consigo vê-lo — incentivou a rainha dos deuses.

Deitada em uma comprida cama esculpida em mogno, uma deusa de sedosos cabelos rubros jazia em repouso. Exausta e com suor empapando seu rosto e vestes, observava aos seus pés, toalhas douradas em contraste com uma lustrosa bacia azulada com água quente.

A deusa que fazia o parto, em um ato repentino, prendeu atrás das orelhas os fios soltos que escapavam dos seus longos cabelos castanho chocolate trançados em fitas douradas. Olhos brilhando com poder, demonstrava um sorriso ensolarado, usando um vestido branco simples, cujo tecido cintilava com cores como o óleo na água sempre que movia.

Com um último grito de esforço, um choro de bebê pôde ser ouvido irrompendo o que antes eram os gritos da deusa. Uma aura foi sentida por todo o lugar, vinda do pequeno ser nos braços de Hera. Uma sensação de paz e tranquilidade, cujos efeitos foram capazes de estabilizar a situação em que a mãe se encontrava.

Hera não tardou em embrulhar o pequeno deus, e levá-lo ao encontro da mãe que a aguardava com o mais belo sorriso que um dia já chegara a ter emoldurado em seus lábios. Com os braços em formato de concha, Héstia recebeu o precioso filho que, por mais que ainda não tivesse visto, já amava de todo o coração.

De cabelos pretos e lábios que lembravam os seus, a deusa da lareira não pôde deixar que lágrimas de felicidade escapassem por seus olhos. Tamanha era a sua alegria que, sem intenção, as lareiras de todo o mundo por um instante se acenderam, preenchendo as casas com a melhor sensação de conforto e aconchego que poderiam desejar.

As deusas perdiam a noção de tempo enquanto permaneciam observando a pequena criança recém-nascida, e não poderão deixar de arfar quando o bebê abriu seus lindos e delicados olhos. As duas mulheres admiravam aqueles deslumbrantes orbes, de uma coloração verde límpida única. Mas o que realmente se destacavam eram duas pequenas chamas no centro daquele verde-mar infinito, que queimavam como se nunca fossem se apagar...

— Ele será poderoso — falou Hera. Indo de encontro ao suporte de madeira onde seu manto de penas de pavão repousava.  — Me pergunto qual serão seus domínios?

— Ele possui meus poderes — respondeu Héstia. — Creio que os do pai também. — Não conseguiu impedir que um pequeno semblante de tristeza tomasse conta de seu rosto.

— Sim, lady Héstia. O pequeno deus possui tanto seus poderes quanto os poderes do deus dos mares — falou uma voz que, sem intenção, acabou por assustar as duas deusas.

Ao olharem para a entrada da casa, viram paradas junto à envelhecida porta de madeira, três senhoras de aparência frágil, mas que escondiam ser muito poderosas. Só havia um único motivo para que as três moiras aparecerem ali, e as deusas sabiam muito bem qual era…

As moiras eram três irmãs que determinavam o destino, tanto dos deuses, quanto dos seres humanos. Eram três mulheres lúgubres, responsáveis por fabricar, tecer e cortar aquilo que seria o fio da vida de todos os indivíduos.

— Mas não serão somente seus poderes que definirão os domínios dessa criança. — disse a senhora do meio, Láquesis, a que puxava e enrolava o fio tecido.

— Estamos aqui para definir quais serão os domínios dele — voltou a falar a primeira das senhoras, Cloto, a tecedora.

Com uma troca de olhares entre as deusas, concluindo que suas suspeitas estavam corretas, Héstia um pouco hesitante, acabou por acenar para que se aproximassem. As três irmãs, vestindo nada mais do que apenas uma túnica branca e uma fina tiara prateada, se aproximaram da criança que, curiosa, dirigiu seu olhar para elas.

A chegada das três senhoras, prendeu a atenção das duas deusas que raramente podiam presenciar a entrega de um domínio pelas próprias moiras. Pois afinal, somente um deus cujo dois pais são deuses era entregue um domínio sem dono. Os semideuses, que se tornam deuses pela bondade e escolha dos seus pais imortais, ganham seus domínios como uma pequena vertente do de seus progenitores.

— Como sua tia falou, você será poderoso, pequeno deus — disse Átropos, a cortadora de fios.

— Com bravura e habilidades sem igual, será um exemplo em que todos os heróis irão se espelhar — continuou Láquesis.

— Mas não importa as desavenças que cruzarem seu caminho, jamais irá desistir e se entregar por vencido — terminou Cloto.

— Temos o seu domínio... — falaram as três senhoras ao mesmo tempo, enquanto posicionavam suas mãos uma sobre as outras por cima do garoto. — Salvem Perseu Jackson, Deus dos Heróis!

Com o brado das três senhoras do destino, um grande poder irrompeu do menino, ultrapassando as barreiras daquela pequena cabana perdida no bosque. De todos os lugares do mundo, os heróis sentiram um esquentar no coração e um sentimento de proteção que gradativamente aumentava, como se fossem capazes de realizar qualquer coisa. Ninguém soube explicar o que fora aquela sensação, mas, a partir daquele momento, possuíam um deus que os acompanharia e os protegeria pela eternidade.

O poder do menino que chegava a se comparar com o de alguns dos deuses do conselho olimpiano, mesmo sendo apenas um recém-nascido, não pôde deixar de impressionar as próprias deusas. Se não fosse pela barreira posta por Hera ou pela localização que se encontravam, outros deuses já teriam sentido a pressão daquele exímio poder, o que poderia tê-los levado a sérios problemas...

A deusa dos cabelos ruivos observava seu menino. Por um mísero instante, pôde presenciar a ligeira mudança de tonalidades de cores que passaram por sua íris. Instigando a curiosidade da deusa da lareira que acabou por não comentar tal fato.

— Boa sorte, em sua jornada pequeno deus — Cloto desejou.

— Faça as escolhas corretas — Láquesis complementou.

— Nunca desvie do seu caminho — Átropos encerrou.

As três velhas se afastam em direção à porta.

— Adeus, Perseu — todas disseram em uníssono. Com um último aceno para as deusas, desapareceram logo em seguida em um brilho ofuscante.

As duas mulheres passaram então a observar em silêncio o lugar onde antes as moiras estavam, mas sua atenção logo se voltou presente para a pequena criança. Não podendo deixar que um pequeno sorriso surgisse no rosto delas, enquanto observavam-no brincar com a borda do pano que o enrolava.

— Deus dos Heróis — repetiu Héstia carinhosamente para o filho. — Assim como eu prezo pela família, você encontrou um domínio que de certa forma está vinculado ao meu. Você fará dos semideuses a sua família, meu menino. E que a esperança nunca deixe você. — terminou a deusa, depositando um singelo beijo na cabeça do filho.

Hera não pôde evitar que uma fina lágrima escorresse pelo canto de seus olhos, pois o amor maternal presente entre sua irmã e sobrinho era puro demais até mesmo para ela.

Pela primeira vez, haveria esperança para os semideuses, e ela se chamava Perseu.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!!! O próximo sera muito maior. kkk Também espero que comentem para ajudar a dar um caminho digno a fic.
Então, até a próxima...



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