“Quando foi a última vez que você tomou banho, Lily? Olhe a situação desse cabelo.”¹

A mãe de Lily colocou a menina no chuveiro. Lily tentava afastá-la, xingando, mas por fim rendeu-se, sentindo a água quente cair sobre o seu corpo. A mulher, sempre muito cuidadosa, lavou os cabelos ruivos da filha, esfregou seu corpo e massageou seus ombros tensos. Depois, a vestiu com pijamas confortáveis, colocando-a na cama.

Lily estava cansada e ainda eram nove da manhã, seu corpo estava degastado após caminhar apenas alguns minutos junto da mãe, foram apenas até o mercado. Foi uma experiência terrível, pois Severus estava junto, não parava de reclamar, ficava todo o tempo falando e falando no seu ouvido, contando histórias que ela não queria saber.

De uns dias para cá, Lily deixou de sentir-se sozinha. Passava todo o tempo com James, conversando. Quando ele não estava, Marlene conversava com ela sobre seus namorados, era engraçado ouvir suas histórias. Lily respondia tudo baixinho para que sua mãe não a ouvisse. Queria ter privacidade para conversar.

A verdade era que Lily nunca vira Marlene, ela apenas ouvia a sua a voz em tom baixo. Às vezes, Marlene precisava gritar, porque haviam muitas vozes competindo pela atenção de Lily.

A mãe de Lily veio com os compridos que a Dra. Chapman receitara, carregava um copo d’água também.

“O que é isso?”

“São balas” sorriu a mãe fracamente. Seus olhos estavam vermelhos. “Tome rapidinho e beba água. Vai te fazer bem, meu amor.”

Lily fez o que ela pediu, tomando um longo gole de água em seguida. James estava ao seu lado, ela não viu quando ele chegou, mas sentiu-se alegre com a sua presença. Quando sua mãe saiu do quarto, James deitou ao lado de Lily, olhando-a.

Ele sorriu, ela também. Lily tocou as pontas dos dedos de James com as pontas dos dela. Ficaram longos minutos assim, até que Lily piscou e ele havia sumido.

E assim seguiu os dias, ele ficava pouco tempo com ela. Costumava ficar o dia todo, mas depois passou a ficar tão pouco, logo sumindo. Lily sentia falta dele.

Porém, não passava tanto tempo pensando nisso. Lily estava estranha, sentia isso. Suas mãos tremiam, ela deitava na cama para dormir e não conseguia. Tentava fazer qualquer coisa que fosse, mas não conseguia ficar parada.²

No jantar, Lily não queria comer.

“Por que está fazendo essa coisa esquisita com a boca?”³ perguntou Petúnia, olhando-a de forma estranha.

“Não estou fazendo nada!” ralhou ela, tentando comer. O garfo tremia na sua mão. Lily chorava.

Ela não notava, mas sua boca tinha espasmos, Lily não notava, mas tudo estava mudando.